06 junho, 2018

Lições Regionais de Pedro Parente (pro velho Sartori)


Querido blog:

O sr. Pedro Parente já morou em Porto Alegre. Parece-me que uma dessas vezes foi uma espécie de interventor no jornal Zero Hora, a mando do Banco Safra, algo assim. Antes e depois exerceu cargos governamentais e do setor privado. Era um homem perfeito para a Petrobrás, ou salvá-la ou derrubá-la. E fez uma combinação entre essas duas opções extremas.

E uma grande derrota deflagrada por ele foi a política de preços de ajustes frequentes, acompanhando a cotação do dólar (mau, mau, contagiando os preços internos de um jeito irreversível) e o preço do barril de petróleo (mau, mau, contagiando os preços internos pela mais política de todas as comóditis já inventada pelos dinossauros.

Então essa política de preços de Parente, com reajustes quase instantâneos, não poderia deixar de infectar todos os preços da economia, numa indexação de dar inveja a Mário Henrique Simonsen, em suas loas à política salarial dos governos militares ("trocar a luta de classes por uma regrinha aritmética"). E isto lá é pouco?

Mas tem ainda mais: ele perorou sobre a importância de elevar os lucros da Petrobrás para dar uma satisfação aos acionistas da empresa. E aí reside a piadinha: o maior acionista é mesmo o Tesouro Nacional, ou seja, o governo brasileiro, ou  seja, o povo brasileiro. Mas o maior acionista viveria bem com uma política de preços que lhe desse mais segurança em seu dia-a-dia.

E o velho Sartori? Seu governo tem uma escancarada neurose de privatizar tudo o que pode de propriedade governamental no Rio Grande do Sul. E aí temos dois problemas:

.a o maior acionista das empresas governamentais é, noblesse oblige, o povo. Este provavelmente não está nem aí para as privatizações

.b segundo, o povo que não está nem aí para as privatizações, não tem a menor chance de trocar essa propriedade nominal por uma propriedade real.

Moraleja: num país em que os 10% mais ricos detêm mais da metade da renda nacional, qual é o sentido de "privatizar"? Não é privatizar, é elitizar, é passar a propriedade para os mais ricos, aqueles para quem o índice de Gini da desigualdade na distribuição da riqueza é possivelmente de 0,8.

Moral da moraleja: volta e meia sugiro a solução para reduzir o tamanho econômico do estado na produção de bens regulares ou de demérito: criar um fundo nacional de desenvolvimento (com a Petrobrás, o Banco do Brasil, a Cia Nacional de Álcalis e outras que já se foram ou ainda virão ou irão) do qual cada brasileiro, ao nascer, será dotado, digamos, com 1000 ações das quais não poderá desfazer-se nem deixar de herança, mas poderá alugar.

Conclusão: parente é serpente. E o governo Sartori é um escárnio. Os intelectuais orgânicos do MDB gaúcho: Carlos Búrigo, Cleber Benvegnú, Márcio Biolchi, Fábio Branco.

DdAB

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