30 novembro, 2018

Losurdo

O Marxismo Ocidental
Querido diário:

Não precisava haver dois marxismos - o ocidental e o oriental - mas há. E Losurdo mostra com riqueza empírica (citações a obras e jornais) que assim é.

LOSURDO, Domenico (20018) O Marxismo Ocidental; como nasceu, como morreu, como pode renascer. Rio de Janeiro: Boitempo.

Para o autor italiano, a falha mais frequentemente apontada sobre o marxismo ocidental é que este enfrenta enormes dificuldades para identificar o colonialismo e o neo-colonialismo promovido precisamente pelos próprios países ocidentais, como os Estados Unidos, a Inglaterra, a França, a Alemanha, a Itália, Portugal e Espanha.

Na p.39, vemos a premissa aparentemente correta mas que gera comentários devastadores da parte de Losurdo. Ele começa citando Ernst Bloch que, de sua parte, faz uma citação de Anatole France:

"Anatole France diz que a igualdade diante da lei significa proibir, na mesma medida, que ricos e pobres roubem lenha e durmam embaixo das pontes. Longe de impedir a desigualdade real, a lei chega a protegê-la [..., sic]. Por serem os juristas, de fato, especialistas apenas no aspecto formal, é justamente em tal formalismo que a classe dos exploradores, com toda sua capacidade de desconfiança, de avareza e de perfídia calculista, encontra seu terreno mais propício [..., sic]. Todo o direito, incluída a maior parte do direito penal, não é mais do que um simples instrumento das classes dominantes para manter a segurança jurídica em prol de seus próprios interesses.

Esta afirmação irônica permite-nos identificar muita gente que considera que "todos são iguais perante a lei", sendo, nesta onda, levados a dizer que os pobres são pobres, pois não são capazes de aproveitar as oportunidades que este mundo de igualdade lhes confere.

Claro que o livro tem muito mais que esta desmistificação das sociedades democráticas. De minha parte, entendo que o marxismo enquanto filosofia política normativa está superado. O 'pobrema' é que ainda não vejo o que o terá superado. Sou um saudosista da social-democracia europeia, especialmente a escandinava, mas ainda assim, se fosse para reconstruí-la, eu o faria sob bases um tanto diferenciadas que resultam de minha adesão crítica à teoria da escolha pública. Destaco:

. valorizo a diferença entre produção e provisão de bens públicos e também de mérito
. valorizo despesas governamentais regressivas e tributação progressiva
. valorizo segurar as "privatizações", pois privatizar, especialmente no Brasil, significa passar a propriedade daqueles capitais (Petrobrás, Embraer, bancos estatais, e por ai vai) para os ricos. E ainda creio que boa parte do capital a ser colocado pelos ricos nesse tipo de negócio será repassado pelo governo por aquelas vias do BNDES, os próprios bancos do Brasil e Caixa.

Meu breve contra a sociedade desigual é a criação de empregos para todos, a democracia e a liberdade, o distanciamento e subserviência de relações formais e a ação livre de trabalhadores independentes livremente associados. O mercado não dará empregos para todos, o estado poderá fazê-lo mas em críticas condições de produção. Mas ele também pode transferir suas responsabilidade para o setor comunitário e até para as famílias fazendo maravilhas: quem não quer emprego no setor privado que vá para o setor estatal ou comunitário,

DdAB

Um comentário:

jorgeefrrr828 disse...

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