01 junho, 2013

Bolsa Família no Lancet x Renda Básica Universal Aqui

Querido diário:
Fontes insuspeitas levaram-me a trazer o seguinte.

The Lancet, Early Online Publication, 15 May 2013
This article can be found in the following collections: Global Health; Public Health; Gastroenterology (Gastrointestinal infections, Paediatric gastroenterology); Infectious Diseases (Gastrointestinal infections); Nutrition & Metabolism (Undernutrition); Paediatrics (Paediatric gastroenterology, Paediatric respiratory medicine, Paediatrics-other); Respiratory Medicine (Paediatric respiratory medicine)

Effect of a conditional cash transfer programme on childhood mortality: a nationwide analysis of Brazilian municipalities

Original Text
Davide Rasella PhD a, Rosana Aquino MD a, Carlos AT Santos PhD a b, Rômulo Paes-Sousa MD c, Prof Mauricio L Barreto MD a d

Summary
Background
In the past 15 years, Brazil has undergone notable social and public health changes, including a large reduction in child mortality. The Bolsa Familia Programme (BFP) is a widespread conditional cash transfer programme, launched in 2003, which transfers cash to poor households (maximum income US$70 per person a month) when they comply with conditions related to health and education. Transfers range from $18 to $175 per month, depending on the income and composition of the family. We aimed to assess the effect of the BFP on deaths of children younger than 5 years (under-5), overall and resulting from specific causes associated with poverty: malnutrition, diarrhoea, and lower respiratory infections.

Methods
The study had a mixed ecological design. It covered the period from 2004—09 and included 2853 (of 5565) municipalities with death and livebirth statistics of adequate quality. We used government sources to calculate all-cause under-5 mortality rates and under-5 mortality rates for selected causes. BFP coverage was classified as low (0·0—17·1%), intermediate (17·2—32·0%), high (>32·0%), or consolidated (>32·0% and target population coverage ≥100% for at least 4 years). We did multivariable regression analyses of panel data with fixed-effects negative binomial models, adjusted for relevant social and economic covariates, and for the effect of the largest primary health-care scheme in the country (Family Health Programme).

Findings
Under-5 mortality rate, overall and resulting from poverty-related causes, decreased as BFP coverage increased. The rate ratios (RR) for the effect of the BFP on overall under-5 mortality rate were 0·94 (95% CI 0·92—0·96) for intermediate coverage, 0·88 (0·85—0·91) for high coverage, and 0·83 (0·79—0·88) for consolidated coverage. The effect of consolidated BFP coverage was highest on under-5 mortality resulting from malnutrition (RR 0·35; 95% CI 0·24—0·50) and diarrhoea (0·47; 0·37—0·61).

Interpretation
A conditional cash transfer programme can greatly contribute to a decrease in childhood mortality overall, and in particular for deaths attributable to poverty-related causes such as malnutrition and diarrhoea, in a large middle-income country such as Brazil.

Parece que, se entendo estas coisas binomiais (qualitativas), a bolsa família é um fator de proteção (por contraste a fatores de risco, por exemplo, o alcoolismo do pai) para a saúde dos felizes petizes.

DdAB

P.S. Estou certo de que os filósofos gregos (Anaximandro de Mileto, aqui e seu sucedâneo da atualidade aqui ) não estarão pensando que estou metendo a mão com eles, hehehe. Mas parece óbvio que, depois de ter lido a postagem de Anaximandro's (aqui), no dizer de algum desenvolvimentista americano (Barro?) que li e esqueci onde (aposentado não precisa citar fonte, não é mesmo?), "once you begin to think about these things, you cannot think of anything else". Só lembro que era um xerox manchado de cafezinho, mas que era em inglês, era. E não cito, claro, literalmente.

P.S.S. No clima de discutir concepções gerais de ação pública, listo facilmente meus poucos e controversos pontos:

.a. renda básica universal é um requisito central de sobrevivência da vida humana planetária no século XXI. No caso do Brasil, se cada cidadão em idade ativa receber R$ 1.000 mensais, vão-se apenas 40% (ou até menos, com a inflação de hoje...) da renda nacional. Em meu modelo, criança não ganha renda básica universal, apenas R$ 1.000 para o pai e outros R$ 1.000 para a mãe. E que uma honrada família de pai, mãe e dois pimpolhos faria com os créditos mensais de R$ 2.000? Parece óbvio: abateria do imposto de renda a cifra de R$ 24.000 a cada ano. E aqueles que se recusarem a trabalhar? Se puderem, levarão seus rebentos à Disneilândia e, talvez, a outros lugares, tudo em prestações.

.b. o governo deve prover bens públicos e bens de mérito em quantidades crescentes (acompanhando a renda per capita do país).

.c. whisky (mais sobre o tema visual, não bebido, encontra-se ao clicar aqui) envelhecido por 13 anos para todos, no devido tempo, também se tornará bem de mérito e, como tal, cada cidadão interessado em encher a cara terá direito a retirar dos depósitos da nave uma quantidade socialmente combinada

.d. muito antes do whisky de 13 anos, haverá outros bens (whisky de 12 anos, etc.) que, crescentemente, serão incorporados à cesta socialmente combinada. E depois dele, seguirão, ad eternum, as inclusões de outros novos bens e serviços.

.e. então, quem vai querer trabalhar com esta renda básica de R$ 1.000? resposta: muita gente. Aliás, poderia até ser mais de R$ 1.000, dependendo dos econometristas do reino (nave) estabelecerem as curvas de oferta e demanda de trabalho, assinalando (determinando) dois pontos críticos: a renda básica (que suborna o cidadão para ficar em casa) e o salário mínimo (que o suborna para sair de casa).

P.S.S.S. também por extraordinária coincidência, cheguei ao que vemos aqui, por meio do site daqui.

Imagem daqui.

2 comentários:

estrangeiro disse...

Nao foi Barro. Foi Robert Lucas. (Ele foi professor em uma aula q fiz. Sou marxista mas preciso confessar q ele foi uma das pessoas mais tolerantes, abertas, e generosas q ja encontrei na sala de aula.)

I do not see how one can look at figures like these without seeing them representing possibilities. Is there some action a government of India could take that would lead the Indian economy to grow like Indonesia's or Egypt's? If so, what exactly? If not, what is it about the "nature of India" that makes it so? The consequences for human welfare involved in questions like these are simply staggering: once one starts to think about them, it is hard to think about anything else.

"On the Mechanics of Economic Development." Journal of Monetary Economics. 22 July, 1988, pp. 5.

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

Caro Estrangeiro:
Agradeço pela leitura do blog. Esta postagem é realmente impressionante e minha memória teve que recorrer à brincadeira (aquele 'Barro?' entre parênteses), pois não fui capaz de lembrar o artigo que citas e enriqueces minha etnografia com a citação da passagem.
Grato (e lamento ter visto o comentário apenas hoje e, como é o caso de assincronias, um tanto por acaso. Eu me indagava se fizera mais postagens sobre Rosana Pinheiro-Machado e caí nesta.

Abraço

DdAB