08 fevereiro, 2021

Reminiscências Daqui e Dali


Reminiscência é coisa de velho, lógico, pois - quanto mais jovem - menor é o estoque de dejà vu. Ao mesmo tempo, tem tanta reminiscência na mente de um velho que torna-se crucial fazer seleções, especialmente, botar pra fora do campo as lembranças amargas. Já andei dizendo ter uma lista que já alcançou 100 itens em que registrei eventos desagradáveis de minha vida com o objetivo de esquecê-los. E periodicamente passo os olhos nela para conferir se ainda há alguma que não foi para o olvido.

Primeira reminiscência (se é que o que acabamos de ler não são outras delas). Digamos que lá pelos anos 1980 li o livro de Gail Sheehy intitulado Passagens, onde encontrei um quinteto, o do ajustamento bem sucedido, eu que estava completamente desajustado de alguns valores que deveriam mesmo ser rompidos:

: ser produtivo, 
: ter boa relação com os outros, 
: conhecimento e aceitação de si mesmo, 
: perceber eficazmente a realidade e
: pensar racionalmente.

Esta do "pensar racionalmente" sempre me levou a desconfiar daqueles que consideram que o postulado da racionalidade usado para a construção de boa parte da teoria econômica é despido de significado. E depois ainda vim a entender que pode-se modelar racionalmente como "racional" a ação de dois passarinhos em disputa por um território.

 Pulando menos de uma década, cheguei, bem ajustadinho, mas com desajustamentos adicionais, aos 2/fev/1989 (menos de um mês depois da chegada a Oxford, a terra da vacina, para cursar meu doutorado em economia). Eu ouvia regularmente a Rádio BBC-4, para tentar melhorar os ouvidos, a audição, a compreensão da língua de Shakespeare. Nesse momento, ouvi os trabalhistas britânicos fazerem 

a defesa do salário mínimo sob o argumento de que ele elimina firmas ineficientes e favorece investimentos.

Mais uma: sem saber que o ano seria esculhambado pela invasão do covid-19, aos 
23 de fevereiro de 2020, um divertido domingo passado na aprazível cidade de Canela, lembrei - e anotei - que 

a Sorveteria La Basque tem filial no Shopping Iguatemi.

Por fim, faço uma reminiscência bem recentinha, pois a fiz (eu já ia dizendo "fi-la"...) no final do ano de 2020. Registrei que tenho lido textos de muita gente lamentando o 2020. E, por ser rebelde do contra, já fico me preparando para argumentar que:

a) terminamos vivos
b) aprendemos mais sobre o lado amargo da vida
c) mantemos o sonho em que o futuro nos reserva enormes alegrias.

E não lembro de ter desejado feliz ano-novo a tod@s. Se não o fiz, faço-o agora. Se o fiz, desejo que todos ganhamos a mega-sena.

DdAB

Nenhum comentário: