25 maio, 2009

Sacho de Monda

Querido Diário:
Fui olhar, em meus sistema de dicionários, o que quer dizer "meão", "meeiro", essas coisas que me recendem a "média". Parei em "sacho de monda", que ilustra a postagem de hoje, tratando-se, na verdade, de um prosaico sacho-de-monda-com-ponta. Jurara que nunca procuraria saber o que é o sacho de monda. Agora o sei: um instrumento de jardinagem, mas não sei bem o que é a monda ou o monda. Se monda for prima de moeda redonda, então esta postagem justifica seu marcador "Economia Política".

Se não for, posso dizer que estou contestando a filosofia popperiana sobre o papel das "unended quests". Todas são, logo nem precisamos dizer isto. Mesmo quando, por exemplo, dou por encerrada a demonstração de um teorema, haverá outras formas talvez mais elegantes e, certamente, menos elegantes, de fazê-lo. Brouwers e Kakutani (grafias?) são exemplos. Não duvido que, in due time, haverá ainda outro rapaz criando novas formas de entendermos propriedades dos pontos fixos.

Em minha opinião, que poderíamos, talvez, dizer tratar-se da opinião de Andras Bródy, se existe um ponto fixo em torno do qual todos os demais pontos se organizam (e desorganizam), então também poderemos pensar em explodi-lo e ficar apenas com as proporções entre as frações daquilo que, assim, outrora foi apenas um ponto. Isto significará que a matriz A de coeficientes técnicos de produção e a matriz D de coeficientes institucionais de distribuição constituem apenas dois fragmentos daquele ponto popperiano-bródyano original. Logo, força-nos a lógica aristotélica a concluir que o que importa são as proporções, a estrutura, sendo tudo o que de mais resta perfunctório. Mais constrangidos, ainda, somos a pensar que as matrizes A e D são constrangidas a multiplicarem certos vetores de demanda final ou de produto setorial ou de renda institucional pelo Sr. Banco Central. Ele joga na economia uma quantidade de pedacinhos de plástico (como sabemos, os cartões de crédito são os substitutos contemporâneos dos pedacinhos de papel de outrora) que se transformam em vetores que se transformam dinheirinho no bolso da gente...

Categórico é o imperativo de concluirmos dizendo o que segue.
M: Sempre achei os Sr. Olívio Dutra e Raul Pont dois debilóides que estragaram o projeto de esquerda para o Brasil, mas não apenas eles, alegro-me em admitir. Nunca falara, creio, do Sr. Tarso Dutra, outra criatura que deu-nos o azar de reencarnar precisamente no tempo em que o fazemos.
m: Nunca falara em demagogos, que não é o caso dos três senhores citados, mas -por exemplo- de Hugo Chávez (que vi falando no Ginásio de Esportes Beira-Rio, onde também vi Rita Lee, Eduardo Duzek e milhares de outros) e de Pedro Simon (que andei achando ser o mais iluminado político de todos os tempos).
C: Simon, ao criticar o uso político da Polícia Federal, e Tarso ao ter aceito o cargo de Ministro da Justiça e, nesta condição, rebater o que disse o senador, causam mais desserviço ao projeto de implantação de reformas democráticas que conduzam ao socialismo do que o mal-estar que provoquei na diretoria do Bandeirantes de Futebol e Regatas, de Jaguari, quando, por puro engano, confundi alguns fundos que guardava em seu benefício com recursos de meu próprio orçamento infantil.

Todos somos ladrões, políticos, farinha do mesmo saco? Claro que não. Embora eu tenha feito milhares de burradas em minha sexagenária vida, nunca marquei bobeira nestas questões de princípios fundamentais, ou seja, nunca entrei na política, nem na profissionalização de confundir dinheiro governamental ou comunitário com o de minhas próprias burras.
DdAB

23 maio, 2009

Eles Erraram!

Querido Diário:
O mar, como sabemos, não está para peixe. Seguria a história dos açudes, pois fixo-me na p.3 do jornal Zero Hora, que ouvi chamarem de ZeroHerra, pois escandiriam-lhe o mote: "Eles erraram!", pois não sabem a posição correta das ênclises e nem das mesóclises... Por isto, levaram-me a criar o MFP - Movimento 'Me Faz Próclise, Te Chamo de Castelhano'.

