querido blog:
há três e apenas três indicadores insofismáveis do fim do estado nacional:
.a. a unção do BigMac como o sanduíche de paladar absolutamente universalista
.b. a morte de três crianças em atropelamento na noite que passou
.c. o desejo do governo brasileiro de quebrar o anonomato da internet.
naturalmente, o primeiro acena com um mundo luzidio, como atesta a crônica de Cláudia Laytano da p.2 do globalizado jornal ZH. ela conclui que é a partir do global que teremos a mais escorreita reafirmação do local tá com tudo, a Claudinha.
naturalmente o segundo aponta para o estado totalitário em que o culto da velocidade é apregoado por tudo quanto é móvel, humano ou imaterial, como os íncubos que assoreiam a alma de muito (todos?) político dos dois hemisférios.
naturalmente o terceiro é de última, merecendo apenas uma cuspidinha de banda e os dizeres: "política no brasil? não vote. mas, se tiver que votar, anule o voto".
DdAB
captura da imagem:
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEix7tkg2dTGc3WoSBrlc73btSA6cb1-Qx7lw-cQKg-0d176ZMGTrSYXnJV9heOLOiFWCA75KDnyp6TU-2EiS2MjebdX4hpUHnRjtunpaEkUVgsE_MZdROMpEawSeASzLCIWS1VWfYBy2jg/s400/Swiss_cheese.jpg
29 maio, 2010
25 maio, 2010
O dia da segunda falácia dos impostos no Brasil
querido blog:
suponhamos que as contas nacionais do Brasil digam que o PIB em 2007 foi de R$ 2,62 trilhões e que o consumo das famílias foi de R$ 1,56 trilhões, e que a receita total do governo (exclusive transferências intergovernamentais) tenha sido de R$ 0,84 trilhões e que as importações tenham sido de R$ 0,35 trilhões e que façamos o rateio das importações para retirá-las da componente correspondente do consumo das famílias. então somos forçados a concluir que, em 2007, a participação
.a. dos impostos no PIB era foi de 31,7%
.b. do consumo das famílias (corrigido) no PIB foi de 51,8%.
segue-se necessariamente que não sabemos de onde vieram algumas das cifras do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário.
mas, mais do que acreditar no IBGE e em alguns cálculos meus, estes números levam-nos a indagar que diabos de mistério será este que ocorre na economia brasileira que, ainda que pagando impostos (e correlatos, exceto as taxas e as contribuições) na proporção de 31,7% do PIB (ou seja, sobrariam 68,3% para o resto, inclusive o consumo do governo), as famílias consumam 51,8%.
não deixo o mistério perdurar: é óbvio que estamos falando de duas óticas de cálculo do valor adicionado: o produto e a despesa. Ao produto, demos um jeito de inserir transferências das instituições ao governo. À despesa, demos um jeito de retirar uma fração presuntiva das importações.
e mais: interpreto estas cifras deixando claro que o problema com este tipo de raciocínio é que é problemático. E os rapazes do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) [que Zero Herra chamou de "instituto brasileiro de pesquisas tributárias (IBPT)] teriam calculado uns números mais assustadorescos. Em particular, o Mr. Felipe Quintana (na p.14 do jornal de hoje), presidente do Instituto de Estudos Empresariais, foi claríssimo quanto a umas mobilizações que estarão ocorrendo hoje: "estimular a organização para que se cobrem serviços melhores do Estado." e Aduz: "Se não
pudermos mexer nos impostos, pelo menos podemos exigir contrapartidas melhores [...]."
por seu turno, a segunda falácia é acharmos que a tributação indireta está ok. ela distorce a alocação de recursos, devendo ser substituída, em sua maior parte, por impostos diretos, como o da renda e o da herança.
DdAB
captura da imagem: http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/images/DinheiroReaisRenatoStockler.jpg. tinha outra imagem, pertinho, de um soldado com arma apontada para o "contribuinte", ambos postados sobre o que presumo ser um tanque de guerra.
suponhamos que as contas nacionais do Brasil digam que o PIB em 2007 foi de R$ 2,62 trilhões e que o consumo das famílias foi de R$ 1,56 trilhões, e que a receita total do governo (exclusive transferências intergovernamentais) tenha sido de R$ 0,84 trilhões e que as importações tenham sido de R$ 0,35 trilhões e que façamos o rateio das importações para retirá-las da componente correspondente do consumo das famílias. então somos forçados a concluir que, em 2007, a participação
.a. dos impostos no PIB era foi de 31,7%
.b. do consumo das famílias (corrigido) no PIB foi de 51,8%.
segue-se necessariamente que não sabemos de onde vieram algumas das cifras do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário.
mas, mais do que acreditar no IBGE e em alguns cálculos meus, estes números levam-nos a indagar que diabos de mistério será este que ocorre na economia brasileira que, ainda que pagando impostos (e correlatos, exceto as taxas e as contribuições) na proporção de 31,7% do PIB (ou seja, sobrariam 68,3% para o resto, inclusive o consumo do governo), as famílias consumam 51,8%.
não deixo o mistério perdurar: é óbvio que estamos falando de duas óticas de cálculo do valor adicionado: o produto e a despesa. Ao produto, demos um jeito de inserir transferências das instituições ao governo. À despesa, demos um jeito de retirar uma fração presuntiva das importações.
e mais: interpreto estas cifras deixando claro que o problema com este tipo de raciocínio é que é problemático. E os rapazes do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) [que Zero Herra chamou de "instituto brasileiro de pesquisas tributárias (IBPT)] teriam calculado uns números mais assustadorescos. Em particular, o Mr. Felipe Quintana (na p.14 do jornal de hoje), presidente do Instituto de Estudos Empresariais, foi claríssimo quanto a umas mobilizações que estarão ocorrendo hoje: "estimular a organização para que se cobrem serviços melhores do Estado." e Aduz: "Se não
pudermos mexer nos impostos, pelo menos podemos exigir contrapartidas melhores [...]."
por seu turno, a segunda falácia é acharmos que a tributação indireta está ok. ela distorce a alocação de recursos, devendo ser substituída, em sua maior parte, por impostos diretos, como o da renda e o da herança.
DdAB
captura da imagem: http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/images/DinheiroReaisRenatoStockler.jpg. tinha outra imagem, pertinho, de um soldado com arma apontada para o "contribuinte", ambos postados sobre o que presumo ser um tanque de guerra.
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Economia Política
17 maio, 2010
Zero Dúbia
querido blog:
muitos diriam que se trata de minha má vontade com Zero Hora. outros, que sou um desagradável purista enquanto cultuor da língua portuguesa. e, claro, como tal, já vou denunciando que "cultuor" não existe. neste caso, pelo sim, pelo não, faço meu registro: duas irmãs são mães do mesmo bebê? "Adriana participava da festa do filho, [...], com a irmã, [...], que os visitava [...]." a única salvação é que eu esteja citando fora de contexto: ela teve o filho com a irmã?
DdAB
captura da imagem: procurei "filho + irmã" e achei este lindinho desenhinho feito, talvez, por criancinha. endereço: http://geocities.ws/eja_nh/irma1.jpg
muitos diriam que se trata de minha má vontade com Zero Hora. outros, que sou um desagradável purista enquanto cultuor da língua portuguesa. e, claro, como tal, já vou denunciando que "cultuor" não existe. neste caso, pelo sim, pelo não, faço meu registro: duas irmãs são mães do mesmo bebê? "Adriana participava da festa do filho, [...], com a irmã, [...], que os visitava [...]." a única salvação é que eu esteja citando fora de contexto: ela teve o filho com a irmã?
DdAB
captura da imagem: procurei "filho + irmã" e achei este lindinho desenhinho feito, talvez, por criancinha. endereço: http://geocities.ws/eja_nh/irma1.jpg
16 maio, 2010
Socorro trilionário
querido blog:
dado o adiantado da hora, estava rumando para nada postar hoje. mas, ao receber e abrir a "Carta Capital" de 19/maio/2010, ou seja, da próxima quarta-feira, contrafeito, li: "Europa. O socorro trilionário adia a crise. Até quando?"
acho que é o tipo da visão catastrofista que leva os detratores da esquerda a ridicularizá-la. como, "até quando?". acho que a resposta é óbvia. até outra crise. tanto é que, além de não ter acabado, o mundo seguiu seu curso após a crise de 2008 e chegou nesta crise. e depois haverá outra e outras. há apenas duas hipóteses:
.a. ou o capitalismo acabou mesmo (como sustento) há mais de 15 dias
ou
.b. achar que uma crise vai acabar com o capitalismo é burrada que certamente foge aos ensinamentos de Karl Henrich. ele disse que a expansão desenfreada culmina com uma reticências "... crise", com as reticências sendo lá dele, parece-me que no volume 1 ou 2 ou 3. ou nos Grundrisse, sei lá.
DdAB
captura da imagem: direto com "socorro trilionário', achei estas belezocas concernentes ao Rio, ao futebol, ao futuro, a 2^4=16+2000=2016...: http://marcus-mayer.com/blog/wp-content/uploads/2009/10/rio_2016_girl.jpg.
dado o adiantado da hora, estava rumando para nada postar hoje. mas, ao receber e abrir a "Carta Capital" de 19/maio/2010, ou seja, da próxima quarta-feira, contrafeito, li: "Europa. O socorro trilionário adia a crise. Até quando?"
acho que é o tipo da visão catastrofista que leva os detratores da esquerda a ridicularizá-la. como, "até quando?". acho que a resposta é óbvia. até outra crise. tanto é que, além de não ter acabado, o mundo seguiu seu curso após a crise de 2008 e chegou nesta crise. e depois haverá outra e outras. há apenas duas hipóteses:
.a. ou o capitalismo acabou mesmo (como sustento) há mais de 15 dias
ou
.b. achar que uma crise vai acabar com o capitalismo é burrada que certamente foge aos ensinamentos de Karl Henrich. ele disse que a expansão desenfreada culmina com uma reticências "... crise", com as reticências sendo lá dele, parece-me que no volume 1 ou 2 ou 3. ou nos Grundrisse, sei lá.
DdAB
captura da imagem: direto com "socorro trilionário', achei estas belezocas concernentes ao Rio, ao futebol, ao futuro, a 2^4=16+2000=2016...: http://marcus-mayer.com/blog/wp-content/uploads/2009/10/rio_2016_girl.jpg.
