querido blog:
como não evocar? vários dias em Oxford. quase pronto para voltar ao Brasil. com estes meridianos terráqueos e seus aviões, saio daqui e chego em POA na próxima sexta-feira. é bom aqui, é bom lá. tem deveres de casa, teve deveres de hotel/casa/hotel. um dia explico.
mas o grande "nearly there", ouvi aqui não sei se em 1991 ou 1992. pronunciou-o Mr. Andrew Glyn, dizendo que faltava pouco para eu acabar a tese, sob o ponto de vista do fechamento geral do modelo, dos dados, essas coisas. depois fechou mesmo! vão-se duas décadas, mais.
DdAB
imagem
27 setembro, 2011
22 setembro, 2011
Salviano, Severiana em mais um Capítulo
querido blog:
no outro dia, olhei o local em que costumava deixar minha bicicleta no pátio de meu college, St. Peter's de Oxford, assim chamado, porque haverá milhares de outros colégios de São Pedro. em Porto Alegre, há um comcorrido hospital com este nome. achei um papelzinho que dizia o seguinte. digo que dizia o seguinte porque não sei dizer bem se o texto que está acima, desde os dois pontos é meu mesmo ou se estou transcrevendo o papelzinho ou, ainda mais diabólico, se é o papelzinho que está me transcrevendo.
li e reli. não acreditei. tentei acreditar, não acreditei. ainda assim... na anamnese não deu outra: cardíaco e esquisofrênico paranóico. Salviano relutava em comparar sua conclusão clínica com as referências que recebera do analista de Severiana. sabía-se que Severiana sabia. o que não se sabia era que ela sabia muito do que Salviano não sabia. ele não sabia, por razões que ela sabia, que seus ancestrais originaram-se no Terceiro Planeta de Sol, na cidade de Jaguari, às margens de um local em que há muitos aeons correra um regato, mais que isto, correra um concorrido rio. hoje, digo, naquele tempo recente, aquele leito tomado por águas artificiais, se as fictícias peças soubessem abençoar, veríamos um casal pescando.
a pesca fora seu lazer. a escrita era sua religião. a religião era o ópio do Terceiro Planeta de Sol e as naves espaciais eram impressas em 3D.
DdAB
a imagem do St. Peter's College de Oxford em pleno inverno é da Wikipedia. aqui está frio, mas não é hibernal. ainda há folhas nas árvores bronzeadas.
no outro dia, olhei o local em que costumava deixar minha bicicleta no pátio de meu college, St. Peter's de Oxford, assim chamado, porque haverá milhares de outros colégios de São Pedro. em Porto Alegre, há um comcorrido hospital com este nome. achei um papelzinho que dizia o seguinte. digo que dizia o seguinte porque não sei dizer bem se o texto que está acima, desde os dois pontos é meu mesmo ou se estou transcrevendo o papelzinho ou, ainda mais diabólico, se é o papelzinho que está me transcrevendo.
li e reli. não acreditei. tentei acreditar, não acreditei. ainda assim... na anamnese não deu outra: cardíaco e esquisofrênico paranóico. Salviano relutava em comparar sua conclusão clínica com as referências que recebera do analista de Severiana. sabía-se que Severiana sabia. o que não se sabia era que ela sabia muito do que Salviano não sabia. ele não sabia, por razões que ela sabia, que seus ancestrais originaram-se no Terceiro Planeta de Sol, na cidade de Jaguari, às margens de um local em que há muitos aeons correra um regato, mais que isto, correra um concorrido rio. hoje, digo, naquele tempo recente, aquele leito tomado por águas artificiais, se as fictícias peças soubessem abençoar, veríamos um casal pescando.
a pesca fora seu lazer. a escrita era sua religião. a religião era o ópio do Terceiro Planeta de Sol e as naves espaciais eram impressas em 3D.
DdAB
a imagem do St. Peter's College de Oxford em pleno inverno é da Wikipedia. aqui está frio, mas não é hibernal. ainda há folhas nas árvores bronzeadas.
20 setembro, 2011
Terrorismo e Bem-Estar
querido diário:
por mais parecença com mentira que possa ter, a verdade é que a internet está mais difícil para mim do que a política brasileira alcançar algum grau de moralidade. sei que caiu mais um ministro da Dilminha, sei que o general Sarney nomeou o sucessor. sei que houve manifestações contra a corrupção e que novas ações são prometidas para 12 de outubro. ouvi até dizer que há uma palavra de ordem com voto distrital absoluto. sou a favor. sou contra a corrupção, contra a recusa em adotar-se o orçamento universal.
sei também que uma figura proeminente do Afganistão foi morta. com uma bomba escondida no turbante do assassino. assim poderíamos proibir os turbantes. e barba. e aproveitamos e já proibimos o tabaco. hoje pensei que uma experiência piloto para a legalização das drogas seria proibir o tabaco de modo absoluto e apenas disponibilizá-lo como é o que imagino que iria funcionar para as drogas: com receita médica.
terror e bem-estar? claro que é terror e mal-estar. neste lado do Equador, não há mais latas de lixo nem depósitos de bagagens nos aeroportos, estações de trem, e por aí vai. querem evitar bombas. e eu quero evitar ter que carregar malas para cantos desnecessários.
na sociedade igualitária, haverá mais funcionários encarregados de lidarem com os pacotes suspeitos, raio-X para cá, cachorro faro-fino para lá, sei lá. abrir malas, remover cobras e lagartos, mas deixar o povo vivo, fazer política pela vida e não pela morte.
DdAB
terrorismo? turbante e laranjada vêm daqui.
por mais parecença com mentira que possa ter, a verdade é que a internet está mais difícil para mim do que a política brasileira alcançar algum grau de moralidade. sei que caiu mais um ministro da Dilminha, sei que o general Sarney nomeou o sucessor. sei que houve manifestações contra a corrupção e que novas ações são prometidas para 12 de outubro. ouvi até dizer que há uma palavra de ordem com voto distrital absoluto. sou a favor. sou contra a corrupção, contra a recusa em adotar-se o orçamento universal.
sei também que uma figura proeminente do Afganistão foi morta. com uma bomba escondida no turbante do assassino. assim poderíamos proibir os turbantes. e barba. e aproveitamos e já proibimos o tabaco. hoje pensei que uma experiência piloto para a legalização das drogas seria proibir o tabaco de modo absoluto e apenas disponibilizá-lo como é o que imagino que iria funcionar para as drogas: com receita médica.
terror e bem-estar? claro que é terror e mal-estar. neste lado do Equador, não há mais latas de lixo nem depósitos de bagagens nos aeroportos, estações de trem, e por aí vai. querem evitar bombas. e eu quero evitar ter que carregar malas para cantos desnecessários.
na sociedade igualitária, haverá mais funcionários encarregados de lidarem com os pacotes suspeitos, raio-X para cá, cachorro faro-fino para lá, sei lá. abrir malas, remover cobras e lagartos, mas deixar o povo vivo, fazer política pela vida e não pela morte.
DdAB
terrorismo? turbante e laranjada vêm daqui.
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Economia Política
17 setembro, 2011
Terceiro Mundo: Oxford
querido blog:
já referi há tempos que havia, naquele tempo, um certo orgulho de meia dúzia de colleges de Oxford: qual é o mais pobre da Universidade. lá o meu, o St. Peter's College buscava afanosamente este título. não que eu tenha notado algo peremptoriamente mais pobre do que a meia-dúzia de colegas ricos e pobres que frequentei, mas que se dizia, lá, dizia. ainda assim, naquele tempo, vi o orgulho que a negadinha ostentava ao falar de uma nova escadaria que fora criada poucos anos antes de minha chegada. e também, em meu tempo, fizeram a "reforma do lodge", ou seja, da portaria. ficou bonitinha, mas nada que confrontasse, digamos, a porta da catedral de Notre Dame, se mal comparo.
pois agora, de volta ao bairro Summertown, estou há vários dias sem internet. ou melhor, neste momento a tenho e faço esta postagem terminada abruptamen
DdAB
imagem (miracolo): aqui.
já referi há tempos que havia, naquele tempo, um certo orgulho de meia dúzia de colleges de Oxford: qual é o mais pobre da Universidade. lá o meu, o St. Peter's College buscava afanosamente este título. não que eu tenha notado algo peremptoriamente mais pobre do que a meia-dúzia de colegas ricos e pobres que frequentei, mas que se dizia, lá, dizia. ainda assim, naquele tempo, vi o orgulho que a negadinha ostentava ao falar de uma nova escadaria que fora criada poucos anos antes de minha chegada. e também, em meu tempo, fizeram a "reforma do lodge", ou seja, da portaria. ficou bonitinha, mas nada que confrontasse, digamos, a porta da catedral de Notre Dame, se mal comparo.
pois agora, de volta ao bairro Summertown, estou há vários dias sem internet. ou melhor, neste momento a tenho e faço esta postagem terminada abruptamen
DdAB
imagem (miracolo): aqui.
