26 novembro, 2019

Não, Sem as Mãos Não Pode!

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FONTE:
Jornal Extra-Classe, ano 24 n. 238, outubro de 2019, páginas 4-5-6: entrevista de Ricardo Antunes, professor de sociologia do trabalho in Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp. Intitulada "A devastação do trabalho", ela permite especularmos e avançarmos na análise de nosso tempo.f

CITAÇÃO:
[O] sistema global do capital, por mais que destrua trabalho, ele não cria riqueza sem trabalho. Máquinas não criam riqueza. Podem falar de máquina digital, informacional, inteligência artificial, internet das coisas, isso tudo potencializa riqueza, mas não a cria. O que tipificou o século XX? A sociedade do automóvel. E acabou, já se foi. O que tipifica este início do século 21, e falo em início porque ainda há muito por vir, é a sociedade do smartphone. É um mundo digital, mas para ele usamos as mãos. E sem a extração de trabalho mineral nas minas da Ásia, da America Latina, da África do Sul, de onde for, não somos capazes de produzir sequer idealmente o celular. O capital pode potencializar o lucro, a riqueza, mas não sobrevive sem alguma forma de trabalho humano.

COMENTÁRIOS UM TANTO ALONGADOS:
Além do que falei ontem, muito li e pouco pensei no binômio mão-cérebro, em atuação em diversos tipos de seres humanos, como os castores, os macacos rhesus, e nós mesmos. Mas foi no chimpanzé que esses controles um tanto instintivos começaram a se descolar do lugar comum. Não sei quem nasceu antes: a mão desenvolvia novas habilidades, os dedos se amestravam , o cérebro sofria essa influência, as sinapses neuronais se multiplicavam. A mufa -como dizem...- podia ir aprendendo com as manipulações de objetos que ela própria conduzia, mas com operações cada vez mais refinadas. Talvez jamais possamos saber quem iniciou o processo.

Ao mesmo tempo, correndo por fora, parece que, além dessa peculiaridade que ampliou o descolamento do descendente do "terceiro chimpanzé", como dizem, vi o trio:

.a linguagem
.b alimentar estranhos
.c tabu do incesto.

Pois tudo isto está ocorrendo numa sociedade que, ela própria, evoluía a passos lentos: as mudanças "incrementais e sucessivas" que tanta ojeriza provocam no presidente da república e que respondem pela parte substantiva dos processos evolucionários. E, num just like that de fazer inveja à velocidade com que dois namorados ficam inebriados com um raio de luar que escapou por detrás do muro, surgiu a troca e, ipso facto, a moeda. A troca expandiu a monetização da vida e esta expandiu a outra. Isto talvez cesse um dia, não sabemos. Mas podemos pensar que o capitalismo ainda tem muito campo para queimar. Eu, às vezes, digo que ele -capitalismo- acabou há mais de 15 dias, mas é brincadeira. Vejo nele possibilidades ainda enormes de evolução.

A rigor, meus principais exemplos -recorrentes que só eles- são os setores de transportes e saúde, provendo lua-de-mel nos anéis de Saturno e vida eterna. E quase sempre evito dar a ênfase adequada aos intermediários financeiros, a oficialização de um cassino que cada vez distanciará mais e mais a relação entre os movimentos de ativos financeiros (ações, debêntures, títulos governamentais) e o valor adicionado. Tudo, ou quase tudo, feito por computador. O Efeito Excel (a participação do PIB do agronegócio em Porto Alegre é 0,0%, se ficarmos apenas com esta casa decimal. Mas tá na cara que, enquanto houver produção de pêssegos na Vila Nova, de flores na Lomba do Sabão, haverá uma casa decimal lá longe do primeiro zero que tornará essa produção -tão especial, caso das flores, nas noites de luar- irrelevante para fins de dinamização do sistema.

Ainda assim, a produção de flores terá o suporte das mãos do agricultor, do produtor das máquinas que o agricultor usou, do computador que o contador do agricultor usou, e por aí vai. Em algum lugar do espectro produtivo, fatalmente iremos notar a presença de trabalho vivo, as mãos de que metaforicamente estou falando. O capitalismo tem a tendência -boa para uns e má para outros- de substituir o trabalho vivo pelo trabalho morto. Nesse processo, geram-se aquelas mercadorias que propiciaram a troca, a moeda e -tchan-tchan- o banco central e o banco dos bancos centrais, a saber o banco central mundial.

Pois então: Ricardo Antunes está falando no uso das mãos humanas para mexer nas máquinas de curto alcance, como o telefone celular ou o barbeador elétrico. Claro que podemos conceber um robô que faça nossos telefonemas, atualize nossos contatinhos, faça-nos a barba ou a depilação dos boys and gilrs interessados, mas ainda assim haverá limites. Volta e meia fico a indagar-me quem escova os dentes do príncipe Charles e concluo que é ele mesmo, o que o faz tão humano quanto eu. De minha parte, desfruto dos serviços de uma escova de dentes elétrica. Mas cabe a mim, ainda não tenho um robô para isto, para retirá-la do armarinho do banheiro, ligá-la, encaixá-la em minha boca e movê-la sem matar-me. Ao mesmo tempo, ainda que máquinas vistam-me à esportiva, outras calcem meu tênis, carreguem minha raquete de squash ao ginásio, não teria a menor graça que um robô jogasse por mim, em meu lugar. Até concebo que possa divertir-me jogando com um robô, mas não poderia abrir mão de meu papel. O que poderia, como já fiz, é começar a jogar xadrez com um programa de computador e, ao sentir-me acuado, mudar o nível do antagonista virtual. No caso do squash, talvez haja comandos "sem as mãos" para mudar o programa e permitir-me vencer a geringonça. Mas isto é pouco, se compararmos com a enorme habilidade manual e, de todo, corporal que precisarei usar eternamente para divertir-me.

Esse tipo de serviço prestado pelas mercadorias, esses valores de uso, para falar marxês, não podem prescindir da ação transformadora humana. Nem falei que eu mesmo gostaria de seguir mastigando iguarias ou degustando uma cachacinha, que ninguém é de ferro. Claro que num mundo em que a produção for toda intermediada por máquinas, sem intervenção humana, e o consumo empachando-nos sem qualquer ação nossa, poderemos ter a redenção ou a escravidão. Mas o certo é que aquele "efeito Excel" terá chegado a zerocentos e, com isto, o capitalismo terá ido a óbito. Sem trabalho humano não há capitalismo, mesmo que ele ainda não tenha terminado nessa última quinzena.

DdAB
P.S. Ao falar em chimpanzés como nossos ancestrais, refiro-me duplamente ao presidente da república. Por um lado, ele é uma espécie de macacão que faz a barba e, por outro, ele odiaria ver este escrito, por discordar da ciência, da biologia evolucionária, essas coisas.

25 novembro, 2019

Filosofia da Mente: um errinho

Caneta, Stabilo Easyoriginal Canhoto Caneta, Caneta Rollerball

Sabe-se lá como é que fui cometer um erro desses! É que, como já falei várias vezes, depois de ganhar meu título de Doctor of Philosophy, decidi tornar-me um especialista em Introdução à Filosofia. Li alguns livros e comprei outros tantos que talvez não me reste ainda mais tempo para os compulsar. Mas já posso declarar-me especialista também nessa área.

Como sabemos, um dos capítulos da Introdução à Filosofia é a Filosofia da Mente. E, por um errinho de cálculo, errinho de interpretação, sei lá que tipo de errinho tipo alfa (e não poderia ser tipo beta?), li o verbete "Philosophy of Mind" da Wikipedia. Antes de ler, tratei de imprimi-lo, o que oferece a data de 15/06/2015, ou seja, uma data... E onde está o errinho? É que em meu próprio e-mail, dou um aviso a meus correspondentes:
------------ ------------------------------------------------------------------
Antes de imprimir, pense em cuidados com o MEIO AMBIENTE.
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Pois, para compensar, alcancei um dinheirinho para um pinta que disse que iria reflorestar uma árvore em meu nome. E onde está o errinho?

Basicamente o errinho é ligado à questão mente-corpo, ou mente-cérebro. E foi por engano que anotei com minha canetinha de canhoto, que -por sinal- nos encima na ilustração da postagem de hoje, mostrando o espaço para o dedo indicador. Na postagem após minha assinatura, vemos menos nitidamente o espaço para o polegar.

Pois então. Se isto não é prova da atividade mental humana, não sei, não. O fato é que, dando prova de minha própria atividade, escrevi: como é que o cérebro evoluiu e quando começaram a surgir os estados mentais nos bichos? Não sei se estava dando uma resposta a esta indagação, o fato é que no verso da folha de rosto de meu impresso, lemos:

A elaboração mental da percepção do R^3 (a realidade realmente real, no dizer de Cirne-Lima, by the way, autor do primeiro livro de introdução à filosofia que li desde que ganhei meu título de PhD) por parte do agente se baseia nas mensagens capturadas pelos sentidos e processadas pelo cérebro. Assim como o olho não é visão e esta poderia ter evoluído de outra forma, por exemplo, uma auréola na altura da testa, a concentração dessa máquina de ordenar deu-se dentro da caixa craniana. Poderia ter sido alojada em outro local ou mesmo o cérebro ter sido desenvolvido de outro modo, por exemplo, como um sistema nervoso distribuindo suas funções.

Que fiz? Que disse? Peguei a frase do parágrafo que a este antecede ("mensagens capturadas pelos sentidos e processadas pelo cérebro."), coloquei-a no Google e... nada encontrei. Talvez seja mesmo de minha autoria. Um erro, um errinho meter-me a falar estas coisas. De fato, como sabemos, o que domino mesmo é aquela equação que me parece equivalente ao E = mc^2:

x = Bf
em que x é o vetor de produção de n setores de uma economia, B é a matriz inversa de Leontief desses n setores e f é o vetor de demanda final correspondente a cada um deles.

DdAB
Mecânicos De Lápis, Lápis, Mina

22 novembro, 2019

Bolsonaro e a Eleição sem Lula


O Brasil dividiu-se novamente, 210 milhões de juristas, ou um pouco menos, com a negadinha do supremo tribunal julgando se a constituição manda pra cadeia ou, ao contrário, se Moro e seus miquinhos amestrados é que inventaram a prisão em segunda instância.

Eu mesmo já falei isto, todo mundo já falou isto. Além de botar Lula na cadeia, Sérgio Moro, na condição de juiz, divulgou a delação de Antonio Palocci, em que a menos de uma semana da eleição, caguetava o presidente Lula, já no xilindró em Curitiba.

Uma semana atrás, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não estaria onde está agora se o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, não tivesse cumprido bem a missão quando era juiz responsável pela operação Lava Jato. Segundo o presidente, que fez discurso ao lado do ministro durante cerimônia de formatura de novas turmas da Polícia Federal, parte do que acontece na política brasileira atualmente se deve a Moro.

Bolsonaro não citou nenhuma ação específica julgada por Moro enquanto esteve à frente da Operação Lava Jato. No entanto, Moro foi o responsável por condenar em primeira instância o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que era líder das pesquisas eleitorais antes de ser proibido de disputar a eleição do ano passado devido à Lei da Ficha Limpa. Depois, nas antevésperas do segundo turno da eleição, liberou a delação premiada do velho Antônio Palocci, um trânsfuga que incriminava seus antigos aliados.

E a notícia da semana é que começam os trâmites para a criação do novo partido em que Bolsonaro pretende se abrigar, para controlar tudo, inclusive os dinheiros que não lhe foram outorgados pelo seu PSL. Aliança pelo Brasil: nunca esquecerei que Fernando Henrique Cardoso, no tempo em que era apenas um professor talentoso, chamou a atenção para aquela Aliança Renovadora Nacional. Denunciou-a por ter o nome errado, pois aliança une dois ou mais partidos, nunca seria o nome de um deles. Bolsonaro, como fugiu da escola, nunca ouviu falar em ciência política, filosofia política, economia política e, enquanto tal, teoria da escolha pública.

DdAB

17 novembro, 2019

Lições da Companheira Patrícia Valim


Como sabemos, nem toda lição é dada na ordem direta, ou seja, por exemplo, nesta ordem, ganhei de presente a lição informando que 7 x 8 = 56. Há lições do não, como é o caso de não passar na calçada por baixo de escada.

Na linha do "não faça", criou-se uma situação com a professora Patrícia Valim, docente de história do Brasil da Universidade Federal da Bahia. Dias atrás, ela mostrou em seu mural do Facebook a foto de uma cidadã boliviana que se manifestava em apoio a Evo Morales.

Escrevi e escreveram:

DdAB: Linda foto. Mas já que passei por aqui indago como é o certo, se Evo ou Ego Morales, hahaha.

Patrícia Valim: Duilio De Avila Berni qual é a graça?!

Adilson Monteiro Alves: Duilio De Avila Berni o povo boliviano elegeu EVO

DdAB: Respondo a ambos: pareceu-me o ego, um ego enorme, um ego que o fez pensar-se insubstituível permitindo-nos prever uma tragédia. Tragédia assemelhada ao triste legado de Hugo Chávez: um político oportunista do porte de Maduro.
Entendo que o mais forte compromisso da esquerda deve ser a adesão democrática, buscando aperfeiçoar mecanismos promotores da liberdade e não sufocar o surgimento de novas lideranças.

Patrícia Valim: Duilio De Avila Berni a prova de que a aparência é diferente da essência é que após ser obrigado a renunciar, Evo está disposto a voltar para pacificar a Bolívia e sem se candidatar em uma eventual eleição.

Julieta Paredes Carvajal: Duilio De Avila Berni as dudas coisas, so voces tem direitos de ter Ego? Seu colonialista, rasista.

Ontem escrevi algo como: “Obrigado, Julieta. Vou deixar de ser colonialista e racista a partir de segunda-feira.", mas este comentário não estava mais lá. Pode ter sido a própria professora Patrícia Valim que o apagou. E vi que aparentemente não sou “amigo” dela no Facebook. É bem possível que ela tenha me eliminado.

Então ainda de boa fé, mudei minha resposta, escrevendo:

DdAB: Oiee, Julieta: obviamente estás com raiva de mim. E obviamente chamando-me de colonialista e racista estás desvalorizando o mural de nossa amiga Patrícia.

Momentos depois de ter escrito esta última conversa com a Julieta, a Patrícia Valim excluiu-me de seus plantel de amigos, ou seja, não me permite mais ter acesso nem ao que eu mesmo escrevi no mural dela.

