03 outubro, 2019
1872: mais um ano que terminou...
A tabela (ou o que seja, poderia ser chamada de "quadro" por algum revisor de textos escalafobéticos, ou revisor escalafobético de textos) que nos encima foi construída por mim mesmo, com base no PDF do censo de 1872 hoje disponível no site do IBGE. Clicando sobre a figura, pode-se aumentá-la um tanto e conseguir melhores resultados na leitura. Bem enquadradinhos, temos: Raças, dos homens, das mulheres, brancos, pardos, pretos, caboclos, brancas, pardas, pretas e caboclas.
Cabocla, se bem lembro, era Iracema, a virgem de ouro dos lábios de mel. E não pretendo discutir mais os termos nem suas definições que devem localizar-se em algum lugar do PDF propriamente. Mas algo interessante, chamando-me a atenção, é uma espécie de hierarquia nos estados naturais e sociais. Explico-me: o que me interessava era ver a origem racial, surpreendendo-me ao ver que aquelas classificações ainda são usadas, nada de negro, mas "brancos, pardos, pretos e caboclos", parecendo referir-se a um estado imutável, tanto é que na linha do estado civil, vemos solteiros que são promovidos a casados e depois alcançam o status final que é o de viúvo.
Minha preocupação era comparar a situação atual com a d'antanho, como se dizia no antanho. Éramos (éreis?) 4,8 milhões de habitantes, contra os hoje mais de 200 milhões. Destes, 51,7% de homens 47,3% de mulheres. Hoje em dia, esta composição por gênero é majoritariamente feminina. Em 2010, para cada 100 mulheres, há 96 homens, vitória de 51x49 para o rosa contra o azul. Este escore deve dilatar-se com o passar do tempo. Tá na cara que tem mais viúva que viúvo nos dias que correm e, como sabemos, as mulheres são mais adoecedoras que morredoras...
Em 2010 a composição "por grupos étnicos" era:
Brancos = 47,5%
Pardos = 43,4%
Pretos = 7,5%
Outros = 1,6%
Os caboclos sumiram, devendo, se bem adivinho, declarar-se brancos, talvez novos tempos, talvez apenas tendenciosidade do informante. A propósito de tendenciosidade do informante, sabemos que fui entrevistador no censo demográfico de 1970. E visitei uma casa em que, sob meu critério, a população era parda. Mas o dono da casa foi logo afirmando tratar-se de uma família branca. O entrevistador, claro, deu a palavra ao informante.
As cifras de 2010 eram de meu conhecimento, curiosidade que surgiu com as eleições de 2018, quando ficou claro que o candidato acolherado com a misoginia, homofobia e racismo recebeu maciça votação de mulheres, HGTB+ e pretos+pardos. E fui olhar nos Estados Unidos. Marcou-me (chocou-me) o contraste entre as proporções cá e lá. Pelo que lembro, brancos são 72%, pretos e pardos, mais 12,6% e os demais perfazem os faltantes 15%.
DdAB
P.S. O inteligentíssimo título da postagem se deve ao fato de que, alguns dias atrás, usei um assemelhado: "2017, o ano que terminou".
P.S.S. Dedico esta postagem a minhas amigas Gislaine Teixeira, Leda Guidotti Dillmann e Mary Setalip, além de sua aparentada Paula Setalip.
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