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Escritos,
Vida Pessoal
11 setembro, 2011
Preconceito Linguístico (em inglês)
querido blog:
minha sorte, sob meu ponto de vista, é que meu inglês pode despertar tanto preconceito linguístico que eu nem noto. eu sou da língua do "I-me-mine", claro. mas parece que já falei quando discuti o preconceito linguístico brasileiro. pois hoje quero referir outro caso. e agora quem expressou preconceito fui eu mesmo. dias atrás, ouvi dizer que um garçom brasileiro que por aqui labuta e que tem uma pronúncia muito maneira, pois tem ouvidos musicais, ficou muito surpreso ao saber como se escreve "sure", pois sempre disse: "shuuuuuouuuu", e jamais imaginou que este som requeresse um "l" em certa altura.
ingaguei-lhe se ele queria evitar o preconceito linguístico em seu país nativo, aprendendo português e ele indagou se eu queria outro chopp. baixamos mais dois.
DdAB
imagem: abcz.
minha sorte, sob meu ponto de vista, é que meu inglês pode despertar tanto preconceito linguístico que eu nem noto. eu sou da língua do "I-me-mine", claro. mas parece que já falei quando discuti o preconceito linguístico brasileiro. pois hoje quero referir outro caso. e agora quem expressou preconceito fui eu mesmo. dias atrás, ouvi dizer que um garçom brasileiro que por aqui labuta e que tem uma pronúncia muito maneira, pois tem ouvidos musicais, ficou muito surpreso ao saber como se escreve "sure", pois sempre disse: "shuuuuuouuuu", e jamais imaginou que este som requeresse um "l" em certa altura.
ingaguei-lhe se ele queria evitar o preconceito linguístico em seu país nativo, aprendendo português e ele indagou se eu queria outro chopp. baixamos mais dois.
DdAB
imagem: abcz.
10 setembro, 2011
Reforma da Previdência
querido diário:
no dia 08/set/2011, como de hábito, fui buscar as novidades no blog de Leonardo Monastério (aqui). ele estava indicando matérias sobre a reforma da previdência no Brasil, uma festiva exposição e materiais compilados por Fábio Giambiaggi. fiz-lhe um comentário que, mutatis mutandis, coloco por aqui.
lá vai ele. acho que a moral daquela história do Giambiaggi é puramente reacionária: ele diz -literalmente- que o futuro nos condena. nada a ver com buraco da camada de ozônio, avanço de novos meteoritos, invasão marciana. parece piada, a condenação emerge do fatode que as novas gerações têm vivido significativamente mais do que as mais antigas.
o que faltou naquela aula moralista sobre a persistência do desejo de viver dos velhos é comparar os ganhos de produtividade das economias global e locais nesses períodos. não é à toa que o PIB per capita mundial é muito maior do que em 1970!
um ponto de vista progressista sobre o tema terá que lidar com algumas questões que tangencio agora.
primeiro: não podemos pensar no problema apenas sob o ponto de vista da sociedade brasileira. está chegando a hora de uma mudança de conduta em todo o planeta. os pobres e desvalidos já estão em boa hora de serem amparados pelos ricos e superavaliados. mais preocupante até do que o trabalhador rural brasileiro é a possibilidade que o século XXI oferece de melhorar a perspectiva de existência de um etíope e outro paquistanês. se é que queremos mesmo paz e não apenas "viabilidade econôica".
segundo: no caso do Brasil, não podemos esquecer a mudança malvada feita pelo governo FHC e mantida nos governos Lula e Dilma: os velhos ganharam a possibilidade de morrer aos 74 anos, isto é, um ano antes da aposentadoria. uma crueldade. 75 anos? com a atual expectativa de vida? parecia brincadeira e agora tomou foros de seriedade. haverá ainda no século XXI algum governo decente que retorne esta mudança até a patamares inferiores ao da infeliz e oportunista mudança.
terceiro: é preciso calcular a fração do excedente do produtor que fica por conta das economias de escala. estas, obviamente, dependem do número de consumidores. então era preciso calcular quanto é mesmo que o sistema sai ganhando com a redução do custo médio devida ao fato de que as "fábricas" são muito maiores do que há 200 ou 30 anos precisamente em resposta ao aproveitamento das economias de escala. é claro que eu jamais esperaria que a turma do jaez ideológico de Fábio Giambiaggi pensasse nisto. o problema de caixa não pode ser resolvido com a contabilidade de dupla entrada. ou melhor, a solução contábil é a menos criativa de todas. tá na cada que o Tesouro Nacional pode pagar o que bem entender, como hoje o faz em termos do enriquecimento dos políticos e de toda uma corte de sinecuristas, além, claro das astronômicas despesas pessoais dos upper 1%.
terceiro: o que precisa ser feito não é incentivar os velhos a morrerem mais cedo, mas mudar as regras da distribuição entre ativos e suas crianças e seus velhos. os meninos de rua e os velhos de fila do INSS, por exemplo. o financiamento parece óbvio: imposto de renda da pessoa física. poderíamos começar a discutir uma tabela diferente daquela que herdamos do general Sarney, um retrocesso inclusive quanto às medidas progressistas-progressivas adotadas pelos governos militares.
quarto: eu não duvido que haja evidência de que a produtividade do trabalho dos velhos de 74 anos (mantidos no mercado de trabalho por FHC) seja espantosamente menor do que a de homens e mulheres maduros, digamos de 35 anos. a questão seria avaliar a "perda" de eficiência e se não seria o caso de uns subornarem os outros para ou morrerem ou se aposentarem.
quinto: quero aduzir uma interpretação. quando essa turma cujo dinheiro foi roubado em milhares de fraudes em diferentes esferas governamentais, digamos, um guri de 15 anos que trabalhou até os 50, não imaginaríamos que ele iria viver 100 anos. se ele nasceu em 1950, por exemplo, sua aposentadoria iniciou em 2000 (ou por aí), antes da famigerada mudança de FHC, o malvadeza durão, o carrasco dos velhinhos. então, se o guri de que falamos tem agora 60 anos, podemos esperar que ele ainda terá uma sobrevida de mais 40 ou 50. claro que não há plano de previdência pública, privada, ou o que seja, que poderia pagar esta sobrevida. quem a paga, obviamente, é a sociedade que produz cada vez mais.
sexto e finalmente: volto a citar o primeiro teorema do PIB: o PIB responde por 100% do PIB, ou seja, tudo é uma questão de distribuição. se o excedente social é crescente, não há razão para imaginar que ele não possa atender a novas regras distributivas só porque os economistas da classe dominante acham que o juro composto deve servir para zurzir o proletariado e não para libertar a humanidade. pode zurzir? só no fim da picada, ou do dicionário, sei lá.
DdAB
no dia 08/set/2011, como de hábito, fui buscar as novidades no blog de Leonardo Monastério (aqui). ele estava indicando matérias sobre a reforma da previdência no Brasil, uma festiva exposição e materiais compilados por Fábio Giambiaggi. fiz-lhe um comentário que, mutatis mutandis, coloco por aqui.
lá vai ele. acho que a moral daquela história do Giambiaggi é puramente reacionária: ele diz -literalmente- que o futuro nos condena. nada a ver com buraco da camada de ozônio, avanço de novos meteoritos, invasão marciana. parece piada, a condenação emerge do fatode que as novas gerações têm vivido significativamente mais do que as mais antigas.
o que faltou naquela aula moralista sobre a persistência do desejo de viver dos velhos é comparar os ganhos de produtividade das economias global e locais nesses períodos. não é à toa que o PIB per capita mundial é muito maior do que em 1970!
um ponto de vista progressista sobre o tema terá que lidar com algumas questões que tangencio agora.
primeiro: não podemos pensar no problema apenas sob o ponto de vista da sociedade brasileira. está chegando a hora de uma mudança de conduta em todo o planeta. os pobres e desvalidos já estão em boa hora de serem amparados pelos ricos e superavaliados. mais preocupante até do que o trabalhador rural brasileiro é a possibilidade que o século XXI oferece de melhorar a perspectiva de existência de um etíope e outro paquistanês. se é que queremos mesmo paz e não apenas "viabilidade econôica".