Tiro duas lições dessa valorização do "não". A primeira já a tenho referido algumas vezes. Sou solidário com o povo da Bolívia, sou pela paz, sou contra a repressão, sou pela democracia, sou pelo cultivo por parte de cada indivíduo da sociedade (descontados as crianças, os criminosos e os loucos) da maior liberdade possível compatível com a dos demais. E fui completamente contrário às sucessivas prorrogações do mandato presidencial do sr. Evo ou Ego Morales, em suas tentativas de eternizar-se no poder. O povo boliviano não merece a tragédia que está vivendo precisamente pela panela de pressão que foi-se criando com a incapacidade do sr. Ego de organizar seu partido, ou o que seja, para fazer um sucessor. Quatro ou cinco anos fora do poder e poder voltar novamente ungido pelas massas. Evo, digo, Ego, foi ególatra. E o povo boliviano está pagando por esse desacerto.

Ainda faz parte da primeira lição: caso parecido aconteceu com o Chile. No caso não era personalismo após o general Pinochet, mas a persistência da implementação pelo governo de políticas econômicas de corte neo-liberal. Tanto desgastaram a paciência do povo que esta explodiu, com pesadas consequências para a vida chilena. Não se pode desagradar frações expressivas da população o tempo inteiro.

Segunda lição: depois de ver algumas derrotas da esquerda em redutos tradicionais, como foi o caso da prefeitura de Bologna-Itália e da social-democracia sueca, vim a entender que a rotação do poder é uma inevitabilidade da vida democrática. Mesmo tendo visto "a oposição" destruir o estado de bem-estar social na Europa, para não falar do bolsonarismo/guedismo brasileiro, sou pela paz, sou pelas eleições diretas. Mas também sou pelo parlamentarismo, um sistema de governo em que o congresso pode destituir o primeiro ministro indicado pelo presidente da república ou o primeiro ministro pode dissolver o congresso. Maduro, Ego e Putin deviam ter entendido isto. E o Brasil tem tudo para explodir não é de hoje. Talvez não exploda nunca, mas pode fazẽ-lo a qualquer momento.

DdAB
Às 19h12min de 17/nov/2019, olhei o nome dela no Facebook, tentando acesso à página que já me fora franqueada. Olha o que achei no endereço https://www.facebook.com/profile.php?id=1389474194:

Corrigendum das 21h53min de 18/nov/2019: usando outra conta, voltei ao mural de Patrícia Valim e, não sei explicar, todos os comentários meus e respostas das duas garotas (Patrícia e Julieta) estavam (novamente) lá. O que foi omitido foi meu último:
DdAB: Oiee, Julieta: obviamente estás com raiva de mim. E obviamente chamando-me de colonialista e racista estás desvalorizando o mural de nossa amiga Patrícia.
De minha própria conta no Facebook, sigo vetado por ela.

12 novembro, 2019

Curtas e Longas Bolivianas


Zero Hora (ver nome alternativo no que segue) tem um resuminho das jogadas egolátricas de Evo Morales em sua trajetória como presidente da Bolívia. Antes de passar a ela, devo dizer novamente que não apoio nem golpes nem intervenções americanas. Não apoio violência e sou pela paz. Ao julgar Evo um ególatra, não desfaço as conquistas -dizem- econômicas e sociais de seus governos. O que me deixa contrafeito é o excesso de plurais na expressão "seus governos". Cara, o rapaz não conseguiu contribuir para engordar uma tradição sem golpes.

Tradição sem golpes? É recente. Lembro de ter lido há muitos anos, acho que no livro "A Invasão da América Latina", do americano crítico John Gerassi. Que li? Que a Bolívia tinha uma média de mais de um golpe de estado por ano. Por ano! E talvez não tenha sido Gerassi, mas o próprio CooJornal.

E o que disse Zero Hora na página 14 do caderno principal? Falou da cronologia das ações políticas do ególatra de esquerda Evo Morales:

CAOS NA POLÍTICA
* Em 2009, nova Constituição foi aprovada, e Evo Morales sustentou que, apesar de já ter dois mandatos, poderia disputar a presidência mais uma vez porque o primeiro mandato ocorreu antes da nova Carta.
* Em 2016, recorreu a um referendo para obter o direito de disputar as eleições pela quarta vez. Porém, foi derrotado. Evo, então, respaldou sua decisão de concorrer na cláusula da Constituição que garante a todo boliviano o direito de se candidatar.
* Juízes o autorizaram a disputar eleições em 20 de outubro. Após 80% das atas apuradas, o resultado levava a um segundo turno entre Evo e o opositor Carlos Mesa. Três horas depois, a contagem foi suspensa. Quando foram anunciados novos dados, Evo venceu em primeiro turno. As acusações de fraude geraram manifestações em todo o país. No domingo, a Organização dos Estados Americanos (OEA) indicou 'irregularidades' no pleito.

E volta a velha Zerro Herra:
O jornalista crescentemente sendo tragado pela direita semi-esclarecida Túlio Millmann fez uma crítica ao governo Bolsonaro (miracolo!) e deixou a marca do desleixo ou da ignorância numa crase indevida:

[...] De última hora, exclui os estímulos à contratação de pessoas acima de 55 anos do progrma voltado à incentivar o emprego no país, anunciado ontem.