Vivem errando, aqui e ali, que volta e meia deixo que isto deixe de ser assunto. Hoje encontrei dois probleminhas na p.3 que não podem ser completamente chamados de erro, mas -seja como for- certo é que tampouco poderemos dizer que é: peixes, açudes, porcadas? Seja como for, a efígie acima é de uma postagem assinada como: "Enfim, comida impecável. Mas o serviço não foi condizente. Claro que eu já estava bem brava e reparando em qualquer picuinha para botar defeito, mas eles erraram até a ordem dos garfos na mesa:"

Como tratar garfos e estas formas cacofônicas, como morcilha, como porcada, como me movo e como me comovo?

Tempos atrás, li que ninguém deve preocupar-se com as cacofonia. Veja bem, veja lá:
.a. "[...] quando sereão escolhidos os candidatos que vão concorrer por cada partido." Porcada uruguaia? A notícia diz respeito aos vizinhos.

A lista chegou ao Brasil para começar a salvar a política? E por que, se a queriam salvar, não começam a reforma com o voto distrital voluntário?

.b. "O tratamento contra o câncer de Dilma Rousseff tem sido tratado majoritariamente como fato político [...]." Pegueirão no Aurelião o listão que seguirão abaixão:
[Do lat. tractare.]
V. t. d.
1. Fazer uso de; usar, praticar: 2
2. Manusear, manejar, manear.
3. Travar ou manter relações com; freqüentar: 2
4. Discorrer verbalmente ou por escrito acerca de; expor, explanar: 2
5. Discutir, debater, questionar: &
6. Fazer por curar ou por paliar; cuidar de; medicar: 2
7. Ajustar, acertar, combinar, concertar, pactuar: 2
8. Dedicar-se a; cultivar: 2
9. Sustentar, alimentar, nutrir: 2
10. Preparar [carne, peixe, etc., ou determinado peso (25)] para o cozimento, ger. limpando, e/ou cortando e temperando: 2
V. t. d. e i.
11. Combinar, ajustar, concertar, pactuar: 2
12. Acolher, receber: 2
13. Aplicar medicamento, ou penso1 (2), etc.: 2 2
14. Modificar, transformar, por meio de um agente: 2
V. transobj.
15. Dar certo título, cognome, alcunha ou tratamento: 2 2
V. t. i.
16. Discorrer, falar: 2 &
17. Cuidar, ocupar-se: & 2
18. Ter por assunto, por objeto; versar, constar: 2
19. Fazer preparativos; preparar-se: 2
20. Conversar, palestrar: & 2
21. Ter conhecimento; manter relações; conviver: 2
22. Portar-se, proceder, avir-se, haver-se: 2
23. Promover os meios para; esforçar-se por: 2
24. Tratar com medicamentos e/ou por outros meios; cuidar: 2 2 &
25. Negociar, comerciar: 2
V. p.
26. Cuidar da própria saúde: 2 &
27. Cuidar da higiene corporal, de vestir-se bem, da boa aparência; cuidar-se.
28. Sustentar-se, alimentar-se; nutrir-se: 2
29. Alimentar-se ou nutrir-se bem, com requinte: 2
30. Manter relações entre si: 2
31. Dirigir mutuamente (um tratamento): 2

[Pres. ind.: trato, etc.; pret. imperf. ind.: tratava, .... tratáveis, tratavam. Cf. trato, adj. e s. m., e tratáveis, pl. de tratável.]

Dava para usar um sinônimo do "tratamento" "tratar-se" de "tratados" "tratativamente" dilmáticos, não dava, língua avara?

Sobre "por cada", no site fiz milhares de tentativas de esgotar todas as formas não-cacofônicas alternativas. Vim a entender, com base em um teorema simplezinho, que não há limite. Há efetivamente infinitas formas de expressar uma idéia sem invocar a porcada. "Por cada partido" será ironia com relação aos ladrões que infestam os partidos políticos da Banda Ocidental do Brazil? Que seria de "por partido", sem o "cada"? O vizinho Cortázar diria: "candidatos que se deixam escolher por cada partido"? Claro que não! Diria, talvez, ele: "por indicação de cada", algo assim, como sempre digo, há milhares de formas alternativas de corrigir uma burrada, inclusive milhões de outras...

