Querido diário:
Estou trazendo para cá, para fins de documentação acessível a meu estilo de organização (tudo no blog e propagandeado no Facebook, mas pouca coisa direto no Facebook). Este é o caso de duas postagens dizendo respeito ao mesmo tema: os preços negativos divulgados como existentes no mercado de petróleo. A tudo transcrevi, editando aqui e ali o que eu mesmo ou os comentadores dissemos.
A ilustração que nos antecede veio da segunda postagem no Facebook. A que segue veio da Folha de São Paulo. E assim começou a encrenca.
PRIMEIRA POSTAGEM DO FACEBOOK
Comentando a figura, escrevi:
Duilio de Avila Berni:
Estava à toa no Facebook e achei essa alegoria à 'boutade' de Marx falando que os preços poderiam cair 1.000%. Por mais que eles caiam, chegamos no máximo a 100%. E ficaram $$$ 0.
Moral da história: a Folha de São Paulo fugiu da escola quando ensinaram razões e proporções.
Comentário de Carlos Henrique Horn:
Claro que os bens de capital que geram energias alternativas hoje são uma realidade palpável. E em boa medida, também originárias na China.
Comentário de Fernando Ferrari Filho:
SEGUNDA POSTAGEM DO FACEBOOK
Comentando aquela figura da função de custo variável total que abre esta postagem no blog, escrevi:
Resposta a Flavio Comim sobre preços negativos. A encrenca ficou tão grande que tive que trazê-la para nova página.
Então, Flavio. Gentil e instigante observação. O fato é que eu, volta e meia, dou um fora aqui no Facebook. Fui me meter com a FSP, logo eu cuja especialidade é achar erros no que chamo de Zerro Herra...
Seja como for, segui teu toque e dei uma olhada nessa viagem de preço negativo. Antes do petróleo, diz a sra. internet, já houve casos assemelhados no mercado de energia elétrica na Califórnia.
Meu palpite é que nesse caso do jargão do petróleo e dos mercados futuros (tema sobre o qual tenho rasa leitura), estamos falando de uma metáfora: O comprador assinou, digamos, um contrato de $ 50 para receber uma quantidade de petróleo (virtual) que ele agora acha excessiva para sua capacidade de armazenamento. Então ele se dispõe a pagar aqueles $ 37 por barril. Ele deveria receber mercadoria-papel no valor de $ 50, embora não mais a quisesse. Então ele subornou o vendedor para não executar o título original.
E que fui levado a pensar, depois de vencer o medo, em explicar o ocorrido pela formação do preço do petróleo pela regra do mark-up:
p = (1+m) x CVMd,
isto é, o preço cobrado é obtido ao se adicionar uma margem sobre o custo variável médio. No caso daquele excesso de oferta de que falam, o mark-up só pode ser zero. E aí é que começa minha modelagem. Passamos a:
p = CVMd.
Então separo o custo variável médio em duas componentes, digamos,
CVMd = CVMd1 + CVMd2,
sendo CVMd1 o custo variável médio descontado o custo de manutenção dos estoques e CVMd2 representando exatamente esse custo. Neste caso, se tivermos CVMd2 negativo e seu módulo for maior que CVMd1, tá aí o preço negativo.
A figura que desenhei (desenhei?) mostra uma função de custo variável total estranha por causa do trecho assinalado como AB. Mas já li a respeito: é um segmento em que os insumos são combinados da melhor maneira possível no artigo do livro de Harry Townsend que já vou citar.
Eu mesmo comentei:
A turma que até a pouco viu a postagem de 16 horas atrás e que talvez não volte a ver minhas 'explicas': Ana Severo, Andre Da Silva Pereira, André Luis Machado Teixeira, Ani Reni, Carlos Henrique Horn, Christiano Avanegra, Elisabete Otero, Geni De Sales Dornelles, Jorge Almir Wehbeh, Jorge Mattoso, Julia Ambros, Laura Berni Wagner, Nadia Bogoni, Ramon Cabron, Raquel Dias, Roger Keller Celeste, Rubens Salvador Bordini, Sueli Maldonado, Vanete Ricacheski e Volnei Piccolotto.
DdAB
Estava à toa no Facebook e achei essa alegoria à 'boutade' de Marx falando que os preços poderiam cair 1.000%. Por mais que eles caiam, chegamos no máximo a 100%. E ficaram $$$ 0.
Moral da história: a Folha de São Paulo fugiu da escola quando ensinaram razões e proporções.
Comentário de Carlos Henrique Horn:
Estas quedas de mais de 100% são sempre misteriosas. Certa vez, depois de uma coletiva da PED, deparei-me com a manchete sobre uma redução de 102% no desemprego. Até hoje, não atino a que correspondem aqueles 2 pontos depois do 100%.
