12 outubro, 2015

Empate Político: Lia Luft


Querido diário:

Hoje li em Zero Hora uma longa entrevista com a escritora Lya Luft. Caderno PrOA, páginas 8-9. Ela diz muita coisa interessante, em geral com um viés, digamos, conservador. Mas faço-lhe eco a

Como nosso governo virou um mercado persa, um balcão de negociação, não tenho muita esperança de que mude tão cedo.

Pensei: benvinda a meu clube, que tenho declarado a amigos não esperar nada pelos próximos dez anos. E talvez até 12 anos, quando eu completar meus 80. Mas precisaríamos conceituar governo: executivo, legislativo, judiciário, federal, estadual, municipal, situação e oposição: tudo que ganha dinheiro do tesouro nacional. E até andei falando algo sobre este modismo do impeachment que ela diz algo parecido:

ZH: É a favor do impeachment?
LL: Não sei se impeachment. O legal seria que ela dissesse: 'Ó, boa noite, vou pra casa'. 

Em minha opinião, este seria o modelo do Capitão Nascimento, que chegou à corrupção vista de Brasília, há muitos anos. Mas não sei se seria realístico: ninguém abandona o poder sem ser forçado a fazê-lo. Aliás, se o fizessem, teríamos uma debandada de Brasília.

Mas agora vem a visão naive da parada, uma discussão importante que volta e meia recebe respostas ingênuas.

ZH: A senhora afirma no livro [que deu origem à entrevista] ser contra as cotas nas universidades. Por quê?
LL: Não acredito muito, Sempre me dá a impressão de que o melhor era proporcionar estudo de qualidade para todos, pobres, pretos, pardos, amarelos. As cotas não dignificam a pessoa. Tenho dois netos que têm sangue negro direto e poderiam ter usado as cotas, mas não quiseram. Entraram na universidade pelo próprio mérito.

Derreado com esta saída, os netos, outros falando na administração do país como em sua família, aquelas coisas. achei que no máximo poderia sugerir à escritora que aumentasse o tamanho da amostra, contemplando também outros netos. Por exemplo, os dos meninos de rua.

DdAB
Imagem: aqui.

2 comentários:

Anônimo disse...

Duilio,

Essa aí dos netos me fez cair os butiás dos bolsos, como se diz por aí. Confesso que esperava um pouquinho mais de uma escritora tão ilustrada. Fica prejudicado o debate com argumentos tão superficiais.

Abraço,
Teixeira.







... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

Salve, Teixeira! Lya Luft posa de "gente como a gente", o que me deixa fora, pois sou/somos "gente como a gente de esquerda". Na mesma entrevista, ela mostra seu pedigree falando em um pai que foi da finada UDN. Ao mesmo tempo, vivo pensando em que é "ser de esquerda". Claro que somos contra a corrupção e contra o saque descoberto dos salários milionários para os funcionários públicos.De minha parte, sou contra o impeachment e contra o governo.
DdAB