Querido diário:
Parece óbvio que Lula foi derrotado em certo sentido, mas de outra forma -mais séria-, se ele tivesse sido candidato, seu carisma teria impedido que pobre (ou seja, gente que ganha menos de R$ 2.000 por mês) votasse no vencedor desta eleição malhada.
Parece evidente que deu-se um lawfare há anos contra Lula, especificamente 2016 com aquela decisão de prisão mesmo antes de ter todas as chances de defesa. Assim, o lawfare foi contra Lula, contra a candidatura de Lula, contra novo mandato presidencial de Lula. A tristeza do espetáculo é que o que vemos é tão mais desprezível precisamente por ter partido do poder judiciário, essa excrescência brasileira fornida nos últimos 30 ou 40 anos no mais desatobinado corporativismo cúmplice do poder legislativo, pois o salário de uns é indexado ao salário dos outros.
Mas não basta. Lula também foi derrotado na eleição, naquela estratégia -sabendo-se preso- de não ter iniciado a campanha eleitoral muito antes dos prazos legais. Na linguagem da teoria dos jogos, o superjogo era participar ou não da eleição. Ao decidir participar, obviamente, Lula estava aceitando as regras vigentes. O mínimo que andei querendo dele era que ele tivesse indicado Fernando Haddad lá atrás. Ainda assim, antes disto, eu desejei que ele tivesse ajudado a formar um frente de esquerda liderada por alguém alheio ao PT. Mas nem seria Ciro Gomes, alguém mágico, alguém tipo Renato Janine Ribeiro.
Agora Lula foi derrotado duas vezes. De pirraça, nós também derrubamos o rei das peças brancas!
DdAB
P.S. E aquele cavalo bem equilibrado do tabuleiro lá de cima representa os burros que, investidos da mais aguda falsa consciência, votaram em Jair Bolsonaro.