Querido diário:
Criatura, cara, bicho, gente:
Esta é uma postagem espelhada do Facebook. Estas fotos foram sacadas no dia 3 de dezembro corrente. Eu pensava em usá-las para denunciar o descaso da cidade com seus moradores. Ajo contra a corrente, pois a moda dos dias atuais é menosprezar qualquer iniciativa de cunho igualitarista. O bairro, a cidade e o planeta parece que têm mais tendência a rumar para a direita. A social-democracia, sejamos claros, está bastante bem sepultada. O que desejamos é seu ressurgimento, implantado sob condições institucionais sólidas.
Gente, bicho, cara, criatura:
Escrevi tantos comentários no mural de Jorge Ussan que houve por bem decidir-me a trasladar tudo pra cá. Tema: remoção dos moradores de rua que viviam sob as arcadas do Viaduto da Av. Borges. "Remoção" é bão, não é mesmo? Como ervas daninhas, como baratas, etc. Jorge Maia Ussan fez duas ou três postagens sobre o tema. Vou alinhar meus comentários e, se for o caso, inserir esclarecimentos com [colchetes].
Primeiro:
Pelo que vim a entender, é uma população de doentes mentais (viciados em crack ou não) e de "cidadãos comuns". Obviamente as ações portando a solução do problema diferem em cada caso. Os trabalhadores merecem empregos decentes que lhes possibilitem moradias decentes, educação de adultos e tudo aquilo ("serem subornados a ocuparem empregos formais, melhor remunerados, com maior produtividade). Os doentes mentais "convencionais" precisam da volta dos hospitais psiquiátricos (demagogicamente destruídos no Brasil, alegando uma pretensa humanização do doente e, como bem vemos nas ruas das grandes cidades, jogando-os "na rua da amargura"). Os viciados em crack merecem uma solução já testada em várias partes do mundo: criação de salas de consumo em que a droga seja distribuída gratuitamente, pois sem demanda não há mercado). Não esquecendo de mandar prender o Osmar Terra (que quer a internação compulsória do viciado).
Por outro lado, ontem no final da tarde, passei por aquele ambiente e vi alguns colchões desocupados e um ou dois moradores de rua ocupando outros.
Segundo:
Gente: rua não é moradia. Não vamos nos resignar com soluções paliativas. O que os moradores de rua precisam é de empregos que lhes possibilitem existência digna. Uma sociedade igualitária não se molda por improvisações relativas ao tratamento das carências sociais. O fato de que o Brasil tem tanto doente mental (viciado em crack ou não) perambulando pelas ruas da cidade é uma tragédia cuja solução não é fixá-los na rua. Já pensaram que o governo poderia alugar quartos no Hotel Everest, em hotéis do centro para abrigar decentemente essas pessoas?
Terceiro:
O ano de 1993 (uau, 23 anos atrás) foi importantíssimo em minha vida. Primeiro, voltei do doutorado, reassumindo meu posto de professor na economia da UFRGS. Segundo, conheci a Aniger de Oliveira!!!!!! E para a cidade, pois havia certa euforia em certos círculos, pois Tarso Genro estava assumindo a prefeitura. Querendo saber das coisas locais, eu lia os jornais e ouvia muito rádio (ainda tinha o preconceito herdado dos tempos da ditadura militar de odiar a televisão, que -aliás- mantenho...). Entrevistado pelo rádio, Tarso Genro afirmou que sua solução para o problema dos moradores de rua seria dar-lhes moradias decentes (com outras palavras). Como advogado, sua versão era um tanto jurídica... Ele dizia que é inconcebível que um cidadão não tenha endereço. Parece-me óbvio que "Av. Borges, sob o viaduto" não é endereço decente. E, para adiantar o assunto, sou vizinho de uma loja da PizzaHut no iniciozinho da Rua Visconde do Herval (invocando testemunho de Alba Maria Maia que havia um lindo edificiozinho no local que foi escandalosamente demolido para abrigar essa fábrica de gordos...). Pois não é que não é que a loja abre tipo as 18h00 e, instantes depois, a frente fica ocupada por moto-boys, encarregados das entregas deliciosas (epa, isto já está "cheirando" a propaganda...". Mas a loja atende a pedidos apenas até, digamos, a meia-noite, quando os moto-boys vão-se embora e a marquise é tomada por... moradores de rua (mesmo antes da remoção pelo autoritarismo borgeano).
