07 março, 2023

Feminismo, Gauchada e a Direita

 


Agora estou lendo o extraordinário livro:

FERNANDEZ, Brena org. (2022) Mulheres na História do Pensamento Econômico. Florianópolis: Peregrinas.

E muito tenho aprendido sobre HPE. E feminismo, claro. Eu, que andei abraçado com Amartya Sen por algumas semanas, passei agora a este mundo fascinante. Mas que evocou as baixarias da gauchada tanto no feminicídio quanto no reacionarismo. Não é difícil retirar da sentença que já vou citar a teoria de uma correlação entre, como já vamos ler, o nível de civilização de uma sociedade e o nível de independência das mulheres. Nas páginas 30-31 tá bem assim:

[... A] socialista feminista Flora Tristan (1803-1844) fora a precursora de muitas das ideias que viriam a ser defendidas, pelo feminismo moderno, quase um século depois: a junção da crítica de classe com a de gênero, ou seja, aquilo que hoje chamamos de uma abordagem interseccional. Em sua obra O Sindicato dos Trabalhadores (1843), Tristan associa o nível de civilização de uma sociedade ao nível da independência das mulheres. Voltando-se tanto às trabalhadoras quanto às mulheres burguesas, registrou nessa obra talvez a sua frase mais célebre: 'A mulher é a proletária do proletariado', chamando a atenção para um fato até então ignorado pelos economistas marxistas homens: a (ainda) maior opressão da mulher frente à opressão do proletariado do sexo masculino no contexto da economia capitalista. [Ênfase adicionado por DdAB]

Que podemos dizer da sociedade que permite a prática do feminismo regularmente? Que não consegue criar mecanismos institucionais para erradicá-lo? Até que ponto a impunidade desses homens selvagens que matam mulheres é a maior responsável pelos desatinos?

E que podemos dizer de uma sociedade que deu a vitória ao malfadado Jair Bolsonaro na eleição de 2022 para presidente da república? Que pensa ela sobre a misoginia sempre referendada por ele?

E que dizer daquele "a mulher é a proletária do proletariado"? Imediatamente lembrei de John Lennon e a generalização: "a mulher é o negro do mundo", pois mulher burguesa também é assassinada a rodo. Mas, claro, outro traço da desigualdade brasileira é que a proporção entre seus espaços correspondentes, os valentes matam, proporcionalmente, mais mulheres pobres que ricas.

DdAB

P.S, Querendo saber mais sobre Flora Tristan, fui à Wikipedia e você pode associar-se a mim clicando aqui. Na Wiki brasileira/portuguesa ainda não existe o verbete.

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