segundo: no caso do Brasil, não podemos esquecer a mudança malvada feita pelo governo FHC e mantida nos governos Lula e Dilma: os velhos ganharam a possibilidade de morrer aos 74 anos, isto é, um ano antes da aposentadoria. uma crueldade. 75 anos? com a atual expectativa de vida? parecia brincadeira e agora tomou foros de seriedade. haverá ainda no século XXI algum governo decente que retorne esta mudança até a patamares inferiores ao da infeliz e oportunista mudança.
terceiro: é preciso calcular a fração do excedente do produtor que fica por conta das economias de escala. estas, obviamente, dependem do número de consumidores. então era preciso calcular quanto é mesmo que o sistema sai ganhando com a redução do custo médio devida ao fato de que as "fábricas" são muito maiores do que há 200 ou 30 anos precisamente em resposta ao aproveitamento das economias de escala. é claro que eu jamais esperaria que a turma do jaez ideológico de Fábio Giambiaggi pensasse nisto. o problema de caixa não pode ser resolvido com a contabilidade de dupla entrada. ou melhor, a solução contábil é a menos criativa de todas. tá na cada que o Tesouro Nacional pode pagar o que bem entender, como hoje o faz em termos do enriquecimento dos políticos e de toda uma corte de sinecuristas, além, claro das astronômicas despesas pessoais dos upper 1%.
terceiro: o que precisa ser feito não é incentivar os velhos a morrerem mais cedo, mas mudar as regras da distribuição entre ativos e suas crianças e seus velhos. os meninos de rua e os velhos de fila do INSS, por exemplo. o financiamento parece óbvio: imposto de renda da pessoa física. poderíamos começar a discutir uma tabela diferente daquela que herdamos do general Sarney, um retrocesso inclusive quanto às medidas progressistas-progressivas adotadas pelos governos militares.
quarto: eu não duvido que haja evidência de que a produtividade do trabalho dos velhos de 74 anos (mantidos no mercado de trabalho por FHC) seja espantosamente menor do que a de homens e mulheres maduros, digamos de 35 anos. a questão seria avaliar a "perda" de eficiência e se não seria o caso de uns subornarem os outros para ou morrerem ou se aposentarem.
quinto: quero aduzir uma interpretação. quando essa turma cujo dinheiro foi roubado em milhares de fraudes em diferentes esferas governamentais, digamos, um guri de 15 anos que trabalhou até os 50, não imaginaríamos que ele iria viver 100 anos. se ele nasceu em 1950, por exemplo, sua aposentadoria iniciou em 2000 (ou por aí), antes da famigerada mudança de FHC, o malvadeza durão, o carrasco dos velhinhos. então, se o guri de que falamos tem agora 60 anos, podemos esperar que ele ainda terá uma sobrevida de mais 40 ou 50. claro que não há plano de previdência pública, privada, ou o que seja, que poderia pagar esta sobrevida. quem a paga, obviamente, é a sociedade que produz cada vez mais.
sexto e finalmente: volto a citar o primeiro teorema do PIB: o PIB responde por 100% do PIB, ou seja, tudo é uma questão de distribuição. se o excedente social é crescente, não há razão para imaginar que ele não possa atender a novas regras distributivas só porque os economistas da classe dominante acham que o juro composto deve servir para zurzir o proletariado e não para libertar a humanidade. pode zurzir? só no fim da picada, ou do dicionário, sei lá.
DdAB
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Economia Política
08 setembro, 2011
Novo Rural Brasileiro: milho e títulos
Querido Blog:
esta camionete é a rural-willis, o carro mais popular do Brasil (rural). encontrei-a ao pedir ao Google Images a expressão "novo rural", que intitula a postagem que selecionei para fazer hoje. digo "selecionei", pois -ao ler Zero Hora de 23/out/2009- encontrei um artigo de Carolina Bahia, inserido no caderno Campo & Lavoura, à p.2. Muito interessantes ela -a autora- e ele -o artigo proper. posto-o apenas dois anos depois, uma vez que o perdera, não notara e agora o achara, rá-rá-rá.
tempos atrás, li algo de autoria dela, Carolina, que inquietou-me e lhe escrevi. ela respondeu. não lembro o tema, nem é relevante campeá-lo (já que estamos na página rural, Lourdette não resistiria a esta pegada; sabemos, Lourdette Erthel é a rainha do lugar comum e, depois de ter saído da página econômica de Zero Hora, passou ao Informe Especial da p.3 e depois desapareceu, sem deixar endereço). mas interessa-me o artigo, que estou anexando abaixo, para conveniência da consulta. como aprendi recentemente, também dou o link que o originou. o artigo fala por si, essencialmente, eu resumiria, estamos falando de incerteza e como esta pode comprometer os mais diversos blim-blim-blins de todos os mundos concebíveis. não posso afirmar que, em sua resposta, haja traços de que muita estabilidade de preços reduz os incentivos à inovação.
esqueçamos o "novo rural brasileiro" e peguemos carona (epa, Lourdette is back again) na questão da incerteza. primeiro, podemos testar esta hipótese. por exemplo, sobre se há correlação positiva entre o gasto agregado em seguro agrícola ou em "futuros" e o crescimento da renda nacional. minha intuição leva-me a sugerir que, sim, menos incerteza leva a maior crescimento da renda. mas a questão é: qual o incentivo a produzir para o indivíduo que -mesmo que tenha nascido agricultor- passa a aplicar nos "futuros" e seus ganhos financeiros passam a obnubilar os ganhos alcançados com as lavouras ou as criações.
numa economia competitiva, podemos pensar que as atividades econômicas desenvolver-se-ão em todos os setores produtores de bens "regulares" e meritórios (digamos, sapatos, no primeiro caso, e educação/mérito ou maconha engarrafada/demérito, um troço assim). neste caso, não estamos fazendo diferença entre bens (sapatos, garrafinhas) e serviços (aulas, listas de exercícios, dicionários, sei lá). mas podemos passar a falar de "reais" (educação, baseados) ou "monetários" (aplicações financeiras).
ou seja, na linha de James Clifton, não parece excessivamente estranho pensarmos que toda a fazenda terá sua corretora de valores mobiliários, ao mesmo tempo em que toda corretora etc., terá suas fazendas, suas ações em fábricas de aviões, garrafas de plástico, e por aí vai.
em outras oportunidades, tenho referido ao "efeito Excel" (ainda temos produção de flores e vacas em Porto Alegre, mas a participação delas no PIB municipal é nula, em virtude da chamada matemática do ponto flutuante; ou seja, 22/7 = 3,1429..., o que é apenas uma aproximação de 'pi', 3,1416...). isto significa, tenho referido, que um dia teremos mercados para chicletes, violões, implantes dentários, aulas de química orgânica etc., mas o grosso do valor adicionado mensurado pela ótica do produto será originário dos serviços de intermediação financeira. evoco, a este respeito, a problematização feita por Kenneth Arrow e os mercados completos de que também já andei falando.
pois bem: o que é tão interessante sobre mercados futuros que pode estabilizar a vida no planeta? primeiro: a lei da gravidade leva apenas água encosta abaixo, mas a lei da oferta e procura a faz subir escarpas, até as nuvens, como é o caso da Água Perrier, que é exportada par avion. segundo: o especulador poderá ganhar ou perder dinheiro, conforme suas cautelas (hedges), o que não nos interessa nesta postagem. terceiro: mercados futuros, desmaterialização das transações.
o começo do assunto da desmaterialização encontra-se precisamente no termo: derivativo, ou seja, é uma transação financeira (monetária, como defini acima) que apenas pode ser feita porque se deriva de uma transação real. mas é claro que esta questão de vender um título de 1ton de trigo pensando em trigo não se sustenta neste mundo do Efeito Excel. com efeito, -disse James Clifton- as finanças dominarão o mundo: todo mundo será banqueiro, agricultores, bibliotecários, contadores, dentistas, e por aí vai.
DdAB
Mercado Futuro
Carolina Bahia
Plantar, colher e pagar as contas são desafios que perderam a graça para a nova geração de produtores rurais. Eles querem ainda mais do que quitar o financiamento com o Banco do Brasil (BB) e ficar de olho na novidade tecnológica que garanta aumento de produtividade. Essa gurizada que está aí, que nasceu e cresceu junto com o Campo & Lavoura, quer descobrir como equilibrar a exploração da terra com a preservação do ambiente, como bater recordes de produção, sabendo que as fronteiras agrícolas dentro do país estão se esgotando, como se descolar das decisões de Brasília. Chegou a hora de reciclar da porteira para dentro. O governo já calculou o total de áreas degradadas com a pecuária que podem ser utilizadas para produção. Tudo indica que haverá estímulo para esse novo ciclo.