DdAB
E cheguei a esta intermediado pelo mural de Gláucia Campegher no Facebook:

Por Pablo Solón
Desde la ciudad de La Paz, Pablo Solón responde las preguntas del título con análisis y contexto de los hechos que estremecen a Bolivia.
1) Evo Morales hubiera terminado su tercer mandato el 22 de enero del 2020 con gran popularidad y con la posibilidad de presentarse, e incluso ganar, las elecciones del 2024 si no hubiera forzado su reelección para un cuarto mandato. Siendo presidente de Bolivia: a) desconoció el referéndum del 2016 que dijo NO a su reelección[1], b) promovió en 2017 que el Tribunal Constitucional deje en suspenso los artículos de la Constitución que establecen que una persona sólo puede ser reelegida una sola vez, c) realizó fraude en las elecciones del 20 de octubre para evitar una segunda vuelta e imponer una mayoría de su partido en el parlamento.
 
2) El gobierno se proclamó ganador de las elecciones a pesar de que habían serias irregularidades: a) El conteo rápido fue detenido intempestivamente el día de la elección, b) la empresa encargada del conteo rápido denunció que dicha orden vino de la presidenta del Tribunal Supremo Electoral (TSE) y que les cortaron el internet y la electricidad para que no continúen su trabajo[2], c) analistas independientes[3] y de la universidad mostraron diferentes delitos electorales, d) la empresa contratada por el tribunal electoral para supervisar las elecciones declaró que el proceso estaba “viciado de nulidad” por una serie de factores[4], y e) la auditoria de las elecciones solicitada por el propio gobierno de Evo Morales a la OEA determinó en su informe que “no se puede validar los resultados de la presente elección”[5].

3) El gobierno minimizó la indignación generada por el fraude. En un principio Evo Morales dijo que eran protestas de pequeños grupos de jóvenes engañados por dinero y por notas que no sabían bloquear y se ofreció incluso a dar seminarios para enseñarles a como bloquear[6]. Cuando se masificaron los paros en todas las ciudades recurrió a la táctica del amedrentamiento y dio luz verde al cerco de las ciudades para “ver si aguantan”[7]. Los enfrentamientos y la violencia provocaron varias muertes y cientos de heridos. Lejos de decaer los bloqueos y paros en las urbes se fueron radicalizando.

4) El gobierno ha tratado de mostrar esta movilización como un golpe de estado de la derecha fascista y racista. Efectivamente todos los sectores de la derecha reaccionaria han aplaudido las protestas. En la ciudad de Santa Cruz el principal dirigente del Comité Cívico, Luis Fernando Camacho, viene de una organización de ultra derecha como es la Unión Juvenil Cruceñista. Sin embargo, en las otras ciudades ha habido diferentes articulaciones de sectores independientes y políticos de derecha e izquierda que han dirigido la protesta. En Potosí la oposición al gobierno se radicalizó antes de las elecciones por la suscripción de un contrato por 70 años y sin pago de regalías por la producción de hidróxido de litio del salar de Uyuni. En el caso de La Paz, el Comité Nacional de Defensa de la Democracia cuenta entre sus principales dirigentes a dos ex Defensores del Pueblo que ejercieron sus funciones durante el gobierno de Evo Morales y que denunciaron serias violaciones a los derechos humanos como la represión a la marcha indígena del TIPNIS el 2011. Por su parte Carlos Mesa, que fue vicepresidente del gobierno neoliberal de Gonzalo Sánchez de Lozada, y se convirtió en el principal contendiente electoral de Evo Morales no tiene un partido estructurado y fue más un vehículo de la oposición en las urnas antes que el artífice organizador de las protestas. La rebelión que vive Bolivia es mayoritariamente un hecho espontaneo protagonizado en particular por jóvenes contra el abuso de poder.

5) Es necesario dejar claro que tanto en el lado del gobierno como de las fuerzas de la oposición existen indígenas y trabajadores. El gobierno tiene evidentemente más apoyo en las áreas rurales, pero en el sector de la oposición están también productores de hoja de coca de la zona de los Yungas, dirigentes campesinos, trabajadores mineros, trabajadores en salud y educación y sobre todo jóvenes estudiantes tanto de clase media como de extracción popular. Contrario a lo que ocurrió en anteriores conflictos fue el gobierno el que exacerbó el racismo diciendo que se buscaba desconocer el voto de los indígenas del campo que apoyaban su gobierno. Durante el conflicto se han producido actitudes racistas de ambos lados. La quema de la whipala, la bandera de los indígenas aymara y quechua, es absolutamente deplorable. Sin embargo, se puede constatar en las redes sociales que amplios sectores que integran las protestas contra el gobierno han salido a cuestionar estas medidas y a defender la whipala.

