Querido Diário:
Cordelino Brizolon é o nome que dei à ilustração acima, aparecida ao apelo de "brizolão". Fi-lo -o apelo- porque meu referente de hoje em Zero Herra é o artigo da neta do Doutor Leonel de Moura Brizola, numa elegia ao quinto ano de seu passamento, seu lá dele, que ela segue escrevendo e exercitando os gastos que lhe garantem os proventos da vereança. E, presumo, mais atividades, quem sou eu para julgar...
O artigo de Juliana Brizola, na p.20, intutula-se "Brizola, o pré-sal e a educação". Achei que poderia seguir minha ladaínha sobre a teoria da escolha pública e o despreparo dos governantes (inclusive, claro, vereadores e ex-prefeitos) para lidar com -você adivinhou- problemas de escolha pública. Eu mesmo, despreparado que me confesso na maior parte das confrontações que me antepõe a realidade realmente real, acabo de encomendar o livro de Jorge Vianna Monteiro, de 2007. Esse troço de governo já está esclarecido: devemos substituir o governo dos homens pela administração das coisas!
Prisões privatizadas? Claro que sim, como a educação e a saúde, a comunidade poderia lançar-se a um enclave neste árido setor das penas e réus. Cuidando para não haver lobbies obtendo autorização para a venda de sangue de presos aquiescentes, essas coisas das distopias brasileiras, com Inocêncio, Barbalho, Quércia, e por aí vai. Ainda não temos nenhum político do RGS na cadeia, mas o problema é mais das cadeias do que da honestidade. Como rezou o silogismo a ser discutido in proper place:
M: todo político é ladrão
m: todo ladrão é político
C: todo político e todo ladrão são farinha do mesmo saco.
Escolas privatizadas? Vejamos. Juliana, em seu terceiro parágrafo, diz que há uma questão (legado de Brizola: amor ao povo e à pátria) ocupando-lhe os pensamentos. Ter-se-ia ela inspirado em Leonel Brizola acrescentando os propagandeados pensamentos:
"[...] no auge do deslumbramento [claro que não dele, nem dela, mem -by the way-meu] com fórmulas neolibarais, meu avô já dizia que o cassino financeiro teria vida curta. Hoje vemos a maior participação do EStado e a consciência de que os gasto públicos devem ser direcionados à produção real."
Aí, seus pensamentos dirigem-se ao aproveitamento da capacidade empresarial do Estado ("e" maiúsculo) em administrar a cadeia petrolífera e melhorar a vida de quem de direito. Tudo em benefício da educação. Pois Petrobrás e educação não me pareceram rimar, quando comecei a sugerir que, ao invés de arvorar-se ao direito do monopólio da produção de petróleo (e sua distribuição), o governo deveria era ter aberto uma rede de distribuição de comida. Ok, admito que o preço que deveria ser cobrado de cada bóia-nula seria
.a. tomar um banho
.b. recitar uns números da tabuada (ou começar a estudá-los)
.c. dirigir-se a aulas de "empreendedorismo"
.d. e por aí vai.
Primeiro: a previsão de que a "ciranda financeira" iria acabar com a crise de 2008 já mostra sinais de enfraquecimento. Em 1929, houve uma ou outra retomada de expectativas otimistas e, em seguida, movimentos down the hill. Em 1947, os dados mundiais de PIB mostram que houve quedas substantivas na atividade econômica americana. Depois, queda caída mesmo, nem lembro se houve, parece que no máximo uma ou duas. Agora o PIB caiu/cairá. Jurei que não seria mais de 5%. Na verdade, andei jurando que o crescimento seria nulo. Claro que sabia estar exagerando, mas achei que -para contestar previsões de que haveria as quedas de 1000% de que falou Karl Marx- seria mais polido de minha parte falar em PIB = 100 em 2008 e outros 100 em 2009. Ou seja, os inspiradores de tal opinião de Leonel Brizola levaram-no a um erro grosseiro.
Segundo: em erro grosseiro também incide a nobre vereadora, que nunca recebeu café servido por mim... Seu erro é pensar que "[...] os gastos públicos devem ser direcionados à produção real." Ou melhor, parece óbvio, em certo sentido que o gasto público é real e não complexo (ou seja, um número conjugado com a raiz quadrada de -1, como certos circuitos elétricos). Talvez, tento salvar as aparências, ela estivesse referindo-se a gastos feitos pela ótica da despesa do valor adicionado, mas também incluindo gastos, digamos, do Banco Central com a compra de títulos ao setor privado, ou para amortizar a dívida pública, sei lá.
Caso não estejamos falando em estoques, mas em gastos no sentido do primeiro semestre da Fefupu - Faculdade do Ensino dos Fundamentos das Políticas Públicas, seguir-se-á logicamente que o governo pode gastar em canhões ou em manteiga. Faltou a ele, ela, ao diabo, aos ex-prefeitos, à Dra. Yeda, e pilhas e pilhas de outros neguinhos (epa, andou sobrando para nossa candidata, a Econ. Dilma Rousseff) o entendimento do primeiro teorema da contabilidade nacional: o valor adicionado é igual a 100% do valor adicionado. Ou seja, se simbolizarmos o valor adicionado por V, então o teorema garante que V = 100 x V / 100. Em outras palavras, qual é mesmo o sentido que o governo teria em criar uma empresa distribuidora de petróleo integrada verticalmente, pagar aos ascensoristas de sua sede na Av. Rio Branco do Rio de Janeiro o mesmo montante que andou pagando aos professores doutores ph.ds de suas universidades (aliás, qual o sentido em produzir educação e não apenas prover?)? Não seria o caso de deixarmos o petróleo em mãos de cidadãos exemplares como José Sarney, Inocêncio de Oliveira, Hildebrando Paschoal e outros e cobrarmos imposto de renda sobre os lucros não distribuídos, lançando-os ao orçamento da união e distribuindo-os aos municípios, a fim de cumprir preceitos de um orçamento universal que garanta ausência de
.a. barriga dágua a todas as crianças bem nascidas (ou seja, nascidas vivas)
.b. parto indecente às que iriam nascer mortas
.c. desnutrição das mães e da garotada (primeiro dê o peixe e, quando o neguinho puder, ensine-o a pescar!)
.d. desconhecimento da tabuada, manutençao do analfabetismo, arte, esporte, língua estrangeira etc.
O que a Sra. Juliana Brizola poderia fazer para homenagear seus avós materno e paterno (os quatro, inclusive as garotas) seria mesmo estudar rudimentos da teoria da escolha pública e passar a lutar pelo cumprimento da lei do orçamento e tentar nela inserir medidas menos sinuosas do que encher os ascensoristas de dinheiro, pensando que eles, in due time, vão gerar filhos que, in due time, vão defender preceitos de universalização do gasto público.
DdAB
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