Pequenos, médios ou grandes produtores também estão conscientes de que o poder público não é a única saída para o seguro da safra, de preço ou de renda. Mas pode ajudar com menos promessas e ações cirúrgicas. Atualmente, 66% da carteira do BB estão protegidos com seguro agrícola ou Proagro no Brasil. O Fundo de Catástrofe, que surge como uma maneira de estimular as seguradoras, finalmente desencantou.
No início deste mês também foi publicada uma lei que permite ao governo subvencionar o prêmio para operações no mercado de opções. Falta ainda a regulamentação. É, no entanto, um caminho para a produção do futuro. Modernas ferramentas de mercado - com real incentivo da política agrícola - ainda são incipientes, mas animam o horizonte de quem vai continuar tirando o sustento da propriedade rural.
Os jovens do campo, porém, ainda enfrentam problemas tão antigos quanto o hábito do plantio. Um deles é a questão agrária. Misturada às ações políticas, acabam trazendo insegurança para a produção empresarial e familiar. Neste caso, A solução ainda está distante, perdida entre uma ou outra CPI.
Mesmo assim, é essa geração que colherá os frutos da nova ordem econômica que surge depois da crise financeira de 2008. Quem produz alimentos se prepara para assumir um papel estratégico.
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p.s.: aos 11/out/2011, escrevo: já não lembro direito. parece que há um mês, dei uma editadinha nesta postagem que se anuncia como de 23/out/2009. fi-lo, como diz-se sabe-se lá onde, pensando precisamente em testar esta possibilidade. eu suspeitara que o novo formato que o Google oferece para seu blog não mais comete aquele erro anterior de, quando reeditamos matérias, elas aparecerem na data da postagem original. isto, claro, permitiria que um previsor como o velho Nouriel Roubini refizesse todas as bobagens que volta e meia diz e depois revisasse tudinho, ficando sempre com 100% de aproveitamente nas previsões econômicas. eu mesmo já postara e repostara várias vezes, mas sem a ambição de estar corrigindo burradas anteriores. claro que esta solução do Google ainda é imperfeita, pois -quem lê este troço aí de cima- há de pensar que eu myself li o diabo da Zero Hora de dois anos atrás apenas há poucos segundos.
esta camionete é a rural-willis, o carro mais popular do Brasil (rural). encontrei-a ao pedir ao Google Images a expressão "novo rural", que intitula a postagem que selecionei para fazer hoje. digo "selecionei", pois -ao ler Zero Hora de 23/out/2009- encontrei um artigo de Carolina Bahia, inserido no caderno Campo & Lavoura, à p.2. Muito interessantes ela -a autora- e ele -o artigo proper. posto-o apenas dois anos depois, uma vez que o perdera, não notara e agora o achara, rá-rá-rá.
tempos atrás, li algo de autoria dela, Carolina, que inquietou-me e lhe escrevi. ela respondeu. não lembro o tema, nem é relevante campeá-lo (já que estamos na página rural, Lourdette não resistiria a esta pegada; sabemos, Lourdette Erthel é a rainha do lugar comum e, depois de ter saído da página econômica de Zero Hora, passou ao Informe Especial da p.3 e depois desapareceu, sem deixar endereço). mas interessa-me o artigo, que estou anexando abaixo, para conveniência da consulta. como aprendi recentemente, também dou o link que o originou. o artigo fala por si, essencialmente, eu resumiria, estamos falando de incerteza e como esta pode comprometer os mais diversos blim-blim-blins de todos os mundos concebíveis. não posso afirmar que, em sua resposta, haja traços de que muita estabilidade de preços reduz os incentivos à inovação.
esqueçamos o "novo rural brasileiro" e peguemos carona (epa, Lourdette is back again) na questão da incerteza. primeiro, podemos testar esta hipótese. por exemplo, sobre se há correlação positiva entre o gasto agregado em seguro agrícola ou em "futuros" e o crescimento da renda nacional. minha intuição leva-me a sugerir que, sim, menos incerteza leva a maior crescimento da renda. mas a questão é: qual o incentivo a produzir para o indivíduo que -mesmo que tenha nascido agricultor- passa a aplicar nos "futuros" e seus ganhos financeiros passam a obnubilar os ganhos alcançados com as lavouras ou as criações.
numa economia competitiva, podemos pensar que as atividades econômicas desenvolver-se-ão em todos os setores produtores de bens "regulares" e meritórios (digamos, sapatos, no primeiro caso, e educação/mérito ou maconha engarrafada/demérito, um troço assim). neste caso, não estamos fazendo diferença entre bens (sapatos, garrafinhas) e serviços (aulas, listas de exercícios, dicionários, sei lá). mas podemos passar a falar de "reais" (educação, baseados) ou "monetários" (aplicações financeiras).
ou seja, na linha de James Clifton, não parece excessivamente estranho pensarmos que toda a fazenda terá sua corretora de valores mobiliários, ao mesmo tempo em que toda corretora etc., terá suas fazendas, suas ações em fábricas de aviões, garrafas de plástico, e por aí vai.
em outras oportunidades, tenho referido ao "efeito Excel" (ainda temos produção de flores e vacas em Porto Alegre, mas a participação delas no PIB municipal é nula, em virtude da chamada matemática do ponto flutuante; ou seja, 22/7 = 3,1429..., o que é apenas uma aproximação de 'pi', 3,1416...). isto significa, tenho referido, que um dia teremos mercados para chicletes, violões, implantes dentários, aulas de química orgânica etc., mas o grosso do valor adicionado mensurado pela ótica do produto será originário dos serviços de intermediação financeira. evoco, a este respeito, a problematização feita por Kenneth Arrow e os mercados completos de que também já andei falando.
pois bem: o que é tão interessante sobre mercados futuros que pode estabilizar a vida no planeta? primeiro: a lei da gravidade leva apenas água encosta abaixo, mas a lei da oferta e procura a faz subir escarpas, até as nuvens, como é o caso da Água Perrier, que é exportada par avion. segundo: o especulador poderá ganhar ou perder dinheiro, conforme suas cautelas (hedges), o que não nos interessa nesta postagem. terceiro: mercados futuros, desmaterialização das transações.
o começo do assunto da desmaterialização encontra-se precisamente no termo: derivativo, ou seja, é uma transação financeira (monetária, como defini acima) que apenas pode ser feita porque se deriva de uma transação real. mas é claro que esta questão de vender um título de 1ton de trigo pensando em trigo não se sustenta neste mundo do Efeito Excel. com efeito, -disse James Clifton- as finanças dominarão o mundo: todo mundo será banqueiro, agricultores, bibliotecários, contadores, dentistas, e por aí vai.
DdAB
Mercado Futuro
Carolina Bahia
Plantar, colher e pagar as contas são desafios que perderam a graça para a nova geração de produtores rurais. Eles querem ainda mais do que quitar o financiamento com o Banco do Brasil (BB) e ficar de olho na novidade tecnológica que garanta aumento de produtividade. Essa gurizada que está aí, que nasceu e cresceu junto com o Campo & Lavoura, quer descobrir como equilibrar a exploração da terra com a preservação do ambiente, como bater recordes de produção, sabendo que as fronteiras agrícolas dentro do país estão se esgotando, como se descolar das decisões de Brasília. Chegou a hora de reciclar da porteira para dentro. O governo já calculou o total de áreas degradadas com a pecuária que podem ser utilizadas para produção. Tudo indica que haverá estímulo para esse novo ciclo.
Pequenos, médios ou grandes produtores também estão conscientes de que o poder público não é a única saída para o seguro da safra, de preço ou de renda. Mas pode ajudar com menos promessas e ações cirúrgicas. Atualmente, 66% da carteira do BB estão protegidos com seguro agrícola ou Proagro no Brasil. O Fundo de Catástrofe, que surge como uma maneira de estimular as seguradoras, finalmente desencantou.
No início deste mês também foi publicada uma lei que permite ao governo subvencionar o prêmio para operações no mercado de opções. Falta ainda a regulamentação. É, no entanto, um caminho para a produção do futuro. Modernas ferramentas de mercado - com real incentivo da política agrícola - ainda são incipientes, mas animam o horizonte de quem vai continuar tirando o sustento da propriedade rural.
