03 junho, 2018

Sina e Escolhas


Querido blog:

Num livro que li recentemente (1, rodapé), ganhei uma atualização nas minhas milenares leituras daquele clube da psicanálise, psicologia, psiquiatria, astrologia mental e algumas outras seitas estranhas. E tem um recorte que talvez não tenha entendido direito e que talvez mais talvez ainda nem estivesse por lá escrito. Mas sigo procurando tão afanosamente quanto procurei a paz de espírito depois do rebaixamento do Grêmio.

Pelo que li e pelo que não li e pelo que menti que li e pelo que imagino que li, cheguei àaspiRAdor de pó conclusão que uma forma de entender como a doença mental compromete as escolhas feitas pelo agente é fazermos uma analogia com uma doença como a enxaqueca ou mesmo, digamos, um defeito num braço. Mas a enxaqueca é mais "cerebral" e pode ajudar-nos a entender a questão. Como não é meu caso, não reconheço sofrer dessa condição, falo com base em, por assim dizer, experimentos mentais.

Talvez até baseado em minhas adaptações a essa realidade mental e planejamento da vida, imagino que todos vamos aprendendo com nosso próprio sofrimento - da enxaqueca, da mania de perseguição, da preguiça - e começamos a valorizar os pródromos dos ataques dessas incomodações. E também aprendemos a computar as perdas de capacidades verificadas quando a crise se instala. Penso, em resumo, que é uma sina terrível, seguindo no exemplo, ser acossado periodicamente por enxaqueca e que esta fatalidade contribui para reduzir nosso leque de escolhas.

Moraleja: parece que naquela linha de que a educação nos oferece as condições de estabelecermos nossos objetivos na vida e a energia para lutar por eles, agora estamos vendo que uma mente aberta -pela educação, claro- terá mais chance de alcançar mais compreensão pessoal, mais liberdade para fazer escolhas a partir de seu legado de sinas e, assim, mais felicidade.

DdAB
(1) BURNS, Tom (2014) Our necessary shadow; the nature and meaning of psychiatry. London: Penguin.
Psiquiatria. Psicologia. Psicanálise.

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