Querido diário:
Em tempos de eleição papal, eleições venezualanas e eleições (?) sírias, não posso deixar de registrar meu desconforto com as heranças de Hugo Chavez e de Bashar al-Assad. Chavez não teve a dupla dignidade:
.a. declarar-se doente e não disputar o quarto mandato presidencial
.b. declarar-se satisfeito com dois mandatos, e não três e menos ainda quatro.
A Carta Capital é que me fez cair a ficha (derrubou-a com uma frase) ao dizer que não se pode falar em ditadura na Venezuela (aliás, isto é problemático, pois teríamos que dizer que não havia ditadura no Brasil, pois o velho Costa e Silva foi eleito, ou o velhíssimo Borges de Medeiros e outros tiranos estaduais daqueles tempos antigos). Disse a Carta que o verdadeiro problema é que, num regime de "homem único", não surgem novas lideranças. Parece que é isto que vemos na Venezuela, em que não há ínfimas bases de comparação entre os rapazes que ficaram e o grande líder que saiu.
E a Síria? Tão auto-centrado é o rapaz que não se deu conta de que deveria sair de cena, em busca de alguma concessão aos descontentes com seu reinado, uma renúncia em favor da paz e da unidade nacional. Tal não foi, dizem-me, a intenção de João Goulart, quando renunciou lá em 1964. Ele poderia ter tentado resistir: apoio de segmentos do Exército é que não lhe faltaram. Mas, dado o impasse institucional que se vivia naqueles tempo, achou melhor eclipsar-se do que colocar a guerra civil na agenda política.
DdAB
Acima temos uma imagem razoavelmente pública, que tirei daqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário