18 fevereiro, 2021

Bolsonaro e a Filosofia da Ciência


Que teria Bolsonaro a dizer sobre epistemologia, gnosiologia, filosofia da ciência, essas coisas do mundo cognitivo? Certamente nada, nadicas de nada. Por contraste, os estudiosos dos métodos de investigação científica muito têm a falar sobre o presidente da república, um representante do modo irracional de governar, um anti-popperiano por ser incapaz de abandonar o pensamento mágico.

Tão nefasta é a influência do presidente e seus acólitos e inspiradores sobre as políticas governamentais que o país paga em diferentes momentos com diferentes moedas. A mais óbvia é formada pelo número de mortes por covid-19 até, digamos, hoje: de longe mais de 200 mil ocorrências. E a mais triste é o número de novas mortes por omissão governamental nas providências para a cobertura vacinal de todo o país. 

O número de mortes nos tempos anteriores à disponibilidade das vacinas chinesa e britânica não foi exatamente uma fatalidade. O presidente da república, ao fazer pouco caso da já declarada pandemia, foi o pior exemplo para a disseminação das medidas saneadoras: a higienização das mãos, o uso de máscaras e o distanciamento social. Bolsonaro parece nunca ter lavado as mãos, é certo que raramente usa máscara e pelo exemplo e o jogo de corpo não respeita o isolamento social.

Outro desserviço às causas do progresso humano diz respeito ao desrespeito a regras básicas do pensamento ordenado, racional. Pensar racionalmente é uma característica de uma personalidade madura e saudável. Pensar racionalmente, além disso, e até antes disso, é o maior antídoto contra a violência. Pensar racionalmente, em resumo, é um atributo alheio às conclamações violentas de Bolsonaro. Acreditar em fantasmas e na teoria da grande conspiração é traço característico dos mandatários daqueles 57 milhões de votos de brasileiros nas eleições de novembro de 2018.

Todo mundo ficou aturdido com tanta insanidade da parte do governante máximo, o chefe das forças armadas, aquilo tudo. E acho que até os mais capazes entre nós temos confundido o que manda a ciência com as chamadas melhores práticas. De fato, a ciência não manda nada, pois suas funções primordiais são a explicação e a previsão, mas não a recomendação). Quem faz recomendações são os modelos, como o de Copérnico sobre o movimento dos astros ou de Emma de Mascheville (*1903, +1981), de movimentos das emoções humanas (baseada nos astros).

DdAB

P.S. Por outro lado, entendi que, cada brasileiro podendo adquirir seis armas de fogo, os bandidos rapidamente vão começar a assaltar a turma. Já imaginei que seria de mim se bandidos invadissem meu "abrigo inviolável" e pedissem minhas seis armas. Eu iria dizer: "Ehr, uhh, não tenho armas." E claro que eles iriam pensar: "Este velhote está mentindo". E passariam a aplicar-me os mais elevados truques de baixaria para eu indicar-lhes o local onde guardava o cobiçado sexteto.

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