Primeiro: eu defendo o princípio da auto-determinação dos povos. Segundo: se o Brasil suspeitar que o Paraguay está prestes a criar o IV Reich, ou coisa que o valha, recomendo que não invadamos o país amigo. Ao contrário, recomendo a convocação de uma conferência de paz na OEA e ONU, pedindo providências para a comunidade internacional.
Terceiro: o primeiro e o segundo levaram-me, desde o início da invasão russa à Ucrânia, a condenar acremente a camarilha de Vladimir Putin, um déspota paranoico, presidente eterno da Rússia, com delírios de ser a reencarnação de Pedro, o Grande e beneficiário de uma lei recente que lhe garante imunidade jurídica (pode fazer o que quiser, fumar maconha, roubar pneus de carros estacionados na Rússia, roubar flores dos jardins da turma, matar e invadir a Polônia, os bálticos, o que seja) para o resto de sua inglória existência.
Quarto: o que mais me surpreendeu, descontado o morticínio decretado pelo Putin, foi que uma parcela da esquerda brasileira tenha visto no desempenho internacional dos Estados Unidos a maior justificativa para a invasão da Ucrânia. Meu ativismo de sofá levou-me a ver no mural de Salvatore Santagada no Facebook, no dia 9 de junho corrente, um texto de terceiros fazendo a apologia da invasão. Não me contive e escrevi:
Duilio De Avila Berni
Nada justifica a o invasão
de um país por outro.
Na contramão do próprio Salva e de seu núcleo rígido, meu comentário recebeu apenas um “Curti”. Rapidamente vim a perceber tratar-se de Diane Porto, de quem agora transcrevo comentários analíticos de altíssima competência lógica e histórica:
Diane Porto
A Rússia invade,
bombardeia, destrói cidades inteiras, mata milhares, põe a fugir milhares de
milhares para salvar o mundo dos neonazis???? Não sei se choro ou se dou
risada. Tá triste isso aí, viu?
Aí veio um comentário sugerindo que ela "ampliasse seus horizontes", recomendando-lhe ver o material produzido por Oliver Stone, dando a versão mais fidedigna dos acontecimentos na Ucrânia. Ela não deixou por menos:
Diane Porto
"Ampliar meus horizontes a partir da visão de Oliver
Stone, o cara que pediu para Putin que apadrinhasse a sua filha? Que tipo de
análise imparcial pode fazer um tipo que bajula ditadores? Conhecido por sua
entrevista de lambe-botas em que elogia as leis anti-propaganda gay da Rússia...
Que utiliza de fake news para desinformar geral e, o pior de tudo, admite que
Putin errou com a invasão da Ucrânia, mas não pelo fato de ele invadir uma
nação soberana, saquear, destruir cidades inteiras, e matar ucranianos com
requintes de crueldade. Veja só, para ele nada disso importa, pois o grande
erro de Putin foi ter subestimado a resistência ucraniana!!! Fina flor da
perversidade humana, né?"
E segue Diane Porto:
"O texto do mural de Salvatore Santagada toca todos os pontos menos no único que importa: a
Rússia cometeu através do seu neo-czar nazista uma das maiores atrocidades
deste século. Parece que Putin encarnou o fantasma de Catarina, a Grande e
considera os ucranianos como meros servos do seu império, ou quem sabe encarnou
o fantasma de Stálin que transformou os campos férteis da Ucrânia em colônias
coletivas para alimentar russos, ou ainda o espírito de Hitler, quando ameaça
explodir o mundo com armas nucleares caso não se curvem diante do seu desejo
expansionista.
"A quem me recomenda informar-me com Oliver Stone, sugiro que leia as ideias de Putin, não pelos discursos deste ou daquele, mas os últimos discursos proferidos pela própria boca do genocida inspirado por seu guru espiritual, Dugin. E que leia o que eles dizem da Rússia e quais seus sonhos para o mundo. E busque conhecer a formação e atuação do Grupo Wagner."
Preciso dizer mais? Claro que preciso, pois o debate é interminável, enquanto as bombas seguem caindo sobre o território ucraniano, com mortos de todos os tipos, cabendo destacar as crianças e os soldadinhos, neste caso, tanto os ucranianos quanto os da Federação Russa. O que me deixa mais chocado de tudo é perceber o séquito de esquerdistas belicistas que aplaude os tais desatinos que até me atrevo a chamar de soviéticos, né?
DdAB
A imagem veio daqui.
E divulguei a postagem no blog com o texto:
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