Querido diário:
A foto que nos ilustra com o título que nos encima é de milhares, com exagero, de telefonistas que servem-se de uma tecnologia divina para a época e hoje ultrapassada. Transformar trabalho vivo em trabalho morto, esta é a legenda do capitalismo. Frase de Marx. Eu, como às vezes espalho que o capitalismo acabou há mais de 15 dias, usaria a expressão de Fernand Braudel e John von Neumann e falaria em economias de mercado, ou economias monetárias. Nelas, há uma tendência a reduzir o conteúdo de trabalho humano, substituindo-o por máquinas. Quer dizer: elevar a produtividade do trabalho. Tanto é que aquele exército de telefonistas não é mais necessário para bilhões de telefones hoje falando em todos os pontos cardeais do planeta.
É? A tecnologia está na máquina. O conhecimento é que reside na mente do engenheiro. Caso o engenheiro o utilizepara produzir novas máquinas em condições internacionalmente não competitivas, o melhor é não produzi-las, mas importá-las. Se as condições tornam-se competitivas, o país torna-se exportador, após abastecer o mercado interno, naturalmente protegido por custos de transportes.
Foi Akio Morita que disse que não se pode competir no exterior sem ser competitivo localmente. No caso da importação maciça de máquinas e equipamentos, o engenheiro nacional poderá voltar-se àquela parte da indústria moderna que não é indústria, e nem foi inaugurada por Jack Welsh, mas cuja aplicação deu notoriedade ao afamado dirigente da General Electric: a prestação de serviços de engenharia.
Um país protecionista incide no erro de valorizar a engenharia que se mostra incapaz de postar-se competitivamente na economia mundial. Sob a alegação de manter os empregos nacionais com a produção ineficiente, o que secria é mesmo uma pesada "infecção de custos" direta e indireta que acaba por adoentar todo o aparato produtivo nacional.
Basta pensarmos neste tipo de argumentação que se torna óbvio: precisamos cada vez mais de corrida pela produtividade. Seria uma crueldade, à justificativa da manutenção de empregos, que nossas garotas tivessem que passar o dia sentadas à frente daquelas máquinas antiquíssimas, puxando e enfiando fios, a fim de viabilizar a comunicação telefônica. E isto nos tornaria menos competitivos. É do capitalismo, é das economias de mercado, é das economias monetárias. Agora, torna-se óbvio que, cada vez mais, a tecnologia vai liberar cada vez mais mão de obra. E esta precisa viver.
Isto significa a economia das duas recompensas:
.a. recompensa para não se ingressar no mercado de trabalho (renda básica universal)
.b. recompensa para se entrar no mercado de trabalho (correndo para elevar a produtividade) e tornar cada vez mais os empregos existentes em empregos redundantes..
DdAB
Imagem que recortei veio daqui.
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