11 novembro, 2014

Um, Literato, Outro, Não


Querido diário:

O título de hoje estava prontinho para me depreciar, dizendo que Giorgio Bassani é literato e eu não sou. Mas, depois de ter assestado aquelas três vírgulas no meio de quatro palavras, achei que também faço das minhas... E estas reticências??? Igualei o número de vírgulas em poucos instantes!!!

Pois bem:

BASSANI, Giorgio  (2002) Óculos de ouro. São Paulo: Berlendis & Vertecchia. Coleção Letras Italianas. ISBN: 85-86387-55-X.

{Esta explicitação do International Standard Book Number dá uma ideia não agora de minha literatice mas academicice}. {A coleção Letras Italianas tem uns livrinhos bem maneiros, alguns dos quais ainda comentarei por aqui}

E Bassani? A Rose Bassani? Óculos de ouro é um livro instigante. Não falarei muito, pois minhas literatices são rasas, tanto quanto a moralidade dos políticos brasileiros contemporâneos. Falarei em coisiquinhas de três páginas.

A primeira página de que falo é a página 17 do livro, que se espraia pela 18. Então lá vai:

[...] estendia-se um enorme painel publicitário escarlate, que convidava amigos e adversários do socialismo para beber em harmonia o APERITIVO LENINE; quase todo dia, havia uma desavença entre camponeses e operários maximalistas(1), de um lado, e ex combatentes de outro...
[Maiúsculas, nota de rodapé e reticências no original. Na nota, lê-se:
(1) Corrente política originária de uma dissidência do Partido Socialista Revolucionário russo. (N.T.)

E o final de meu colchete? Os maximalistas, segundo aprendi no artigo de Martin Bronfenbrenner (aqui e parece que não está na postagem), os maximalistas sugerem que a escassez poderá ser debelada, caso todo mundo trabalhe dois anos durante se curso de vida! Parece que há os da Rússia e os do Bronfa...

Na página 38, tem uma frasezinha que nos leva a pensar no futuro da literatura universal quando acabar de vez o maldito hábito/vício de fumar. Por ora acabou somente o cigarro sem filtro (se é que a Nazionale não é cigarrilha):

   Sua pergunta foi recebida com muitas risadas. Deliliers sentara-se e acendia uma Nazionale. Tinha a mania de acender os cigarros do lado da marca, sempre com muita atenção para não errar.

O que parece óbvio é que o indicador do "lado certo" é a marca e não o filtro. Ergo os cigarros ou cigarrilhas não portavam filtros.

Finalmente, digo eu, temos na página 109 a expressão cui bono, só que, desta vez, em francês:

Por isso, eu também me questiono: à quoi bon

Este "à quoi bon" evocou e confirmei que era mesmo o cui bono que aprendi lendo "A economia brasileira: crítica da razão dualista", de Francisco de Oliveira. Agora mesmo olhei a Wikipedia (aqui) e vi um monte de coisa, inclusive a expressão equivalente cui prodest. Chico falou algo como "a pergunta do advogado". Até hoje busco entender melhor isto. Seja como for, na medida em que -na condição de economista- dedico-me a alardear as virtudes da sociedade igualitária, sempre que começo a avaliar o que quer que seja indago: quem se beneficia?

DdAB
Imagem aqui.

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