23 dezembro, 2019

Boletim de hoje sobre o Chile e a Bolívia

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Os tempos são peculiares, rumando celeremente para o Natal, momentos em que a turma se comove e pensa que a lua é um queijo. Outros, mais realistas, pensam em queijo como delícia sublunar. Às vezes tóxica. Falo em particular das conflagrações do Chile e da Bolívia. Falo agora, pois tenho falado pouco, mas incisivamente. E ambos têm em minha apreciação enormes lições para as esquerdas.

No caso do Chile, a lição natalina é que o neo-liberalismo pode gerar uma destruição de valor econômico e social e o que surpreende não tanto a rebelião atual dos povos chilenos, mas o apoio que lhe dão milhões de pessoas mundo afora.

No caso da Bolívia, já andei publicando em minha bolha do WhatsApp um apelido que criei para o governante que pediu demissão do cargo: de Evo para Ego Morales. Tudo porque ele pareceu-me ser o portador de um grande ego, um ego enorme, um ego que o fez pensar-se insubstituível permitindo-nos prever uma tragédia resultante de milhares de  reeleições. Tragédia que veio a consumar-se, dada sua incapacidade de organizar uma transição para a esquerda e não uma rebelião da direita. Tragédia assemelhada ao triste legado de Hugo Chávez: brindou a esquerda com um político oportunista do porte de Maduro.

E o que também me deixa surpreso é a insistência com que esquerdistas persistem naquela visão dicotômica que nos vê como portadores da verdade incontestável, sendo sabotados puerilmente pela grande conspiração. A imprensa, os bancos, os militares... Não os absolvo, é claro. Mas não deixo de indagar aquele modelo FOFA: forças, oportunidades, fraquezas, ameaças. Que nos enfraquece? Que fortalece nossos adversários?

Entendo que o mais forte compromisso da esquerda deve ser a adesão democrática, buscando aperfeiçoar mecanismos promotores da liberdade, sem sufocar o surgimento de novas lideranças.

DdAB

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