6) La policía en un principio salió a defender sobre todo a los sectores vinculados al partido de gobierno que atacaban los bloqueos. El caso más emblemático se produjo en Cochabamba. Las primeras semanas fueron de un intenso enfrentamiento de jóvenes contra los grupos del MAS y la policía. Para garantizar el respaldo de la policía, el gobierno de Evo Morales durante el conflicto les otorgó un “bono de lealtad” de 3.000 Bs (431 USD). Después de días y noches de permanente enfrentamiento con la población la policía se amotinó. Esta no fue una decisión de la cúpula policial sino de la base. El gobierno trató de negociar con la policía cambiando a algunos comandantes muy cuestionados por la base policial, pero el motín se fue extendiendo a la mayoría de las guarniciones. La policía dejó de salir a enfrentar a los jóvenes que protestaban y ello cambió la relación de fuerzas.

7) El alto mando militar es partidario de Evo Morales como se puede constatar por las manifestaciones de su comandante en jefe[8]. Los militares en Bolivia son el único sector que recibe una jubilación del 100% de su salario. Durante el gobierno de Evo Morales han obtenido una serie de beneficios, empresas y embajadas. Sin embargo, el cálculo político de la cúpula militar fue que salir a las calles representaba una situación de alto riesgo pues podrían ser posteriormente enjuiciados y encarcelados como ocurrió por la masacre de octubre del 2003. En ese contexto los militares decidieron no salir a enfrentar las protestas antigubernamentales y, después de conocerse el informe de la auditoria de la OEA, le “sugirieron” a Evo Morales que renunciará. Con esta actitud los militares más que buscar tomar el poder están precautelando sus propios intereses y su institución.

8) En la actualidad la situación en varias ciudades del país es de extrema tensión, violencia y vandalismo. Varios domicilios particulares de figuras del gobierno y la oposición han sido saqueados y quemados. Antenas y canales de televisión fueron atacados. La noche del 10 de noviembre grupos del vandálicos y del MAS atacaron varios vecindarios en diferentes ciudades. En diferentes ciudades la población se está organizando para defenderse de estos ataques y saqueos que afectan a comercios, fábricas, farmacias y buses públicos.

9) Evo Morales ha renunciado sólo verbalmente y no ha enviado una nota escrita al parlamento. La presidenta y miembros del TSE han sido detenidos por la policia cuando trataban de escapar. En general hay una tendencia a que el vació de gobierno se resuelva por vía institucional a través de la Asamblea Legislativa. Sin embargo, esta salida no es fácil porque el MAS tiene más de dos tercios en el parlamento y debe aceptar la renuncia de Evo Morales y elegir a un presidente transitorio que convoque a nuevas elecciones a la brevedad posible. Si los parlamentarios del MAS no allanan la salida institucional el vacío de gobierno puede generar más situaciones de violencia vandálica, revanchismo y una situación en extremo peligrosa.
La Paz, 11 de noviembre 11 am.


11 novembro, 2019

O Muro de Evo Morales

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Notícia originária do Facebook que li às 0h15min de 11/nov/2019:
Alfredo Pereira Jr.
40 min [isto é, tipo 23h40min]

Ruim com Lula, pior sem ele...
Os recentes eventos no Brasil e Bolívia revelam um padrão, que é de interesse para a ciência política. Os projetos de esquerda parecem se vincular a determinadas figuras políticas; parece haver uma dificuldade de abstração programática, o que prejudica a alternância das figuras no poder, ao mesmo tempo se mantendo o projeto. Isso já era notado na insistência da família Castro em se manter no poder, em Cuba; no Peronismo, na Argentina, no Chavismo, na Venezuela, e no esforço heróico de Morales para se manter no poder, na Bolívia. Tudo isso revela a imaturidade da consciência política do eleitor latino-americano. A mesma pessoa que votava em Lula votou em Bolsonaro e amanhã votará de novo em Lula. O mesmo eleitor dos Kirchner votou em Macri e agora vota nos Kirchner de novo. Como conclusão desse raciocínio, me parece que os democratas precisam pensar duas vezes antes de condenar tais figuras políticas. Eles(as) devem ter intuído que não conseguiriam dar continuidade a um projeto político de interesse nacional e popular ao passar o poder para outras pessoas, e daí tentaram (e em alguns casos conseguiram) viciar o processo democrático para evitar uma descontinuidade. Esse é um caminho perigoso, que conduziu também ao Estalinismo, na Rússia. Quando se exagera na dose, se gera um regime totalitário; mas nem sempre. Tudo indica que no caso de Lula não existe o risco do totalitarismo, ao contrário do que dizem os Bolsonaristas. Portanto, entendo que os democratas devam ser complacentes com Lula, no momento atual.

Compartilhei em meu próprio mural facebuquiano e comentei:

Felizmente sou amigo (distante, infelizmente) de Alfredo Pereira Jr.. E o texto dele que acabo de ler diz muito mais do que posso articular. Quando o segundo mandato de Lula se encaminhava para o término, falou-se bastante em terceira eleição. Consta que Lula repudiou esta iniciativa com vigor. Considero essa posição de Lula um acerto. Mas acho que houve um erro importante quando ele não se enquadrou para suceder Dilma logo no final do primeiro mandato.
Hoje eu ainda falava para um amigo que espero ter vida longa o suficiente para ler um livro que deverá levar o título de "O 2014". Parece que tudo aconteceu por lá.
E hoje também vejo muita gente debitando totalmente aquelas manifestações de 2013 à direita. Fui a algumas em Porto Alegre e vi diversos amigos inegavelmente esquerdistas delas participando. Cheirei gás lacrimogênio e fui socorrido por uma amiga de esquerda. Talvez o livro que quero ler deva intitular-se "O Biênio 2013-2014".