Os jovens do campo, porém, ainda enfrentam problemas tão antigos quanto o hábito do plantio. Um deles é a questão agrária. Misturada às ações políticas, acabam trazendo insegurança para a produção empresarial e familiar. Neste caso, A solução ainda está distante, perdida entre uma ou outra CPI.
Mesmo assim, é essa geração que colherá os frutos da nova ordem econômica que surge depois da crise financeira de 2008. Quem produz alimentos se prepara para assumir um papel estratégico.
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p.s.: aos 11/out/2011, escrevo: já não lembro direito. parece que há um mês, dei uma editadinha nesta postagem que se anuncia como de 23/out/2009. fi-lo, como diz-se sabe-se lá onde, pensando precisamente em testar esta possibilidade. eu suspeitara que o novo formato que o Google oferece para seu blog não mais comete aquele erro anterior de, quando reeditamos matérias, elas aparecerem na data da postagem original. isto, claro, permitiria que um previsor como o velho Nouriel Roubini refizesse todas as bobagens que volta e meia diz e depois revisasse tudinho, ficando sempre com 100% de aproveitamente nas previsões econômicas. eu mesmo já postara e repostara várias vezes, mas sem a ambição de estar corrigindo burradas anteriores. claro que esta solução do Google ainda é imperfeita, pois -quem lê este troço aí de cima- há de pensar que eu myself li o diabo da Zero Hora de dois anos atrás apenas há poucos segundos.
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Economia Política
07 setembro, 2011
Desperdício: toneladas de sementes
querido blog:
tem semente que não dá cria. em geral, as frutas modernas, por exemplo, sofreram tanta mudança que é rara a possibilidade de pegarmos uma laranja, retirarmos-lhe a semente, enfiarmo-la na terra e vermos brotos surgirem-no mundo... e tem semente que, em não dando cria, é supérflua dentro da fruta. ou seja, as frutas se dividem em dois tipos: as de comer e as de outros fins. as de comer não precisariam de sementes, pois não comemos sementes de laranja, uva, melancia, abacate, e por aí vai.
ocorre que a seleção genética permitiu vermos bergas e laranjas sem sementes, especialmente as frutas disponíveis aqui pelo hemistério norte. mas ontem, distraidamente, dedicava-me a devorar uma laranja e, all of a sudden, passei o dente numa semente. ou melhor, havia uma semente ineficiente (pois não daria em nada se fosse plantada). também há uma vintena de anos, passo dente em grãos de uva e vejo (taste) sementes em algumas e sua ausência (non-taste) em outras.
sempre que encontro uma bergamota montenegrina fazendo-se acompanhar de mais de 200 ou 300 sementes, fico pensando no que seria da civilização brasileira se os custos de sua produção (multiplicado pelo número de bergas colhidas) economizassem em transporte, volume de armazenamento, e tudo o mais, quilos e mais quilos de polpa da fruta, ao invés da desagradável (ao tato e à integridade dental) sementes. custos de reciclagem de dejetos do lixo urbano. uma perdição. até quando? vamos lançar a campanha: pela hibridização das frutas com semente, transformando-as em palatáveis. neste sete de setembro, já vou dizendo: acho que não vai pegar.
DdAB
p.s.: imagem daqui. veja o blog. coma a geléia, evite a semente. fique para semente. festeje a pátria. critique os políticos: use o mote: "abrace a política: sufoque o político". também acho que não vai pegar. que tal o seguine: "pegue a política: apague um político"?
tem semente que não dá cria. em geral, as frutas modernas, por exemplo, sofreram tanta mudança que é rara a possibilidade de pegarmos uma laranja, retirarmos-lhe a semente, enfiarmo-la na terra e vermos brotos surgirem-no mundo... e tem semente que, em não dando cria, é supérflua dentro da fruta. ou seja, as frutas se dividem em dois tipos: as de comer e as de outros fins. as de comer não precisariam de sementes, pois não comemos sementes de laranja, uva, melancia, abacate, e por aí vai.
ocorre que a seleção genética permitiu vermos bergas e laranjas sem sementes, especialmente as frutas disponíveis aqui pelo hemistério norte. mas ontem, distraidamente, dedicava-me a devorar uma laranja e, all of a sudden, passei o dente numa semente. ou melhor, havia uma semente ineficiente (pois não daria em nada se fosse plantada). também há uma vintena de anos, passo dente em grãos de uva e vejo (taste) sementes em algumas e sua ausência (non-taste) em outras.
sempre que encontro uma bergamota montenegrina fazendo-se acompanhar de mais de 200 ou 300 sementes, fico pensando no que seria da civilização brasileira se os custos de sua produção (multiplicado pelo número de bergas colhidas) economizassem em transporte, volume de armazenamento, e tudo o mais, quilos e mais quilos de polpa da fruta, ao invés da desagradável (ao tato e à integridade dental) sementes. custos de reciclagem de dejetos do lixo urbano. uma perdição. até quando? vamos lançar a campanha: pela hibridização das frutas com semente, transformando-as em palatáveis. neste sete de setembro, já vou dizendo: acho que não vai pegar.
DdAB
p.s.: imagem daqui. veja o blog. coma a geléia, evite a semente. fique para semente. festeje a pátria. critique os políticos: use o mote: "abrace a política: sufoque o político". também acho que não vai pegar. que tal o seguine: "pegue a política: apague um político"?
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Economia Política,
Escritos
06 setembro, 2011
Pressões Econômicas
querido blog:
tempos atrás, eu morava aqui mesmo, ou melhor, ali mesmo, em Oxford e, por razões patrióticas, ou o que seja, decidi visitar o Brazil. em Oxford, um dia, peguei uma constituição da república, a primeira, a promulgada imediatamente após a primeira constituinte, e vi o nome do negócio: Estados Unidos do Brazil. já postei a respeito? Getúlio Vargas mudou para Estados Unidos do Brasil, os primeiros humoristas críticos da ditadura militar de 1964 falaram em Brasil dos Estados Unidos e a milicada mudou o troço para República Federativa do Brasil.
pois bem, voltando do Brasil a este reino, anunciei suavemente não ter entendido nada do negócio durante umas boas duas ou três semanas. então Alexandre Barros disse que isto não surpreenderia, uma vez que qualquer um que passa um mês ausente do Brasil deixará de testemunhar tanta mudança que, ao chegar à pátria gentil, voltará ao estado de absoluta ignorância.
hoje filosofo sobre isto, pois fiquei pensando em quais seriam as pressões econômicas que levaram o governo a reduzir a taxa de juros. no outro dia, vi alguém dizendo que juros altos racionam os bens de capital. portanto juros altos levam à adoção de processos intensivos em trabalho. hoje ocorreu-me esta questão, ao ver o permanente entusiasmo daqueles que endeusam a redução dos juros como sendo a panaceia e a higieia e mais algumas deusas celtas das mazelas nacionais. eu sempre disse que juro é preço como qualquer preço: pressão econômica no máximo, como a da imagem à direita, é fogo!
DdAB
não sei se entendi mal, mas esta imagem terá algo a ver com o "return on investiment" de que falamos o governo, eu e milhares de outros que comentaram os juros?
tempos atrás, eu morava aqui mesmo, ou melhor, ali mesmo, em Oxford e, por razões patrióticas, ou o que seja, decidi visitar o Brazil. em Oxford, um dia, peguei uma constituição da república, a primeira, a promulgada imediatamente após a primeira constituinte, e vi o nome do negócio: Estados Unidos do Brazil. já postei a respeito? Getúlio Vargas mudou para Estados Unidos do Brasil, os primeiros humoristas críticos da ditadura militar de 1964 falaram em Brasil dos Estados Unidos e a milicada mudou o troço para República Federativa do Brasil.
pois bem, voltando do Brasil a este reino, anunciei suavemente não ter entendido nada do negócio durante umas boas duas ou três semanas. então Alexandre Barros disse que isto não surpreenderia, uma vez que qualquer um que passa um mês ausente do Brasil deixará de testemunhar tanta mudança que, ao chegar à pátria gentil, voltará ao estado de absoluta ignorância.
hoje filosofo sobre isto, pois fiquei pensando em quais seriam as pressões econômicas que levaram o governo a reduzir a taxa de juros. no outro dia, vi alguém dizendo que juros altos racionam os bens de capital. portanto juros altos levam à adoção de processos intensivos em trabalho. hoje ocorreu-me esta questão, ao ver o permanente entusiasmo daqueles que endeusam a redução dos juros como sendo a panaceia e a higieia e mais algumas deusas celtas das mazelas nacionais. eu sempre disse que juro é preço como qualquer preço: pressão econômica no máximo, como a da imagem à direita, é fogo!
DdAB
não sei se entendi mal, mas esta imagem terá algo a ver com o "return on investiment" de que falamos o governo, eu e milhares de outros que comentaram os juros?
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Economia Política
05 setembro, 2011
Priscila, a Independência e os Gaúchos
querido blog:
a vida é dura para quem passará o sete de setembro em Londres. não fui convidado a comparecer à recepção que tradicionalmente acompanha as embaixadas brasileiras no exterior. e lembro do show de Vinicius de Morais e Dorival Caymmi na boate Zum-zum, do Rio de Janeiro, não que o tenha visto, mas tivemos o disco bolachão e agora tenho-lhe o CD. ele, Vinicius, conta que passou um sete de setembro no porto do Havre, se bem lembro. o gran monde das recepções de embaixadas terá que ficar para nova leitura que ainda farei de "O Senhor Embaixador", de Érico Veríssimo.
pois bem. neste sete de setembro, irei ao teatro. ver Billy Elliot, se bem lembro o que já vi em filme, era um garoto escocês que queria e se tornou bailarino. vejamos se o garoto cresceu nesses anos todos. parece-me que vale o caso de alunos: estes não envelhecem... e no 20 de setembro, dia dos gaúchos? pois nesse dia, o musical "Priscila, a Rainha do Deserto" está na agenda. também vi o filme. e achei impagável a interpretação de Terence Stamp. vejamos agora, no teatro, quem faz o quê.
DdAB
imagem aqui. para mim, aquele negócio ali não é australiano nenhum e sim de algum daqueles satélites que nossos pósteros encararão em satélites destes bilhões de mundo que, in due time, ocuparão.
a vida é dura para quem passará o sete de setembro em Londres. não fui convidado a comparecer à recepção que tradicionalmente acompanha as embaixadas brasileiras no exterior. e lembro do show de Vinicius de Morais e Dorival Caymmi na boate Zum-zum, do Rio de Janeiro, não que o tenha visto, mas tivemos o disco bolachão e agora tenho-lhe o CD. ele, Vinicius, conta que passou um sete de setembro no porto do Havre, se bem lembro. o gran monde das recepções de embaixadas terá que ficar para nova leitura que ainda farei de "O Senhor Embaixador", de Érico Veríssimo.
pois bem. neste sete de setembro, irei ao teatro. ver Billy Elliot, se bem lembro o que já vi em filme, era um garoto escocês que queria e se tornou bailarino. vejamos se o garoto cresceu nesses anos todos. parece-me que vale o caso de alunos: estes não envelhecem... e no 20 de setembro, dia dos gaúchos? pois nesse dia, o musical "Priscila, a Rainha do Deserto" está na agenda. também vi o filme. e achei impagável a interpretação de Terence Stamp. vejamos agora, no teatro, quem faz o quê.
DdAB
imagem aqui. para mim, aquele negócio ali não é australiano nenhum e sim de algum daqueles satélites que nossos pósteros encararão em satélites destes bilhões de mundo que, in due time, ocuparão.
04 setembro, 2011
Preços: juros e câmbio - lições de mesoeconomia
querido blog:
parece que foi um cientista político que me ensinou que
P = f(p, i, c, w),
ou seja, o nível geral de preços é função (eu diria mais especificamente é uma média) dos quatro preços macroeconômicos da economia:
.a. preço médio do mercado de bens : p
.b. preço médio do mercado monetário : i
.c. preço médio do mercado de câmbio : c
.d. preço médio do mercado de trabalho (e demais recursos, se quisermos): w.
a primeira lição que vem deste negócio é que o nível geral de preços é uma agregado de preços desses quatro mercados bastante heterogêneos. o mercado de bens terá um preço médio, claramente visível, pois podemos detectar centenas ou milhares de preços de bens e serviços específicos, tal como avaliados pelo mercado.
de modo absolutamente análogo, o mercado monetário terá milhões de transações realizadas a cada instante sob taxas de juros ligeiramente diversas. e também análogos são a taxa de câmbio e a taxa de salários. a idiossincrasia no uso de diferentes unidades de medida não é um problema sério. com efeito, tanto o nível geral de preços quanto o preço vigente no mercado de bens e serviços, na absoluta condição de agregados de preços ponderados por quantidades, concernentes às variações entre dois anos, têm base unitária (ou centesimal). ele é obtido pela razão entre dois fluxos: a receita total do período final calculada aos preços de um determinado ano dividida pela receita total calculada aos preços daquele mesmo determinado ano para o período inicial.
o preço do dinheiro é dado pela taxa de juros, também sem unidade, ou seja, com base unitária, ou mais geralmente com base percentual: 12% a.a. mas aqui o resultado é a razão entre um fluxo (os juros) e um estoque (o capital inicial).
o preço do mercado de câmbio é dado pela razão entre dois fluxos: o valor de unidades monetárias do país doméstico despendido para adquirir uma unidade monetária do país estrangeiro tomado como referência. falando em reais e dólares, temos R$ 1,5/US$ 1 (mais ou menos o câmbio desta época brasileira).
por fim, a taxa de salário da economia, dimensionalmente é um híbrido entre a taxa de juros e a taxa de câmbio. como a primeira, mede a remuneração dos empregados dividida pelo número de empregados. como o câmbio, ele tem unidades heterogêneas: R$ e trabalhadores.
se a única diferença entre micro e macroeconomia fosse a questão da agregação das variáveis, claramente teríamos o nível geral de preços como a grande variável macroeconômica (colocando-se ao lado do agregado da produção da economia e seu valor adicionado mensurado pelas óticas do produto ou da receita, dá no mesmo e ainda do nível de emprego). resumo dos parênteses: três variáveis nitidamente macroeconômicas: produto real, emprego e preços.
e por que o preço do mercado de bens não é uma variável verdadeiramente macroeconômica? porque não podemos conceber algum agente econômico adquirindo a cesta de bens produzida por toda a economia. não quero dizer que falte dinheiro, mas que esta é uma transação inconcebível no mundo mundano. da mesma forma, nenhum agente poderá adquirir os serviços do trabalho de todos os trabalhadores.
mas a assimetria com os mercados de dinheiro e de câmbio são visíveis, em virtude da presença do banco central, que exerce um papel fundamental:
.a. na irrigação do mercado monetário com dinheiro "do tesouro nacional".
.b.na conversão das divisas estrangeiras obtidas pelos exportadores e pelos prestamistas dos capitais ingressando no país em moeda doméstica.
a assimetria localiza-se, assim, no fato de que os meios de pagamento (responsabilidade do banco central) recebem a demanda ou oferta de milhões de agente por dinheiro nacional ou estrangeiro e as adquire por um preço padrão (ainda que possa diferir by the hour, como dizem por aqui). claro que isto não é a mesma coisa que o poder de monopólio de um monopolista qualquer. então, que é macro? as médias, os preços agregados. e que é meso? os preços individuais de um lado e os preços do controlador da oferta de outro.
DdAB
imagem: mal comecei a digitar "cash" no Google, veio o complemento "Johnny". achei oportuno. e já vou para o YouTube ouvir algo dele.
parece que foi um cientista político que me ensinou que
P = f(p, i, c, w),
ou seja, o nível geral de preços é função (eu diria mais especificamente é uma média) dos quatro preços macroeconômicos da economia:
.a. preço médio do mercado de bens : p
.b. preço médio do mercado monetário : i
.c. preço médio do mercado de câmbio : c
.d. preço médio do mercado de trabalho (e demais recursos, se quisermos): w.
a primeira lição que vem deste negócio é que o nível geral de preços é uma agregado de preços desses quatro mercados bastante heterogêneos. o mercado de bens terá um preço médio, claramente visível, pois podemos detectar centenas ou milhares de preços de bens e serviços específicos, tal como avaliados pelo mercado.
de modo absolutamente análogo, o mercado monetário terá milhões de transações realizadas a cada instante sob taxas de juros ligeiramente diversas. e também análogos são a taxa de câmbio e a taxa de salários. a idiossincrasia no uso de diferentes unidades de medida não é um problema sério. com efeito, tanto o nível geral de preços quanto o preço vigente no mercado de bens e serviços, na absoluta condição de agregados de preços ponderados por quantidades, concernentes às variações entre dois anos, têm base unitária (ou centesimal). ele é obtido pela razão entre dois fluxos: a receita total do período final calculada aos preços de um determinado ano dividida pela receita total calculada aos preços daquele mesmo determinado ano para o período inicial.
