04 novembro, 2019

Meu Candidato a Presidente da República

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Antecipando em cinco anos as eleições que ocorrerão em menos de um, andei lançando o nome de Renato Janine Ribeiro para presidente da república. Mas, na verdade, não era para 2022, mas para 2018, mesmo. Eu problematizava qual partido poderia abrigar essa candidatura de um homem de respeito aqui. O que veio a ocorrer é sabido: Lula e os dirigentes do PT foram incapazes de delinear uma estratégia que vencesse o viés dos promotores de Curitiba contra si. Lamentei a derrota ainda sob o tóxico efeito da divulgação dos resultados aqui, quando voltei a referir o nome de Renato Janine Ribeiro.

Naquela postagem, eu falava na teoria dos jogos, no conceito de "indução para trás". Usando esta metodologia, toma-se um mundo possível em que um evento futuro possível e mais ou menos provável é considerado e, a partir dele, volta-se a analisar o que teria acontecido para se chegar a ele. No caso, o evento especulado deveria ser:

.a Lula foi eleito presidente da república
.b Lula foi registrado na justiça eleitoral como candidato a presidente da república
.c Lula fez comícios por todo Brasil levando multidões a ovacioná-lo
.d Lula foi libertado da cadeia.

Nem preciso mais: tá na cara que os 57 milhões de votos dados para Bolsonaro no segundo turno da eleição de 2018 têm muito a ver com meu item .d., a saber,  Lula ficou no xilindró o tempo inteiro. Trata-se de um jogo de cachorros grandes que nem sei o que dizer: narcisismo de cá e métodos ditatoriais de lá. Venceram os que usaram os métodos ditatoriais, mas meu sentimento de derrota é mais amargo, pois nosso arco de alianças foi incapaz de fazer aquele exercício de indução para trás. Já revelei minha opinião sobre Lula candidato: venceria a eleição, sobre Lula estar "no palanque" de Haddad: venceria a eleição. Mas ele estava enclausurado por decisões casuísticas orquestradas (ver The Intercept Brasil) por Sérgio Moro, de juiz do caso a ministro da justiça do vencedor da eleição. Foi uma vitória bolsonarista ajudada por ele, Moro, que, nas antevésperas, deu publicidade a delações de Antônio Palocci, médico-financista que já foi ministro da fazenda do país.

E agora tá na hora de relembrar a indicação do nome de Renato Janine Ribeiro. Não me refiro à eleição presidencial, mas o nome dele já pode ir ajudando na peleja municipal. Esse nome pode balizar nossos compromissos com a aliança que, a exemplo de Portugal, vejo chamada de "geringonça". Exigimos que os políticos identificados com o campo progressista se unam, façam votações prévias, façam o que for necessário, mas se apresentem nas eleições municipais de 2020 com uma frente única.

Espero, claro, que tenhamos eleições. Estou bastante seguro de que, no final das contas, "os generais" não deixarão que os íncubos que assoreiam as almas dos Bolsonaros tomem a dianteira e voltem a estruturar uma ditadura neste país de índice de Gini da distribuição da renda de 0,6. Por isso, li, con gusto, a postagem de hoje no blog de Carlos Wagner (aqui). Wagner finaliza dizendo: "Os militares ao redor do presidente não são coadjuvantes da história. Eles são personagens centrais. Eles sabem disso. Nós temos que explicar isso aos nossos leitores.".

A indução para trás, neste caso, para avaliar quão coadjuvantes são os militares, é colocar o evento final como "houve eleição em 2022" e antes dela "houve eleição em 2020". Na condição de leitor, espero que os jornalistas me expliquem isto.

DdAB
P.S. Olha o que diz o dicio.com.br sobre geringonça:
Coisa malfeita, que ameaça ruína; obra maljeitosa e mal armada que ameaça desconjuntar-se.
P.S.S. Obviamente estamos frente a uma das charmosas ironias portuguesas. Mas talvez aqui mesmo é que essa ideia de objeto mal-ajambrado, qual seja, a união das esquerdas, é que possa ter seu terreno mais fértil.
P.S.S.S. Aquele fundo auriverde na foto do futuro presidente que selecionei para nos ilustrar hoje mostra que a própria bandeira do país foi sequestrada pelos impostores. Talvez com Renato Janine Ribeiro possamos voltar a ter no auriverde pendão as glórias de um povo heroico e não a eleição malhada ou os costumes retrógrados ao ponto de ter gente clamando pela volta da escravidão.

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