08 setembro, 2011

Novo Rural Brasileiro: milho e títulos

Querido Blog:
esta camionete é a rural-willis, o carro mais popular do Brasil (rural). encontrei-a ao pedir ao Google Images a expressão "novo rural", que intitula a postagem que selecionei para fazer hoje. digo "selecionei", pois -ao ler Zero Hora de 23/out/2009- encontrei um artigo de Carolina Bahia, inserido no caderno Campo & Lavoura, à p.2. Muito interessantes ela -a autora- e ele -o artigo proper. posto-o apenas dois anos depois, uma vez que o perdera, não notara e agora o achara, rá-rá-rá.

tempos atrás, li algo de autoria dela, Carolina, que inquietou-me e lhe escrevi. ela respondeu. não lembro o tema, nem é relevante campeá-lo (já que estamos na página rural, Lourdette não resistiria a esta pegada; sabemos, Lourdette Erthel é a rainha do lugar comum e, depois de ter saído da página econômica de Zero Hora, passou ao Informe Especial da p.3 e depois desapareceu, sem deixar endereço). mas interessa-me o artigo, que estou anexando abaixo, para conveniência da consulta. como aprendi recentemente, também dou o link que o originou. o artigo fala por si, essencialmente, eu resumiria, estamos falando de incerteza e como esta pode comprometer os mais diversos blim-blim-blins de todos os mundos concebíveis. não posso afirmar que, em sua resposta, haja traços de que muita estabilidade de preços reduz os incentivos à inovação.

esqueçamos o "novo rural brasileiro" e peguemos carona (epa, Lourdette is back again) na questão da incerteza. primeiro, podemos testar esta hipótese. por exemplo, sobre se há correlação positiva entre o gasto agregado em seguro agrícola ou em "futuros" e o crescimento da renda nacional. minha intuição leva-me a sugerir que, sim, menos incerteza leva a maior crescimento da renda. mas a questão é: qual o incentivo a produzir para o indivíduo que -mesmo que tenha nascido agricultor- passa a aplicar nos "futuros" e seus ganhos financeiros passam a obnubilar os ganhos alcançados com as lavouras ou as criações.

numa economia competitiva, podemos pensar que as atividades econômicas desenvolver-se-ão em todos os setores produtores de bens "regulares" e meritórios (digamos, sapatos, no primeiro caso, e educação/mérito ou maconha engarrafada/demérito, um troço assim). neste caso, não estamos fazendo diferença entre bens (sapatos, garrafinhas) e serviços (aulas, listas de exercícios, dicionários, sei lá). mas podemos passar a falar de "reais" (educação, baseados) ou "monetários" (aplicações financeiras).

ou seja, na linha de James Clifton, não parece excessivamente estranho pensarmos que toda a fazenda terá sua corretora de valores mobiliários, ao mesmo tempo em que toda corretora etc., terá suas fazendas, suas ações em fábricas de aviões, garrafas de plástico, e por aí vai.

em outras oportunidades, tenho referido ao "efeito Excel" (ainda temos produção de flores e vacas em Porto Alegre, mas a participação delas no PIB municipal é nula, em virtude da chamada matemática do ponto flutuante; ou seja, 22/7 = 3,1429..., o que é apenas uma aproximação de 'pi', 3,1416...). isto significa, tenho referido, que um dia teremos mercados para chicletes, violões, implantes dentários, aulas de química orgânica etc., mas o grosso do valor adicionado mensurado pela ótica do produto será originário dos serviços de intermediação financeira. evoco, a este respeito, a problematização feita por Kenneth Arrow e os mercados completos de que também já andei falando.

pois bem: o que é tão interessante sobre mercados futuros que pode estabilizar a vida no planeta? primeiro: a lei da gravidade leva apenas água encosta abaixo, mas a lei da oferta e procura a faz subir escarpas, até as nuvens, como é o caso da Água Perrier, que é exportada par avion. segundo: o especulador poderá ganhar ou perder dinheiro, conforme suas cautelas (hedges), o que não nos interessa nesta postagem. terceiro: mercados futuros, desmaterialização das transações.

o começo do assunto da desmaterialização encontra-se precisamente no termo: derivativo, ou seja, é uma transação financeira (monetária, como defini acima) que apenas pode ser feita porque se deriva de uma transação real. mas é claro que esta questão de vender um título de 1ton de trigo pensando em trigo não se sustenta neste mundo do Efeito Excel. com efeito, -disse James Clifton- as finanças dominarão o mundo: todo mundo será banqueiro, agricultores, bibliotecários, contadores, dentistas, e por aí vai.
DdAB


Mercado Futuro
Carolina Bahia
Plantar, colher e pagar as contas são desafios que perderam a graça para a nova geração de produtores rurais. Eles querem ainda mais do que quitar o financiamento com o Banco do Brasil (BB) e ficar de olho na novidade tecnológica que garanta aumento de produtividade. Essa gurizada que está aí, que nasceu e cresceu junto com o Campo & Lavoura, quer descobrir como equilibrar a exploração da terra com a preservação do ambiente, como bater recordes de produção, sabendo que as fronteiras agrícolas dentro do país estão se esgotando, como se descolar das decisões de Brasília. Chegou a hora de reciclar da porteira para dentro. O governo já calculou o total de áreas degradadas com a pecuária que podem ser utilizadas para produção. Tudo indica que haverá estímulo para esse novo ciclo.

Pequenos, médios ou grandes produtores também estão conscientes de que o poder público não é a única saída para o seguro da safra, de preço ou de renda. Mas pode ajudar com menos promessas e ações cirúrgicas. Atualmente, 66% da carteira do BB estão protegidos com seguro agrícola ou Proagro no Brasil. O Fundo de Catástrofe, que surge como uma maneira de estimular as seguradoras, finalmente desencantou.

No início deste mês também foi publicada uma lei que permite ao governo subvencionar o prêmio para operações no mercado de opções. Falta ainda a regulamentação. É, no entanto, um caminho para a produção do futuro. Modernas ferramentas de mercado - com real incentivo da política agrícola - ainda são incipientes, mas animam o horizonte de quem vai continuar tirando o sustento da propriedade rural.

Os jovens do campo, porém, ainda enfrentam problemas tão antigos quanto o hábito do plantio. Um deles é a questão agrária. Misturada às ações políticas, acabam trazendo insegurança para a produção empresarial e familiar. Neste caso, A solução ainda está distante, perdida entre uma ou outra CPI.

Mesmo assim, é essa geração que colherá os frutos da nova ordem econômica que surge depois da crise financeira de 2008. Quem produz alimentos se prepara para assumir um papel estratégico.

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p.s.: aos 11/out/2011, escrevo: já não lembro direito. parece que há um mês, dei uma editadinha nesta postagem que se anuncia como de 23/out/2009. fi-lo, como diz-se sabe-se lá onde, pensando precisamente em testar esta possibilidade. eu suspeitara que o novo formato que o Google oferece para seu blog não mais comete aquele erro anterior de, quando reeditamos matérias, elas aparecerem na data da postagem original. isto, claro, permitiria que um previsor como o velho Nouriel Roubini refizesse todas as bobagens que volta e meia diz e depois revisasse tudinho, ficando sempre com 100% de aproveitamente nas previsões econômicas. eu mesmo já postara e repostara várias vezes, mas sem a ambição de estar corrigindo burradas anteriores. claro que esta solução do Google ainda é imperfeita, pois -quem lê este troço aí de cima- há de pensar que eu myself li o diabo da Zero Hora de dois anos atrás apenas há poucos segundos.

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