07 maio, 2018

Marx: 200 + 2

Querido blog:

Sigo entusiasmado com várias matérias que tenho encontrado pelas remessas de amigos do Facebook.  Então hoje estou comemorando os 200 anos do nascimento de Karl Marx e mais dois dias. Agora vou falar de um artigo de intitulado "A atualidade de Marx" publicado no site "JornalistasLivres.org", de autoria de Slavoj Žižek (e que diz em caixa alta mesmo: ARTIGO ENVIADO PELO AUTOR DIRETAMENTE PARA SUA COLUNA NO BLOG DA BOITEMPO. A TRADUÇÃO É DE ARTUR RENZ".

Ou melhor, não vou falar muito. Primeiramente, lemos um parágrafo assim em caixa alta e entre aspas:

“É UM PRECONCEITO MARXISTA – OU MELHOR, MODERNISTA – QUE O CAPITALISMO ENQUANTO ÉPOCA HISTÓRIA SOMENTE IRÁ SE ENCERRAR NO MOMENTO EM QUE UMA SOCIEDADE NOVA E MELHOR ESTIVER À VISTA, E EM QUE HOUVER UM SUJEITO REVOLUCIONÁRIO DISPOSTO PARA IMPLEMENTÁ-LA PARA FAZER AVANÇAR A HUMANIDADE. ISSO PRESSUPÕE UM GRAU DE CONTROLE POLÍTICO SOBRE NOSSO DESTINO COMUM COM O QUAL NÃO PODEMOS NEM SONHAR DEPOIS DA DESTRUIÇÃO DA AUTONOMIA COLETIVA (E INCLUSIVE DA ESPERANÇA POR ELA) REALIZADA NA REVOLUÇÃO NEOLIBERAL-GLOBALISTA."

Pois então: ontem mesmo aqui no blog mesmo escrevi algo contra esta ideia:

Destaco, especialmente, a questão sobre se devemos implantar o socialismo já, como a implantação da ditadura do proletariado, ou se isto é indesejável, pois nenhum modo de produção (o capitalismo, no caso) termina sem ter desenvolvido todas suas potencialidades. Depois de tudo o que viemos a saber do mundo soviético e do mundo maoísta, acho brabo forçar a barra.

Tentando amenizar a crítica à rapaziada que deseja a crise final -el derrumbre- procuro dizer que isto não é mais necessário, pois o capitalismo acabou há mais de 15 dias. Falando mais sério, entendo que a lei geral da acumulação capitalista encapsulada na consigna de "substituir trabalho vivo por trabalho morto" mostra-se agora em toda sua plenitude: a terceira revolução industrial tem potencial transformador maior até que o controle da energia atômica. E praticamente encontra-se em seus alvores. Nem podemos imaginar um mundo em que "o algoritmo" dará consultas médicas, psicológicas, aulas de dialética, aulas de equações diferenciais, sentenças judiciais, estratégias decisórias, o que mais imaginarei eu? Penso em Richard Rorty: devemos pensar o impensável! Em resumo: é ou não um preconceito marxista? Acho que é um preconceito do Zizek, sei lá.

Mas talvez meu principal argumento em favor da contenção dos "termocéfalos" que desejam acabar com o capitalismo pelo uso da força esteja associado a minha crença de que as instituições criadas pela humanidade, mesmo no norte da Europa, mesmo nos Estados Unidos ou Alemanha, em qualquer lugar, ainda não são capazes de sustentar um novo modo de produção. Nossas instituições -nem falemos no Brasil, Bolívia e Burundi- precisam evoluir num sentido que ainda somos incapazes de intuir e, menos ainda, apressar o surgimento.

DdAB
P.S. Cheguei ao artigo de Zizek por meio de uma postagem no mural de Rosemary Fritsch Brum.

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