Querido diário:
Sempre penso que tem muita gente que critica o governo por ignorância dos modernos (modernos?) conceitos de falhas de mercado, custos de transação, essas coisas dos livros de microeconomia. Parece-me óbvio que o século XXI verá o governo provendo (não disse produzindo) cada vez mais bens públicos e bens de mérito. O mercado terá, nestes casos, seu papel crescentemente reduzido, cabendo-lhe, como tal, pressão para inventar novos bens que temos chamado de regulares.
E daí? Daí que, em Santa Maria, onde morreram 230 jovens por falha dos governantes (inclusive os afamados CCs, e alguns funcionários menos graduados) que negligenciaram coisas óbvias, a mais estonteante delas sendo que o alvará de funcionamento da discoteca protagonista da tragédia estava vencido desde agosto do ano findo. Pode? Pode a negligência do proprietário não ter providenciado de novos alvarás? Pode o governo, com o alvará vencido, deixar o local disponível para o uso de multidões, como os 500 que lá estavam na noite da tragédia?
DdAB
E a imagem veio daqui (aqui).
2 comentários:
o moderno também nos ensina que as falhas de Estado são tão ou mais graves, no que entendo, e entendo muito pouco, não temos porque defende-los irrestritamente um a outro, entre os dois, perecemos humanamente, inevitavelmente, contudo, são arranjos, estado e mercado, inescapáveis, os dois. Desculpas o comentário num dia tão triste, mas a minha humana falha, não resiste. Abraco, do s.
È vero, Anaximandros. Em português portoalegrense dos dias que correm, penso nos CCs, penso no nepotismo, penso na morosidade da justiça. Penso nos mortos, nos que vão nascer e nos que vão morrer por falhas assemelhadas.
DdAB
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