19 novembro, 2025

Dialogando com o GPT sobre Deus


A leitora do Planeta 23 é testemunha que não sou muito dado a falar em Deus. Mas já me expliquei por que usar a inicial maiúscula em seu nome (e jamais escreveria Seu, com maiúscula). Ao contrário, já andei me filiando à campanha "Ateus, saiam do armário". Mas, no outro dia, chegou-me às mãos uma citação interessante em que não se discutia deus ou Deus, mas como dirigir-se à figura divina: ela ou ele.

Tudo começou, dias atrás, quando li uma citação ao nome (que não retive) de uma suffragette que se dirigiu a um menino, invocando o nome de Deus, mas falando em "she" e não em "he". Desesperado por não mais encontrar o local em que li o relato, pedi ajuda a meu amigo o Chatbot GPT. Eis a resposta:

Boa pergunta. Não encontrei uma fonte confiável que relate exatamente uma sufragette falando a um menino, invocando Deus como “she” no sentido literal de dizer “God is she” para uma criança. No entanto, há uma citação famosa de uma suffragette que pode estar relacionada ou ter sido lembrada de forma parecida, e pode ser isso que você tenha visto:

Então, é bastante provável que o que você ouviu tenha sido justamente Emmeline Pankhurst ou algo derivado dela — e não necessariamente uma situação exata de uma sufragista se dirigindo a um menino dizendo “Deus é ela”.

Retomo: ao ler o nome de Emmeline Pankhurst na resposta do GPT, recordei que era ela mesma a pessoa citada no texto que me marcou.

DdAB

P.S. Parece que o tratamento frívolo que dei ao tema nesta postagem poderia estar abrindo uma série enorme de reflexões e divagações sobra a natureza do oculto. Se um dia eu vier a fazê-lo, certamente pretendo iniciar com Bento Espinosa.


26 outubro, 2025

Mercados, mercados, mercados



Mais de 50 anos atrás, foi escrito o poema que segue:


Markets

 

“There are broad markets, thin markets

Stable markets, big ones.

There are fish markets, flea markets

Gem markets and then some:

Gold markets, gyrating ones;

Free markets, dope markets

Controlled markets, sloopy ones.

 

What a lot of markets thera are!

 

There are black markets, grey markets

Job markets, sticky ones;

Shadow markets, ghost markets

Vice markets, baby ones!

 

There are bond markets, bill markets

Flexible markets, monopolized ones;

Stock markets, flow markets

Put-and-call markets, curb ones.

 

We could go on and on:

 

Auction markets, betting markets,

Markets made for barter;

Demand-determined, supply-determined

Markets run by charter.

Factor markets, supermarkets

Active markets, French ones

Futures markets, spot markets

Capital markets, resilient ones.

There are even markets for presidents.

 

MUNDELL, R. A. (1968) Man and economics. McGraw-Hill.

Citado em: TOWNSEED, Harry ed. (1971) Price theory. London: Penguin. p. 251.

DdAB

P.S. Sendo o título em português, mas o poema em inglês, achei de bom tom colocar uma imagem  homenageando à França.

03 outubro, 2025

Comunidade, mercado e Estado: mais considerações

 



Ao nos referirmos à sociedade humana, ora a designamos deste modo, ora a chamamos de comunidade. Intitulando-a de uma forma ou de outra, constituída por seres humanos, eis que o adjetivo é importante para delimitar o escopo do termo, diferenciando-o de sociedades animais, como os cães e as cobras e mesmo de sociedades vegetais, como as orquídeas e os bambuzais. Ao passo que essas sociedades evoluíram sob a égide das leis da natureza, as incipientes comunidades humanas viviam dias sombrios em que a tribo evoluía, arduamente, para a transformação em comunidade. 

Nesse ambiente consolidava-se um enorme patrimônio, base cuja ausência seria impensável para as novas formas de cultura que iniciavam a emanar dessas evoluções: a linguagem, o tabu do incesto e o compartilhamento de  alimentos com estranhos. Aliás, esses três requisitos para a civilização portadora dos contornos assemelhados aos que hoje conhecemos estiveram presentes no nascimento do mercado, possivelmente ligado ao que hoje se usa a expressão para explicar as trocas internacionais de “dar saída aos excedentes”.

DdAB

01 setembro, 2025

Luis Fernando Veríssimo: 30 joias


 

Ainda abatido com o passamento de Luis Fernando Veríssimo, recebi de amigos uma lista de 30 frases originalmente citadas pelo jornal Valor Econômico:

1. “O mundo não é ruim, só está mal frequentado.”

2. "Quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas.”

3. "Resignemo-nos à ignorância, que é a forma mais cômoda de sabedoria.”

4. "Você só sabe até onde pode ir quando já foi.”

5. “Vivemos cercados pelas nossas alternativas, pelo que podíamos ter sido.”

6. “O futuro era muito melhor antigamente.”

7. "Desenvolvi uma mente defensiva como um condomínio fechado. Uma mente com guarita, que abate qualquer inimigo na porteira.”

8. “Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, completamente livre, é a que não tem medo do ridículo.”

9. “Mas, como em tudo na vida, no amor também é preciso moderação.”

10. "Ironia tem que ser entendida como ironia, senão não é ironia.”

11. "Não sei para onde caminha a humanidade. Mas, quando souber, vou para o outro lado.”

12. "A verdade é que a gente não faz filhos. Só faz o layout. Eles mesmos fazem a arte-final.”

13. "O outono é a única estação civilizada. A primavera é descontrole glandular da Natureza. O inverno é o preço que a gente paga para ter o outono, e por isso está perdoado. O verão é uma indignidade.”

14. "Passamos a vida inteira nos preparando para nossa morte e quando ela vem não podemos assistir.”

15. "A gente não faz aniversários. Os aniversários é que vão fazendo a gente. E depois, pouco a pouco, nos desfazendo.”

16. “Nosso dilema continua sendo que só nos livramos da morte livrando-nos do corpo e só nos livramos do corpo morrendo.”

17. "Ninguém é o que pensa que é, muito menos o que diz que é. Precisamos da complicação para nos definir. Ou seja: ninguém é nada sozinho, somos o nosso comportamento com o outro.”

18. “Ninguém é o que parece ou o que aparece. O essencial não há quem enxergue.”

19. "Nada como uma boa conversa para se encontrar a solução de qualquer coisa, mesmo a insanidade.”

20. “Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data.”

21. “A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer ‘escrever claro’ não é certo mas é claro, certo?”

22. “No Brasil o fundo do poço é apenas uma etapa.”

23. "Só acredito naquilo que posso tocar. Não acredito, por exemplo, em Luiza Brunet.”

24. "Quando o casamento parecia a caminho de se tornar obsoleto, substituído pela coabitação sem nenhum significado maior, chegam os gays para acabar com essa pouca-vergonha.”

25. "Muitas mulheres consideram os homens perfeitamente dispensáveis no mundo, a não ser naquelas profissões reconhecidamente masculinas, como as de costureiro, cozinheiro, cabeleireiro, decorador de interiores e estivador.”

26. "Brasil: esse estranho país de corruptos sem corruptores."

27. "Nunca usei bombacha, não gosto de chimarrão e nem de me lembrar da última vez que subi num cavalo. Aliás, o cavalo também não gosta.”

28. "Os tristes acham que o vento geme; Os alegres acham que ele canta.”

29. "Você é o seu sexo. Todo o seu corpo é um órgão sexual, com exceção talvez das clavículas.”

30. “A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.”

E tem mais. No Analista de Bagé, ou o que seja, há uma deblateração em que um paciente diz-lhe uns desaforos. O Analista apenas reage dizendo: "sem vergonha" é você, argumentei.

DdAB

14 agosto, 2025

O Senhor Embaixador: leitura de agosto



Querido diário:

Dias atrás, como que sentindo saudades de amigos queridos, decidi reler "O Senhor Embaixador", de Érico Veríssimo. Começa que o exemplar de minha biblioteca já apresentava tantas releituras e anotações que comecei a achar monótono reviver, além dos amigos, minhas observações. Comprei um novo exemplar e decidi nada anotar nele, o que não cumpri. 

O certo é que as primeiras leituras que fiz deste romance perderam-se na noite brumosa do tempo. A primeira primeiríssima ocorreu tipo em 1966, eis que o livro fora lançado em 1965. E mesmo naqueles tempos antigos, digamos, então já nos anos 1970s, reli uma ou outra vez.

Se a jura era de não fazer nenhuma anotação, como falei, rompia-a, pois volta e meia me batia uma vontade incontrolável de fazer alguma. O que segue é uma amostra do que andei fazendo, riscando.

Primeira parte: dois blim-blim-blins

I Polifemo e Galateia (citado por Érico às folhas tantas): fiquei olhando daqui e dali e não demorou que achei melhor direcionar minhas inquietaçõas ao Chat GPT:


A ligação entre Polifemo & Galateia e Pigmalião não é direta no enredo, mas há um parentesco temático na mitologia greco-romana: ambos são casos de amor idealizado e impossível. 

Pigmalião (na Metamorfoses de Ovídio) é o escultor que, decepcionado com as mulheres reais, cria uma estátua perfeita — Galateia — e acaba se apaixonando por ela. 

Afrodite (ou Vênus, na versão romana) dá vida à estátua, concedendo-lhe o amor desejado. Polifemo e Galateia (também narrados por Ovídio) mostram o oposto: um amor não correspondido, em que o amante (o ciclope) nunca conquista a amada, e a história termina em tragédia. 

