Querido diário:
No dia 26 de
novembro passado, falei num questionário muito peculiar que
apresentei no seminário realizado há 10 anos, ou melhor, em 30 de
junho de 2008. Hoje falo nos "powers" que mostrei à
refinada audiência. Falo:
POWER 1
:: Título: O
MERCADO DE TRABALHO DO ECONOMISTA
Nome do economista
em evidência: Duilio de Avila Bêrni
POWER 2
“[...] apontou
[...], comparou [...], deduziu e concluiu.”
Machado de Assis no
conto “Trio em Lá Menor”, história de Maria Regina e seus dois
pretendentes (Miranda e Maciel) que, at the end of the day, deixam-na
ficar para tia.
POWER 3
Há um vetor que
rege “nosso estar no mundo”:
R3 ::
realidade realmente real
Ri :: o
mundo da realidade imaginada
É neste clima que
pretendo ser entendido, ou seja, como é que eu faço ciência. Sei
que estou no mundo, mas formo, sobre ele, uma imagem, uma realidade
imaginada que terá alguma relação com o mundo de carne-e-osso, a
realidade realmente real que me abriga, mas que nada mais respondo
sobre ele, que dizer que o entendo.
POWER 4
A. Formação
acadêmica
B. Empregos
B.1 Economista
B.2 Professor
C. Breves
considerações sobre o estudo feito
POWER 5
Formação acadêmica
.a 1968-1972 -
faculdade: curso de economia, leitura de Isaac Deutscher (trilogia
sobre Trotsky)
.b 1973 - leitura do
livro de introdução à economia de Richard Lipsey (valeu o curso
inteiro)
.c 1974 - viagem a
Campinas, tornei-me um leitor da revista Pesquisa e Planejamento
Econômico
.d 1975 -
PPGE-UFRGS. Aprendi estatística e econometria
.e 1978 -Mestrado em
Sussex; debriefing da "economia industrial"
.f 1982 - iniciando a carreira de professor de introdução à economia na UFRGS, eu que iniciara a vida de professor com microeconomia na Unisinos. Neste curso de IntrEco usei o "Manual de introdução à economia", dos professores da USP e leituras complementares, destacando aquele artigo de Stephen Hymer sobre Robinson Crusoé e o livrinho de Ernest Mandel de introdução à economia marxista;
.g 1983-88 - lecionando macro e aprendendo sobre funcionamento do mercado de trabalho;
.h 1989-1992 - doutorado em Oxford; biologia evolucionária, economia experimental, economia evolucionária, começo dos estudos de teoria da escolha social e teoria da escolha pública.
.g 1983-88 - lecionando macro e aprendendo sobre funcionamento do mercado de trabalho;
.h 1989-1992 - doutorado em Oxford; biologia evolucionária, economia experimental, economia evolucionária, começo dos estudos de teoria da escolha social e teoria da escolha pública.
.i 2000 -
pós-doutorado (rápido) no Latin-American Institute do University
College-London.
.j 2006-2007
pós-doutorado (longo) no Instituto Latino-Americano da Universidade
Livre de Berlim.
POWER 6
INTERRUPÇÃO
NÚMERO Úm (única)
.j 1993 etc.: na
linha dos modelos multissetoriais, a serviço da economia do
desenvolvimento
:: meus heróis
Quesnay e Cantillon; Marx, Walras, Leontief, Stone e Andras Bródy
.k 1994-2006 - segue
a modelagem multissetorial, com o novo vigor à Economia de Empresas
.l 2006-7 -
pós-doutorado em Berlim e a leitura de cinco livros selecionados que
estavam em minha lista há vários anos:
... POTTS, Jason -
The new evolutionary microeconomics
... RICKETTS, Martin
- The economics of business enterprise
... BOWLES, Samuel -
Microeconomics, behavior, institutions and evolution
... RAY, Debraj -
Development economics
... BESANKO, David
et al. - A economia da estratégia
.m depois de Berlim:
Auerbach e Kotlikoff.
.n The Idea of
Justice, de Amartya Sen (o melhor livro que já li).
POWER 7
B. Empregos
Economista
:: conjuntura e
contas nacionais
:: economia
(organização) industrial
:: teoria da decisão
:: a teoria da
decisão resultou da questão
- se a ciência
econômica é ciência, então preciso saber o que é ciência
:: se é um ramo da
ciência social, preciso saber o que é social
:: e vi que é o
estudo de sociedades
:: rapidamente fui
levado a pensar em outras sociedades animais, como as abelhas, as
cobras e os macacos resus.
POWER 8
Ensino
.a Microeconomia ::
contratado na Unisinos por João Verle :: 1976
.b Economia
Industrial :: n UFSC (estilo cepalino com adaptações) :: 1980
.b Introdução à
economia da UFRGS (Verle queria-a para todo iniciante) :: 1982
.c Macroeconomia (e
o problema da IS-LM da economia fechada :: 1984
.d Metodologia da
ciência econômica :: 1985
.e Contabilidade
social e economia do desenvolvimento :: 1993-2007.
POWER 9
Minhas
contribuições:
:: somar 0 e
multiplicar por 1
Somar zero:
Maximizar U = U(r,
s)
s. a Y = ar + bs
Construímos L = U +
0
ou seja, somamos
zero a U e nos capacitamos a escrever:
L = U + (Y - ar -
bs)
e trabalhamos com os
multiplicadores de Lagrange.
POWER 10
Multiplicar por 1:
Temos ainda a
multiplicação da taxa de lucro:
P : taxa de lucro
(Profit rate)
L/Y : luta de
classes (apropriação da produção)
Y/K: relações
tecnológicas (apropriação da natureza)
P = L/K = 1 x L/K =
Y/Y x L/K = L/Y x Y/K
ou seja,
decompusemos P em duas componentes, a participação dos lucros na
renda e a relação produto/capital.
