13 fevereiro, 2017

Industrializar ou... Desenvolver


Querido diário:

Ontem, falei que estava lendo "Furacão Elis", que estamos em falta de quem fabrique um hino que sirva para tirar o Brasil do impasse em que o vemos. Mas eu não tenho nem mesmo uma palavra de ordem: nem "Fora Temer", nem -menos ainda- "Fica Temer". Quero "nem paz nem guerra", como Trotsky e outros revolucionários russos negociavam com os alemães no final da I Guerra Mundial.

E ontem mesmo Maria Gloria Leal falou gostar de coisas que escrevo. Pois bem, escrevi acima, mas acho que ela gosta mesmo das viajadas literárias. Pois bem, agora vai outra, agora em instantes. Acabei de ler o citado livro de Elis Regina e o de Jessé Souza (ainda falta-me coragem para ler aquele da ralé brasileira, parece que ele quer que, antes de começarmos por ali, leiamos outras milhares de obras suas). Estou lendo Tolstói, com a morte do jovem Ivan Illicht. Em compensação, começando a ler:

SANTIAGO, Silviano (2016) Machado. São Paulo: Companhia das Letras.

Estamos no ambiente em que o prefeito Pereira Passos e o engenheiro Paulo de Frontin estão botando abaixo meia cidade, para construir a Avenida Central (hoje, sabe-se lá o nome, Av. Brasil? Corina Dick saberá?). Nas páginas 26 (in fine) e 27 (caput), encontrei:

"Os vendedores de jornais e de bilhetes de loteria se misturam às cadeiras de engraxate e aos balcões de vender bicho. Cada um e todos gesticulam como loucos de hospício e apregoam aos gritos a mercadoria que lhes traz moedas e sustenta as famílias."

Pois tem muita coisa: é a vida no Largo da Carioca. Não menos de 20 anos do final da escravatura, pois Machado ainda estava vivo, no fim da vida, ou quase. Pois é a massa de trabalhadores informais, ex-escravos ou não. E que ficou por aí mesmo, vendendo milho verde, alugando cadeiras de praia, enquanto que os suecos, suĩços e eslovacos estão noutra.

É aquele Brasil que deu tanta alegria a tantos contemporâneos nossos (e até eu, antes de meu 'heureka'), por ter iniciado seu processo de industrialização com o capital governamental nacional, ou seja, o nacional-socialismo. Aqueles rapazes vendedores de bilhetes, se tivessem sido jogados aos cuidados do engenheiro, teriam sido transformados em tratores...

Ou seja, o que faltou mesmo, desde aqueles tempos, foi educação. Imagina se, despido da mania de industrializar-se, que se tornaria uma doença a partir de Raúl Prebish lá no início dos 1950s, tivesse virado, por exemplo, para uma rede ferroviária federal, de norte a sul, de leste a oeste, de pontos colaterais... O 'pobrema', diria Cristina Kirschner é que não deveríamos importar nem um prego. Aí é que começam os problemas. E para que exportaríamos?

DdAB
P.S. Todo o texto veio do Facebook, exceto os dois parágrafos finais.

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