Sobre garfos, é evidente que o tenedor do peixe deve postar-se à esquerda do tenedor dos vermelhos, depois vindo a colher (paralela à ao lado da mesa sobre o qual postamo-nos perpendicularmente, ou melhor, nossos olham o horizonte fazendo uma linha horizontal que será paralela à aresta do paralelepípedo retângulo representado pelo tampo da mesa). No caso da colher, o cabo fica na direita e a concha na esquerda, exceto para os convidados mancinos, quando esta posição deverá ser invertida, que eles mesmos são lá uns invertebrados. Não é inverter no sentido de deitar a parte convexa da concha da colher sobre o lado de cima do planeta, mas de direita-esquerda, esquerda-direita, como Dilma Linhares e milhares de outros.

Abraços abeijolados
DdAB

22 maio, 2009

Mico Leão da Bahia

Querido diário:
Entusiasmado com o que segue, escrevi o que segue, entendeu?
Oi, Carolina (Bahia, articulista on agriculture do jornal Zero Hora, da combalida cidade de Porto Alegre):
.1. uma das primeiras matérias interessantes que li no dia de hoje foi, cedinho, a p.3 de David Coimbra. não resisti e escrevi a ele, congratulando-me e sugerindo um abaixo-assinado requerendo que os políticos apenas possam fazer lei do orçamento e passar todo seu tempo fiscalizando o cumprimento da lei do ano passado durante o exercício corrente e discutindo os contornos da lei que disciplinará as finanças públicas no ano vindouro

.2. há pouco, lera teu artigo e decidira escrever-te: falar em governo paralelo, coalizões partidárias de grupos de cidadãos que criaram partidos e decidiram unir forças para governar a coisa pública. é grotesco vermos os desentendimentos entre ministros que fazem o que bem entendem, pois não há plano para a ação coordenada do governo, pois não há coalizões partidárias, pois não há -na verdade- partidos (in Brazil, of course)

.3. há instantes firmei a convicção de escrever-te, pois vi, com júbilo, que nos últimos 20 anos caiu para menos da metade a mortalidade infantil no Brasil: pensei que, se era um menino, menos da metade dá -digamos- uma morte a cada três anos, como os advanced capitalist countries. não era: baixara de 50 para 20. melhor do que estacionar ou baixar apenas para 45 etc.. mas lembremos que o rio grande do sul já alcançou a casa dos 10 mortos por 1000 nascidos vivos. e os tais advanceds têm mesmo menos de dois mortos por 1.000 partos bem sucedidos.

.4. não surpreende que, mesmo com muito mais de 50/1000, Zâmbia -ou Zaire, um troço destes- será a terceira maior potência (populacional) planetária no ano de 2050.

.5. consideremos agora as meninas do vôlei de praia que terão sido patrocinadas pela petrobrás ou o banco do brasil, ou a caixa (e se não foram, se era o itaú, o bradesco, o leite moça, não perco o ponto, pois essas empresas públicas do governo promovem não apenas a gasolina, o crédito, mas também o esporte, a arte, e tudo o que dê na telha dos dirigentes, que não há lei do orçamento séria): perderam o patrocinador, mas o despilfarro do dinheiro público seguirá altaneiro

.6. quero dizer: há modelos que, entre outros fenômenos a que se destinam, ajudam a explicar os diferenciais de taxas de mortalidade infantil no planeta que sugerem:
.a. cidadãos se reúnem em torno de partidos que defendem princípios
.b. a afinidade de princípios permite coalisões partidárias .c. as coalisões que capturam o eleitor mediano vencem as eleições
.d. o programa de governo é chancelado pela lei do orçamento
.e. e um princípio muito sensato para esta lei é o atendimento universal, quer dizer, antes de acabar com a barriga dágua, os nobres deputados não poderiam deslocar um mísero centavo para o atendimento a vítimas da aids, da doença coronariana, acossados por lábios leporinos, nada disto: uma coisa de cada vez: alcançados os objetivos sociais listados nos programas partidarios, chancelados pelas coalisões e pelo eleitor mediano, a sociedade organizada pode dar um passo adiante e expandir os níveis de atendimento às necessidades sociais.
.f. direto ao tema: o mico leão, coitado, é importante, mas nenhum centavo federal deveria ser gasto em seu benefício até que todos os 100% dos bebês nordestinos pudessem vencer seu primeiro aninho de vida galhardamente.