o preço do dinheiro é dado pela taxa de juros, também sem unidade, ou seja, com base unitária, ou mais geralmente com base percentual: 12% a.a. mas aqui o resultado é a razão entre um fluxo (os juros) e um estoque (o capital inicial).
o preço do mercado de câmbio é dado pela razão entre dois fluxos: o valor de unidades monetárias do país doméstico despendido para adquirir uma unidade monetária do país estrangeiro tomado como referência. falando em reais e dólares, temos R$ 1,5/US$ 1 (mais ou menos o câmbio desta época brasileira).
por fim, a taxa de salário da economia, dimensionalmente é um híbrido entre a taxa de juros e a taxa de câmbio. como a primeira, mede a remuneração dos empregados dividida pelo número de empregados. como o câmbio, ele tem unidades heterogêneas: R$ e trabalhadores.
se a única diferença entre micro e macroeconomia fosse a questão da agregação das variáveis, claramente teríamos o nível geral de preços como a grande variável macroeconômica (colocando-se ao lado do agregado da produção da economia e seu valor adicionado mensurado pelas óticas do produto ou da receita, dá no mesmo e ainda do nível de emprego). resumo dos parênteses: três variáveis nitidamente macroeconômicas: produto real, emprego e preços.
e por que o preço do mercado de bens não é uma variável verdadeiramente macroeconômica? porque não podemos conceber algum agente econômico adquirindo a cesta de bens produzida por toda a economia. não quero dizer que falte dinheiro, mas que esta é uma transação inconcebível no mundo mundano. da mesma forma, nenhum agente poderá adquirir os serviços do trabalho de todos os trabalhadores.
mas a assimetria com os mercados de dinheiro e de câmbio são visíveis, em virtude da presença do banco central, que exerce um papel fundamental:
.a. na irrigação do mercado monetário com dinheiro "do tesouro nacional".
.b.na conversão das divisas estrangeiras obtidas pelos exportadores e pelos prestamistas dos capitais ingressando no país em moeda doméstica.
a assimetria localiza-se, assim, no fato de que os meios de pagamento (responsabilidade do banco central) recebem a demanda ou oferta de milhões de agente por dinheiro nacional ou estrangeiro e as adquire por um preço padrão (ainda que possa diferir by the hour, como dizem por aqui). claro que isto não é a mesma coisa que o poder de monopólio de um monopolista qualquer. então, que é macro? as médias, os preços agregados. e que é meso? os preços individuais de um lado e os preços do controlador da oferta de outro.
DdAB
imagem: mal comecei a digitar "cash" no Google, veio o complemento "Johnny". achei oportuno. e já vou para o YouTube ouvir algo dele.
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Economia Política
03 setembro, 2011
Mais sobre o Sistema de Preços e a Desigualdade
querido diário:
hoje não haveria nada de mais romântico na vida de um gaúcho em Londres do que viver Notthing Hill. pois é o que farei. acho que daqui onde estou (a Coram's Fields de que falei ontem) até lá serão umas quatro horas de caminhada, a que me submeterei galhardamente.
por evocar postagens, então darei continuidade ao título desta terceira setembrina evocando esta alcançável com este click aqui. falava de dois carimbadíssimos políticos brasileiros: Aécio Neves e Romário de Tal. eles bebem prá cachorro, pelo que entendo. eles têm dinheiro prá cachorro, pelo que todos entendemos. eles não precisam incomodar-se com o abalo orçamentário que uma multinha de R$ 1.000 por recusarem-se a usar o bafômetro (flagrados com bafo de onça, presumo), pois ela não chega a ser um preço, preço de nada.
claro que a defesa do mecanismo de mercado para substituir os arranjos comunitários e sobretudo a intervenção estatal é bem-vinda em países em que o orçamento de ninguém deveria ser infenso a um abalo de duas vezes a renda dos menos favorecidos (ainda que bafejados pelo mercado de trabalho). ou seja, todos sabemos que os preços relativos dependem da distribuição da renda. é, assim, claro que os mais iguais no que diz respeito à última não estão nem aí para os sinais emitidos pelos primeiros.
um dia ouvi o ex-ministro (então futuro ministro) Bresser Pereira falar na televisão (entrevista ao vivo): "privilégio não é direito adquirido". isto, claro, vale para os juízes e os dois políticos que acabo de nominar. e, claro, vale para todos os demais que têm talentos especiais (no caso, um na polítoca e o outro no futebol). em particular, refiro-me ao fato de que eles não têm direito adquirido a uma alíquota do imposto de renda que praticamente torna este imposto tão regressivo quanto os tradicionais impostos indiretos.
quero dizer: se uma família que ganha R$ 12.000 anuais tributáveis arca com 15%, isto é a mesma coisa do que uma família que ganha R$ 1.200.000 e paga 27,5%, não é mesmo? leão neles!
DdAB
hoje não haveria nada de mais romântico na vida de um gaúcho em Londres do que viver Notthing Hill. pois é o que farei. acho que daqui onde estou (a Coram's Fields de que falei ontem) até lá serão umas quatro horas de caminhada, a que me submeterei galhardamente.
por evocar postagens, então darei continuidade ao título desta terceira setembrina evocando esta alcançável com este click aqui. falava de dois carimbadíssimos políticos brasileiros: Aécio Neves e Romário de Tal. eles bebem prá cachorro, pelo que entendo. eles têm dinheiro prá cachorro, pelo que todos entendemos. eles não precisam incomodar-se com o abalo orçamentário que uma multinha de R$ 1.000 por recusarem-se a usar o bafômetro (flagrados com bafo de onça, presumo), pois ela não chega a ser um preço, preço de nada.
claro que a defesa do mecanismo de mercado para substituir os arranjos comunitários e sobretudo a intervenção estatal é bem-vinda em países em que o orçamento de ninguém deveria ser infenso a um abalo de duas vezes a renda dos menos favorecidos (ainda que bafejados pelo mercado de trabalho). ou seja, todos sabemos que os preços relativos dependem da distribuição da renda. é, assim, claro que os mais iguais no que diz respeito à última não estão nem aí para os sinais emitidos pelos primeiros.
um dia ouvi o ex-ministro (então futuro ministro) Bresser Pereira falar na televisão (entrevista ao vivo): "privilégio não é direito adquirido". isto, claro, vale para os juízes e os dois políticos que acabo de nominar. e, claro, vale para todos os demais que têm talentos especiais (no caso, um na polítoca e o outro no futebol). em particular, refiro-me ao fato de que eles não têm direito adquirido a uma alíquota do imposto de renda que praticamente torna este imposto tão regressivo quanto os tradicionais impostos indiretos.
quero dizer: se uma família que ganha R$ 12.000 anuais tributáveis arca com 15%, isto é a mesma coisa do que uma família que ganha R$ 1.200.000 e paga 27,5%, não é mesmo? leão neles!
DdAB
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Economia Política
02 setembro, 2011
Adultos Desacompanhados
querido blog:
que será que a sociedade igualitária tem a ver com crianças desacompanhadas? claro que um brasileiro de meu porte já vai pensando nos meninos de rua. a tragédia descortinada para a próxima geração. e muita incomodação para a geração atual, as well.
primeiro e vulgarmente, muito psicólogo desempregado poderia ganhar seu dinheirinho se os meninos de rua desajustados tivessem um patrocinador para pagar-lhes o indispensável tratamento do cérebro e da mente (e da barriga dágua, também, claro). ou seja, a atual geração poderia beneficiar-se de prover maiores cuidados aos meninos de rua. segundo e vulgarmente, os velhinhos de meu porte que não podem andar descançados pelas ruas da cidade por medo de nos tornarmos fumantes passivos de crack ou cola e por medo de sermos assaltados por um desses rapazes evadidos do estudo da tabuada, também nos beneficiariámos de tratamento mais humanitário àqueles filhos da massorte.
primeiro (de outro argumento). hoje fui almoçar (um sanduíche regado a suco de laranja sem açúcar) no Coram's Fields, postado à frente do lado da janela de meu studium. entrei no local, uma praça tomada pelo verão, dezenas de crianças menores de cinco anos de idade e suas dezenas de amáveis pais, tios, e os demais graus de parentecso, inclusive step e friends. entrei no local ao ver o portãozinho aberto gentilmeente por uma senhora que se fazia acompanhar de mais dois adultos e duas crinças, cada uma devidamente carregada em um carrinho. entrei, circulei, achei um banco vazio, alojei-me, comi, olhei em torno, comi mais, bebi, comi mais, olhei em torno, novamente, novamente. e decidi tirar umas fotos para mostrar para a posteridade sobre o que é um local público de uso público cuidado afanosamente pelos governantes.
por alguma razão, achei que seria inconveniente trocar o sanduíche e a caixinha do suco pela câmera (que estava a postos dentro de minha bolsa). senti que iria imiscuir-me em assuntos da privacidade do pessoal do bairro. senti, enfim, que não estaria agradando. parece que não iria agradar mesmo. concluído o problema decisório, concluído o almoço, busquei o serviço da casa, ou seja, o caminho da rua.
ao chegar ao portão, novo frio abateu-se sobre o que porto embaixo do cinto. vi uma placa dizendo que adultos não-acompanhados de crianças não eram benvindos naquelas dependências. não acreditei, pensando que meu inglês piorara de vez (in English, it was ready to finish...): adultos desacompanhados? não era crianças? pois não é que não é? era isto mesmo: apenas adultos amparados pela incumbência de levar as crianças é que são bem-vindos lá. amanhã, almoço acolá.