Comentário de Ricardo Holz:
E agora Luis Humberto Villwock?
[Villwock não respondeu, DdAB]
Comentário de Sérgio Kapron
É que preço negativo é estranho na economia. Aliás, não paro de me surpreender com coisas estranhas na economia.
Comentário de Flavio Comim:
Oi, Duilio, pensei o mesmo quando vi a manchete, mas o fato é que isso sim é possível (acredito) pois o preço foi para -37 dólares. Impossível, em principio um preço baixar de zero, verdade? Não nos contratos futuros nos quais o pessoal compra para fazer hedge. Parece que o pessoal que ia receber esse petróleo não tinha como estocar ou o custo era muito alto em função da nova demanda e ai eles fizeram um hedge que forcou o preço futuro para baixo, indicando mesmo que eles estão pagando um prêmio para se livrar no petróleo comprado, ou algo assim. Bom, foi o que eu escutei...
Comentário de Roger Keller Celeste:
Estão pagando para comprar o petróleo? Kkkkkkk
Comentário de Ricardo Holz a Roger Keller Celeste:
Por ai. "Leva e eu te pago".
Comentário de Duilio de Avila Berni:
Ambos: parece que a encrenca começou a assumir características da demanda por lixo.
Comentário de Duilio de Avila Berni:
Resposta a Flavio Comim e aos demais comentadores. Demorei mas articulei uma resposta. Vou colocar em outra postagem. Aqui deixo a imagem (obnubilada pela idade) do livro de readings on price theory que agora não li, muito o fiz em passado mais antigo que o aluno de economia contemporâneo.
Comentário de Carlos Sidnei Coutinho Coutinho:
Péssima notícia para a energia alternativa.
Comentário de Duilio de Avila Berni:
Tempos atrás, Carlos, quando, no passado de menos de 20 anos, o petróleo chegou a um nadir que até viabilizou a extração brasileira nas águas profundas, comecei a acreditar que, por contraste, o capitalismo já entendera de deixar o petróleo para fins mais nobres que o combustível.Claro que os bens de capital que geram energias alternativas hoje são uma realidade palpável. E em boa medida, também originárias na China.
Comentário de Fernando Ferrari Filho:
Duílio, por mais que seja surreal haver queda de preços acima de 100,0%, a questão central é que a demanda por petróleo colapsou. Como os vencimentos dos contratos futuros (quando da entrega do petróleo) estão ocorrendo neste contexto de colapso de demanda, logo, para não ficar com estoque de petróleo encalhado, os que têm petróleo (ofertantes) tendem a baixar o preço (mesmo que para níveis surreais, como os de de ontem) para que os custos de estocagem e oportunidade não tragam mais prejuízos.
Comentário de Duilio de Avila Berni:
Entendo, caro Ferrari. Muito obrigado. Viste minha outra postagem, com aquela curva de custo sinuosa?
Comentário de Fernando Ferrari Filho:
Li, mas confesso que a sua explicação é mais complexa que a minha, cuja simples ideia é estar comprado ou vendido no mercado futuro.
Comentário de Duilio de Avila Berni a Fernando Ferrari Filho:
Claro, meu! A simplicidade é a filha dileta da sabedoria!
Comentário de Fernando Ferrari Filho a Duilio De Avila Berni:
De maneira alguma. A complexidade, para mim, de sua explicação é porque eu sou macroeconomista e meus conhecimentos de microeconomia ficaram para trás há muito tempo.
SEGUNDA POSTAGEM DO FACEBOOK
Comentando aquela figura da função de custo variável total que abre esta postagem no blog, escrevi:
Resposta a Flavio Comim sobre preços negativos. A encrenca ficou tão grande que tive que trazê-la para nova página.
Então, Flavio. Gentil e instigante observação. O fato é que eu, volta e meia, dou um fora aqui no Facebook. Fui me meter com a FSP, logo eu cuja especialidade é achar erros no que chamo de Zerro Herra...
Seja como for, segui teu toque e dei uma olhada nessa viagem de preço negativo. Antes do petróleo, diz a sra. internet, já houve casos assemelhados no mercado de energia elétrica na Califórnia.
Meu palpite é que nesse caso do jargão do petróleo e dos mercados futuros (tema sobre o qual tenho rasa leitura), estamos falando de uma metáfora: O comprador assinou, digamos, um contrato de $ 50 para receber uma quantidade de petróleo (virtual) que ele agora acha excessiva para sua capacidade de armazenamento. Então ele se dispõe a pagar aqueles $ 37 por barril. Ele deveria receber mercadoria-papel no valor de $ 50, embora não mais a quisesse. Então ele subornou o vendedor para não executar o título original.