abraços
DdAB

Peixes de açude e papeleiros

Querido Diário:
eu disse: Querido Diário:
Desbanco-te com esta questão de queridagens, pois acabo de escrever:
querido David:
maravilhoso hoje! comecei pensando: é o melhor texto que já li em toda a minha vida. depois relativizei: dos 100 melhores, dos 10 melhores, mas insisti: é o melhor mesmo, com minha admiração crescendo a taxas exponenciais, as primas dos logaritmos.

também pensei que poderíamos começar um abaixo-assinado requerendo que essa macacada fosse obrigada a lidar exclusivamente com uma única lei: a lei do orçamento público. teriam assunto para avançar em:
.a. o projeto da lei que vigorará no exercício fiscal-financeiro de 2010
.b. fiscalização do cumprimento da lei de 2008 durante todo o decorrer dos 365 dias de 2009 (e até 366 dias, nos anos bissextos).
abraço
DdAB

de que trato? da crônica semanal de David Coimbra na p.3 de Zero Hora d'aujourdui:

Inveja dos peixes de açude

Uma vez uma carroça me atropelou, já contei. Faz décadas isso. Mas foi a causa de agora, poucos dias atrás, ter ficado chateado com os deputados do Rio Grande. Pelo seguinte:

Justamente no fulgor deste 2009 aconteceu de certo deputado estadual ter sido acometido por uma ideia para um projeto de lei. A partir daquele instante de luz, pôs-se a funcionar a gigantesca, pesada e complexa máquina do Estado. Estivéssemos atentos, nós, vulgares contribuintes, reles eleitores, também denominados genericamente de “povo”, poderíamos ouvir o clangor das engrenagens se movimentando.

Imagine os sons da faina dos funcionários públicos: as sábias frases do deputado e de seus assessores a discutir, no recôndito do gabinete acarpetado, qual seria a melhor forma de apresentar a proposta. Em seguida, nossos ouvidos seriam lambidos pelo tectec produzido por dedos ágeis desses mesmos funcionários a ferir os teclados de plástico dos computadores, redigindo o texto do projeto de lei. Depois, poderíamos ver a azáfama das dezenas de secretários da Assembleia percorrendo os corredores da Casa do Povo com o projeto em mãos, apresentando-o às comissões temáticas. Aí teríamos a satisfação de testemunhar o burburinho que se deu nessas comissões ante o projeto: legisladores sisudos debruçados sobre o texto, debatendo se ele deveria ser enviado ou não para a Comissão de Constituição e Justiça. Enviado, como foi, o zunzum daquela colmeia de trabalho que é a Assembleia partiu dos próceres da CCJ, que, do alto do seu saber jurídico, analisaram a ideia do parlamentar, e a aprovaram com louvor, submetendo-a, enfim, à votação em plenário.

O plenário é importante. É como se fosse o palco do Legislativo. No plenário, a atividade da máquina do Estado explode em ação pública e notória. Houve discursos na tribuna, quiçá apartes acalorados, houve votação, as taquígrafas a tudo anotaram, pressurosas, e o canal de TV da Assembleia transmitiu a função ao vivo para o Estado inteiro.

O projeto foi aprovado!

Mas os motores do Estado ainda não foram desligados. Seguiram a pleno, fazendo o projeto atravessar a Praça da Matriz, decerto levado por algum apressado funcionário em cargo de comissão muito bem ilustrado acerca do assunto, e em seguida o texto coruscante aterrissou na mesa da governadora Yeda.

Não estávamos prestando atenção. Pena. Estivéssemos, perceberíamos a concentração da governadora ao ter o projeto em mãos. Seus olhos castanhos correndo céleres pelas linhas impressas do papel, seu cenho franzido de gravidade e, a seguir, o aceno de aprovação que provavelmente fez com a cabeça, antes de apor sua assinatura sancionando a lei. Terminou? A dispendiosa máquina do Estado parou de funcionar? A resposta é não! O projeto agora foi repassado para os funcionários do Diário Oficial, que o digitaram, diagramaram e mandaram imprimir. As poderosas rotativas da gráfica estatal entraram em ação, a tinta beijou as lâminas de papel, o projeto do deputado passou para a imortalidade: está instituído o Dia dos Gaúchos Vitimados por Acidentes Aéreos!

