querido blog:
que será que a sociedade igualitária tem a ver com crianças desacompanhadas? claro que um brasileiro de meu porte já vai pensando nos meninos de rua. a tragédia descortinada para a próxima geração. e muita incomodação para a geração atual, as well.
primeiro e vulgarmente, muito psicólogo desempregado poderia ganhar seu dinheirinho se os meninos de rua desajustados tivessem um patrocinador para pagar-lhes o indispensável tratamento do cérebro e da mente (e da barriga dágua, também, claro). ou seja, a atual geração poderia beneficiar-se de prover maiores cuidados aos meninos de rua. segundo e vulgarmente, os velhinhos de meu porte que não podem andar descançados pelas ruas da cidade por medo de nos tornarmos fumantes passivos de crack ou cola e por medo de sermos assaltados por um desses rapazes evadidos do estudo da tabuada, também nos beneficiariámos de tratamento mais humanitário àqueles filhos da massorte.
primeiro (de outro argumento). hoje fui almoçar (um sanduíche regado a suco de laranja sem açúcar) no Coram's Fields, postado à frente do lado da janela de meu studium. entrei no local, uma praça tomada pelo verão, dezenas de crianças menores de cinco anos de idade e suas dezenas de amáveis pais, tios, e os demais graus de parentecso, inclusive step e friends. entrei no local ao ver o portãozinho aberto gentilmeente por uma senhora que se fazia acompanhar de mais dois adultos e duas crinças, cada uma devidamente carregada em um carrinho. entrei, circulei, achei um banco vazio, alojei-me, comi, olhei em torno, comi mais, bebi, comi mais, olhei em torno, novamente, novamente. e decidi tirar umas fotos para mostrar para a posteridade sobre o que é um local público de uso público cuidado afanosamente pelos governantes.
por alguma razão, achei que seria inconveniente trocar o sanduíche e a caixinha do suco pela câmera (que estava a postos dentro de minha bolsa). senti que iria imiscuir-me em assuntos da privacidade do pessoal do bairro. senti, enfim, que não estaria agradando. parece que não iria agradar mesmo. concluído o problema decisório, concluído o almoço, busquei o serviço da casa, ou seja, o caminho da rua.
ao chegar ao portão, novo frio abateu-se sobre o que porto embaixo do cinto. vi uma placa dizendo que adultos não-acompanhados de crianças não eram benvindos naquelas dependências. não acreditei, pensando que meu inglês piorara de vez (in English, it was ready to finish...): adultos desacompanhados? não era crianças? pois não é que não é? era isto mesmo: apenas adultos amparados pela incumbência de levar as crianças é que são bem-vindos lá. amanhã, almoço acolá.
DdAB
primeira: http://www.motherofalltrips.com/2010/02/mondays-are-for-dreaming-coram%E2%80%99s-fields.html
segunda: http://golondon.about.com/od/londonwithchildren/p/coramsfield.htm
terceira: http://www.estradaanil.com/2010/05/its-green-not-grey.html
2 comentários:
Escreva alguma coisa.
..
Tania Giesta
Textos, poemas, apresentações ,nessa SEMANA DA PATRIA, nos fazem lembrar q somos brasileiros e que comemoramos 189 anos da Independência do Brasil.Com facilidade decoramos letras de musicas...recordo o tradicional Parabéns a voce, e as oraçoes Pai Nosso, Ave Maria (dessas rezas me excluo)e refleti sobre o nosso Hino Naciona,l que decoramos desde a infancia...a boca fala mas o pensamento e os sentimentos não se associam a declamação e muitas vezes são entoados de forma irreverente.Precisamos, urgentemente valorizar nossa existencia enquanto seres sociais, relacionais e cívicos e crer naquilo que recitamos.Senão corremos o risco de vivermos um discurso incoerente com a prática.
Ao dizermos "Brasil, um sonho intenso", coloquemo-nos em um olhar de perspectiva atuando como agentes em busca de um futuro melhor!
QUE A SEMANA DA PATRIA TRAGA A TODOS NÓS, UM ESPIRITO CIVICO AGREGADO A UMA PROFUNDA REFLEXÃO EM CADA GESTO E CADA PALAVRA PROFERIDA
há muitos anos, declaro-me um internacionalista. isto até já rendeu piadas: tenho duas nacionalidades (brasileira e italiana) e reclamo que ainda faltam 198, a fim de cobrir todos os países do mundo. Richard Rorty, entretanto, bem mais filosófico, achava que o patriotismo americano era um sentimento elogiabilíssimo. no Brasil, a independência é algo dificilmente conciliável com tanta desigualdade.
DdAB
Postar um comentário