No Brasil, se alguém lê "eu robô", como escrevi acima, fica-se pensando: o certo não é "eu roubei"? Como os políticos? E é certo escrever certo sobre algo errado? Filosofia, meu chapa, pura filosofia política.
Eu li o livro "Eu, robot", de Isaac Asimov há muitos anos, talvez não mais de 35, talvez até mais. Fi-lo, se não caio no ridículo, em português, livro talvez emprestado de Mauro Oliveira, meu amado amigo e leitor maiúsculo de ficção científica. Não lembro, não se pode lembrar tudo, a menos que se tenha memória de... robô. Pois bem, precisamente no dia 18/jun/2009, comemorando cinco anos em meu novo endereço porto-alegrense, adquiri um exemplar em inglês (Bantam, New York, 2004).
Pois bem. nas p.44-45, estão listadas as três leis da robótica (traduções minhas, agorinhas):
.1. um robot não deve (may not) machucar um ser humano, ou, por meio de inação, permitir que um ser humano se veja ameaçado;
.2. um robot deve obedecer as ordens dadas por seres humanos, exceto quando tais ordens possam conflitar com a primeira lei; e
.3. um robot deve proteger sua própria existência na medida em que tal proteção não conflite com as duas primeiras leis.
Com elas, e com muita inspiração, sempre do lado da ética (ramo da filosofia desconhecido pelos políticos da República Federativa do Brasil), Asimov criou nove histórias fascinantes. E que nada têm a ver (nada?, como pude dizer isto?) com o livro "Nine Tomorrows", que também li originalmente (?) em português e depois encontrei um exemplar no Bric da Redenção, em 1987 ou 1988 e o adquiri e li/reli. Lá está o conto "A última pergunta", que me parece a maior obra de ficção da humanidade. Pois bem, eu lembrava um tanto tenuemente do livro "I, robot", mas tinha a ideia errada de que os dois últimos contos que dele constam dele não eram, se me faço gongórico. O penúltimo chama-se "Evidence" e o último, "The Evitable Conflict". No primeiro entra em ação o robô manipulado por um ser humano, torna-se político e começa a resolver todos os problemas econômicos -e, como tal, da administração das coisas, da escassez- do planeta. E no segundo segue o tema, quando o próprio robô se envolve em tantos cálculos que deixa-se substituir por computadores não-antropomórficos, as Máquinas, com o 'm' maiúsculo. É maravilhoso. É utopia, é linda visão do futuro da humanidade.
Na p.176, temos:
The question of intersellar travel under present conditions of physical theory is ... huh ... vague.
Claro que amei isto: se mudar a física, o que é certo que acontecerá, então tudo poderá ser resolvido. Em outro livro ("Elsewhere, interrogation mark"), li que, num certo futuro, os humanos aprenderão com seres de outra galáxia a viajar em velocidades maiores do que a da luz. O que nos coube foi desenvolver com sucesso a teoria que nos permitiu manter nossa materialidade, bem como a de vários órgãos exossomáticos, como os robôs, os barbeadores, e as panelas de pressão e criar espaço-tempo em qualquer ambiente, por mais inóspito que possa ser. Aventuras como a de A. Square e outras tornam-se possíveis. Tudo porque não podemos negligenciar que a luz leva quatro anos para deslocar-se de Vega até aqui. Isto significa que, com velocidades inferiores a esta (e mesmo de apenas dezenas de vezes superior a esta), estamos mal-arranjados. Mas é certo que resolveremos estes probleminhas.
Na p.264, temos o elogio dos sentidos humanos (os testes organolépticos):
No textile chemist knows exactly what it is that the buyer tests when he feels a tuft of cotton. Presumably there's the average lenght of the threads, their feel, the extent and nature of their slickness, the way the hand together, and so on. -Several dozen items, subconsciously weighed, out of years of experience. But the quantitative (sic) nature of these tests is not known; maybe even the very nature of some of them is not known.
E depois tudo torna-se totalmente cristalino. Depois se tornará, digo.
DdAB
Imagem: esta robozinha bonitinha que não sabia que sabia tocar piano precisa de citar a fonte?
P.S. ediçõezinhas em 6/mar/2017.
Imagem: esta robozinha bonitinha que não sabia que sabia tocar piano precisa de citar a fonte?
P.S. ediçõezinhas em 6/mar/2017.
2 comentários:
Querido Profe:
isso é simplesmente maravilhoso e eu amei, amei!
Só não gostei de uma coisa: pensava que eu era a inventora da Teoria das Teias Invisíveis, mas agora descobri que vc já a descobrira muito antes de mim...
Sweet professeure:
Obrigado, obrigado! Será que a Teoria das Teias Invisíveis foi mesmo plagiada (ex ante) por mim? Preciso saber qual é a formulação original (ex post) para poder avaliar.
DdAB
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