São incontáveis as datas festivas aprovadas pela Assembleia, como a Semana do Peixe de Açude, e foi exatamente por isso que me aborreci. Assim como, suponho, outros peixes gaúchos, como os de lagos, largos, lagoas e até mesmo os marítimos, assim como todos esses peixes devem ter ficado irritados com a preferência dos deputados pelos peixes de açude, também eu me magoei. Tenho todo o respeito por quem já sofreu um acidente aéreo e, mais ainda, por seus amigos e familiares que têm de enfrentar a eventual perda. Mas a lei criada pela Assembleia me deixou órfão. E o Dia dos Atropelados por Carroças? Ninguém se importa conosco? Francamente! Tenho que achar um deputado simpático à nossa causa, à dos Atropelados por Carroças. Quero ouvir o doce som do dinheiro do contribuinte sendo queimado a nosso favor.

Retomo a palavra. E que dizer da lei proibindo a circulação de papeleiros? Não deveria ter surgido há 500 anos? O prefeito não deveria ser forçado a puxar carroças, 99% do tempo do mandato? Pior: provavelmente nada será feito por ninguém, pois eles estão fazendo leis para proibir a cobrança de meia entrada no cinema, de consumação nos bares, declarando persona non grata em Porto Alegre alguns peixes do Rio Amazonas, essas coisas. Deputado e vereador para mim, by the way, é a mesma coisa, sinecurista e nefelibata. Lei do orçamento? Lei dor, lamento.
.d.

Érico em Israel: e eu por aqui

Querido Diário:
Encaminho-me para terminar a leitura de "Israel em Abril", de Érico Veríssimo, um livro de viagens de 1966, o.s.l.t. À p.37, ele diz algo que levou-me a pensar em algo parecido, na linha dos questionários que andei respondendo na concorrida cidade de Jaguari, entre 13 e 14 de idade.
.a. que livros escrevi

E ainda faltou o que também editei, a exemplo deste acima, de Técnicas de Pesquisa, nomeadamente, Reflexos da reestruturação produtiva mundial sobre a economia do Rio Grande do Sul. E falta o que encontra-se "no prelo": Contabilidade Social, do qual também sou editor, associado a Vladimir Lautert e dois editores associados, David Pedroso Correa e Arlei Fachinello.

Depois, ele -Érico- falou em países que visitou. Pensei em myself, listando pelo que lembro ser a ordem cronológica das visitas. Paraguai, Uruguai, Argentina, Inglaterra, França, Espanha, Portugal, Estados Unidos, Alemanha, Áustria, Bélgica. Não vejo manifestações do Sr. Myself de interesse em visitar milhares de outros países, exceto o Canadá. E voltar aos países vizinhos da fronteira gaúcha.

Por fim, decidi informar quais meus autores prediletos. Escrevi na hora, o que contradiz outras postagens, contradiz, não, complementa... Talvez alguma ordem alfabética, os entre aspas sendo autores que li e gostei e agora não tenho mais o menor interesse em reler. Monteiro Lobato, (Jorge Amado), Malba Tahan, Graciliano Ramos, Francis Scott FitzGerald, Science Fiction em geral e Isaac Azimov, Lulizinha, SuperMan, Asterix, e por aí vai.
DdAB

18 maio, 2009

Roubado do Paraguai


Querido Diário:
Para falar em canções populares, digo "Ando meio desligado", ou melhor, ando ligado em outras paragens. Voltarei, tornerò, in due time, si pudiera. Por enquanto, penso em Henri Theil e seus asseclas. Seja como for, no outro dia, escrevi uma cartinha para Humberto Trezzi, o colunista de "Sua Segurança" do jornal you-know-the-name. Hoje, a Zero Herra, na p.4-5 tem reportagem sobre o roubo de veículos, clonagem, e sua circulação entre o Brasil e o Paraguai.

Por que citei o cancioneiro popular? Porque procurei "roubando do paraguai" no Mr. Google Images e veio o que vemos acima. Sei que Jacarepaguá, festejado bairro do Rio de Janeiro, foi homenageado com os versos:

É hoje que eu vou me acabar
Com chuva ou sem chuva eu vou para lá

Eu vou, eu vou para Jacarepaguá
Mulher é mato e eu preciso me arrumar.


Indaguei que papo é este de "mulher é mato" e por que o indivíduo que hoje vai-se acabar deseja fazê-lo justamente em Jacarepaguá e não, por exemplo, nas margens do Rio Paraguai. Ou de qualquer outro canto já portador de coordenadas no Mr. Google Maps. Resposta: é que Jacarepaguá hospeda um dos mais hospedeiros hospícios da Cidade Maravilhosa. Bem, eleições para o Departamento de Enfermagem? Só pode ser num azzillo mwyto louko, o.s.l.t. (do filme e de Machado de Assis, lembramos?). Ou para escolher o paraninfo da formatura do Jardim da Infância Sol nas Almas, momento em que as criancinhas de quatro aninhos foram aconchavadas pela representante de um Sr. Traficante de Drogas, e elegeram-no como padrinho.

Eu dissera que criança, criminoso e louco não pode votar. Representante de criminoso aconchavando votos de crianças só pode ser louca. Segui a indagar-me se não seria ela a candidata a Presidente dos Enfermeiros do tal azzillo. Pouco ou nada disto direi em minha carta eventual ao Jornalista Trezzi. O que lhe quero dizer é mais prosaico: uma boa razão para o vai-vem de viaturas ilegais pela Ponte da Amizade e por outras vias fraternas é também carregá-las com mercadorias ilegais. Como sabemos, nem toda a mercadoria ilegal é imoral ou engordante, mas acalento suspeitas de que, no caso do contrabando, o problema são os bens de demérito, pois os meritórios deveriam estar isentos, de qualquer jeito, de qualquer ônus alfandegário.

abraços
DdAB

11 maio, 2009

Glamour na Retórica

Querido Diário:
Estas apetitosas imagens originam-se da pesquisa que encomendei ao Prof. Google Images com o título de "glamour na retórica". Nada veio. Repeti com "glamour" e "retórica". Quero ilustrar com ela a proposição elementar que o consumo compulsivo de qualquer coisa leva à obesidade ou a qualquer outra coisa. E que disto nada podemos dizer sobre se o melhor para a sociedade é ter o voto voluntário ou compulsório, se devemos obrigar nossas crianças a fumar maconha ou proibi-las e por aí vai.

Neste afã, escrevi o que espero seja completamente auto-explicativo (com pequenas edições aqui):

Caro Humberto:
Na coluna "Sua Segurança" de ontem (p.5), vi, infelizmente, uma boa parte de preconceito de tua parte, talvez instilado pela "marcha pela maconha" que iria acontecer na tarde (e nem sei se aconteceu, nem como foi) dominical. É difícil, para mim que não sou literato, "provar" as tiradas preconceituosas. Mas, em minha intuição, ele está visível -por exemplo- na frase de encerramento do artigo ("É bom que os bichos-grilos de outrora, hoje de cabelos brancos, pensem duas vezes antes de defender uma liberalidade que só traz desgraças".

Talvez outra demonstração do preconceito seja a frase: "[Certas pessoas] Não enxergam que a disputa darwiniana entre os que pouco têm e desejam um lugar ao sol envolve mortes, vício, degradação." Neste caso, posso ir um pouco mais além. Penso que Darwin, Charles Darwin, nada tem a ver com o que alguns chamam de "darwinismo social". Como sabemos, foi o economista David Ricardo que influenciou Darwin a pensar em evolução e sobrevivência do mais apto. Ricardo, é verdade, pensou para a realidade econômica inglesa dos primeiros alvores do século XIX, tempo de inegável consolidação da revolução industrial. Mas Darwin -reza uma importante versão do debate evolucionista- não é conhecido por ter buscado analogias do comportamento animal com a sociedade humana: seu objeto de estudo sempre foi o indivíduo. O que hoje chamamos de "instituições" passou a ser estudado sistematicamente por biólogos apenas no século XX.

Sou dos que defendem uma política de liberalização relativamente ao consumo de drogas, mas não sou capaz de estabelecer os contornos precisos para a regulamentação, pois trata-se de temática das ciências da saúde (e não das ciências econômicas ou penais etc.). O que tenho plena convicção, que me leva ao ponto de esposar o tipo de posição implícita nestes conteúdos, é que existe um conceito importante de exercício da liberdade humana e que, no caso, associa-se ao conceito de consumo recreativo. Talvez aqui também possamos ver algo naquilo que me parece preconceituoso em tua posição. Pelo que tenho lido em tua coluna, não pareces trabalhar com este conceito. Apresso-me a dizer que, nesta área, estou mais à vontade para falar, pois passamos a discutir a liberdade de escolha do indivíduo, tema que enche livros e livros da ciência econômica. Todos eles, os livros, têm como cláusula liminar que a discussão sobre escolha exclui agentes sociais incapazes de praticá-la, listando invariavelmente crianças, criminosos e loucos. Ora, se estes três agentes estão excluídos do problema da escolha, o consumo -recreativo ou não- do que quer que seja não pode ser contestado numa sociedade aberta. Em outras palavras, consumo compulsivo é uma anomalia no comportamento do consumidor racional.