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Economia Política
15 maio, 2010
Carta a um jovem professor
querido blog:
o título mais adequado seria "professores iniciantes". isto inclui economistas de 62 anos ou mais, bem como garotas/os de 12 e 13 anos de idade. eu mesmo li "As Aventuras de Robinson Crusoé" com meus 11 ou 12, se não com menos, na famosa tradução de Monteiro Lobato. se não economista, Daniel Defoe, pelo menos, foi jornalista e não poderá ter evitado lá seus pitacos sobre economia, inclusive a americana. sei lá, entende.
de outra parte, qualquer curso de introdução à economia ministrado entre os séculos XVIII e XXIII deverá levar em conta meus programas padrão:
.a. velha introdução à economia/UFRGS/1993 oslt
.b. contabilidade social/PUCRS/2005
.c. microeconomia avançada/PUCRS/2007
.d. macroeconima no EAD/PUCRS/2003
.e. economia de empresas/PUCRS/2006
e parece que houve outros eventos importantes a serem registrados no perído (os 32 anos de exercício intermitente da docência, a maior parte deles com decência rsrsrs).
DdAB
captura da imagem: comecei procurando "jovem professor", por causa do título da postagem e, claro, seu conteúdo. demorei para achar algo que me agradasse. esta imagem, ao vê-la, evocou meus tempos de estudante e admirador de Modigliani. http://mmg.photobucket.com/image/%252522jovens%20professores%252522/ideias/ideiassoltasIV/AntonioVeronese.jpg.html?src=www
o título mais adequado seria "professores iniciantes". isto inclui economistas de 62 anos ou mais, bem como garotas/os de 12 e 13 anos de idade. eu mesmo li "As Aventuras de Robinson Crusoé" com meus 11 ou 12, se não com menos, na famosa tradução de Monteiro Lobato. se não economista, Daniel Defoe, pelo menos, foi jornalista e não poderá ter evitado lá seus pitacos sobre economia, inclusive a americana. sei lá, entende.
de outra parte, qualquer curso de introdução à economia ministrado entre os séculos XVIII e XXIII deverá levar em conta meus programas padrão:
.a. velha introdução à economia/UFRGS/1993 oslt
.b. contabilidade social/PUCRS/2005
.c. microeconomia avançada/PUCRS/2007
.d. macroeconima no EAD/PUCRS/2003
.e. economia de empresas/PUCRS/2006
e parece que houve outros eventos importantes a serem registrados no perído (os 32 anos de exercício intermitente da docência, a maior parte deles com decência rsrsrs).
DdAB
captura da imagem: comecei procurando "jovem professor", por causa do título da postagem e, claro, seu conteúdo. demorei para achar algo que me agradasse. esta imagem, ao vê-la, evocou meus tempos de estudante e admirador de Modigliani. http://mmg.photobucket.com/image/%252522jovens%20professores%252522/ideias/ideiassoltasIV/AntonioVeronese.jpg.html?src=www
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Economia Política
14 maio, 2010
Gary, Larry, emprego e distribuição
querido blog:
quero explorar no que segue os desdobramentos de duas polaridades interessantes:
.a. renda básica e nivelamento do consumo per capita
.b. fim do emprego e necessidades ilimitadas.
no primeiro caso, há uma importante relação de complementaridade, ao passo que, no segundo podemos forçar a barra e pensar que apenas com mais emprego é que atenderemos a maior volume de necessidades.
confrontando Gary e Larry, habitantes do romance "O Fio da Navalha", de W. Somerset Maugham, descobrimos que os áureos tempos de Gary (bem, não era Gary, mas o irlandês Gray) permitiam-lhe retirar US$ 500,000 anuais, em -digamos- 1927. espantoso contraste com Larry, o Mr. Lawrence, que ganhava US$ 3,000, o que lhe permitiria viajar pelo mundo, em segunda classe de navios e hotéis, acompanhado da bela Isabel (proposta que ela recusou...).
Gary, um impetuoso operador da bolsa de valores, ganhava quase 170 vezes mais do que Larry, um piloto de guerra que teria descoberto algo mais interessante do que a raiz quadrada de 2 ao voar os céus da Europa em missões de matança de alemães. um juiz de direito no Brasil ganha R$ 27.000 (ou vai ganhar em breve...), o que dá apenas 54 vezes o valor do salário mínimo. claro que o índice de Gini entre estas duas duplas favorece o caso brasileiro, ainda assim, em média, o Brasil dos anos 2010s tem um Gini quase 50% maior do que o americano.
segunda dualidade: depois de ter lido Richard Rorty ("pensar em tudo, sobretudo no impensável") sempre que penso em "necessidades ilimitadas", faço a velha viagem da "liberdade é o conhecimento da necessidade" e entendo que a verdadeira liberdade talvez nunca venha a bafejar-nos. mas, certamente, tem mais liberdade o homem contemporâneo com sua apendicite debelada do que o selvagem de outrora, arcado de dor lá com a sua e, a fortiori, devorado pelas onças.
claro que, em boa medida, o impensável também nos reserva desafios para gerarmos pensamentos sobre os limites do conforto material e do espiritual. Maslow e a hierarquia das necessidades humanas, sempre citado por mim, ajuda-me a relativizar esta questão da infelicidade por desconhecer o que poderia ser conhecido... penso que, durante os próximos milênios, o homem seguirá precisando trabalhar, para, pelo menos, buscar atender às necessidades superiores, como a busca do significado da vida.
ademais, também antevejo que os gastos de recursos com transportes e saúde não têm horizonte de esgotamento discernível, inclusive porque temos desafios mais imediatos no sentido de preservarmos o planeta da destruição absoluta absolutamente desnecessária (por contraste ao resfriamento da coroa planetária que gelará tudo em, digamos um bilhão de anos).
o que não sabemos é se ainda haverá "mercadorias", se as máquinas se encarregarão do trabalho pesado e seus correlatos, e se o homem vai dedicar-se apenas a discutir problemas hoje inimagináveis com as próprias máquinas, orientando-as a fazerem seu dever de casa, ou seja, atender a suas necessidades materiais superiores. nesta linha de necessidades imateriais, fico a indagar-me se me agradaria mais do que qualquer canção a que me ninasse, concebida especialmente para mim, dadas minhas peculiaridades genéticas, culturais e o quê mais.
DdAB
captura da imagem: fui buscar "Gary e Larry" e achei algumas coisas interessantes, fixando-me na dupla dinâmica que acima vemos. http://www.teigland.de/resources/teig12a.jpg.
quero explorar no que segue os desdobramentos de duas polaridades interessantes:
.a. renda básica e nivelamento do consumo per capita
.b. fim do emprego e necessidades ilimitadas.
no primeiro caso, há uma importante relação de complementaridade, ao passo que, no segundo podemos forçar a barra e pensar que apenas com mais emprego é que atenderemos a maior volume de necessidades.
confrontando Gary e Larry, habitantes do romance "O Fio da Navalha", de W. Somerset Maugham, descobrimos que os áureos tempos de Gary (bem, não era Gary, mas o irlandês Gray) permitiam-lhe retirar US$ 500,000 anuais, em -digamos- 1927. espantoso contraste com Larry, o Mr. Lawrence, que ganhava US$ 3,000, o que lhe permitiria viajar pelo mundo, em segunda classe de navios e hotéis, acompanhado da bela Isabel (proposta que ela recusou...).
Gary, um impetuoso operador da bolsa de valores, ganhava quase 170 vezes mais do que Larry, um piloto de guerra que teria descoberto algo mais interessante do que a raiz quadrada de 2 ao voar os céus da Europa em missões de matança de alemães. um juiz de direito no Brasil ganha R$ 27.000 (ou vai ganhar em breve...), o que dá apenas 54 vezes o valor do salário mínimo. claro que o índice de Gini entre estas duas duplas favorece o caso brasileiro, ainda assim, em média, o Brasil dos anos 2010s tem um Gini quase 50% maior do que o americano.
segunda dualidade: depois de ter lido Richard Rorty ("pensar em tudo, sobretudo no impensável") sempre que penso em "necessidades ilimitadas", faço a velha viagem da "liberdade é o conhecimento da necessidade" e entendo que a verdadeira liberdade talvez nunca venha a bafejar-nos. mas, certamente, tem mais liberdade o homem contemporâneo com sua apendicite debelada do que o selvagem de outrora, arcado de dor lá com a sua e, a fortiori, devorado pelas onças.
claro que, em boa medida, o impensável também nos reserva desafios para gerarmos pensamentos sobre os limites do conforto material e do espiritual. Maslow e a hierarquia das necessidades humanas, sempre citado por mim, ajuda-me a relativizar esta questão da infelicidade por desconhecer o que poderia ser conhecido... penso que, durante os próximos milênios, o homem seguirá precisando trabalhar, para, pelo menos, buscar atender às necessidades superiores, como a busca do significado da vida.
ademais, também antevejo que os gastos de recursos com transportes e saúde não têm horizonte de esgotamento discernível, inclusive porque temos desafios mais imediatos no sentido de preservarmos o planeta da destruição absoluta absolutamente desnecessária (por contraste ao resfriamento da coroa planetária que gelará tudo em, digamos um bilhão de anos).
o que não sabemos é se ainda haverá "mercadorias", se as máquinas se encarregarão do trabalho pesado e seus correlatos, e se o homem vai dedicar-se apenas a discutir problemas hoje inimagináveis com as próprias máquinas, orientando-as a fazerem seu dever de casa, ou seja, atender a suas necessidades materiais superiores. nesta linha de necessidades imateriais, fico a indagar-me se me agradaria mais do que qualquer canção a que me ninasse, concebida especialmente para mim, dadas minhas peculiaridades genéticas, culturais e o quê mais.
DdAB
captura da imagem: fui buscar "Gary e Larry" e achei algumas coisas interessantes, fixando-me na dupla dinâmica que acima vemos. http://www.teigland.de/resources/teig12a.jpg.
