26 setembro, 2017

Igualitarismo: viés amostral


Querido diário:

Minha inserção no mundo das redes sociais permitiu-me ampliar as fontes de informação que me ajudam a ter -como diz o gaúcho- um traile do mundo. E é mesmo nunca muito mais que um trailer, pois a captura ("captura"?) da realidade realmente real está completa e irremediavelmente fora do alcance de sãos e loucos. Ainda assim, sinto certo vazio na fração dela que capturo, tentando montar meu mundo da realidade imaginada. Meu jornal em papel é de direita, a Zero Hora. Minhas revistas de papel são de esquerda (Carta Capital e Cult). E aí começa a fração de meu tempo voltada ao mundo digital. Alguma esquerda, muita direita.

Desse cadinho descomunal, tenho percebido uma espécie de consciência/consenso sobre o mal que a desigualdade causa à civilização. Brasil e Bolívia. Noruega e Nigéria. Noruega? Ou é puramente meu viés amostral, minha amostra não tem o tamanho adequado para capturar a maioria absoluta de anti-igualitaristas? Seja qual for o rol dos países desigualitários, já vou incluindo nesse mal o aumento da participação da direita no parlamento alemão. Aliás foi pensando em como será a receptividade aos neo-nazistas naquele ambiente em que seus ancestrais ideológicos tocaram fogo em 1933.

E fiquei imaginando o tipo de recepção que deve ser dada a esses cidadãos que odeiam frações expressivas de seus co-cidadãos. E fiquei a imaginar de onde eles vieram e tenho a certeza de que sua origem é a desigualdade. A endo-desigualdade, ou seja, a encrenca dentro da própria Alemanha, um país igualitário na distribuição da renda, mas ainda assim, com diferenças estrondosas na distribuição da riqueza. E a exo-desigualdade, aquela importada por meio da imigração.

Também tenho certeza de que a maior causa da migração muçulmana (turcos e árabes) foi/é resultado precisamente da busca de oportunidades econômicas no exterior, quando ela escasseou naquelas regiões.

Não tenho dúvida de que a salvação da democracia e a salvação do próprio planeta reside na transição o mais cedo possível a um modelo igualitário. Emprego para todos em seus locais de origem, de moradia, desincetivando a migração por motivos meramente econômicos. A renda básica universal, renda incondicional, financiada com a Tobin Tax. E empregos no serviço municipal para a própria comunidade dispensar-se cuidados (a jovens e a velhos) e ao meio-ambiente.



DdAB
Imagem: Denise Detremura (que tem coisa pelo Facebook e aqui). Diz o cartaz: "Na época dos militares tudo era melhor. Melhor ficar quieto. Melhor obedecer. Melhor ser da Arena. Melhor não encontrar a polícia. Melhor concordar com o governo. Melhor não contestar. Melhor não pensar."

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