Precisamos, claro, discutir se a mãe que matou o filho, o filho que matou o pai, o menino que matou a professora, a menina que vendeu a TV caseira, agiram racionalmente. E aí volto ao tema do glamour da droga. O consumo recreativo de cigarros é ou foi glamouroso, como o é o consumo de raquetes Wilson ou o de torta de aipo com sal do Monte Himalaia. Quem fuma tabaco, dentro de certos limites, também poderia ser declarado como portador de alto grau de irracionalidade e, como tal, destituído do direito de escolha. Os contornos da liberdade pessoal não podem sob nenhum pretexto dar vasão ao autoritarismo social. No caso do tabaco, é evidente que a sociedade tem o direito de proibir o consumo em lugares públicos, mas apenas o autoriatrismo é que vai proibir o indivíduo de inalar o que bem entenda se ele, ao exercer sua liberdade de escolha, não atinge a liberdade dos demais. Também desconheço os limites físicos da propagação da fumaça, de sorte que não me proponho a regulamentar o cordão sanitário que deve ser esticado entre um fumante e um cidadão comum.

Dito isto, passo a listar algumas das frases do artigo com as quais concordo integralmente:
"A triste realidade atual é que as drogas são o cartão de visitas da morte entre irmãos. A porta do maior dos males, que é a violência. [...] O pesadelo do crack começa a dizimar vidas no Interior num ritmo tão ou mais intenso do que na Capital. Não só pelo uso, mas também em função da disputa dos pontos devenda e das dívidas contraídas pelos viciados. [...] Muito rapaz de classe média anda assaltando pessoas e roubando carros por aí, na fissura por mais uma pedra queimada."

E, mutatis mutandi, a própria frase de fechamento: nem calvos nem encanecidos devem defender desabridamente a desregulamentação do mercado de drogas! Mas tenho discordância radical de uma afirmação como a da "[...] liberalidade que só traz desgraças." Aqui há um problema na listagem de julgamentos de valor. Em minha opinião, quanto mais liberdade, maior será o bem-estar social. Mas talvez o problema não seja tanto de concordarmos em que a indústria das drogas é socialmente perniciosa. Pelo contrário, ambos concordamos, mas a diferença é o que fazer com a regulamentação. Em tua opinião, o combate frontal, impedindo todos os agentes sociais (digamos, cidadãos e o trio criança-criminos-louco) de escolherem, é a melhor estratégia. Eu divirjo, por achar que devemos isolar o cidadão do trio. E mais, nesta linha de raciocínio, penso que o encaminhamento do problema, tentando impedir o cidadão de escolher, distorce de tal maneira o meio-ambiente que a vantagem para lidar com o trio acaba nas mãos do traficante e não das autoridades sanitárias.

Sobre o "flagelo maior no interior": parece que este é um maravilhoso exemplo da possibilidade de explorarmos o tema de forma criativa, se estivermos descontentes com os resultados do atual tipo de abordagem. Muito provavelmente, o interior mais contaminado pela droga será o de menor desenvolvimento social (mais Montenegro e menos Vila Amor...). Os locais em que as instituições são mais frágeis do que em Porto Alegre serão presas fáceis da sanha dos traficantes. Penso que há enorme analogia deste teu diagnóstico com o que vemos, quando comparamos o malefício carreado pela proibição ao consumo recreativo de drogas nos Estados Unidos do que nos países terceiro-mundistas, como o Afeganistão, a Bolívia e o Brasil.