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Economia Política
13 maio, 2010
este governo x o Governo
querido blog:
quem terá o direito de me colocar em algemas? que crime serei eu capaz de praticar que venha a merecer tratamento algemático? um dia, teremos a administração da justiça e não mais o governo da justiça, um dia substituiremos o governo dos homens pela administração das coisas. se alguém, no futuro, praticar crimes contra a pessoa, então vamos declará-lo como réu em um processo do qual os programas de inteligência artificial irão encarregar-se. homem não pode julgar homem, mulher, mulher etc.. e homem que ganha R$ 27.000 mensais deveria julgar (talvez não sejam propriamente humanos...) os que têm iguais estipêndios.
no outro dia, ouvi alguns agentes da política falarem em "este Governo". penso que eles economizariam não apenas três letras, mas também um "shift G", para eliminar a letra maiúscula, se dissessem "o governo". na opinião das receitas públicas, tudo quanto é neguinho que recebe estipêndio originário do lado oposto ao gasto público deve ser declarado governo. é inconcebível que os assessores da "oposição" nas câmaras legislativas não entendam que também são governo, o governo dos homens, aquele que deverá -in due time- ser substituído pela administração das coisas.
mais imporatante ainda: querer dissociar governo e oposição ou o governo "atual" dos governos "anteriores" é apenas uma forma de fazer a mistificação encapsulada pelos agentes que escolhem a política (ergo, no Brasil, ladrões) como forma de expressar seus desejos de ampliação patrimonial. como disse o moageiro Mill, "é tudo farinha do mesmo saco".
DdAB
captura da imagem: http://capeiaarraiana.files.wordpress.com/2009/05/gnr-algemado01a.jpg
quem terá o direito de me colocar em algemas? que crime serei eu capaz de praticar que venha a merecer tratamento algemático? um dia, teremos a administração da justiça e não mais o governo da justiça, um dia substituiremos o governo dos homens pela administração das coisas. se alguém, no futuro, praticar crimes contra a pessoa, então vamos declará-lo como réu em um processo do qual os programas de inteligência artificial irão encarregar-se. homem não pode julgar homem, mulher, mulher etc.. e homem que ganha R$ 27.000 mensais deveria julgar (talvez não sejam propriamente humanos...) os que têm iguais estipêndios.
no outro dia, ouvi alguns agentes da política falarem em "este Governo". penso que eles economizariam não apenas três letras, mas também um "shift G", para eliminar a letra maiúscula, se dissessem "o governo". na opinião das receitas públicas, tudo quanto é neguinho que recebe estipêndio originário do lado oposto ao gasto público deve ser declarado governo. é inconcebível que os assessores da "oposição" nas câmaras legislativas não entendam que também são governo, o governo dos homens, aquele que deverá -in due time- ser substituído pela administração das coisas.
mais imporatante ainda: querer dissociar governo e oposição ou o governo "atual" dos governos "anteriores" é apenas uma forma de fazer a mistificação encapsulada pelos agentes que escolhem a política (ergo, no Brasil, ladrões) como forma de expressar seus desejos de ampliação patrimonial. como disse o moageiro Mill, "é tudo farinha do mesmo saco".
DdAB
captura da imagem: http://capeiaarraiana.files.wordpress.com/2009/05/gnr-algemado01a.jpg
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Economia Política
12 maio, 2010
Autoritarismo e Falsa consciência
querido blog:
parece que foi ontem, que comecei com a postagem 1 deste blog. foram tantas outras em tantos outros. parece que foi ontem que comemorei a postagem n. 365, um ano de lutas em quase dois anos de blog. a postagem 400 suscitou um comentário entusiasmado por MdPB, o que coincidiu com outras reflexões minhas sobre lobos e cordeiros.
primeiro temos que eliminar o problema causado pelos "comitês de defesa da revolução", temos que ter um estado organizado como importante instância da agregação de preferências individuais, sem nenhum grau de prioridade sobre as outras duas mais importantes, nomeadamente, a comunidade e o mercado. ninguém sabe o começo, mas sou levado a crer que veio a horda, depois a gens, aquelas coisas de Morgan (?) e Engels, depois a família, a exogamia, a troca de mercadorias e apenas aí, o estado. mas não podemos confiar neste tipo de linearidade para dar garantias absolutas da evolução institucional do homem primitivo.
o comitê de defesa da revolução é uma idéia boa, tanto é que Machado de Assis falava em "inspetor de quarteirão" em um de seus contos selecionados e publicados pela Companhia das Letras. o inspetor machadiano ajudou a salvar uma pessoa, algo assim. mas, se pensarmos que ele começaria (o que não fez) a denunciar quem abrigava escravos fujões, essas coisas, já começaríamos a corar de medo do poder deste indivíduo com relação a seus co-irmãos.
no outro dia, fiquei sabendo que o Ministério Público do Trabalho é nova organização governamental (R$ 27.000 mensais?) que zela pela erradicação do trabalho infantil, inclusive o doméstico. e que, como não pode invadir as casas, pede que a macacada denuncie seus vizinhos suspeitos de forçaram a criançada a trabalhos forçados. pensei em deixar de obrigar minha futura netinha a escovar os dentes, a amarrar os belos sapatinhos, arrumar sua caminha. e que tal se quisermos obrigá-la a rachar lenha e dar bomba na caixa dágua? e se quisermos que ela seja manobrista do sagrado automóvel da família? temos o Ministério Púbico do Trabalho para defendê-la dos cadarços e do cheirinho de gasolina, não é mesmo?
claro que o tema é complicado, e o erro mesmo é querer que os rapazes dos R$ 27.000 mensais cuidem dos cuidados que dedicarei a meus entes queridos. e a pedofilia (nada estou falando sobre religião...)? o incesto? a periculosidade de certas tarefas domésticas? onde é que estão os limites dos controles sociais, a bem da garantia de liberdades individuais? onde estão os limites entre os controles legítimos, em benefício de indivíduos discriminados e a ação autoritária? eu acho mesmo que é na redução do índice de Gini (e equivalentes), no empowerment lá do Amartya Sen, da education, education, education do Mr. Blair, essas coisas.
e que dizer da vítima aquiescente? digo aqui, para finalizar a comemoração desta quadricentésima primeira postagem, que também aprendi afoitamente a validade argumentativa do conceito de falsa consciência. claro que serei autoritário ao condenar as famílias africanas (só na África?) que se dedicam à infibulação, odeio o relativismo cultural. e quem é que garante que meus julgamentos inclusive sobre o relativismo cultural são importantes e deveriam ser decisivos (ainda que não se associando ao poder do "ditador benévolo" lá de Kenneth Arrow)?
pois acho que é o experimento contrafactual. por exemplo, desejo remover o tubo de cola da mão de um menino de rua. então imagino que fiz a operação, que o menino de rua vivenciou a nova situação de seu banhozinho diário, seus sapatos amarradinhos, uma disneilandiazinha, sorvetinhos, parquinhos, livrinhos cheirosinhos, tudo por um prazo hábil. então voltaria a ameaçar jogá-lo ao tubo de cola e sua antiga rua. depois da ameaça, peço que ele escolha entre o prospecto da manutenção do status quo (digamos, a vida na Aldeia SOS) e a volta à ruas. se um observador independente entender que ele preferiria o status quo, diremos que a remoção do menino à rua significa ampliar-lhe e não reduzir a liberdade.
e o comitê de defesa da revolução volta a atacar: se ele escolher o crack, a cola, o roubo da carteira de a velhinhos blogueiros, sou de opinião que deveremos considerá-lo criança, criminoso ou louco e não levar em conta sua manifestação de preferências...
DdAB
captura da imagem:
http://br.hsmglobal.com/notas/54957-a-falsa-consciencia-ecologica
parece que foi ontem, que comecei com a postagem 1 deste blog. foram tantas outras em tantos outros. parece que foi ontem que comemorei a postagem n. 365, um ano de lutas em quase dois anos de blog. a postagem 400 suscitou um comentário entusiasmado por MdPB, o que coincidiu com outras reflexões minhas sobre lobos e cordeiros.
primeiro temos que eliminar o problema causado pelos "comitês de defesa da revolução", temos que ter um estado organizado como importante instância da agregação de preferências individuais, sem nenhum grau de prioridade sobre as outras duas mais importantes, nomeadamente, a comunidade e o mercado. ninguém sabe o começo, mas sou levado a crer que veio a horda, depois a gens, aquelas coisas de Morgan (?) e Engels, depois a família, a exogamia, a troca de mercadorias e apenas aí, o estado. mas não podemos confiar neste tipo de linearidade para dar garantias absolutas da evolução institucional do homem primitivo.
o comitê de defesa da revolução é uma idéia boa, tanto é que Machado de Assis falava em "inspetor de quarteirão" em um de seus contos selecionados e publicados pela Companhia das Letras. o inspetor machadiano ajudou a salvar uma pessoa, algo assim. mas, se pensarmos que ele começaria (o que não fez) a denunciar quem abrigava escravos fujões, essas coisas, já começaríamos a corar de medo do poder deste indivíduo com relação a seus co-irmãos.
no outro dia, fiquei sabendo que o Ministério Público do Trabalho é nova organização governamental (R$ 27.000 mensais?) que zela pela erradicação do trabalho infantil, inclusive o doméstico. e que, como não pode invadir as casas, pede que a macacada denuncie seus vizinhos suspeitos de forçaram a criançada a trabalhos forçados. pensei em deixar de obrigar minha futura netinha a escovar os dentes, a amarrar os belos sapatinhos, arrumar sua caminha. e que tal se quisermos obrigá-la a rachar lenha e dar bomba na caixa dágua? e se quisermos que ela seja manobrista do sagrado automóvel da família? temos o Ministério Púbico do Trabalho para defendê-la dos cadarços e do cheirinho de gasolina, não é mesmo?
claro que o tema é complicado, e o erro mesmo é querer que os rapazes dos R$ 27.000 mensais cuidem dos cuidados que dedicarei a meus entes queridos. e a pedofilia (nada estou falando sobre religião...)? o incesto? a periculosidade de certas tarefas domésticas? onde é que estão os limites dos controles sociais, a bem da garantia de liberdades individuais? onde estão os limites entre os controles legítimos, em benefício de indivíduos discriminados e a ação autoritária? eu acho mesmo que é na redução do índice de Gini (e equivalentes), no empowerment lá do Amartya Sen, da education, education, education do Mr. Blair, essas coisas.
e que dizer da vítima aquiescente? digo aqui, para finalizar a comemoração desta quadricentésima primeira postagem, que também aprendi afoitamente a validade argumentativa do conceito de falsa consciência. claro que serei autoritário ao condenar as famílias africanas (só na África?) que se dedicam à infibulação, odeio o relativismo cultural. e quem é que garante que meus julgamentos inclusive sobre o relativismo cultural são importantes e deveriam ser decisivos (ainda que não se associando ao poder do "ditador benévolo" lá de Kenneth Arrow)?
pois acho que é o experimento contrafactual. por exemplo, desejo remover o tubo de cola da mão de um menino de rua. então imagino que fiz a operação, que o menino de rua vivenciou a nova situação de seu banhozinho diário, seus sapatos amarradinhos, uma disneilandiazinha, sorvetinhos, parquinhos, livrinhos cheirosinhos, tudo por um prazo hábil. então voltaria a ameaçar jogá-lo ao tubo de cola e sua antiga rua. depois da ameaça, peço que ele escolha entre o prospecto da manutenção do status quo (digamos, a vida na Aldeia SOS) e a volta à ruas. se um observador independente entender que ele preferiria o status quo, diremos que a remoção do menino à rua significa ampliar-lhe e não reduzir a liberdade.
e o comitê de defesa da revolução volta a atacar: se ele escolher o crack, a cola, o roubo da carteira de a velhinhos blogueiros, sou de opinião que deveremos considerá-lo criança, criminoso ou louco e não levar em conta sua manifestação de preferências...