E que fui levado a pensar, depois de vencer o medo, em explicar o ocorrido pela formação do preço do petróleo pela regra do mark-up:
p = (1+m) x CVMd,
isto é, o preço cobrado é obtido ao se adicionar uma margem sobre o custo variável médio. No caso daquele excesso de oferta de que falam, o mark-up só pode ser zero. E aí é que começa minha modelagem. Passamos a:
p = CVMd.
Então separo o custo variável médio em duas componentes, digamos,
CVMd = CVMd1 + CVMd2,
sendo CVMd1 o custo variável médio descontado o custo de manutenção dos estoques e CVMd2 representando exatamente esse custo. Neste caso, se tivermos CVMd2 negativo e seu módulo for maior que CVMd1, tá aí o preço negativo.
A figura que desenhei (desenhei?) mostra uma função de custo variável total estranha por causa do trecho assinalado como AB. Mas já li a respeito: é um segmento em que os insumos são combinados da melhor maneira possível no artigo do livro de Harry Townsend que já vou citar.
Acabo de ver um exemplo falando em homens e tratores para lidar com um jardinzinho comparado com esses recursos num fazendão. A ideia é que no fazendão a combinação é mais eficiente, capaz mesmo (imagino que demitindo muitos trabalhadores) de reduzir o custo de produção (no caso do petróleo e da energia elétrica) de manutenção dos estoques.
E onde li, que o confinamento me impede de conferir? Um Penguinzinho dos velhos tempos:
TOWNSEND, Harry ed. (1980) Price Theory: Penguin Modern Economic Readings.
E que tem lá dentro? Oh, memória! Deve ter um artigo de um cara cujo sobrenome -oh, memória!- é OI. Ele fala no custo marginal negativo e talvez seja daí que a memória (oh, ela!) resgatou essa explicação da combinação eficaz de insumos reduzindo o custo total.
E onde li, que o confinamento me impede de conferir? Um Penguinzinho dos velhos tempos:
TOWNSEND, Harry ed. (1980) Price Theory: Penguin Modern Economic Readings.
E que tem lá dentro? Oh, memória! Deve ter um artigo de um cara cujo sobrenome -oh, memória!- é OI. Ele fala no custo marginal negativo e talvez seja daí que a memória (oh, ela!) resgatou essa explicação da combinação eficaz de insumos reduzindo o custo total.
Eu mesmo comentei:
A turma que até a pouco viu a postagem de 16 horas atrás e que talvez não volte a ver minhas 'explicas': Ana Severo, Andre Da Silva Pereira, André Luis Machado Teixeira, Ani Reni, Carlos Henrique Horn, Christiano Avanegra, Elisabete Otero, Geni De Sales Dornelles, Jorge Almir Wehbeh, Jorge Mattoso, Julia Ambros, Laura Berni Wagner, Nadia Bogoni, Ramon Cabron, Raquel Dias, Roger Keller Celeste, Rubens Salvador Bordini, Sueli Maldonado, Vanete Ricacheski e Volnei Piccolotto.
Comentário de Christiano Avanegra para Duilio De Avila Berni:
💯👏 Adorei! Estava lendo sobre o assunto, vou me apropriar da nobre explicação, citando obviamente o meu Mestre dos Mares e Doutor do Saber Supremo, já aproveito para propagandear seu blog e face... Quinta-feira vou ter que falar exatamente deste tema na cadeira de Gestão de Risco (MBA de Gestão Financeira da Uniritter)... Obrigado... estou sempre de 👀 aqui... hehehehe
Comentário de Duilio De Avila Berni a Christiano Avanegra:
Dá uma olhada, querido Christiano, neste comentário que o macroeconomista e professor Ferrari apôs à postagem original, em que não falei errado, mas não pensara o suficiente: "Duílio, por mais que seja surreal haver queda de preços acima de 100,0%, a questão central é que a demanda por petróleo colapsou. Como os vencimentos dos contratos futuros (quando da entrega do petróleo) estão ocorrendo neste contexto de colapso de demanda, logo, para não ficar com estoque de petróleo encalhado, os que têm petróleo (ofertantes) tendem a baixar o preço (mesmo que para níveis surreais, como os de de ontem) para que os custos de estocagem e oportunidade não tragam mais prejuízos."
Comentário de Flavio Comim:
Comentário de Flavio Comim:
E como ficaria no caso dos custos das opções? Parece que essa é o x da questão (pergunto, não que entenda nada disso....hahaha)
Comentário de Duilio de Avila Berni a Flávio Comim:
Naquele livro da Penguin, não tem nem uma letra sobre futuros...
Comentário de Carlos Sidnei Coutinho Coutinho:
Momento para reler: Financial Revolution Amazon.com.br.
DdAB