10 abril, 2015

Privatizações de Direita e de Esquerda


Querido diário:

Depois que a propriedade governamental de empresas provou-se absolutamente permissiva a tudo que é tipo de  falcatrua, inclusive com políticos de ignorância e preparo, respectivamente, infinita e nulo, comandando a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, um monte de empresas que nem posso citar de memória, sob pena de passar o resto da vida falando em nomes e CPFs, depois que ele tornou-se, como disse, passei a pensar em privatizações. Aliás, minha imagem de, digamos, 1982, quando lecionei introdução à economia, eu falava aos alunos que seria mais sensato um governo distribuir alimentos, por contraste àqueles que distribuem gasolina. Tivessem nossos governantes estudado comigo, nesses 30 anos, o Brasil poderia ter deixado esta posição medíocre no mundo das letras e alçar-se a contemplar horizontes mais luzidios.

As experiências do Leste europeu, da transição do socialismo ao capitalismo, também têm seus ensinamentos interessantes.

O problema brasileiro é que, com a atual distribuição da renda, privatizar significa jogar com cartas marcadas: só terá acesso às benesses daquele patrimônio público aquele que já desfruta da posição privilegiada que alcançou na vida. Isto significa, para muitos, o coroamento de roubos e furtos, como é o caso dos políticos e dos juízes, que se arbitram salários nababescos, se é que os nababos sonharam com tanto.

O problema brasileiro, ainda mais, é tão escabelado que o próprio sistema de preços é violentamente distorcido, o que permite que esta distribuição de renda desabotinada siga altaneira.

Qual a solução? Sem pressa, vejamos uma solução a ser implementada gradativamente em 20 anos. Primeiro, monta o fundo nacional de desenvolvimento. Cada brasileiro nato ou naturalizado ganha uma ação cuja propriedade é intransferível, mas o uso pode ser cedido mediante aluguel. Então estaria começando a formar-se o fundo de financiamento da renda básica universal. E quem alugaria as ações da plebe rude? Claro que agentes interessados em controlar as empresas. E quem os fiscalizaria? Bem, agora temos que partir para o modelo aberto: apenas empresas estrangeiras idôneas, pois no Brasil, em 20 anos, as fraudes, falcatruas, golpes, desvios, não terão ainda alcançado solução digna.

DdAB
P. S. na imagem que veio daqui, fica bem clara a hibridização dos maus hábitos. O PSDB, por exemplo, até atrair o PFL para eleger o prof. FHC, era de esquerda, com bons companheiros de esquerda que, por distração, encontram-se a ele associados até hoje. O PT, antes de tomar o poder, antes daquela "Carta aos Brasileiros", era de esquerda. Mas todas as tropelias, até mesmo aquela do Waldomiro Diniz, com dois meses de governo, deixa claro que a fusão com as cores direitistas tinha data marcada. A bebida foi só o que me restou: só bebendo.

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