25 outubro, 2018

Também Drummond Apoia Haddad

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Querido diário:

Carlos Drummond de Andrade (*31.out.1902; +17.ago.1987) escreveu tantos poemas que a gente até fica espantada com a coerência poética e política. Entre as mensagens que venho recebendo de apoio à candidatura que protagoniza a maior onda vermelha de todos os tempos, nomeadamente, a de Fernando Haddad à presidência da república do Brasil, destaca-se a que hoje vemos. O maior poeta. Mas não é apenas ele. Lá no P.S. vemos outro poema dele, desta vez, transmitido por Manoela d'Ávila, a candidata a vice-presidente, transmitido, repito, por ela a Luiz Inácio Lula da Silva. Por ora temos aqueles versos que me fazem rir e chorar: a canção que faça acordar os homens (os dorminhocos que já elegeram Jânio Quadros, Fernando Collor e votaram expressivamente em Aécio Neves) e adormecer a criançada, esses milhões de meninos de rua, cujo sono sempre tem sobressaltos, dado o ambiente aziago em que entram em vigília.

Canção Amiga
Carlos Drummond de Andrade

Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.

Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não me veem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.

Eu distribuo um segredo
como quem ama ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.

Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.

Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.

Pois é isto: eu preparo uma canção que faça acordar os homens e adormecer as crianças. Confirma-se a força da onda vermelha.

DdAB
P.S. Diz-se aqui que Manoela d"Ávila recitou o seguinte poema para Lula:

Mãos dadas
Carlos Drummond de Andrade

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista pela janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicidas,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.

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