DdAB
captura da imagem:
http://br.hsmglobal.com/notas/54957-a-falsa-consciencia-ecologica
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Economia Política
10 maio, 2010
Voto distrital: 400 razões
querido blog:
andava há pouco pelas ruas de Porto Alegre, by car, e ouvia a Rádio Pampa, 970KHz, com o programa da Bia e seus amigos. tenho escutado-o com frequencia, neste tipo de andança episódica. tanto que achei que poderia começar a postar sobre temas que de lá vêm ecos.
hoje, nesses 20 ou 30min em que lhes fiz companhia, ela referiu vários fenômenos preocupantes. por exemplo, o partido do Maluf apoia a realização de mais estudos para a confecção da chamada lei das mãos limpas, de acordo com a qual severas suspeitas de ladroagem inviabilizam candidaturas. também falou que Collor será candidato a governador de Alagoas. vitória do povo de Alagoas, que pode votar, já o elegeu senador e agora voltará a sagrá-lo governador. derrota dos povos de Alagoas, inclusive os índios caetés e outros menos gracilianescos.
por que os povos de Alagoas estão derrotados com senadores do porte de Heloísa Helena e Fernando Collor? claro que são pessoas contrafeitas ao uso do bom-senso. que fez Heloísa sobre questões candentes, como a extinção da "Hora do Brasil" e o aborto voluntário? no primeiro caso, nada e, no segundo, simplesmente odeia a ideia. nem indago o que teria feito Collor. que fez Heloísa Helena para alguns casos importantes de purificação da política?
.a. voto voluntário
.b. voto distrital
.c. financiamento público das campanhas
.d. proibição de pessoa jurídica dar dinheiro a político,
.e. essas coisas.
o interessante ponto de Bia da Pampa foi ilustrar para mim a rivalidade entre políticos em geral e -pasmemos- os de mesmo partido. ela evocou um fato de eleições passadas, em que os candidatos tinham direito de encher as ruas da cidade de propaganda. então, passava a equipe de um deles colando cartazes e, momentos depois, passava a de seu colega de partido, removendo-os e colando outros. a primeira voltava e, jogando tit-for-tat, arrancava os cartazes dos invasores, ad nauseam.
imediatamente fui levado a pensar nas virtudes do voto distrital. neste caso, algum desperdício de recursos em propaganda iria ocorrer, de qualquer jeito, mas -por definição- os rapazes do mesmo partido não disputariam a mesma base eleitoral.
a avó do Badanha diz ter uma amiga de Congregação que alega que, com voto distrital, não surgem lideranças nacionais. o próprio Badanha encarregou-se de contra-argumentar que o lugar do surgimento de lideranças nacionais é no congresso nacional e não na esquina das Av. Ipiranga e São João, ou -em Porto Alegre- Ipiranga e São Manoel, São Luiz, Sant'Ana, o que dá no mesmo...
DdAB
sobre a captura: bem, não são 400 razões para a adoção do voto distrital, mas apenas 400 postagens neste blog, ou seja, 400 formas de manter-me alerta nos temas de minha vida pessoal, de meus escritos e de economia política, como a entendo. a imagem veio de: http://www.vlima.com/blog/wp-content/uploads/2008/09/eleicoes-logo.jpg.
andava há pouco pelas ruas de Porto Alegre, by car, e ouvia a Rádio Pampa, 970KHz, com o programa da Bia e seus amigos. tenho escutado-o com frequencia, neste tipo de andança episódica. tanto que achei que poderia começar a postar sobre temas que de lá vêm ecos.
hoje, nesses 20 ou 30min em que lhes fiz companhia, ela referiu vários fenômenos preocupantes. por exemplo, o partido do Maluf apoia a realização de mais estudos para a confecção da chamada lei das mãos limpas, de acordo com a qual severas suspeitas de ladroagem inviabilizam candidaturas. também falou que Collor será candidato a governador de Alagoas. vitória do povo de Alagoas, que pode votar, já o elegeu senador e agora voltará a sagrá-lo governador. derrota dos povos de Alagoas, inclusive os índios caetés e outros menos gracilianescos.
por que os povos de Alagoas estão derrotados com senadores do porte de Heloísa Helena e Fernando Collor? claro que são pessoas contrafeitas ao uso do bom-senso. que fez Heloísa sobre questões candentes, como a extinção da "Hora do Brasil" e o aborto voluntário? no primeiro caso, nada e, no segundo, simplesmente odeia a ideia. nem indago o que teria feito Collor. que fez Heloísa Helena para alguns casos importantes de purificação da política?
.a. voto voluntário
.b. voto distrital
.c. financiamento público das campanhas
.d. proibição de pessoa jurídica dar dinheiro a político,
.e. essas coisas.
o interessante ponto de Bia da Pampa foi ilustrar para mim a rivalidade entre políticos em geral e -pasmemos- os de mesmo partido. ela evocou um fato de eleições passadas, em que os candidatos tinham direito de encher as ruas da cidade de propaganda. então, passava a equipe de um deles colando cartazes e, momentos depois, passava a de seu colega de partido, removendo-os e colando outros. a primeira voltava e, jogando tit-for-tat, arrancava os cartazes dos invasores, ad nauseam.
imediatamente fui levado a pensar nas virtudes do voto distrital. neste caso, algum desperdício de recursos em propaganda iria ocorrer, de qualquer jeito, mas -por definição- os rapazes do mesmo partido não disputariam a mesma base eleitoral.
a avó do Badanha diz ter uma amiga de Congregação que alega que, com voto distrital, não surgem lideranças nacionais. o próprio Badanha encarregou-se de contra-argumentar que o lugar do surgimento de lideranças nacionais é no congresso nacional e não na esquina das Av. Ipiranga e São João, ou -em Porto Alegre- Ipiranga e São Manoel, São Luiz, Sant'Ana, o que dá no mesmo...
DdAB
sobre a captura: bem, não são 400 razões para a adoção do voto distrital, mas apenas 400 postagens neste blog, ou seja, 400 formas de manter-me alerta nos temas de minha vida pessoal, de meus escritos e de economia política, como a entendo. a imagem veio de: http://www.vlima.com/blog/wp-content/uploads/2008/09/eleicoes-logo.jpg.
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09 maio, 2010
Livro, livrorum, livro
querido blog:
parece latim, mas creio que não é. estudei latim, não aprendi nada, não podia, havia 50 alunos em cada sala de aula, era um depósito. nos anos 1950s havia desemprego no Brasil, de professores, entre outras classes profissionais. classes? epa, falei "classe", num sentido que desagrada a militantes das ciências sociais.
conexão é outro termo que desagrada muitos militantes da esquerda. já me estendi sobre o tema do pedido de revisão da lei da anistia e hoje vi que Marcos Rolim retomou-o em seu artigo da p.12 de Zero Hora. ele tem boa argumentação que termina sendo bastante inconclusiva e expressando muito mais sua posição apriorística do que o resultado de encadeamentos de raciocínio.
Rolim fez menção a terceiros para escrever:
[...] em 1979, pouco antes da votação no Congresso, as oposições organizaram o “Dia Nacional de Repúdio ao Projeto de Anistia do governo”. Em São Paulo, a OAB realizou ato público para repudiar a autoanistia em curso. E como foi o resultado da votação no Congresso? A lei foi aprovada com 206 votos da Arena, o partido da ditadura. O MDB votou maciçamente contra o projeto com 201 votos (!). Este foi o “ambiente de ampla negociação” ao qual fizeram referência os ministros do STF, ponderação logo referendada por grande parte da mídia."
"as oposições" organizaram o "Dia do Repúdio"? quantos? eram apenas gatos pingados? A OAB de São Paulo realizou? as dos demais estados desorganizaram? quantos compareceram ao ato de repúdio? o placar de Arena 206 x 201 MDB é interessante, especialmente porque não significa nada. que, naqueles tempos, quem era radical-mesmo não votava, o voto útil foi uma conquista posterior... acho que quem aprovou a lei da anistia mesmo foram os milicos, claro, e uma turma de políticos acolherados, inclusive nossos grandes ídolos Tancredo, Ulisses e outros.
sobre "conexão", diz o Aurelião:
1. Ligação, união: &
2. Nexo, coerência: &
3. Analogia entre coisas diferentes.
4. Ponto de um itinerário em que se faz baldeação.
5. Peça ou dispositivo que liga fisicamente, ou que serve como passagem ou comunicação.
6. Inform. Comunicação ou troca de informações entre dispositivos computacionais.
7. Lóg. Relação entre as partes de um todo, que se pertencem, necessariamente, umas às outras.
[Cf., nesta acepç., agregação (4) e forma (19).]
8. Lóg. Propriedade da relação, que pode ser estabelecida entre dois elementos quaisquer do seu campo. Ex.: a relação é maior que ou é menor que entre qualquer par de números naturais desiguais.
na segunda sentença, Rolim diz: "A lei, como se sabe, nunca mencionou crimes como a tortura. Ela perdoou os 'crimes políticos e conexos', ponto." ponto? Rolim leu o Aurelião? leu apenas até "conexo" e não investigou o que quer dizer "conexão"? não bastassem "ligação", "união", "nexo" e "coerência", chegaríamos na analogia entre coisas diferentes. não será que a milicada estava querendo também inserir na lei da anistia os crimes de lesa-patrimônio público? se bem lembro, o doutor Orestes Quércia teve um probleminha patrimonial enquanto prefeito de Campinas e tudo foi corrigido com uma multa aplicada pelo imposto de renda. se é que lembro, claro, se é que li mesmo na revista Veja ou no jornal Movimento, aquelas coisas daqueles tempos.
no livro que nos livrará de carência de informações, precisaremos também ter um parágrafo para descrever os eventuais desmandos praticados pelo grupo perdedor, que não se cinge aos torturados. houve assassinatos? houve vítimas colhidas entre a população civil? não foi morto um soldadinho não-lembro-bem-onde? ele era esbirro da ditadura? quem o matou é que era a vítima?
o melhor mesmo seria parar com a tentativa de agendamento destas questões fora do âmbito do balanço desapaixonado daqueles anos trágicos nos livros de história do Brasil. passou a hora da paixão, livremo-nos da tentativa de manter o foco da discussão em temas irrelevantes para um projeto verdadeiramente de esquerda que liberte as novas gerações, os meninos de rua de hoje e todos os cidadãos do mundo que vão nascer. abaixo a tortura! abaixo o nacionalismo. política no Brasil? não vote. mas, se tiver que votar, anule o voto.
DdAB
captura da imagem: pedi ao Mr. Images a expressão do título. não pesquei nada. fui apenas a "livrorum" e pintaram coisas que me levaram a selecionar o que acima vemos, pois foi a primeira imagem de "o livro Rum", aparentemente da capa da combativa revista Contigo... pode?
http://contigo.abril.com.br/imagem/entrevista/benicio-toro/ampliada/benicio-toro-3.jpg
parece latim, mas creio que não é. estudei latim, não aprendi nada, não podia, havia 50 alunos em cada sala de aula, era um depósito. nos anos 1950s havia desemprego no Brasil, de professores, entre outras classes profissionais. classes? epa, falei "classe", num sentido que desagrada a militantes das ciências sociais.
conexão é outro termo que desagrada muitos militantes da esquerda. já me estendi sobre o tema do pedido de revisão da lei da anistia e hoje vi que Marcos Rolim retomou-o em seu artigo da p.12 de Zero Hora. ele tem boa argumentação que termina sendo bastante inconclusiva e expressando muito mais sua posição apriorística do que o resultado de encadeamentos de raciocínio.
Rolim fez menção a terceiros para escrever:
[...] em 1979, pouco antes da votação no Congresso, as oposições organizaram o “Dia Nacional de Repúdio ao Projeto de Anistia do governo”. Em São Paulo, a OAB realizou ato público para repudiar a autoanistia em curso. E como foi o resultado da votação no Congresso? A lei foi aprovada com 206 votos da Arena, o partido da ditadura. O MDB votou maciçamente contra o projeto com 201 votos (!). Este foi o “ambiente de ampla negociação” ao qual fizeram referência os ministros do STF, ponderação logo referendada por grande parte da mídia."
"as oposições" organizaram o "Dia do Repúdio"? quantos? eram apenas gatos pingados? A OAB de São Paulo realizou? as dos demais estados desorganizaram? quantos compareceram ao ato de repúdio? o placar de Arena 206 x 201 MDB é interessante, especialmente porque não significa nada. que, naqueles tempos, quem era radical-mesmo não votava, o voto útil foi uma conquista posterior... acho que quem aprovou a lei da anistia mesmo foram os milicos, claro, e uma turma de políticos acolherados, inclusive nossos grandes ídolos Tancredo, Ulisses e outros.
sobre "conexão", diz o Aurelião:
1. Ligação, união: &
2. Nexo, coerência: &
3. Analogia entre coisas diferentes.
4. Ponto de um itinerário em que se faz baldeação.
5. Peça ou dispositivo que liga fisicamente, ou que serve como passagem ou comunicação.
6. Inform. Comunicação ou troca de informações entre dispositivos computacionais.
7. Lóg. Relação entre as partes de um todo, que se pertencem, necessariamente, umas às outras.
[Cf., nesta acepç., agregação (4) e forma (19).]
8. Lóg. Propriedade da relação, que pode ser estabelecida entre dois elementos quaisquer do seu campo. Ex.: a relação é maior que ou é menor que entre qualquer par de números naturais desiguais.
na segunda sentença, Rolim diz: "A lei, como se sabe, nunca mencionou crimes como a tortura. Ela perdoou os 'crimes políticos e conexos', ponto." ponto? Rolim leu o Aurelião? leu apenas até "conexo" e não investigou o que quer dizer "conexão"? não bastassem "ligação", "união", "nexo" e "coerência", chegaríamos na analogia entre coisas diferentes. não será que a milicada estava querendo também inserir na lei da anistia os crimes de lesa-patrimônio público? se bem lembro, o doutor Orestes Quércia teve um probleminha patrimonial enquanto prefeito de Campinas e tudo foi corrigido com uma multa aplicada pelo imposto de renda. se é que lembro, claro, se é que li mesmo na revista Veja ou no jornal Movimento, aquelas coisas daqueles tempos.
no livro que nos livrará de carência de informações, precisaremos também ter um parágrafo para descrever os eventuais desmandos praticados pelo grupo perdedor, que não se cinge aos torturados. houve assassinatos? houve vítimas colhidas entre a população civil? não foi morto um soldadinho não-lembro-bem-onde? ele era esbirro da ditadura? quem o matou é que era a vítima?
o melhor mesmo seria parar com a tentativa de agendamento destas questões fora do âmbito do balanço desapaixonado daqueles anos trágicos nos livros de história do Brasil. passou a hora da paixão, livremo-nos da tentativa de manter o foco da discussão em temas irrelevantes para um projeto verdadeiramente de esquerda que liberte as novas gerações, os meninos de rua de hoje e todos os cidadãos do mundo que vão nascer. abaixo a tortura! abaixo o nacionalismo. política no Brasil? não vote. mas, se tiver que votar, anule o voto.
DdAB
captura da imagem: pedi ao Mr. Images a expressão do título. não pesquei nada. fui apenas a "livrorum" e pintaram coisas que me levaram a selecionar o que acima vemos, pois foi a primeira imagem de "o livro Rum", aparentemente da capa da combativa revista Contigo... pode?
http://contigo.abril.com.br/imagem/entrevista/benicio-toro/ampliada/benicio-toro-3.jpg
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06 maio, 2010
Chapa Serra-Dilma: a versão do paulista
querido blog:
mal comecei a falar na Chapa Branca Serra-Dilma, vim a perceber que já estão comemorando um (hummm) ano. dizem que eles são pré-candidatos, outra bobajada do sistema político brasileiro, este vilão das mazelas societárias, como o crime, a corrupção e... a política...
pois a combativa Zero Hora tem muita coisa de boa no exemplar (R$ 2,00) de hoje. comecei lendo Luiz Fernando Veríssimo na p.2, e discordando. ele desgostou da manutenção da lei da anistia, de dias atrás. disse que perdoar os torturadores significa algo: "[Eros] Grau e os outros que votaram contra a revisão da [lei da] anistia votaram não pela cordialidade, mas pela sua deturpação. Votaram para deixar pra lá, e pela conivência." claro que discordo. acho que este troço de anular a lei da anistia tem duas sequelas de desviação:
.a. vamos pensar em desrevogar a lei do orçamento, ou seja, começar a cumpri-la, aprová-la e cumpri-la,
.b. vamos pensar no futuro, vamos pensar em que podemos fazer para que, daqui a 10, 20 e 50 anos, tenhamos um país decente, sem corrupção, sem meninos de rua e com mais democracia e liberdade. vamos esquecer a vingança e pensar estrategicamente.
na p. 4, vemos a ação da Chapa Serra-Dilma, no caso apenas o Dr. Serra:
.a. "Se vier a ser eleito, como eu espero, vou ser o presidente da produção. Onde [o sistema econômico] gera valor é na produção. Aprendi que a agricultura no Brasil é uma coisa poderosa, é a galinha dos ovos de ouro do desenvolvimento brasileiro." cara, quase voto nele! segundo, é contrário à tese da reprimarização, que tanto minhas intuições levam-me a odiar. primeiro, ele disse que o sistema gera valor é na produção, ou seja, VP = f(L). competente economista que é, Serra não se deixa levar pelas baboseiras de quem pensa que produção e produto são termos sinônimos. claramente, o valor da produção gera o valor adicionado, que tem três óticas de cálculo (nomeadamente, produto, renda e despesa) e que o produto se distribui entre os fatores (trabalhadores, capitalistas) e uma instituição (governo), que a renda se distribui entre as instituições (famílias e governo). e que, por fim, a despesa se distribui entre famílias, governo, empresas nacionais com investimentos e empresas estrangeiras, com exportações. e que o problema da Chapa Branca é a distribuição. ele não disse tudo isto, claro, mas -se me convidar para ser ministro- eu direi...
.b. "A corrupção não é um problema de leis. É um problema de comportamento. Você pode fazere o que quiser que, quem quiser se comportar mai, vai se comportar mal. O que tem que acabar no Brasil é a impunidade." primeiro: claro que há um problema com a lei do orçamento. se ela fosse decentemente eleborada e ferozmente cumprida, os espaços para a corrupção seriam reduzidos em 97,75% ou mais. acho que o Presidente não se flagrou que, se a impunidade é baixa, o comportamento criminoso também será baixo. o preço do crime encoraja ou desencoraja comportamentos criminosos se for baixou ou alto.
.c. falou mais coisas que não comentarei agora, mas reservo-me o direito de atalhá-lo a qualquer momento.
a folhas tantas, Zero Hora fala da demagogia da Câmara dos Deputados que, ao invés de pensar em cumprir a lei do orçamento, entrou em negociações completamente alheias a seus objetivos de hieararquizar escolhas sociais e tascou uma proposta de elevação das pensões (dos aposentados) em 7,77%, contra os 6% propostos pelo governo. como o governo calculou nem sei e mais me admiro é que os depus não jogaram 77,77%, ou sei lá. irresponsáveis assim, um dia, vi milhares.
