04 outubro, 2016

D Day: dia dois da derrota


Querido diário:
Pois então. Roberto Wiltgen encaminhou-me para o link que deixo em seguida, em extraordinária entrevista 'fonada' com Olívio Dutra. O único problema é que os entrevistadores é que queriam ser entrevistados e o interrompem umas 314.158 vezes. Mas tenque ler!
Preciso dizer mais? Acho que apenas dois pontos:
.a. não quero socialismo. No máximo, quero reformas democráticas que possam conduzir a ele. Costumo dizer que o capitalismo acabou há mais de 15 dias, não estou satisfeito com o presente sistema. Ainda assim acho que a humanidade não deve pensar que detém o segredo da criação de um sistema econômico. Minha analogia predileta é com o esperanto (e outras línguas artificiais): claro que não poderia dar certo.
.b. a certa altura das 314.158 interrupções, indagam a Olívio que ele diz sobre certa corrente, certo vozerio, que diz que tem gente saindo do PT e criando novo partido. Ele é categoricamente contra. Eu, que não sou fundador, nem fui associado e nem sempre fui ampliação, até acho que o melhor mesmo é começar tudo outra vez. Segue o baile com reforma ou revolução. Acho que, a exemplo do PCUS, não tem mais saída, não tem mais conserto. Mas quem sou eu para achar que posso ter, ainda que por uma ínfima questão, mais qualidade que Olívio?

DdAB
O link está aqui. E depois comentei:
 Duilio De Avila Berni Notate bene: se criarem um novo partido, ainda assim, talvez eu siga apenas com meu ativismo de sofá. Mas não entrarei num partido que recuse meus pontos:
A. Políticos
.a. voto universal, distrital e facultativo
.b. parlamentarismo
.c. defesa do governo mundial.
B. Econômicos: reformas fiscal (tributária e do gasto), rumando para a sociedade igualitária.


P.S.S. Também li com muito proveito e deixo registrado aqui para meu próprio uso o comentário de Rosana Pinheiro-Machado, no Facebook: dia 3/out/2016 às 19:20. Cheguei a ele por meio de um link de Roberto Rocha.
Por uma Frente de Esquerda transversal
(amadurecendo discussões)
Passadas a surra nas eleições, diversos grupos estarão discutindo as possibilidades de uma frente de esquerda, a reorganização da esquerda, seja lá o nome que damos a isso.
Em minha opinião, a dificuldade toda da discussão passa por uma conciliação de Rede, PSOL, PT, PCdoB, a qual dificilmente ocorrerá. São diferenças gritantes. Então, o debate anda em círculos e há muito de política tradicional disfarçada em frente ampla. Ou seja, a tal da frente ampla acaba sendo, no fim das contas, uma coligação. No meio desse debate infecundo, situam-se os mecanismos tradicionais de "quem vai puxar esta frente". O PT já teria a máquina, outros alegariam que é uma máquina zumbi.
É preciso pensar fora da casa. Uma frente de esquerda não deve ser partidária e dialogar amplamente com os coletivos e movimentos sociais. A frente precisa ser transversal ancoradas em um projeto socialista no Brasil com eixos claros para uma política econômica que discute austeridade, direitos sociais, questões urbanas, cultura. Eixos temáticos construídos coletivamente pelos movimentos sociais.
Não é possível rejeitar a política institucional porque a tendência é termos cada vez mais bancadas conversadoras e, nesse cenário, o papel dos movimentos sociais será exclusivamente apagar incêndio do corte de direitos adquiridos. É preciso sim ocupar espaços no legislativo e para isso não é preciso criar um novo partido.
É possível lançar candidaturas, para diversos partidos, a partir de um grande movimento transversal de base. Algo parecido com o que ocorreu com a bancada ativista em São Paulo, que reuniu candidatos de vários partidos, que compartilhavam uma trajetória comum de ativismo.

A política partidária pode ser um ponto de chegada, de alguns membros, e não de partida. O ponto de partido deve ser o diálogo da construção coletiva de projetos de novos Brasis. O debate está errado. Não é um novo partido que precisamos lançar, mas um projeto popular, coletivo e solidário que se reconecte com as camadas menos privilegiadas.


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