POWER 11
Composto resulta da
composição dos componentes
C = f(c1, c2, c3,
..., cn-1, cn) = f(ci)
Por exemplo, o
composto C para três componentes é:
C = c1⬌c2⬌c3,
onde “duplo ⬌”
é uma operação como a adição, multiplicação, exponenciação
etc.
:: isto também nos
permite ver outras decomposições:
.a aditiva - matriz
inversa de Leontief = I + B + B2 + B3 + ...,
onde B é a matriz
(I - A).
.b multiplicativa -
matriz inversa generalizada do modelo da matriz de contabilidade
social M = M3 x M2 x M1, em que M3,
M2 e M1 mostram os efeitos inter, intra e
extra-grupos de variações na demanda final
... inter-grupos:
como é que um aumento, por exemplo, na demanda final do setor
química repercute na receita dos fatores e das instituições
... intra-grupos:
como é que um aumento na demanda final da química repercute nas
vendas dos demais setores econômicos
... extra-grupos e
inter-grupos, ou seja, o montante dos efeitos cruzados de um grupo
(produtores, fatores ou instituições) sobre outro e sobre si mesmo.
POWER 12
C. Considerações
sobre o estudo feito
.a opiniões: cada
opinião que emitirmos deve basear-se num conceito criado por nossa
cultura econômica, ou seja, temos uma intuição que resulta em
nossa opinião, mas devemos fazer a intermediação com conceitos
formalizados por meio de equações. Nunca esquecer de usar o passado
para enquadrar o fenômeno em equações identidades (ex post). Por
exemplo, para mim:
EE + EI = TD
onde EE é a
economia evolucionária, EI é a economia industrial e TD é a teoria
da decisão que se desdobra em
TD = Ind + Int + Soc
onde Ind é a
decisão individual, Int é a decisão iterativa (modelada com a
teoria dos jogos) e Soc é a decisão/escolha social
Ok, ok: isto é uma
espécie de piadinha (mas, segue ela, de profunda significação
filosófica)...
.b será que acabou
o emprego nos setores produtivos?
:::: qual a
participação das flores, frutas, leite e haras no PIB
porto-alegrense? Zereta!
:::: qual a
diferença entre o emprego decente (praticamente impossível mesmo
nos dias que correm) e o emprego da Brigada Ambiental Mundial?
:::: A MaCS e o
modelo completo do fluxo circular da renda
:::: constatação
de que 15min é 1% do dia
:::: saber que o
número 2 quer dizer que, crescendo a 7,12%, uma economia dobra em 10
anos.
POWER 13
:: contabilidade
social x auditoria social
:::: grau de
eficiência no uso dos recursos
:::: civilizações
tipo II : aquelas em que existe dilema dos prisioneiros
:::: mercado e suas
falhas, estado e suas falhas, comunidade e suas falhas
:::: auditorias:
ouvidorias, observatórios, conselhos de stakeholders
POWER 14
.a caminho da ruína
:: corrupção do
aparato estatal (executivo, legislativo e judiciário) pelo tráfico
de drogas
:: escola em turno
único
:: universidade
eminentemente noturna
:: destruição do
aparato governamental com o ideário neo-liberal num país de
estrutura comunitária deficiente
:: ufanismo ainda
presente: sublime e parceiro versus tosco e bizarro.
.b salvação
:: ou seja,
precisamos pensar em inventar um novo Brasil, pois reconstruir o
antigo não vale a pena
:: reformas
democráticas que conduzam ao socialismo
:: algumas ações
para a reconstrução:
:::: voto voluntário
:::: parlamentarismo
:::: voto distrital
:::: orçamento
público universal
:::: eliminação de
poderes redundantes (Senado, Poder Judiciário e Estados, fazendo
apenas federação de municípios)
:::: emprego
público: renda básica (substitui o salário mínimo), Serviço
Municipal (brigada ambiental mundial)
:::: imposto de
renda :: incidência sobre fatores e instituições e apenas nos bens
de demérito dos produtores
POWER 15
:::: globalização
e internacionalismo :: chegou a hora de resolver o problema de
coordenação que impede que o crescimento seja global e a
distribuição seja local
:::: geração de
valor exclusivamente nas finanças
:: problema da
inflação mundial :: ainda não entendo, nada li e pouco pensei a
respeito
:: naturalmente, com
minha equação do valor, fui levado a crer na relevância dos
conceitos de NAIRU e Produto Potencial para orientar a política
econômica de curto prazo
:: ou seja, se
MV = PQ
e
1 = V/P
então
Q = M = Y,
mas aí entram as
condições NAIRU e Produto Potencial, pois há evidentes ligações
entre o desemprego - U e a contração monetária, o que La Salle
chamava de “lei de ferro dos salários”
:: e aí pulamos
para
M = f(U),
como vemos na
condição de equilíbrio geral (dos mercados de bens, monetário e
de trabalho) do modelo IS-LM
:: isto significa
que precisamos, com a MIP, determinar os canais por meio dos quais os
juros penetram o sistema econômico:
.a desejos de
antecipação do consumo
.b planos de
investimento
.c expansão do
crédito para atender a e b
.d encargos da
dívida pública
:: e ainda: como é
que a taxa de câmbio mesmo de uma economia não lá muito aberta
afeta o nível de preços domésticos? como é que – dizem alguns –
“a inflação gera doença, mas o câmbio gera morte”.
Então depois disso
tudo estampei aquele powerpointezinho que não recebeu o tradicional
n. 16, mas dizendo
"Obrigado!"
DdAB
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