DdAB
captura da imagem: http://comunicacaochapabranca.com.br/wp-content/uploads/2009/09/chapa_branca_1_ano.jpg.
razões da captura: já faz tempo que penso que existe identidade absouta entre os pontos de vista -ou melhor, os grupos de interesse- que patrocinam as candidaturas da Doutora Dilma e do Prof. Serra. tudo o que falei de Serra, claro, vale paraDilma, já que identidade não é igualdade...
mal comecei a falar na Chapa Branca Serra-Dilma, vim a perceber que já estão comemorando um (hummm) ano. dizem que eles são pré-candidatos, outra bobajada do sistema político brasileiro, este vilão das mazelas societárias, como o crime, a corrupção e... a política...
pois a combativa Zero Hora tem muita coisa de boa no exemplar (R$ 2,00) de hoje. comecei lendo Luiz Fernando Veríssimo na p.2, e discordando. ele desgostou da manutenção da lei da anistia, de dias atrás. disse que perdoar os torturadores significa algo: "[Eros] Grau e os outros que votaram contra a revisão da [lei da] anistia votaram não pela cordialidade, mas pela sua deturpação. Votaram para deixar pra lá, e pela conivência." claro que discordo. acho que este troço de anular a lei da anistia tem duas sequelas de desviação:
.a. vamos pensar em desrevogar a lei do orçamento, ou seja, começar a cumpri-la, aprová-la e cumpri-la,
.b. vamos pensar no futuro, vamos pensar em que podemos fazer para que, daqui a 10, 20 e 50 anos, tenhamos um país decente, sem corrupção, sem meninos de rua e com mais democracia e liberdade. vamos esquecer a vingança e pensar estrategicamente.
na p. 4, vemos a ação da Chapa Serra-Dilma, no caso apenas o Dr. Serra:
.a. "Se vier a ser eleito, como eu espero, vou ser o presidente da produção. Onde [o sistema econômico] gera valor é na produção. Aprendi que a agricultura no Brasil é uma coisa poderosa, é a galinha dos ovos de ouro do desenvolvimento brasileiro." cara, quase voto nele! segundo, é contrário à tese da reprimarização, que tanto minhas intuições levam-me a odiar. primeiro, ele disse que o sistema gera valor é na produção, ou seja, VP = f(L). competente economista que é, Serra não se deixa levar pelas baboseiras de quem pensa que produção e produto são termos sinônimos. claramente, o valor da produção gera o valor adicionado, que tem três óticas de cálculo (nomeadamente, produto, renda e despesa) e que o produto se distribui entre os fatores (trabalhadores, capitalistas) e uma instituição (governo), que a renda se distribui entre as instituições (famílias e governo). e que, por fim, a despesa se distribui entre famílias, governo, empresas nacionais com investimentos e empresas estrangeiras, com exportações. e que o problema da Chapa Branca é a distribuição. ele não disse tudo isto, claro, mas -se me convidar para ser ministro- eu direi...
.b. "A corrupção não é um problema de leis. É um problema de comportamento. Você pode fazere o que quiser que, quem quiser se comportar mai, vai se comportar mal. O que tem que acabar no Brasil é a impunidade." primeiro: claro que há um problema com a lei do orçamento. se ela fosse decentemente eleborada e ferozmente cumprida, os espaços para a corrupção seriam reduzidos em 97,75% ou mais. acho que o Presidente não se flagrou que, se a impunidade é baixa, o comportamento criminoso também será baixo. o preço do crime encoraja ou desencoraja comportamentos criminosos se for baixou ou alto.
.c. falou mais coisas que não comentarei agora, mas reservo-me o direito de atalhá-lo a qualquer momento.
a folhas tantas, Zero Hora fala da demagogia da Câmara dos Deputados que, ao invés de pensar em cumprir a lei do orçamento, entrou em negociações completamente alheias a seus objetivos de hieararquizar escolhas sociais e tascou uma proposta de elevação das pensões (dos aposentados) em 7,77%, contra os 6% propostos pelo governo. como o governo calculou nem sei e mais me admiro é que os depus não jogaram 77,77%, ou sei lá. irresponsáveis assim, um dia, vi milhares.
DdAB
captura da imagem: http://comunicacaochapabranca.com.br/wp-content/uploads/2009/09/chapa_branca_1_ano.jpg.
razões da captura: já faz tempo que penso que existe identidade absouta entre os pontos de vista -ou melhor, os grupos de interesse- que patrocinam as candidaturas da Doutora Dilma e do Prof. Serra. tudo o que falei de Serra, claro, vale paraDilma, já que identidade não é igualdade...
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04 maio, 2010
Verde, vermelho e desemprego
querido blog:
em algumas churrascarias, adotou-se o sistema de "quero carne", vira verde e "quero paz", vira vermelho. trata-se de uns cartõezinhos que o carnívoro pode ir trocando, aproximando ou afastando os garçons, seus espetos e o que neles -espetos- vem espetado. no outro dia, envolvendo-me na carnificina em uma churrascaria que não usa este sistema, vim a dar-me conta de que dois simples cartõezinhos em cada mesa (ou até um, impresso em folha de azaléia de um lado e flor de outro) economizam certa quantidade de garçons. mais ainda, um sistema digital teria a comunicação "verde" ou "vermelho" feita diretamente entre a mesa do cliente e a área dos churrasqueiros. ou seja, querendo picanha, peço um -digamos- 5 verde, querendo linguicinha, digito -seja agora- um 7, e assim por diante. não querendo nada, simplesmente nada vou digitar ou -se for o caso- digitarei zero.
claro que estas divagações têm a ver com a recente comemoração do dia do trabalho, quando deixei claro que haverá algum mal-entendido em algum canto, pois ninguém gosta de trabalhar e, portanto, a sociedade gostaria de mais lazer e odiaria gente que cria empregos que sejam redundantes sob o ponto de vista da "best practice". por exemplo, o vereador Wilson Arruda, em 1970 oslt indignou-se quando a prefeitura comprou carros de rodas de borracha para alguns garis, deixando os outros com aqueles carros de aros metálicos. queria aumentos de produtividade, pois está na cara que gari que dirige carrinho de borracha anda mais metros (ou fração) por segundo do que o dirigente de carrinho de aro de ferro. compreendeu?
DdAB
captura da imagem: http://static.andaluciaimagen.com/Folhagem-hibisco-vermelho-e-verde_113110.jpg. e está bem claro que estamos falando de um site andaluz, que encheu a imagem com informação eivada de entropia, ou seja, de contéudo informacional reduzidíssimo. procurei "verde" + "vermelho". trata-se das cores "siga" e "pare".
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Escritos
03 maio, 2010
Inflação, juros e câmbio: Lula
querido blog:
acabo de ouvir que o Presidente Lula declarou a alguém que "câmbio e juros é assunto da Avenida Paulista, enquanto que inflação é tema popular". parece que esta tirada genial de marketing político teria a ver com a atual política de elevações da taxa de juros iniciada há algum tempo pelo Banco Central. mas nada achei sobre ela na Internet mais próxima. para certa combinação, cheguei a ver listados 50 mil documentos do Google.
obviamente, quem conhece a realidade realmente real ou a teoria econômica (mundo da realidade imaginada) saberá que salários, câmbio e juros influem sobre o nível geral de preços, logo influem sobre a inflação. nunca vi num livro de macroeconomia a equação expressa da seguinte maneira:
I = f(i, c, s),
onde I é a taxa de inflação, i é a taxa de juros (ou sua variação), c é a taxa de câmbio (ou sua variação) e s é a taxa de salários (ou sua variação). mas vi num livro de ciência política. não lembro que livro era nem exatamente a argumentação que permitia a construção deste modelo teórico.
o que sei, dos velhos tempos em que lecionava macroeconomia ou economia brasileira, ou coisas assemelhadas, é que podemos pensar que o nível geral de preços posta-se no topo de uma árvore e é derivado de ramos e galhos que abarcam os três mercados fundamentais da realidade realmente real macroeconômia: o mercado de dinheiro, o de câmbio e o de trabalho. o último contribui para a explicação do lado da oferta da economia e os mercados de dinheiro e câmbio explicam a construção da demanda agregada. a resultante do funcionamento desses três mercados leva à determinação do trio central da macroeconomia: produto-emprego-preços.
então voltemos a Lula. aparentemente, ele -ao manter o Banco Central com o mesmo estilo inaugurado por Pedro Malan etc.- não está discordando da visão macroeoconômia de quem quer que seja. mas está afirmando outro tipo de sensibilidade importante para "a ação da diplomacia na politica". é evidente que a taxa de juros não tem a menor importância para as famílias (veja bem que eu não disse "os trabalhadores"), menos ainda terá a taxa de câmbio. o que lhes interessa é a forma como estas realidades afetam o nível geral de preços, que determina seu poder de compra. veja bem que eu não falei em "salário real". se algum tipo de magia (como por exemplo, a macroeconomia das metas de inflação, ou qualquer outra) impedir que os preços se elevem, então o resto não interessa ao presidente da república. parece óbvio, mas principalmente depois que"o filho do Brasil" disse! abaixo o lulismo.
DdAB
http://independenciasulamericana.com.br/wp-content/uploads/2009/10/lula-ve-assalto. sobre a captura da imagem: procurei "inflação" + "lula".
acabo de ouvir que o Presidente Lula declarou a alguém que "câmbio e juros é assunto da Avenida Paulista, enquanto que inflação é tema popular". parece que esta tirada genial de marketing político teria a ver com a atual política de elevações da taxa de juros iniciada há algum tempo pelo Banco Central. mas nada achei sobre ela na Internet mais próxima. para certa combinação, cheguei a ver listados 50 mil documentos do Google.
obviamente, quem conhece a realidade realmente real ou a teoria econômica (mundo da realidade imaginada) saberá que salários, câmbio e juros influem sobre o nível geral de preços, logo influem sobre a inflação. nunca vi num livro de macroeconomia a equação expressa da seguinte maneira:
I = f(i, c, s),
onde I é a taxa de inflação, i é a taxa de juros (ou sua variação), c é a taxa de câmbio (ou sua variação) e s é a taxa de salários (ou sua variação). mas vi num livro de ciência política. não lembro que livro era nem exatamente a argumentação que permitia a construção deste modelo teórico.
o que sei, dos velhos tempos em que lecionava macroeconomia ou economia brasileira, ou coisas assemelhadas, é que podemos pensar que o nível geral de preços posta-se no topo de uma árvore e é derivado de ramos e galhos que abarcam os três mercados fundamentais da realidade realmente real macroeconômia: o mercado de dinheiro, o de câmbio e o de trabalho. o último contribui para a explicação do lado da oferta da economia e os mercados de dinheiro e câmbio explicam a construção da demanda agregada. a resultante do funcionamento desses três mercados leva à determinação do trio central da macroeconomia: produto-emprego-preços.
então voltemos a Lula. aparentemente, ele -ao manter o Banco Central com o mesmo estilo inaugurado por Pedro Malan etc.- não está discordando da visão macroeoconômia de quem quer que seja. mas está afirmando outro tipo de sensibilidade importante para "a ação da diplomacia na politica". é evidente que a taxa de juros não tem a menor importância para as famílias (veja bem que eu não disse "os trabalhadores"), menos ainda terá a taxa de câmbio. o que lhes interessa é a forma como estas realidades afetam o nível geral de preços, que determina seu poder de compra. veja bem que eu não falei em "salário real". se algum tipo de magia (como por exemplo, a macroeconomia das metas de inflação, ou qualquer outra) impedir que os preços se elevem, então o resto não interessa ao presidente da república. parece óbvio, mas principalmente depois que"o filho do Brasil" disse! abaixo o lulismo.
