08 março, 2018

Os Robôs e os Impostos


Querido diário:

Trago aqui um exemplo do que é pensar logicamente e o que é não fazê-lo. Tenho como adversários os economistas de direita, claro, mas entendo que há muita gente no que cientificamente se pode classificar como esquerda arcaica que diz cada besteira que me deixa corado, chocado, dormido, pasmo.

Falo agora de certas inciativas de "amigos dos trabalhadores" que querem cobrar imposto de fábricas (ou o que seja, hospitais, coleta de lixo, cavar buraco em mina de carvão) por usarem robôs. Robô em linha de montagem? Ótimo, talvez não tenhamos mais Charles Chaplin sendo engolido pela engrenagem capitalista.

Impostos indiretos deveriam ser proibidos para o que quer que seja que possa classificar-se como bem de mérito. Obviamente não é o caso dos robôs, que geram, ao contrário, a redenção do trabalho humano.

Cobrar imposto sobre o uso de robôs aumenta-lhes o preço. Preço alto gera menor consumo. E é isto que a sociedade quer? Produtos mais caros? Claro que não. Ao contrário, queremos preços mais baixos, o que se consegue precisamente elevando a produtividade do trabalho, isto é, no caso, empregando mais robôs. O que os desastrados propositores do imposto sobre robôs pensam é que trabalhar é bom para os outros, no buraco da mina, na coleta do lixo, no assestamento de um parafuso sempre no mesmo lugar na esteira rolante. Da mesma forma que os atuais "amigos dos trabalhadores" os operários do início da revolução industrial na própria Inglaterra e depois na França, sabotavam (isto é, jogavam seus sabots-tamancos) dentro das engrenagens de máquinas que aparentemente lhes roubavam os empregos.

Nem os trabalhadores daqueles tempos nem muitos economistas contemporâneos dão-se conta de que o verdadeiro problema reside na apropriação do valor adicionado e não na geração. Pudera que, pensando desta maneira, esconjuram o capitalismo e querem logo o comunismo criado em laboratório.

DdAB
P.S. Aquela tirada grifada de "amigos dos trabalhadores", bem sabemos, é a referência irônica que Marx faz ao "Cidadão Weston" naquele opúsculo cujo nome nunca lembro, se é "Salário, preços e lucros" ou "Trabalho assalariado e capital". No mais antigo, ele ainda fala que trabalhador "vende trabalho", refinando a linguagem no segundo e falando que trabalhador "vende serviços do trabalho". Eu fui adiante na modelagem da matriz de contabilidade social e, identificando um mercado de fatores em que produtores alugam serviços dos fatores de seus proprietários, as instituições -especificamente as famílias e não o governo ou as firmas domésticas ou do exterior. Então o certo mesmo é falar em mercado de aluguel dos serviços dos fatores. Além dos trabalhadores, neste mercado também ganham dinheiro os proprietários das terras e os dos capitais, fábricas, bancos, etc.

P.S.S. A imagem veio da internet quando digitei "robalo", que foi a palavra mais próxima que encontrei a robô e robô roubado que devemos roubá-lo. E é interessante pois vemos o que parece uma mão de gente, um elogio ao trabalho-esporte. Não que eu deseje mal aos peixes, mas tem muita gente que ganha dinheiro pescando e outras tantas que pescam por puro prazer. Tem robô que vai-se especializar em dar prazer, mas há e haverá prazeres intransferíveis que o corpo humano desejará preservar, como a pesca, o ato de passear cães, o de contar piadas, e assim por diante.

P.S.S.S. Botei lá no Facebook: Dia Internacional da Mulher: a mulher é o negro do mundo. E uma das formas de libertá-la é converter o trabalho -boa parte- escravo que fazem por ampliação do que já foi delegado às máquinas: robôs. Mas tem neguinho que acha que tem que cobrar imposto sobre os robôs que substituem trabalho. Por isto postei algo solidário com as mulheres, negros, judeus, muçulmanos, cristãos, viados, existencialistas e todas as demais minorias. Dia da mulher, dia do ser humano.

Nenhum comentário: