08 setembro, 2018

A Violência na Eleição de 2018


Querido diário:

Hoje tenho revelações interessantes a fazer. A primeira está no título. Depois vem a imagem cujo encaminhamento chegou até mim por meio do mural de Roberto Rocha no Facebook. O pastor Silas Malafaia dizer o que lemos naquela imagem a que cheguei simplesmente andando no caminho indicado é algo que merece a adoção de medidas legais por parte de qualquer juiz eleitoral. Mereceria, devia eu ter dito, caso eles fossem realmente trabalhadores sérios e compenetrados de suas funções. Malafaia, como sabemos, ao ouvir que Marina Silva estava anunciando, caso fosse eleita em 2014, procurar uma solução benévola para acabar com o aborto ilegal, enquadrou-a e deixou o disse pelo que disse que disse. E Marina recuou, com medo, talvez, de receber postagens como a que nos encima.

A terceira revelação interessante diz respeito a meu inefável jornal, a Zero Hora, no exemplar de 7 de setembro. Começa no Informe Especial assinado por Túlio Milman:

Página 2:
A FACADA NÃO COMEÇOU ONTEM
   O atentado contra Jair Bolsonaro não pode jamais ser relativizado. É inaceitável.
[...]
[...] O que aconteceu  em Minas Gerais não é diferente do que ocorre em outras partes do mundo onde fanáticos usam armas para tentar impor suas verdades.
[...]

O resto até que é menos enviesado. Claro que o atentado é inaceitável, contra qualquer pessoa, como é o caso da Marielle. Ergo esse negócio de violência "em outras partes do mundo" nada mais é que o atestado de viés da parte do festejado jornalista. Que parece desconhecer os arquivos do próprio jornal, como provaremos com a lapela que agora transcrevo:

Página 9
Os atos de violência nas eleições de 2018
Desde meados do ano passado, diversos atos de violência contra ou envolvendo pré-candidatos e candidatos à Presidência da República foram registrados no país. Relembre alguns deles [que reoganizei para a estrita ordem cronológica].

7/8/2017 - Doria é atingido por ovo em Salvador
Ao chegar a Salvador para receber o título de cidadão soteropolitano, João Doria (PSDB), então prefeito de São Paulo e cotado à época para disputar o Planalto, foi atingido por ovo arremessado por manifestantes.

17/8/2017 - Bolsonaro é alvo de ovo arremessado em São Paulo
Pouco mais de uma semana após a agressão contra Doria, o hoje candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, foi atingido por um ovo durante ato público em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.

17/8/2017 - Tiros durante visita de Lula a Salvador
PMs fizeram três disparos de arma de fogo para conter apoiadores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) e do Vem Pra Rua, em Salvador. Ninguém se feriu.

19/8/2017 - Alckmin sofre ataque com ovo em São Paulo
O candidato do PSDB na corrida presidencial, Geraldo Aclkmin, também foi alvo de ataque com ovos. Na ocasião, o tucano que foi atingido enquanto participava de eventos nas proximidades da Galeria do Rock, no centro de São Paulo.

19/3/2018 - Lula recebido com confusão no RS
Primeira cidade onde passou a Caravana de Lula pelo RS, Bagé, registrou confrontos de apoiadores e opositores do ex-presidente. Alguns manifestantes foram presos.

27/3/2018 - Tiros na Caravana de Lula no Paraná [diferentemente do registor anterior, a palavra "caravana" aparece em minúsculas, o que corrigi, pois é apenas um errinho que nada tem a ver com ideologias...]
Dois ônibus da caravana do ex-presidente Lula foram atingidos por pelo menos dois disparos de arma de fogo, na noite do dia 27 de março, no Paraná. Um dos veículos era ocupado por jornalistas e outro transportava convidados da comitiva. Ninguém ficou ferido.

28/4/2018 - Tiros no acampamento de Lula no Paraná

O acampamento de apoiadores de Lula foi alvo de ataque. O sindicalista Jefferson Menezes foi atingido por um tiro de raspão no pescoço. Ele foi internado em estado grave, mas teve alta nos dias seguintes. Uma mulher foi ferida por estilhaços.

4/5/2018 - Ataque ao acampamento de Lula no Paraná

O delegado da Polícia Federal Gastão Schefer quebrou equipamento de som do acampamento em defesa do ex-presidente Lula, em Curitiba, onde o petista está detido por condenação no âmbito da Lava-Jato. O delegado invadiu o local e quebrou o aparato enquanto os petistas se organizavam para o grito de "bom dia, Lula".

"Relembre alguns", disse o redator lá em cima. Não consta desta lista, por exemplo, o odioso atentado à vida da vereadora Marielle Franco, representante do PSOL. O assassinato ocorreu no dia 27 de março deste ano. Pois é, falei em Zero Hora, mas não se sustenta: é Zerro Herra, mesmo! Seguimos com a colunista Rosane de Oliveira, na página 14. A coluna de página inteira mostra em seu sudeste uma notícia chamada relevante:

Página 14
ATENTADO À DEMOCRACIA
[...]
   A campanha deste ano é uma das mais tensas desde 1989. Nas redes sociais, militantes se agridem o tempo todo. O próprio Bolsonaro disse no sábado passado, em Rio Branco (AC):
-Vamos fuzilar essa petralhada aqui do Acre e botar esses picaretas para correr.
   Questionado na Justiça pelo PT [a petralhada...] e pela Procuradoria-Geral da República, disse que usou uma figura de linguagem.