DdAB
http://independenciasulamericana.com.br/wp-content/uploads/2009/10/lula-ve-assalto. sobre a captura da imagem: procurei "inflação" + "lula".
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Economia Política
02 maio, 2010
Anistia da Carta
querido blog:
ontem, ao receber a "Carta Capital" n.594, com a data que tento tornar famosa (cinco.cinco.dezoito.dezoito, Marx' birthday), vi no frontispício o seguinte negrito: "Anistia" e em texto padrão "O Supremo Tribunal consagra o general Golbery" e à direita destes dizeres suspeitos uma foto do próprio Golba, oclinhos escuros e um certo biquinho de quem fala francês. pensei: esta não perco, quero ver o que o dono da revista, o jornalista Mino Carta, ou muito me engano, tem a dizer sobre este assunto.
não me enganei. na p.16, no Editorial 1, Mino Carta escreveu pilhas sobre o Golberi, o STF, a Lei da Anistia, o Brasil, a OAB, o Castello Branco, o Geisel, o Costa, o Rei Artur, não não era o Costa, apenas seu prenome... às linhas tantas, vemos "O voto do STF agrada aos candidatos Dilma, Serra e Marina. Não há um, um somente, que se queixe". para mim, Marina não existe e a chapa Serra-Dilma é chapa branca mesmo. e, como sabemos, odeio chapas brancas, mas acho que este negócio de luta ideológica é fumeta. por interessante que seja, às vezes gosto das tiradas do Mino, como gosto das do colunista e ministro de alguns dos presidentes acima citados, Antonio Delfim Neto. e daí? vem mais: "O que move os senhores da corte, da política, da mídia? O inesgotável medo do retrocesso ou a inesgotável vocação conciliatória?" acho que há mais opções para um vestibular: a idéia de que o troço era mesmo amplo, geral e irrestrito, o sentimento de que estávamos apenas buscando a promoção pessoal de uns destrambelhados que não tinham mais nada a argumentar a favor da execução da lei do orçamento público, a visão de que -de sentimento- o Exército Brasileiro fuja para os países estrangeiros, sei lá.
vem mais: "[...] nada se constrói a caminho da contemporaneidade do mundo sobre alicerces podres." disto penso o seguinte: é mesmo, e isto nada tem a ver com esta bobajada de supremo tribunal federal, batistes (também citado pelo Mino) e anistias. tem, ao contrário, com a administração da justça que, cá entre nós, no Brasil dos R$ 27.000 está mais longe do que o cinturão de asteróides supra-plutônicos. como sabemos, defendo a extinção do poder judiciário, do senado federal e dos estados. precisamente para podermos voltar a ter alguns resquícios de justiça no Brasil. fora a ideia um tanto audaciosa de conveniar a Corte Internacional de Haia, a fim de tornarmo-nos independentes da incompetência distributiva, o que -naturalmente- tudo tem a ver com a sociedade injusta.
diz Mino, finalmente, que Raymundo Faoro, "então presidente da OAB", mostrou-se publicamente contrário a "[... uma lei destinada a envergonhar qualquer país aspirante à democracia." acho que o que envergonhou o país foi a tortura e não a lei, o que envergonha o país é a tortura e não a lei. ainda temos tortura de presos comuns, ainda temos a tortura doméstica, sobre a mulher, sobre a criança, sobre o marido. e a miséria das ruas, das casas. e o roubo dos políticos, das carteiras, das licitações. e a inexistência de uma lei que discipline as receitas e os gastos públicos. cá entre nós, querer condenar o Dr. Getúlio Vargas porque no governo dele prenderam o Dr. Luiz Carlos Prestes já é exagero. e que dizer da macacada que enforcou o Dr. Joaquim José da Silva Xavier? get serious, Mino!
DdAB
foto: http://www.bahianoticias.com.br/fotos/editor/Image/gazabombardeio_ap.jpg.
sobre a captura da imagem: procurei: "anistia" e vi milhares de "ampla, geral e irrestrita". não achei nada que realmente me agradasse, que espelhasse meu desalento com a insistência em achar que sairia algo de útil desta campanha.
ontem, ao receber a "Carta Capital" n.594, com a data que tento tornar famosa (cinco.cinco.dezoito.dezoito, Marx' birthday), vi no frontispício o seguinte negrito: "Anistia" e em texto padrão "O Supremo Tribunal consagra o general Golbery" e à direita destes dizeres suspeitos uma foto do próprio Golba, oclinhos escuros e um certo biquinho de quem fala francês. pensei: esta não perco, quero ver o que o dono da revista, o jornalista Mino Carta, ou muito me engano, tem a dizer sobre este assunto.
não me enganei. na p.16, no Editorial 1, Mino Carta escreveu pilhas sobre o Golberi, o STF, a Lei da Anistia, o Brasil, a OAB, o Castello Branco, o Geisel, o Costa, o Rei Artur, não não era o Costa, apenas seu prenome... às linhas tantas, vemos "O voto do STF agrada aos candidatos Dilma, Serra e Marina. Não há um, um somente, que se queixe". para mim, Marina não existe e a chapa Serra-Dilma é chapa branca mesmo. e, como sabemos, odeio chapas brancas, mas acho que este negócio de luta ideológica é fumeta. por interessante que seja, às vezes gosto das tiradas do Mino, como gosto das do colunista e ministro de alguns dos presidentes acima citados, Antonio Delfim Neto. e daí? vem mais: "O que move os senhores da corte, da política, da mídia? O inesgotável medo do retrocesso ou a inesgotável vocação conciliatória?" acho que há mais opções para um vestibular: a idéia de que o troço era mesmo amplo, geral e irrestrito, o sentimento de que estávamos apenas buscando a promoção pessoal de uns destrambelhados que não tinham mais nada a argumentar a favor da execução da lei do orçamento público, a visão de que -de sentimento- o Exército Brasileiro fuja para os países estrangeiros, sei lá.
vem mais: "[...] nada se constrói a caminho da contemporaneidade do mundo sobre alicerces podres." disto penso o seguinte: é mesmo, e isto nada tem a ver com esta bobajada de supremo tribunal federal, batistes (também citado pelo Mino) e anistias. tem, ao contrário, com a administração da justça que, cá entre nós, no Brasil dos R$ 27.000 está mais longe do que o cinturão de asteróides supra-plutônicos. como sabemos, defendo a extinção do poder judiciário, do senado federal e dos estados. precisamente para podermos voltar a ter alguns resquícios de justiça no Brasil. fora a ideia um tanto audaciosa de conveniar a Corte Internacional de Haia, a fim de tornarmo-nos independentes da incompetência distributiva, o que -naturalmente- tudo tem a ver com a sociedade injusta.
diz Mino, finalmente, que Raymundo Faoro, "então presidente da OAB", mostrou-se publicamente contrário a "[... uma lei destinada a envergonhar qualquer país aspirante à democracia." acho que o que envergonhou o país foi a tortura e não a lei, o que envergonha o país é a tortura e não a lei. ainda temos tortura de presos comuns, ainda temos a tortura doméstica, sobre a mulher, sobre a criança, sobre o marido. e a miséria das ruas, das casas. e o roubo dos políticos, das carteiras, das licitações. e a inexistência de uma lei que discipline as receitas e os gastos públicos. cá entre nós, querer condenar o Dr. Getúlio Vargas porque no governo dele prenderam o Dr. Luiz Carlos Prestes já é exagero. e que dizer da macacada que enforcou o Dr. Joaquim José da Silva Xavier? get serious, Mino!
DdAB
foto: http://www.bahianoticias.com.br/fotos/editor/Image/gazabombardeio_ap.jpg.
sobre a captura da imagem: procurei: "anistia" e vi milhares de "ampla, geral e irrestrita". não achei nada que realmente me agradasse, que espelhasse meu desalento com a insistência em achar que sairia algo de útil desta campanha.