DdAB
Gente, bicho, cara, criatura:
Escrevi tantos comentários no mural de Jorge Ussan que houve por bem decidir-me a trasladar tudo pra cá. Tema: remoção dos moradores de rua que viviam sob as arcadas do Viaduto da Av. Borges. "Remoção" é bão, não é mesmo? Como ervas daninhas, como baratas, etc. Jorge Maia Ussan fez duas ou três postagens sobre o tema. Vou alinhar meus comentários e, se for o caso, inserir esclarecimentos com [colchetes].
Primeiro:
Pelo que vim a entender, é uma população de doentes mentais (viciados em crack ou não) e de "cidadãos comuns". Obviamente as ações portando a solução do problema diferem em cada caso. Os trabalhadores merecem empregos decentes que lhes possibilitem moradias decentes, educação de adultos e tudo aquilo ("serem subornados a ocuparem empregos formais, melhor remunerados, com maior produtividade). Os doentes mentais "convencionais" precisam da volta dos hospitais psiquiátricos (demagogicamente destruídos no Brasil, alegando uma pretensa humanização do doente e, como bem vemos nas ruas das grandes cidades, jogando-os "na rua da amargura"). Os viciados em crack merecem uma solução já testada em várias partes do mundo: criação de salas de consumo em que a droga seja distribuída gratuitamente, pois sem demanda não há mercado). Não esquecendo de mandar prender o Osmar Terra (que quer a internação compulsória do viciado).
Por outro lado, ontem no final da tarde, passei por aquele ambiente e vi alguns colchões desocupados e um ou dois moradores de rua ocupando outros.
Segundo:
Gente: rua não é moradia. Não vamos nos resignar com soluções paliativas. O que os moradores de rua precisam é de empregos que lhes possibilitem existência digna. Uma sociedade igualitária não se molda por improvisações relativas ao tratamento das carências sociais. O fato de que o Brasil tem tanto doente mental (viciado em crack ou não) perambulando pelas ruas da cidade é uma tragédia cuja solução não é fixá-los na rua. Já pensaram que o governo poderia alugar quartos no Hotel Everest, em hotéis do centro para abrigar decentemente essas pessoas?
Terceiro:
O ano de 1993 (uau, 23 anos atrás) foi importantíssimo em minha vida. Primeiro, voltei do doutorado, reassumindo meu posto de professor na economia da UFRGS. Segundo, conheci a Aniger de Oliveira!!!!!! E para a cidade, pois havia certa euforia em certos círculos, pois Tarso Genro estava assumindo a prefeitura. Querendo saber das coisas locais, eu lia os jornais e ouvia muito rádio (ainda tinha o preconceito herdado dos tempos da ditadura militar de odiar a televisão, que -aliás- mantenho...). Entrevistado pelo rádio, Tarso Genro afirmou que sua solução para o problema dos moradores de rua seria dar-lhes moradias decentes (com outras palavras). Como advogado, sua versão era um tanto jurídica... Ele dizia que é inconcebível que um cidadão não tenha endereço. Parece-me óbvio que "Av. Borges, sob o viaduto" não é endereço decente. E, para adiantar o assunto, sou vizinho de uma loja da PizzaHut no iniciozinho da Rua Visconde do Herval (invocando testemunho de Alba Maria Maia que havia um lindo edificiozinho no local que foi escandalosamente demolido para abrigar essa fábrica de gordos...). Pois não é que não é que a loja abre tipo as 18h00 e, instantes depois, a frente fica ocupada por moto-boys, encarregados das entregas deliciosas (epa, isto já está "cheirando" a propaganda...". Mas a loja atende a pedidos apenas até, digamos, a meia-noite, quando os moto-boys vão-se embora e a marquise é tomada por... moradores de rua (mesmo antes da remoção pelo autoritarismo borgeano).
DdAB
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