Não falei no Facebook, mas falo agora e já devo tê-lo feito aqui pelo blog que, em agosto de 2013, Dilma começou a reagir politicamente às manifestações. Entre outras medidas, ela propôs a convocação de uma assembleia constituinte. E bem lembro que as primeiras oposições a essas propostas originaram-se... da direção do PT, do presidente Ruy Falcão. Aquele 2013 só podia mesmo ter desembocado no 2014. E este triste ano terminou com a eleição de Eduardo Cunha para presidente da Câmara dos Deputados. E o PT, inclusive Dilma, cometeram um erro estratégico de permitir que tal acontecesse. O PT apresentou seu candidato: Arlindo Chinaglia, um político inexpressivo. 

Há pouco mais de meio ano (aqui), citei três nomes, três homens de fibra que não levaram seus povos às vias de fato, pois não adoravam o poder a qualquer custo: Amador Bueno, João Goulart e Simón Bolivar. Que diferença!

DdAB
P.S. Não vejo outro nome para regimes como os da Venezuela, Bolívia e Rússia que não a velha ditabranda, criado, penso, na América Latina para definir situações assemelhadas. Na verdade, chamar de ditabranda o que ocorreu no Brasil é até irresponsável, dada a tortura e os assassinatos. Mas não vejo melhor maneira de descrever o egoísmo de gente como Chavez-Maduro, Evo e Putin, que se encastelam no poder como se não houvesse outro cidadão capaz de aperfeiçoar sua conquista.
P.S.S. Sublime coincidência, estes eventos bolivianos estão ocorrendo precisamente no momento das comemorações da queda do Muro de Berlim.
P.S.S.S. E, em outros cantos do Facebook, escrevi: "Acabo de escrever em outro canto: O 'pobrema' com um líder do porte de Evo Morales é que, saído ou morto, não há sucessores. Se houver nova eleição, duvido que a esquerda tenha algum candidato com carisma suficiente para vencer a direita. Na Venezuela, Maduro é o retrato da falência das democracias bolivarianas em permitir a emergência de líderes à altura dos carismáticos que se consideram insubstituíveis.". E mais: "Talvez eu esteja concordando com Gilvany, no sentido de que não me parece decente a eleição eterna de "presidentes", como é o caso do velho Putin e, claro, Evo e, anteriormente, Chavez. Eles matam a democracia interna dentro de seus partidos."
P.S.S.S.S. E não podemos deixar de evocar as estrondosas manifestações do povo chileno que não mais aguentou aquela versão de neo-liberalismo e tacou fogo na lona. Para os neo-liberais brasileiros, militantes do governo Bolsonaro, não há lição a tirar. Como sabemos, pior cego é o que não quer ver...

06 novembro, 2019

Zero Hora Dá uma Dentro na Bahia



Na página 10 do jornal Zero Hora de 5 de novembro de 2019, a colunista Carolina Bahia escreveu algo interessante e até inovador super intrigante. Literalmente: 

FORMA 1: Carolina
É zero a chance de progredir o debate da reforma administrativa ainda este ano.

Observemos! Deve desagradá-la escrever seguindo aquela mania de alguns (eu mesmo já reli textos meus usando a forma condenada por Cláudio Moreno) redigir: 

FORMA 2: ~Moreno (entre parênteses: eu quis dizer que vemos agora o não-Moreno)
É zero a chance de o debate da reforma administrativa progredir ainda este ano.
A profa. Iracema de Alencar (no 'Julinho' em 1965) dizia que o bom estilista não falaria nem de um jeito nem de outro, escrevendo apenas: 

FORMA 3: Iracema
É zero a chance de que o debate da reforma administrativa progrida ainda este ano

Se bem entendo, o que aconteceu é que, nesta última, trocou-se a forma nominal pela forma verbal. E eu, que ficara atrapalhado inúmeras vezes ao ver meu ouvido chamar ora uma daquelas formas, ora a outra, procurava a solução da profa. Iracema, mas vejo que a versão da Carolina também contorna aquela questão do "de + a" não virar "da". O prof. Cláudio Moreno, consagrado mestre do ensino de português da cidade de Porto Alegre e também (como Carolina) cronista do jornal Zero Hora, diz que a forma "de + a" não deve ser usada na escrita e, no caso da fala, nem pensar, proibida em absoluto.