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01 maio, 2010
Pão e Rosas: dia do trabalho
querido blog:
prossigo em minhas arengas sobre quem é a verdadeira esquerda e a verdadeira direita. parece que, havendo duas vacas reais, uma é da direita e outra, da esquerda. mas eu comentava, no outro dia, que Rosane de Oliveira (jornalista da 'Página10') é menos da esquerda que myself. e agora farei mais comentários sobre o editorial da p.14 de hoje do jornal que a abriga. para homenagear o trabalhador comemorando seu dia, decidi chamar a da direita de 'Rosas' e a da esquerda de 'Pão", tenho direito. nada tenho a dizer agora sobre feminismo...
mas tenho sobre "quem são os amigos do povo", para volver a Lênin. e acho que não era Lênin nem um monte de outros políticos e revolucionários. e, claro, nada poderíamos esperar do editorialista do nanico mais importante dos gaúchos. diz lá ele:
Quanto ao tema da redução da jornada de trabalho das atuais 44 horas semanais para 40, questão que tramita no Congresso há 15 anos pela Emenda 231/95 e que aguarda a inclusão na pauta, é em si mesmo uma proposta altamente discutível. Será benéfico ao trabalhador, à economia e ao país um projeto que tende a trazer diminuição dos postos de trabalho, provocada principalmente pelo aumento do custo da hora trabalhada? A questão da duração da jornada tem uma história brasileira singela: a primeira fixação do tempo da jornada ocorreu em 1943, para defini-la em no máximo 48 horas semanais e oito diárias, e a segunda, na Constituição de 1988, que reduziu tal jornada para 44 horas semanais. A experiência internacional é controversa em relação aos benefícios de uma jornada reduzida, não existindo um consenso em relação a eles.
tem muita coisa a sercomentada. primeiro, vem a piada de que a constituição da república aprovada em 1988 não é constituição mas orçamento. segundo, na condição de regulamento (menos importante na hirarquia das leis do que a lei do orçamento), tá bom definir a duração da jornada de trabalho, como sendo uma maldição que pesa sobre o país, impedindo os jogadores de maxi-min a adotarem estratégias inferiores a 44 horas de trabalho semanal, exceto -claro- boa parte dos funcionários administrativos das universidades federais brasileiras, cuja estratégia mini-max, pelo que entendi, é "eu-15min diários" e "você-tanto quanto queira, que não me incomodo se você quer esfalfar-se".
pois bem, a constituição brasileira não proibe jornadas de 15min semanais, mas não seria legítimos esperá-las tão cedo. agora, cá entre nós, não podemos pensar que a jornada padrão da humanidade voltará às 16 horas diárias de semanadas de sete dias vigentes em meados do século XIX, não é mesmo? este troço de mudança constitucional é análogo ao plebiscito das armas: parem de perguntar bobagens, comecem a trabalhar decentemente.
segue: a redução da jornada de trabalho eleva o salário por hora e portanto reduz o nível de emprego. maior salário hora, digo eu, deve implicar menor nível de emprego, até aí estamos paralelos, ou seja, nem esquerda nem direita. mas o que não é absolutamente garantido, como aliás diz lá o jornal, é que isto tenha outras consequências na linha do argumento. e diz-se que a experiência internacional tampouco é pródiga na evidência de que menos horas trabalhadas por trabalhador impliquem maior desemprego. cá entre nós, isto é forçação de barra.
meu ponto é bem diverso e mais festivo, ainda que a velha esquerda também viesse a discordar de mim. quem gosta de emprego é patrão: trabalhador gosta é de lazer. se o trabalhador pudesse trabalhar 15min por semana, ele teria mais tempo para dedicar ao lazer, é claro. e se houvesse algum arranjo societário que permitisse que a renda básica mais o "salário diferencial" que lhe seria pago precisamente para comprar as horas de lazer lhe oferecessem uma existência digna, nada haveria a reclamar, exceto com relação à distribuição da renda nacional. tenho boas razões para crer que, a longo prazo, não é a jornada de trabalho que determina a trajetória de crescimento das economias. ou, por outra, a duração da jornada tem-se reduzido ao longo do desenvolvimento capitalista e assim deverá seguir ocorrendo.
em 2050, a Nigéria será o terceiro país mais populoso do mundo e, se ela não cuidar, não terá empregos para ninguém, pois os empregos de 40 anos para frente requererão muito mais capital humano do que hoje sequer podemos imaginar. se as empresas conseguirem gerar renda com maior produtividade, ou seja, com menos emprego, o mundo será mais feliz. o problema redistributivo é outro, é completamente diferente do problema produtivo, exceto que, é bom que se diga no dia do trabalho, o trabalho é um "tribalho" ou seja, um rebenque que cria motivação na base do sistema recompensa-punição. no dia do trabalho, devemos pensar que a parte da punição deve começar a ser jogada para o passado.
DdAB
fonte da imagem:
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2890245.xml&template=3898.dwt&edition=14605§ion=1001
sobre a captura da imagem: inspirei-me nesta foto para pensar a postagem de hoje, pois julguei ter visto uma vaca de esquerda e outra de direita dentro de um automóvel Gol. foi a ilustração da notícia da p.37 do jornal cujo editorial inspirou o texto do dia do trabalho. diz a notícia que os animais foram roubados e carregados num automóvel que não aguentou a carga. Brasil, dualismo, distante da liderança mundial de roubos de vacas. trabalho de amadores, ergo, não há cumplicidade dos políticos... sem falar que juro ter visto nas páginas do "Diário de Notícias", digamos que em 1962 ou 1963, a foto de um acidente na Av. Brasil do Rio de Janeiro em que uma camionete DKW engavetou uma carroça e o motorista trocou de lugar com... o cavalo, que posava com as quatro patinhas para fora do pára-brisa, postadas sobre a direção. nunca mais consegui esquecer, nem revê-la, o que pode indicar apenas que 1964 destruiu muita coisa.
prossigo em minhas arengas sobre quem é a verdadeira esquerda e a verdadeira direita. parece que, havendo duas vacas reais, uma é da direita e outra, da esquerda. mas eu comentava, no outro dia, que Rosane de Oliveira (jornalista da 'Página10') é menos da esquerda que myself. e agora farei mais comentários sobre o editorial da p.14 de hoje do jornal que a abriga. para homenagear o trabalhador comemorando seu dia, decidi chamar a da direita de 'Rosas' e a da esquerda de 'Pão", tenho direito. nada tenho a dizer agora sobre feminismo...
mas tenho sobre "quem são os amigos do povo", para volver a Lênin. e acho que não era Lênin nem um monte de outros políticos e revolucionários. e, claro, nada poderíamos esperar do editorialista do nanico mais importante dos gaúchos. diz lá ele:
Quanto ao tema da redução da jornada de trabalho das atuais 44 horas semanais para 40, questão que tramita no Congresso há 15 anos pela Emenda 231/95 e que aguarda a inclusão na pauta, é em si mesmo uma proposta altamente discutível. Será benéfico ao trabalhador, à economia e ao país um projeto que tende a trazer diminuição dos postos de trabalho, provocada principalmente pelo aumento do custo da hora trabalhada? A questão da duração da jornada tem uma história brasileira singela: a primeira fixação do tempo da jornada ocorreu em 1943, para defini-la em no máximo 48 horas semanais e oito diárias, e a segunda, na Constituição de 1988, que reduziu tal jornada para 44 horas semanais. A experiência internacional é controversa em relação aos benefícios de uma jornada reduzida, não existindo um consenso em relação a eles.
tem muita coisa a sercomentada. primeiro, vem a piada de que a constituição da república aprovada em 1988 não é constituição mas orçamento. segundo, na condição de regulamento (menos importante na hirarquia das leis do que a lei do orçamento), tá bom definir a duração da jornada de trabalho, como sendo uma maldição que pesa sobre o país, impedindo os jogadores de maxi-min a adotarem estratégias inferiores a 44 horas de trabalho semanal, exceto -claro- boa parte dos funcionários administrativos das universidades federais brasileiras, cuja estratégia mini-max, pelo que entendi, é "eu-15min diários" e "você-tanto quanto queira, que não me incomodo se você quer esfalfar-se".
pois bem, a constituição brasileira não proibe jornadas de 15min semanais, mas não seria legítimos esperá-las tão cedo. agora, cá entre nós, não podemos pensar que a jornada padrão da humanidade voltará às 16 horas diárias de semanadas de sete dias vigentes em meados do século XIX, não é mesmo? este troço de mudança constitucional é análogo ao plebiscito das armas: parem de perguntar bobagens, comecem a trabalhar decentemente.
segue: a redução da jornada de trabalho eleva o salário por hora e portanto reduz o nível de emprego. maior salário hora, digo eu, deve implicar menor nível de emprego, até aí estamos paralelos, ou seja, nem esquerda nem direita. mas o que não é absolutamente garantido, como aliás diz lá o jornal, é que isto tenha outras consequências na linha do argumento. e diz-se que a experiência internacional tampouco é pródiga na evidência de que menos horas trabalhadas por trabalhador impliquem maior desemprego. cá entre nós, isto é forçação de barra.
meu ponto é bem diverso e mais festivo, ainda que a velha esquerda também viesse a discordar de mim. quem gosta de emprego é patrão: trabalhador gosta é de lazer. se o trabalhador pudesse trabalhar 15min por semana, ele teria mais tempo para dedicar ao lazer, é claro. e se houvesse algum arranjo societário que permitisse que a renda básica mais o "salário diferencial" que lhe seria pago precisamente para comprar as horas de lazer lhe oferecessem uma existência digna, nada haveria a reclamar, exceto com relação à distribuição da renda nacional. tenho boas razões para crer que, a longo prazo, não é a jornada de trabalho que determina a trajetória de crescimento das economias. ou, por outra, a duração da jornada tem-se reduzido ao longo do desenvolvimento capitalista e assim deverá seguir ocorrendo.
em 2050, a Nigéria será o terceiro país mais populoso do mundo e, se ela não cuidar, não terá empregos para ninguém, pois os empregos de 40 anos para frente requererão muito mais capital humano do que hoje sequer podemos imaginar. se as empresas conseguirem gerar renda com maior produtividade, ou seja, com menos emprego, o mundo será mais feliz. o problema redistributivo é outro, é completamente diferente do problema produtivo, exceto que, é bom que se diga no dia do trabalho, o trabalho é um "tribalho" ou seja, um rebenque que cria motivação na base do sistema recompensa-punição. no dia do trabalho, devemos pensar que a parte da punição deve começar a ser jogada para o passado.
DdAB
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http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2890245.xml&template=3898.dwt&edition=14605§ion=1001
sobre a captura da imagem: inspirei-me nesta foto para pensar a postagem de hoje, pois julguei ter visto uma vaca de esquerda e outra de direita dentro de um automóvel Gol. foi a ilustração da notícia da p.37 do jornal cujo editorial inspirou o texto do dia do trabalho. diz a notícia que os animais foram roubados e carregados num automóvel que não aguentou a carga. Brasil, dualismo, distante da liderança mundial de roubos de vacas. trabalho de amadores, ergo, não há cumplicidade dos políticos... sem falar que juro ter visto nas páginas do "Diário de Notícias", digamos que em 1962 ou 1963, a foto de um acidente na Av. Brasil do Rio de Janeiro em que uma camionete DKW engavetou uma carroça e o motorista trocou de lugar com... o cavalo, que posava com as quatro patinhas para fora do pára-brisa, postadas sobre a direção. nunca mais consegui esquecer, nem revê-la, o que pode indicar apenas que 1964 destruiu muita coisa.
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