a mulher é o negro do mundo. o negro, coitado, é o quê? o negro passa mal, o pobre passa pior, nem todo negro é pobre e o negro pobre é duplamente discriminado. a mulher é ainda mais discriminada mulheres negras, no mercado de trabalho, ganham menos do que mulheres brancas. de sua parte, a mulher (o negro do mundo, wremember?) ganha menos que os homens negros e estes ganham menos do que o homem branco.
nascer gente ou bicho é uma questão de sorte. há um pouco mais de determinação na escolha do sexo e até na cor da pele (quero um filho alvíssimo? que tal achar cônjuge eslavíssimo?; quer um filho de olhinho achinesado? passe a mão no chinês ao lado!), mas basicamente, sob o ponto de vista do nascituro, é uma questão de sorte nascer homem/mulher, pobre/rico, branco/negro, e por aí vai. mais que isto, é uma enorme sorte que um indivíduo de meu porte reconheça nesta maravilhosa dádiva que recebeu a condição de homem, ou melhor, a condição de gente. há gente que preferiria ter nascido bicho, dado o contraste entre o tratamento dado, em certos ambientes, a estes dois tipos de seres vivos. os exagerados até dizem que ter-se-iam saído melhor se fossem plantas.
por exemplo, planta de estufa não passa frio, planta carnívora de zoológico é bem tratada até pelos insetos onívoros. por exemplo, disse Eduardo Dusek: "tem muita gente por aí que tá querendo levar uma vida de cão", dado o tratamento relativo que recebe, em comparação ao melhor amigo do homem.
pois o prefeito de Porto Alegre andou lançando a proposta de se criar a secretaria de defesa dos direitos animais, cuja secretária, por pura coincidência, seria sua insuspeita esposa. eu pensei que também toparia o CC deste cargo e até iria dedicar esforços hercúleos para ver a animalada bem tratada. mas eu faria desvios de verbas, a fim de ver a mulherada bem tratada. não que o cavalo, o cachorro e o gato, a tartaruga, o peixe e o coelho sejam dispensados de bons tratos.
mas mulher, meu chapa. mulher deveria ter prioridade. parece que este não é o caso, de acordo com a denúncia que Roberto Arriada Lorea fez no artigo "O sofrimento das mulheres" publicado na p.14 de Zero Hora de hoje. diz ele que
A Lei Maria da Penha, que completa cinco anos, propõe a criação de um Centro de Atendimento Integral e Muldidisciplinar para Mulheres. [...] Em Porto Alegre, ante a resistência da prefeitura em criar um Centro de Atendimento às Mulheres, a Delegacia de Polícia aparece como referência, ocasionando inquéritos que não traduzem a necessidade dessas mulheres e, consequentemente, conduzem à frustração de suas expectativas quando chegam ao Judiciário.
como é que pode um negão antropocentrista de meu porte querer colocar as mulheres como prioridade relativamente aos animais? ver os direitos da mulher resguardados e, apenas então, passar a dar moleza aos animais, logo eu - que não faço mal a uma mosca. parece que fiquei tocado pelos conceitos de sociedade justa de John Rawls e de hierarquia das necessidades humanas, de Abraham Maslow (ver Box 1.1 e 2.1 do estonteante livro "Mesoeconomia").
mais que isto, desejo ordem no galinheiro da política (demissão das raposas), o que apenas poderá ser feito por meio da lei do orçamento. e esta deve ser universal. e seu descumprimento, como o da Lei Maria da Penha, - temo dizer - é avalizado pelo sistema judiciário que, no Brasil, é campeão!
DdAB
imagem que editei: aqui.
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