07 junho, 2022

A Pandemia, ah, pandemia, a pandemia...

 



Pois é, pandemia. Li montes, lerei montes, não tirarei a máscara em qualquer aparição pública durantes os próximos invernos de minha esperança e em locais fechados (exceto restaurantes, na hora das garfadas) também. Em compensação, estou lendo

KALIL, Gloria (1997) Chic; um guia básico de moda-estilo. 9ed. São Paulo: Senai São Paulo.

Tudo começou com um mal-entendido. Aquele "moda-estilo", não sei que me deu, que vim a ler "moda-etilismo" e achei que fosse uma espécie de auto-ajuda para gambás. Desfeito o engano, não demorei a sentir-me chic, um chiquê. Logo eu que adoro Chick Corea.

Não é que na página 15, considerei ter lido algo estupendo?

Tendo esgotado o conteúdo da eternidade, passamos a nos dar o direito de amar coisas passageiras.

No original, li e reli, sempre evocando em minha cabeça aquele som de nossas possibilidades/disponibilidades de amar coisas passageiras. De imediato, isto evocou-me Umberto Eco, numa frase cuja origem agora me foge:

Não espereis demasiado do fim-do-mundo.

Entendo tratar-se de frases sinônimas sob o ponto de vista semântico. Se o fim-do-mundo não nos vai redimir, que tal saborearmos nossa cachacinha, nosso frango à passarinha, nosso tope no tênis de jogging, nossos livros, novos livros, essas coisas. Lê-te que te lê-te até que me fixei no original ipsis litteris:

A Idade Média, tendo esgotado o conteúdo da eternidade, nos dá o direito de amar coisas passageiras.
Cioran, filósofo

Ao entender que falávamos da idade das trevas, até que fiquei feliz com minhas filosofadas. E tomei como dever de casa investigar quem é Cioram. Que fiz? Fui à
Stanford Encyclopedia of Philosophy. Pelo que nela vim a inferir, passei a suspeitar tratar-se de Emil Mihai Cioran (aqui). Para um especialista em introdução à filosofia (como me declaro nos bares do bairro), não é vexame algum patinar nesse nome, pois ele não é tema dos livros introdutórios que me foram dados a ler. Mas, pelo que aprendi no verbete que citei da Wikipedia, quero mesmo é manter-me no nível introdutório, deixando o velho romeno em Paris.

Pensando melhor, talvez aquele Cioran citado por Kalil não seja o mesmo do verbete da Wikipedia, pois minha leitura original e a leitura correta, ambas, apontam para uma pessoa de formidável otimismo. Pelo menos é meu caso...

DdAB
A imagem veio daqui. E selecionei-a para deixar claro que a vida no pedregal pode também ser feita de bons mal-entendidos.

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