Tenho visto em Zero Hora a exploração de uma idéia que porta uma correlação espúria (estatisticamente falando) entre maconha e crack. Aparentemente, o pessoal que lida com o assunto no jornal esposa um modelo do tipo "quem consome maconha também consumirá crack", com evidências carreadas por milhares de casos. É possível que a associação entre uma e outro não obedeça a nenhuma relação causal mais forte, estando ambas relacionadas a terceiros fatores. Por exemplo, quem fuma crack é pobre, deseducado, vive em área de baixo desenvolvimento social, enfrenta problemas familiares sérios, foi vítima de violência por parte de adultos, e por aí vai. O perigo de conduzirmos recomendações para a implementação da política pública a partir deste tipo de associação terá um argumento pesado no seguinte raciocínio: a elevação do gasto em repressão ao comércio de drogas eleva-lhes o consumo. Esta correlação é inegável, como o é o exemplo tradicional de associação positiva despida de causalidade, no caso, entre o rebanho bovino da Índia e o PIB americano.

A experiência de mais de 20 cidades européias que já contam com "salas de consumo" tem tido avaliação muito positiva, no sentido de encaminhar o tratamento do problema (ao contrário do que afirmaste no outro dia na mesma coluna). Claro que este tipo de ambientação clínica não é destinado a elevar o consumo (não estamos mais aqui falando em consumo recreativo), ao contrário. Mas tal ocorre, como também reduz-se a criminalidade geral nos "red light districts".

Seja como for, estamos do mesmo lado, os bichos-grilos, os que sonham em um mundo de paz e harmonia como palavras de ordem, além de ti e de mim e dos policiais que acham que a repressão conduz à redução do consumo: queremos menos violência, sociedade menos conturbada pela indústria da droga. O que talvez me distancie de todos os citados é uma teoria da ação humana que se baseia numa lei (a da oferta e procura) cuja ação é muito, muito mais forte do que as leis que regem a evolução biológica e mesmo as que regem a atração gravitacional!

abraços do
DdAB

09 maio, 2009

Prates e o Voto Voluntário

Querido Diário:
Zero Herra de hoje chamou-me a atenção (Nilson de Souza, "A indignação de Prates", Segundo Caderno, p.3) para a fala de Luiz Carlos Prates:
http://www.youtube.com/watch?v=8-gfYN61WRM.

Pois para mim a melhor resposta à ação dos governantes do Brasil foi o editorial da Folha de São Paulo, ou o que seja, que transcrevi para ti, querido diário, no dia 4 de abril, sob o título de (Voto Voluntário)^-1, ou seja, o inverso do voto voluntário, ou melhor, o voto compulsório. Prates é furibundo, no que está certo. Errado está ao alardear que o Brasil paga muito imposto. Talvez ele não saiba (o que não o retira da posição errada) que os impostos se dividem em
.a. diretos
.b. indiretos.

E, como sabemos, pobre é que paga a maior parcela de sua renda na forma de impostos indiretos. Os ricos (inclusive myself e himself) não pagam fração significativa nem como o imposto de renda, o diretão que está na moda falar-se mal about. O Sr. Menino de Rua disse-me: "Todos queremos estado pequeno, pois a liberdade individual fica ameaçada quando o estado é grande e a comunidade é pequena, como no caso da instalada sob a ponte a sua esquerda, "seu" moço. However, todos queremos serviços públicos, por exemplo, esgoto e luz elétrica em minha casa, aliás, uma casa, pois o minuano, encanado debaixo da ponte, requer calefação ou ar condicionado central, ou simplesmente a abolição do inverno. Não foi por estas bandas que aboliram a lei da oferta e procura, com as leis proibindo "consumação" em bares e restaurantes e obrigando as empresas exibidoras de cinema a darem (de seu próprio bolso) 50% de subsídio a estudantes?"

Pensei apenas em assinar-me, não sem antes deixar claro que a reforma política de que se fala nada fala sobre voto voluntário, nem sobre lei do orçamento (também sempre revogada de facto). Que queremos? Renda básica universal: conquista do século XXI equivalente à libertação dos escravos, do século XIX, e o voto feminino (universal) do século XX.

DdAB

05 maio, 2009

Karl Henrich Marx

Querido Diário:Como sabemos, esta foto foi batida por myself na aprazível (depois da queda do muro) cidade de Berlim. Como sabemos, Karl Henrich Marx nasceu em Trier aos 05.05.1818. Se tu lembrares que é cinco de maio, como sabemos que era o Século 19, somos forçados a concluir que é 18_ _, o que nos força a repetir o 0505 com 1818, não é isto?

E que fim levou o comunismo? Acho que a saída agora é a renda básica universal. A mesma importância da libertação dos escravos do Século 19, o sufrágio universal do Século 20 e agora a basic income do Século 21.
Adiós
DdAB