16 maio, 2014

Como Ficar Rico sem Política


Querido diário:

Parece que é impossível ficar rico sem entrar para a política. Vejamos. Sabemos, seguindo William Baumol, que há dois tipos de talentos empreendedores que devem ser recompensados no mercado com o que Joseph Alois Schumpeter chamava (no livro em inglês que li) de spectacular awards. Baumol falava em talentos produtivos (e.g., Henry Ford, Xuxa) e talentos destrutivos (Fernandinho Beira-Mar, todos os políticos), mas também falava em talentos para rent-seeking, ou ganhos improdutivos, ou ainda, veniagas ou tranquibérnias. Então: em qual tipo está o político? O ladrão certamente na apropriação do tipo veniaga. E alguns mais neutros apenas na reconversão digamos de recursos que poderiam ir para a educação e que eles fazem parar precisamente em suas fazendas, apartamentos, vilas, fábricas, bancos.

A página 27 de Zero Hora de hoje mostra uma tabelinha com o patrimônio das 15 famílias mais ricas do Brasil, de acordo com a revista americana Forbes. Quando vemos que há praticamente apenas famílias de donos da imprensa, de bancos e de construtoras, ficamos estupefatos: é ou não é o governo e suas conexões? A Rede Globo da família Marinho é ou não é o bibelô dos militares? Tem aquele Batista da JBS que me parece ser o empresário schumpeteriano da temporada, inserido na produção de bois, carne e uso dos matagais dos pantanais.

Que posso dizer sobre as chances de alguém ficar rico sem entrar na política, ainda que seja na condição de esbirro? Digo: p = 0, onde p é a probabilidade.
DdAB
P.S.: o prof. Adalmir Marquetti, presidente da FEE, é que chamou-me a atenção para esta regularidade estatística de que os maiores são mesmo imprensa, bancos e construtoras! Afe.

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