19 janeiro, 2016

O Clube Mundial da Baixaria

Querido Diário:

Eu ia falar mais longamente sobre três crimes que me deixaram afônico, atônito, agônico:

.a. o assassinato do menino indígena
.b. o assassinato que vitimou o motorista de táxi
.c. o assassinato que os três motoristas de táxi perpetraram.

E ia lembrar a frase de Jorge Luis Borges, depois de ter testemunhado um crime gratuito em Sant'Anna do Livramento (era assim que ele escrevia). A história é que ele e seu parente estavam nesta cidade, tomando um café e um bêbado "meteu a mão" com um cidadão também no bar. Seu capanga (sic) meteu dois balaços no inconveniente.

Borges escreveu sobre o incidente: "A vida própria e alheia valiam tão puco que se matava por uma irritação casual e momentânea; às vezes por menos." [Página 38 do livro "A fronteira onde Borges encontra o Brasil", de Carmen Serralta.]

Mas há algo ainda mais extraordinário a chamar-me a atenção: de maneira escabrosa, é uma resposta àquilo que David Harvey chama de 'acumulação por desapossamento": mendigos e trabalhadores precários tomaram as ruas de Delhi (Índia), mas outros "empreendedores" passaram a alugar-lhes cobertores e mesmo cobrar-lhes pelo direito de deitar o corpo.

DdAB
Imagem daqui. Este seria um dos poucos gatos do bem? Fora o livro de Gladstone Mársico (aqui). Esta postagem reflete, mutatis mutandis a do Fb.

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