Querido diário:
Mesmo não sendo espírita, às vezes fico tangido por manifestações "do alto". Olha agora o que me foi permitido entender. No poema "Irene no Céu", Manuel Bandeira (*19.abr.1886, +13.out.1968)
Irene no Céu
(Manuel Bandeira)
Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
— Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
— Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
— Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
— Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
Parece óbvio que Bandeira entende que Irene era negra e não é preciso um cérebro arguto (como o meu, hahaha) para entender que Irene era empregada doméstica. Odiando o racismo, Bandeira hoje dá o maior apoio à candidatura de Fernando Haddad à presidência da república. Diz Bandeira: "Não dá pra votar em quem odeia negros e negras. E, a propósito, não vão achar nunca os culpados pelo assassinato da vereadora Marielle?"
Imagino Manuel Bandeira dirigindo-se à urna: "Os home não querem o Homem então é agora mesmo que eu voto nele."
DdAB
P.S. Se Irene de Tal era mesmo cozinheira, nada melhor para homenageá-la que esta pintura de Niko Pirosmanashvili (ver aqui).
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