Esta gracinha (???) do jovem capitão da reserva remunerada do Exército Brasileiro não configura para o redator lá da página 9 como um ato de violência. O problema do capitão é que ele não sabe distinguir realidade de fantasia e, enquanto tal, vive dizendo sandices, como essa do comprometimento em fuzilar (termo super jargão da milicada) os antagonistas.

Segue a Página 14 [notícia em caixa alta]
Não há, até aqui, nenhum indício de que o aloprado que esfaqueou Jair Bolsonaro tenha agido a mando de algum adversário, até porque nenhum seria tolo de planejar um atentado capaz de alavancar a candidatura da vítima.

COMEÇOU CEDO

   A violência começou na pré-campanha, com ohttp://19duilio47.blogspot.com/2018/09/a-violencia-na-eleicao-de-2018.htmlhttp://19duilio47.blogspot.com/2018/09/a-violencia-na-eleicao-de-2018.htmls ataques à caravana do ex-presidente Lula no Rio Grande do Sul e no Paraná, em março.
   Os petistas foram recebidos por adversários com relho, pedradas e queima de pneus para bloquear rodovias.
   No Paraná, dois ônibus da comitiva foram alvos de tiros. Até hoje a autoria não foi esclarecida.

REAL E VIRTUAL

   O discurso de ódio beira a insanidade nas redes sociais.
   O atentado contra Jair Bolsonaro deve servir para os líderes políticos -incluindo o próprio candidato- orientem seus militantes a trocar as agressões pelo debate de ideias.
   O pensamento de que as divergências se resolvem na bala ou na ponta da faca serve de adupo para violências.

Pois então. Nada de Marielle, nada de críticas aos juízes.

Página 20 - OPINIÃO DA RBS ATENTADO À DEMOCRACIA
[...]
   O triste episódio [do atentado ao capitão] introduz um elemento novo nas campanhas brasileiras, até agora preservadas da violência que atinge outros países.

Será que o sr. Túlio MIlman é o editorialista? Ou leu este trechinho do editorial antes da fazer sua festejada coluna? Claro que suspeito daquele "campanhas brasileiras até agora preservadas da violência que atinge outros países". Quer dizer: um jornal e tanto, um viés e um tantão.

Página 21 RBS Brasília - Carolina Bahia
Ataque eleva tensão
[...] É certo que os ânimos estão acirrados, que a polarização entre radicais de esquerda e direita reduz o debate a um nível baixíssimo. O próprio Bolsonaro disse em campanha no Acre que iria 'fuzilar a petralhada toda.' O PT entrou no STF contra Bolsonaro. Mas também é claro que não se pode admitir atos que coloquem em risco a vida de qualquer indivíduo. [...] Não podemos esquecer que somente neste ano houve ataque a tiros contra um ônibus da Caravana de Lula e, meses depois, a vereadora Marielle Franco (PSOL) foi covardemente assassinada. As autoridades de segurança ainda devem a solução desses casos.É certo que os ânimos estão acirrados, que a polarização entre radicais de esquerda e direita reduz o debate a um nível baixíssimo. O próprio Bolsonaro disse em campanha no Acre que iria 'fuzilar a petralhada toda.' O PT entrou no STF contra Bolsonaro. Mas também é claro que não se pode admitir atos que coloquem em risco a vida de qualquer indivíduo. [...] Não podemos esquecer que somente neste ano houve ataque a tiros contra um ônibus da Caravana de Lula e, meses depois, a vereadora Marielle Franco (PSOL) foi covardemente assassinada. As autoridades de segurança ainda devem a solução desses casos.

Pois foi aqui que vi a única manifestação ao covarde assassinato de Marielle Franco. Um jornal e tanto, uma lista enormes de atropelos. Desconheço o escore dos deslizes da esquerda e os da direita nas redes sociais. Mas aqui, tá na cara que a direita é que dá de 10. E até agora estou a perguntar-me se aquele delegado que avançou sobre o acampamento está sendo julgado. E o japonês da Federal, que trabalhou com tornozeleira, por ter sido considerado ladrão?

E os juízes que ganham fortunas, ou melhor afanam? Uma palavra de ordem adequada para este pais é, claro, educação. Com ela é que se formam instituições sociais sólidas. Além da educação, precisamos de justiça. Disse o Requião na Carta Capital da quarta-feira que passou que "a justiça esqueceu do Direito". E qual palavra de ordem pode, no longo prazo, acabar com todos esses desmandos? A dra. Liliane Hilgurt defende, e já me convenceu, uma assembleia nacional constituinte exclusiva e soberana, em que os eleitos não mais poderão ser candidatos a cargos eletivos em sua vida. Para não se arbitrarem privilégios.

DdAB
Apêndice
Já que o mote é Bolsonaro, dá uma olhada no que segue retirado ao mural de Carlos Horn no Facebook.
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