18 maio, 2017

Um, Dois, Três, Todos no Xadrez


Querido diário:

UM
Governo: "Aprova o ato adicional que instituiu o parlamentarismo?"
Povo: "Com o lápis na mão, vamos dizer que não, não e não."
Era um tempo diferente, Jânio Pictures renunciara, Jango Cambará fora impedido de assumir a presidência da república, pelo que sei, por ter bebido cerveja no penico de um bordel na cidade de São Borja (afinal, se o capitão e o doutor Rodrigos Cambarás o fizeram no vizinho município de Santa Fé, qual o constrangimento?). Achou-se que a solução seria manter Jango como presidente, estilo "rainha da Inglaterra", mas dar o governo a Tancredo Snower, nosso primeiro primeiro ministro dos tempos modernos. [Ver minha opinião no capítulo TRÊS].

DOIS
A Sucessão de Emílio Garrastazu Médici
Mesmo sabedores que o computador estava cansado com os erros que cometia sucessivamente, inclusive ao apontar Emílio como candidato dos militares para representar a junta governante, o povo brasileiro voltamos a consultá-lo, tendo como resposta: "Honesto não tem, mas por aproximação podemos procurar um Ernesto", quando a plutocracia autóctone, atuando no congresso nacional, elegeu Ernesto Chiru Geisel.

TRÊS
Parlamentarismo Já
Como não querer parlamentarismo? Tem gente que acha que o parlamentarismo seria implantado para tirar Lula. Eu acho que era para botar Tancredo. E acho que, se tivéssemos conseguido alguma aura luminosa a nos inspirar e criado o parlamentarismo lá no calhamaço de 1988, poderíamos ter tido três governos FHC, sem compra de deputados, quatro de Lula sem ter sacrificado a presidenta Dilma e uns 25 de Aécio Snowing, que os infernos o traguem.

Quando, em 2015, começou-se a falar mais insistentemente no impeachment da presidenta Dilma, tudo instigado pelo senador Aécio Melting, passei a usar a seguinte consigna: "Sou contra o governo e também contra o impeachment". Achava que abalos institucionais não se resolviam com maiores abalos institucionais. Agora acho o mesmo: o presidente é ladrão, remove-o, bota quem está na linha sucessória apontada pelo calhamaço de 1988, muda o regime e já joga o país nos braços tépidos e eficazes do parlamentarismo. E, aparentemente é o caso, devemos cuidar para não colocar nesse mandato tampão de presidente da república até a eleição do final do próximo ano

QUATRO
Tá derretendo, sô
De que forma fui capaz de conceder, no capítulo TRÊS 25 mandatos de premier a para o senador Aécio Melting? Resposta: lembrei que "no capitalismo, tudo vira mercadoria, inclusive a honra". Ele iria comprar até seu finado tio.

QUINTO
O clube do lugar comum
Todos sabem do apreço que nutro pelo jornal Zero Hora, tão, mas tão íntimo me sinto a ele que costumo cognominá-lo de Zero Herra, Zerro Herra, Zero Burra e até Zero Hurra. Tem pobrema de tudo que é geito e um dos que mais me fere remete aos lugares-comuns praticados aqui e ali, mas centrados na coluna antiquíssima que trata de temas econômicos. Pois hoje tem um característico do pobrema que refiro:

Fome de lucro
Hamburgueria de Porto Alegre apimenta o molho do faturamento
Entre janeiro e abril, negócio lucrou 90% a mais do que no mesmo período de 2016*
*
[o site é misterioso, troquei pela digitação de toda notícia da página 17 de meu jornal]

MOLHO NO FATURAMENTO
   A Mark Hamburgueria, de Porto Alegre, colocou molho no faturamento entre janeiro e abril, quando abocanhou cerca de R$ 300 mil, alta aproximada de 90% em relação ao mesmo período de 2016. Dono do negócio -gerencia e cozinha-, o chef Mark Bandeira lembra que, quando sua hamburgueria foi inaugurada, em outubro de 2014, havia outras três na cidade. Hoje, diz, o número engordou para cerca de 20.
   -Foi um tiro certo. As pessoas criaram o hábito de jantar em hamburguerias - afirma.

SEXTO
E assim caminha a humanidade. E até parece mesmo, dados meus recorrentes anglicismos nesta postagem, que o título em inglês também é super válido: Gone with the wind.

DdAB
Fonte da foto e de parte da notícia do capítulo QUATRO está aqui. É ou não é um dia apropriado para o consumo de pizzas, hamburgers e mesmo -como nos será empurrado goela abaixo- humbugs (farsas, empulhação). E pra deixar a negadinha confusa, parece que o editorial do combativo newspaper também proclama o parlamentarismo como solução, nem li. Azar.

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