04 janeiro, 2010

Intervencionismo estastal: use parcimoniosamente

Querido Blog:
nem toda corrente mantém-se intacta pelo resto da eternidade. vemos que o jogo que nos hoje ilustra está meio corroído. antes, não havia estado nem estado nacional. penso que hoje ele -o estado nacional- está moribundo e apenas existe por causa de segmentos do poder de diversos países em manterem-se encastelados. prejuízos evidentes para a classe trabalhadora, ou seja, para "nós, o povo".

a legenda "proletários de todos os países, uni-vos" nunca foi adotada de modo unânime. sempre houve gente que a desprezou, mesmo nos movimentos de esquerda. hoje, vejo estupefato muitos colegas economistas ainda acenarem com bandeiras nacionalistas, querendo desenvolver o Brasil como grande potência, sonhos da hegemonia latino-americana e "global player" com interesses disseminados por todo o mundo e, especificamente, pela África.

em Pescara, vejo novamente o que é a vida de um país desenvolvido. claro que a Itália não vive um momento privilegiado de sua história. dizem (noto apenas sintomas secundários) que a crise de set/2008 marcou-a pesadamente. o que eu vejo, ou não vejo, são meninos de rua, papeleiros puxando suas carroças (tração humana) ou maltratando seus cavalos (tração animal). não seria a crise que iria fazer com eles -país de instituições fortes, ainda que estranhas- caíssem no mesmo caos que se abateu sobre a Argentina, há 15 anos.

claro que o governo deve intervir na economia. os contornos da intrervenção é que precisam ser definidos. e apenas numa sociedade cuja comunidade é pesada é que teremos definições interessantes. na condição de arauto dos interesses populares, não tenho dúvida em listar:
.a. sistema bancário
.b. regulamentações diversas nos setores produtivos (intervenção sempre que necessária, provisão sempre que possível)
.c. provisão também de bens de mérito e bens públicos.

andei tomando leite Parmalat e lembrei da crise de uns cinco anos atrás. fraudes, escandalosas e desbragadas fraudes. hoje está tudo certinho nos supermercados locais: o leitinho, o queijinho etc.. não conheço mais detalhes sobre o assunto. intuo, porém, analogias com o escândalo das companhias imobiliárias americanas.

em ambos os casos, vim a entender que a intervenção pública deveria ser mesmo eminentemente restrita à ação monetária. não faria sentido ver estas duas indústrias serem destruídas pela falta de ação do próprio governo ou da comunidade. falta de ação? claro, falta de controle sobre as formas de operação. a mesma falta aponto para o caso dos trabalhadores: como é que pode trabalhar numa empresa e ver tudo sendo roubado e ficar quieto?

agora, a ação governamental como "complementação da iniciativa privada" é um absurdo, pois origina-se num mal-entendido sobre a verdadeira natureza do fluxo circular da renda: é como se o dinheiro-crédito que ingressa na economia fosse abençoado apenas no caso de fazê-lo por meio do lado da demanda, como se não fosse possível o governo transferir dinheiro às famílias pobres. precisaria, por força, distribuir aos produtores? cara, isto parece lavagem cerebral (com a qual, presumo, rompi já em 2009, que dizer do que escreverei durante 2010?).
DdAB

2 comentários:

maria da Paz Brasil disse...

Ôba!
Parabéns, Duilio!

Concordo com você: muita parcimônia no uso das intervenções estatais. Acho, como muitos, que os intervencionismos estatais são a “máquina mortífera” do desenvolvimento de muitos paises. Na América Latina é 99% certo. Digo 99% porque tem a grande exceção que é o Chile. Felizmente! O Chile, pra mim - aqui bem baixinho, é a esperança de civilização da América Latina, no momento presente.
Depois falo mais.

MdPB

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

oi, doçura!
quero ouvir mesmo. pouco sei sobre o Chile. "te 'repende" -como diria o colono alemão gaúcho-, dou uma olhada nos dados da Penn World Tables, pois estou preparando um seminário para o qual pretendo requentar uns dados que usei em algumas oportunidades. traba-se de comparações de alguns dados (PIB, população e emprego) da Argentina, Brasil, Canadá, México e USA. Já pensei em colocar a Itália e agora passo a inclinar-me também pelo Chile.
DdAB