15 março, 2014

Robinson, Meade, Eu e a Desigualdade

Senhoras e senhores:

Volta e meia, relendo materiais manipulados em tempos de outrora, fico brincando que os plagiei, pois lembro (não tanto de tê-los lido) de -ao relê-los- ter escrito coisas assemelhadas. Assim foi, por exemplo, com "besuntar o pão" (aqui). Hoje vou falar de outro caso, mais importante, sob o ponto de vista da economia política, da sociedade igualitária, da pouca-vergonha da política brasileira contemporânea.

Em 1962, Joan Robinson publicou seu Economic philosophy, um livrequinho que, em minha edição Pelican, apresenta 140 páginas. Em, talvez, 1977 (ou no máximo 1978), adquiri um exemplar da edição de 1976 na Sussex University Bookshop, com um preço impresso na quarta capa de sessenta centavos de libra esterlina. Com o que gastávamos na época para viver num apartamento da universidade em seu campus, na vila Falmer, eu poderia adquirir, em um mês, uns 666,67 livros (ou seja, até uma fração de dois terços de um livro...). Nunca li este livrinho de cabo a rabo, como diz a bem humorada expressão do português, que eu traduziria para from cover to cover, mais burocrática.

Pois bem. Na p. 118, há poucos dias, na edificante presença do prof. Jesiel de Marco Gomes, li (não há traço que me permita dizer que lera antes, mas - you never know, plágios estão aí mesmo a serem alegados em minhas obras) o que segue:

   Nowadays, a conscientious writer like Professor Meade, before setting out the merits of the free market, is careful to say 'In order that the monetary and pricing system should work with equity it is necesssary to achieve a fair distribution of income and property and to point out that inequality makes the system not only inequitable but also inefficient, so that a pre-condition for desiring to preserve it is 'to take the radical measures to ensure a tolerably equitable distribution of income and property'. [Referência a Planning and the Price Mechanism, p. 35.] 

A Mrs. Robinson prossegue dando uma sarrafada no -então- futuro Prêmio Nobel de economia (aqui), reclamando que ele não tem uma visão universalista da igualdade/desigualdade, pensando que este raciocínio [...] seems just as natural as breathing to limit equity ans efficiency to our own shores.[...]

Foram plágios? Foi um enorme insight daqueles reservados apenas a quem está vigilante sobre a desigualdade 25 horas por dia? Onde estão os indícios do insight e das abluções do inconsciente? Usei o motor de busca do próprio blog e achei as seguintes referências ao senador Aécio Neves e a milhares de outras personagens da vida política do indigitado país (acho que este 'indigitado país' deve ser plágio ou da revista Pasquim, ou de algum cronista mais sério, como o foram Carlos Heitor Cony (hoje moribundo) e Otto Maria Carpeau (hoje finado). Cheguei a:

aaa
http://19duilio47.blogspot.com.br/2011/08/desigualdade-e-igualdade-na-cachacaria.html
bbb
http://19duilio47.blogspot.com.br/2011/09/mais-sobre-o-sistema-de-precos-e.html
ccc
http://19duilio47.blogspot.com.br/2011/11/ciencia-e-arte-serge-latouche-et-al.html
ddd
http://19duilio47.blogspot.com.br/2012/06/beleleu-onde-anda-o-sistema-de-precos.html
eee
http://19duilio47.blogspot.com.br/2013/01/precos-dos-transportes-subintes.html

DdAB
Imagem retirada da importante revista Capricho aqui. Não posso conter minha preocupação: que será que provocou tanta desigualdade nesta garota?

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