DdAB
P.S. Como sabemos, volta e meia dirijo-me a este jornal como Zerro Herra, não exatamente por seus acertos de forma ou conteúdo.
P.S.S. Nota bene: a imagem que selecionei, depois de alguma busca, tem aquele "duma", de + uma, é uma forma que não usamos contemporaneamente. Mas, além do velho Camilo, também -posso jurar- Érico Veríssimo assim fazia.
P.S.S.S. Precisamos finalizar a questão com um parecer do prof. Conrado de Abreu Chagas. Vou pedir.
P.S.S.S.S. Já que falei em Carolina Bahia e peguei aquela foto que presumo ser de Camilo Castelo Branco, não posso negar que me lembrei do velho Ruy Barbosa, aquela controversa personagem da vida nacional.

04 novembro, 2019

Meu Candidato a Presidente da República

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Antecipando em cinco anos as eleições que ocorrerão em menos de um, andei lançando o nome de Renato Janine Ribeiro para presidente da república. Mas, na verdade, não era para 2022, mas para 2018, mesmo. Eu problematizava qual partido poderia abrigar essa candidatura de um homem de respeito aqui. O que veio a ocorrer é sabido: Lula e os dirigentes do PT foram incapazes de delinear uma estratégia que vencesse o viés dos promotores de Curitiba contra si. Lamentei a derrota ainda sob o tóxico efeito da divulgação dos resultados aqui, quando voltei a referir o nome de Renato Janine Ribeiro.

Naquela postagem, eu falava na teoria dos jogos, no conceito de "indução para trás". Usando esta metodologia, toma-se um mundo possível em que um evento futuro possível e mais ou menos provável é considerado e, a partir dele, volta-se a analisar o que teria acontecido para se chegar a ele. No caso, o evento especulado deveria ser:

.a Lula foi eleito presidente da república
.b Lula foi registrado na justiça eleitoral como candidato a presidente da república
.c Lula fez comícios por todo Brasil levando multidões a ovacioná-lo
.d Lula foi libertado da cadeia.

Nem preciso mais: tá na cara que os 57 milhões de votos dados para Bolsonaro no segundo turno da eleição de 2018 têm muito a ver com meu item .d., a saber,  Lula ficou no xilindró o tempo inteiro. Trata-se de um jogo de cachorros grandes que nem sei o que dizer: narcisismo de cá e métodos ditatoriais de lá. Venceram os que usaram os métodos ditatoriais, mas meu sentimento de derrota é mais amargo, pois nosso arco de alianças foi incapaz de fazer aquele exercício de indução para trás. Já revelei minha opinião sobre Lula candidato: venceria a eleição, sobre Lula estar "no palanque" de Haddad: venceria a eleição. Mas ele estava enclausurado por decisões casuísticas orquestradas (ver The Intercept Brasil) por Sérgio Moro, de juiz do caso a ministro da justiça do vencedor da eleição. Foi uma vitória bolsonarista ajudada por ele, Moro, que, nas antevésperas, deu publicidade a delações de Antônio Palocci, médico-financista que já foi ministro da fazenda do país.

E agora tá na hora de relembrar a indicação do nome de Renato Janine Ribeiro. Não me refiro à eleição presidencial, mas o nome dele já pode ir ajudando na peleja municipal. Esse nome pode balizar nossos compromissos com a aliança que, a exemplo de Portugal, vejo chamada de "geringonça". Exigimos que os políticos identificados com o campo progressista se unam, façam votações prévias, façam o que for necessário, mas se apresentem nas eleições municipais de 2020 com uma frente única.

Espero, claro, que tenhamos eleições. Estou bastante seguro de que, no final das contas, "os generais" não deixarão que os íncubos que assoreiam as almas dos Bolsonaros tomem a dianteira e voltem a estruturar uma ditadura neste país de índice de Gini da distribuição da renda de 0,6. Por isso, li, con gusto, a postagem de hoje no blog de Carlos Wagner (aqui). Wagner finaliza dizendo: "Os militares ao redor do presidente não são coadjuvantes da história. Eles são personagens centrais. Eles sabem disso. Nós temos que explicar isso aos nossos leitores.".

A indução para trás, neste caso, para avaliar quão coadjuvantes são os militares, é colocar o evento final como "houve eleição em 2022" e antes dela "houve eleição em 2020". Na condição de leitor, espero que os jornalistas me expliquem isto.

DdAB
P.S. Olha o que diz o dicio.com.br sobre geringonça:
Coisa malfeita, que ameaça ruína; obra maljeitosa e mal armada que ameaça desconjuntar-se.
P.S.S. Obviamente estamos frente a uma das charmosas ironias portuguesas. Mas talvez aqui mesmo é que essa ideia de objeto mal-ajambrado, qual seja, a união das esquerdas, é que possa ter seu terreno mais fértil.
P.S.S.S. Aquele fundo auriverde na foto do futuro presidente que selecionei para nos ilustrar hoje mostra que a própria bandeira do país foi sequestrada pelos impostores. Talvez com Renato Janine Ribeiro possamos voltar a ter no auriverde pendão as glórias de um povo heroico e não a eleição malhada ou os costumes retrógrados ao ponto de ter gente clamando pela volta da escravidão.