DdAB
primeira: http://www.motherofalltrips.com/2010/02/mondays-are-for-dreaming-coram%E2%80%99s-fields.html
segunda: http://golondon.about.com/od/londonwithchildren/p/coramsfield.htm
terceira: http://www.estradaanil.com/2010/05/its-green-not-grey.html
que será que a sociedade igualitária tem a ver com crianças desacompanhadas? claro que um brasileiro de meu porte já vai pensando nos meninos de rua. a tragédia descortinada para a próxima geração. e muita incomodação para a geração atual, as well.
primeiro e vulgarmente, muito psicólogo desempregado poderia ganhar seu dinheirinho se os meninos de rua desajustados tivessem um patrocinador para pagar-lhes o indispensável tratamento do cérebro e da mente (e da barriga dágua, também, claro). ou seja, a atual geração poderia beneficiar-se de prover maiores cuidados aos meninos de rua. segundo e vulgarmente, os velhinhos de meu porte que não podem andar descançados pelas ruas da cidade por medo de nos tornarmos fumantes passivos de crack ou cola e por medo de sermos assaltados por um desses rapazes evadidos do estudo da tabuada, também nos beneficiariámos de tratamento mais humanitário àqueles filhos da massorte.
primeiro (de outro argumento). hoje fui almoçar (um sanduíche regado a suco de laranja sem açúcar) no Coram's Fields, postado à frente do lado da janela de meu studium. entrei no local, uma praça tomada pelo verão, dezenas de crianças menores de cinco anos de idade e suas dezenas de amáveis pais, tios, e os demais graus de parentecso, inclusive step e friends. entrei no local ao ver o portãozinho aberto gentilmeente por uma senhora que se fazia acompanhar de mais dois adultos e duas crinças, cada uma devidamente carregada em um carrinho. entrei, circulei, achei um banco vazio, alojei-me, comi, olhei em torno, comi mais, bebi, comi mais, olhei em torno, novamente, novamente. e decidi tirar umas fotos para mostrar para a posteridade sobre o que é um local público de uso público cuidado afanosamente pelos governantes.
por alguma razão, achei que seria inconveniente trocar o sanduíche e a caixinha do suco pela câmera (que estava a postos dentro de minha bolsa). senti que iria imiscuir-me em assuntos da privacidade do pessoal do bairro. senti, enfim, que não estaria agradando. parece que não iria agradar mesmo. concluído o problema decisório, concluído o almoço, busquei o serviço da casa, ou seja, o caminho da rua.
ao chegar ao portão, novo frio abateu-se sobre o que porto embaixo do cinto. vi uma placa dizendo que adultos não-acompanhados de crianças não eram benvindos naquelas dependências. não acreditei, pensando que meu inglês piorara de vez (in English, it was ready to finish...): adultos desacompanhados? não era crianças? pois não é que não é? era isto mesmo: apenas adultos amparados pela incumbência de levar as crianças é que são bem-vindos lá. amanhã, almoço acolá.
DdAB
primeira: http://www.motherofalltrips.com/2010/02/mondays-are-for-dreaming-coram%E2%80%99s-fields.html
segunda: http://golondon.about.com/od/londonwithchildren/p/coramsfield.htm
terceira: http://www.estradaanil.com/2010/05/its-green-not-grey.html
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Economia Política
01 setembro, 2011
Triângulos e a Posteridade
querido blog:
comentei o comentário da postagem de ontem falando em triângulos. triângulos, trapésios, pi, funções matemáticas, tudo, tudo é efêmero, em certa medida. na medida em que o próprio Universo Conhecido é efêmero, tudo o que está nele contido também o é. pela teoria do big bang puro, haverá expansão eterna. mas, neste caso, juro que haverá alguma tunelagem em algum tempo e esta tendência da entropia máxima será abortada. uma nave espacial? uma equação criada daqui a um bilhão de anos por um andróide?
se houver big crunch, não me sobra nada além da piadinha que segue. considerando que estarei ao lado de milhares de políticos brasileiros e, assim como eu, milhares de outros defensores da sociedade igualitária, não supreenderá que o troço exploda ligeirinho.já falei que me disseram achar "este negócio de big bang um tanto mal ajanbrado". primeiro fiquei surpreso e depois comecei a pensar neste tipo de coisa: se não está bem contado, como será que seria bem contadinho? aí comecei a delirar com aquele negócio da equação E = m x c^2, ou seja, um vetor [matéria energia espaço tempo]. neste caso, acho absolutamente certo que a hipótese do andróide vai rolar. o que sobrar de nós será resgatado por meios que hoje parece ridículo imaginar. mas imaginar é o que nos requer Richard Rorty: pensar sobre tudo, principalmente -ele disse 'principalmente' - o impensável.
até hoje agarro-me pensando se estou pensando em algo impensável. e sempre que penso nisto, percebo que o que pensei era perfeitamente pensável, tanto é que o fiz.
DdAB
imagem do próprio Google: fala em Tarsila do Amaral. ela não era destes tempos. mas poderá ser resgatada, assim como tudo o mais, pois não é concebível que tudo tenha-se originado de nada, não é concebível que não haja nada acobertando o big bang. e, na linha do conto "A Última Pergunta", de Isaac Azimov, tá na cara que o Google e seus sucessores (e atuais sucedeâneos) tem-terá tudo a ver com este troço de inversão da entropia, este troço do mito do fênix.
comentei o comentário da postagem de ontem falando em triângulos. triângulos, trapésios, pi, funções matemáticas, tudo, tudo é efêmero, em certa medida. na medida em que o próprio Universo Conhecido é efêmero, tudo o que está nele contido também o é. pela teoria do big bang puro, haverá expansão eterna. mas, neste caso, juro que haverá alguma tunelagem em algum tempo e esta tendência da entropia máxima será abortada. uma nave espacial? uma equação criada daqui a um bilhão de anos por um andróide?
se houver big crunch, não me sobra nada além da piadinha que segue. considerando que estarei ao lado de milhares de políticos brasileiros e, assim como eu, milhares de outros defensores da sociedade igualitária, não supreenderá que o troço exploda ligeirinho.já falei que me disseram achar "este negócio de big bang um tanto mal ajanbrado". primeiro fiquei surpreso e depois comecei a pensar neste tipo de coisa: se não está bem contado, como será que seria bem contadinho? aí comecei a delirar com aquele negócio da equação E = m x c^2, ou seja, um vetor [matéria energia espaço tempo]. neste caso, acho absolutamente certo que a hipótese do andróide vai rolar. o que sobrar de nós será resgatado por meios que hoje parece ridículo imaginar. mas imaginar é o que nos requer Richard Rorty: pensar sobre tudo, principalmente -ele disse 'principalmente' - o impensável.
até hoje agarro-me pensando se estou pensando em algo impensável. e sempre que penso nisto, percebo que o que pensei era perfeitamente pensável, tanto é que o fiz.
DdAB
imagem do próprio Google: fala em Tarsila do Amaral. ela não era destes tempos. mas poderá ser resgatada, assim como tudo o mais, pois não é concebível que tudo tenha-se originado de nada, não é concebível que não haja nada acobertando o big bang. e, na linha do conto "A Última Pergunta", de Isaac Azimov, tá na cara que o Google e seus sucessores (e atuais sucedeâneos) tem-terá tudo a ver com este troço de inversão da entropia, este troço do mito do fênix.
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