A coincidência curiosa é que o nome “Galateia” aparece nas duas histórias: Na de Pigmalião, é dado posteriormente à estátua que ganha vida (embora Homero e Ovídio não usem explicitamente esse nome, ele é adotado pela tradição posterior). Na de Polifemo, Galateia já é uma personagem da mitologia, uma ninfa marinha. Resumindo: o ponto comum é o motivo literário do amor idealizado por uma figura bela e inatingível, e o nome Galateia funciona como um elo nominal e simbólico entre as duas narrativas.

II Segunda parte: A Morte fala que língua?

Na página 128 de minha edição do Clube do Livro, lemos dentro de um parêntese:

Uma amiga lhe dissera um dia: "se a morte fala alguma língua, aposto como é sueco."

Que fiz eu? Pedi ao Google tradutor para colocar esta sentença em sueco:

Om döden talar något språk, så slår jag vad om att det är svenska.

Se o leitor desejar, pode colocar de volta esta sentença lá no próprio Google tradutor e pedir-lhe para foná-la. Eu ouvi e reouvi e pensei que visitar a Escandinávia é muito caro e ficarei com esta amostra, concordando: é mesmo um estilão que a Morte herself pode verbalizar.

III Terceira parte: enriqueça seu vocabulário (citas em diferentes páginas)

alpondra: substantivo feminino cada uma das pedras que formam, de uma margem à outra de um rio, um caminho que pode ser percorrido a pé; passadeira, pondra.

arquedo: a imagem que nos encima é um Constelation Arquedo. Veja só!

casula: substantivo feminino Paramento religioso que o sacerdote coloca sobre a alva, para a celebração da missa.

escarmento: substantivo masculino Experiência de sofrimento; provação; castigo.

fescenino: adjetivo Obsceno, licencioso, lascivo: poesia fescenina.

surdir: verbo intransitivo Sair, aparecer, brotar: surdiam gafanhotos do solo.

Claro que talvez tenha ocorrido um enorme volume de palavras desconhecidas que decidi não registrar. E aquele "arquedo" teria que voltar ao livro para ver se copiei mal.

IV Um hai-kai do Planeta 23

O Érico tem uma história entre Pablo e Kimiko (?) que se correspondem, ambos moradores de Washington DC, em hai-kais. Millôr Fernandes foi quem me ensinou a amar o hai-kai, tanto e que a Editora GangeS fez um livro de Aldo de Avila mostrando hai-kais que eu mesmo fiz. Mas nem Millôr nem eu seguimos o cânone japonês de ter os canônicos três versos com cinco, sete e cinco sílabas. Sem muito esforço fiz o que segue com o singelo título

Hai-Kai 5-7-5

Cantando feliz

o dia amanhece lento:

busca diretriz.

DdAB

P.S. Tudo indica que terei que ler o volume mais uma vez talvez no próximo outono.

24 julho, 2025

Um Mundo Inteiro a Ganhar


Lembra do final do "Manifesto Comunista", de Marx e Engels? Se a memória ajuda, é: 

"Os proletários nada têm a perder a não ser seus grilhões. Têm um mundo a ganhar. 

Proletários de todos os países, uni-vos!"

Então vemos na imagem que copiei de Maria Lúcia Carvalho o que significa um mundo inteiro de propriedade coletiva da classe trabalhadora e seus acólitos.

DdAB

20 junho, 2025

Solstício de hoje e o outro e os equinócios


 Com a palavra o GPT:

A diferença entre solstício e equinócio está na posição do Sol em relação à Terra e na duração do dia e da noite.


🌞 Solstício

Ocorre duas vezes por ano: em junho e em dezembro.
É o momento em que o Sol atinge a sua maior distância angular do equador celeste, marcando o início do verão ou do inverno, dependendo do hemisfério.

  • Solstício de junho (como o de hoje, 20/06/2025):

    • Início do inverno no Hemisfério Sul

    • Início do verão no Hemisfério Norte

    • É o dia mais curto do ano no Sul (e o mais longo no Norte)

  • Solstício de dezembro:

    • Início do verão no Hemisfério Sul

    • Início do inverno no Hemisfério Norte

    • É o dia mais longo do ano no Sul (e o mais curto no Norte)


🌗 Equinócio

Também acontece duas vezes por ano: em março e setembro.
É o momento em que o Sol cruza o equador celeste, fazendo com que o dia e a noite tenham aproximadamente a mesma duração em toda a Terra.

  • Equinócio de março:

    • Início do outono no Hemisfério Sul

    • Início da primavera no Hemisfério Norte

  • Equinócio de setembro:

    • Início da primavera no Hemisfério Sul

    • Início do outono no Hemisfério Norte


🧭 Resumo rápido:

Fenômeno O que marca? Frequência Duração do dia e da noite
Solstício Início do verão/inverno 2 vezes/ano Dia mais longo ou mais curto do ano
Equinócio Início da primavera/outono 2 vezes/ano Dia e noite com duração quase igual

Assino: DdAB