30 novembro, 2012

Hai-Kai n.6 e sua Trova

Querido diário:
Seguem as criativíssimas trovas que tenho feito com os hai-kais do genial Millôr Fernandes e seu livro abaixo referenciado.

Millôr:
MORTA NO CHÃO
A SOMBRA
É UMA COMPARAÇÃO

Planeta 23
É uma comparação:
A sombra do gato
Traz sapato na mão.

DdAB
Fonte do hai-kai: Millôr (HAI-KAIS, da L&PM, de Porto Alegre, adquirido por mim aos 10/out/2009. Fonte da foto do gato e sapato unidos para sempre: aqui.

28 novembro, 2012

CIE e ISI: não é por aqui

Querido diário:
Torno-me siglativo: ISI é bilíngue - industrialização por substituição de exportações, ou import substitution industrialization, ou até industrialisation. E CIE é crescimento induzido pelas exportações, export led growth. Claro que haverá milhares de outros "estilos" de crescimento econômico, como "dar saída aos excedentes" e "diversificação das exportações", para não falar da ampla variação de possibilidades em torno da economia fechada, que será a bola da vez da Argentina.

O problema com o Brasil é que ele não utiliza nenhum destes, pois tem crescimento rastejante, especialmente nos últimos dois anos. Ou seja, pode ter estilo, mas não tem crescimento (ainda que -sou o primeiro a festejar- não tenha tido enormes quedas no PIB mesmo nos anos aziagos). Claro que a crise mundial contribui para reter as taxas nesses níveis rastejantes, mas a demanda interna, contabilizada como fonte fundamental do crescimento ao longo dos últimos 60 anos, não cresce tanto quanto poderia, por razões várias.

Para mim, a principal causa da estagnação dos últimos 30 anos é mesmo a baixa qualidade do capital humano incorporado à mão-de-obra nacional. Terra de analfabeto quem sabe numerar até dez já tá eleito vereador ou ganha CC, se não exagero. Mas, sob a perspectiva da economia aberta, há dois pontos interessantes a referir.

O primeiro até já foi referido por mim na postagem daqui, ainda que muito superficialmente. Trata-se da citação de Akio Morita, o executivo da Sonny falecido em 1999 (aqui), no livro "Made in Japan", que veio -penso- a inspirar até o título do famoso "Made in Brazil", da dupla IEI/UFRJ-Unicamp. Pois lá digo que lá disse Morita: "nenhuma empresa pode ser competitiva externamente se não o for internamente". Assim, no Brasil, por exemplo, a Natura decidiu expandir-se no mercado francês, pois é lá que se aprende a fazer perfume!

Este é o maior breve que já vi contra a economia fechada. Numa economia fechada, não se vive no mundo contemporâneo, não se reserva mercado para a empresa nacional pela simples razão de que esta é incapaz de dar respostas adequadas à elevação do consumo per capita. Ver exemplo da Somália, cuja renda per capita é de U$ 600 (PPC). Ou seja, importar é o maior teste que recebe a empresa local contra a ineficiência. E, claro, não estamos falando em dumping (como o chinês, por exemplo). Ou seja, não pode vender no exterior mais barato do que vende em casa. E não pode vender em casa por um preço que nem sequer paga o custo de produção. Sob o ponto de vista internacional, não pode fazer dumping social, ou seja, países com direitos sociais e ambientais amplos não podem ser declarados iguais a países que nem respeitam o meio ambiente nem garantem direitos de férias, feriados, jornadas cada vez mais curtas a seus trabalhadores.

O segundo ponto a falar sobre a economia aberta retornou-me à mente em resposta a minha amada visita a Maringá. Lá, conversando com o prof. Gilberto Fraga (aqui), chegamos ao artigo

BALASSA, Béla (1964) Industrial development in an open economy: the case of Norway. Oxford Economic Papers. V.21 n.3 Nov. p.344-359. [Acessível no Periódicos/CAPES amplo]

O prof. Balassa fez um lindo estudo mostrando a mudança estrutural experimentada pela economia norueguesa depois da Segunda Guerra Mundial. Ele tinha em mente, entre outros aspectos, comparar a estratégia nórdica com a da substituição de importações latino-americana. Era tudo o que eu queria, pois aquele negócio que tenho argumentado de que houve "industrialização precoce" no Brasil, particularmente a partir dos anos 1950, com incentivos à industria nacional (nacional? Caterpillar? Volkswagen, Bosch?), distorceu os preços relativos de todos os cantos da economia. Mesmo admitindo outras importantes explicações para a descomunal distribuição da renda do Brasil, não é difícil entendermos que o fetichismo industrializante deixou de lado o culto à formação do capital humano.

Pois bem, então era óbvio que os salários rastejantes da economia brasileira contrastassem com as quuase-rendas tanto de capitalistas (e não falo de pro-labores) e principalmente do principado de funcionários públicos e, como tal, políticos. Então vejamos uma citação direta de Balassa (p.355):

The shift towards products with a high labour skill requirement is explained by the wage situation in Norway and the high educational level of the Norwegian labour force. As a result of the high productivity attained in the production of primary goods and internediate products at lower levels of transformation, wages reached levels approximating those of the major European countries. Correspondingly, industries relying to a large extent on unskilled and semi-skilled labour grew at a relatively slow rate (textiles, clothing, aod footwear) or even experienced a decline in output (lheather and leather producs), and the share of imports in the domestic consumption of these producs increaded substantially. In turn, the high educatonal level of the labour force permitted a rapid expansion in skill-intensive industries, such as engeneering and electrical machinery.

Olha só a situação atual de alguns países, em que destaco daqui a própria Noruega:

Claro que desigualdade per se não implicaria má educação, mas a verità é que não consigo imaginar um país mais igualitário e menos educado. O flagrante com o indicador do acesso ao crédito é fenomenal. E aquela relação entre a renda/consumo entre os 10% mais pobres e os 10% mais ricos?

Obviamente, não sabemos bem tudo o que esperar da abertura da economia brasileira. O que sabemos amargamente é que haverá formidáveis distorções que hoje levam o Brasil a ter precisamente o mesmo crescimento econômico rastejante e a mesma desigualdade característicos dos cantinhos mais aquecidos do inferno.

DdAB
P.S.: fora Janós, só conheço dois nomes de homem em húmgaro: Béla e Tibor. Haverá mais?
P..S.: imagem daqui. E parece que o que capturei foi a Finlândia...

26 novembro, 2012

Economistas: Dilma, Dudu e Diversionistas

Querido diário:
Costumo dizer que a afirmação de que a presidenta Dilma foi minha bolsista não é uma deslavada mentira. Nem todas as proposições não coincidentes com deslavadas mentiras são verdades, claro. Seja como for, trabalhando na Fundação de Economia e Estatística no mesmo período, não é difícil entender que houve alguma relação profissional entre nós. E, como tal, que Dilma é economista. E digo mais, que fez cursos na Unicamp que não se restringem ao curso de mestrado nos meados da década de 1970. E daí?

Daí que li na Carta Capital datada de depois de amanhã, lá na p.30:

A indústria é importante para articular os demais setores, ela tem um poder de inovação que se espraia pela economia, ela é decisiva para nós, que precisamos aumentar a nossa taxa de investimento [...].

Frase de Dilma Rouseff, presidenta da república. Como tal, política profissional. Economista? Bem, não duvido que ela seja uma das mulheres mais preparadas do Brasil de todos os tempos. E daí? Daí que qualquer setor é importante para articular os demais setores, a menos que se trate de economias de enclave. E daí? Daí que tanto a indústria como muitos dos demais setores da economia comungam desta notável capacidade de lançar inovações pelo resto da economia, ou seja, os demais setores, que -de qualquer modo- articulam-se de várias formas, comprando e vendendo insumos. Por fim, qualquer setor é decisivo para quem quer elevar a taxa de investimento.

No caso, como os chineses descobriram há décadas, a melhor maneira de fazê-lo é investir na construção: edifícios, pontes, túneis, fábricas. Em resumo: em que mesmo é que a indústria se diferencia, digamos, da plantação de suco de laranja? (Epa!). Indo mais diretamente ao ponto, vamos trocar a expressão "indústria" pela "educação" lá no discurso da presidenta:



A educação é importante para articular os demais setores, ela tem um poder de inovação que se espraia pela economia, ela é decisiva para nós, que precisamos aumentar a nossa taxa de investimento [...].

Economista por economista, assinatura por assinatura, eu assino com mais desenvoltura é esta frase com “educação”. E, no outro dia, ainda deixei claro o que entendo por educação: assistentes sociais, dentistas, guardas, faxineiros, cozinheiros, todos devidamente investidos de roupas, equipamentos, instalações. Agora precisamos decidir: quem é que pode contribuir mais aceleradamente para o crescimento, fazer a apologia da indústria ou a da educação? Parece óbvio que trator educado não transforma menino de rua em colheita, mas menino de rua educado transforma trator em colheita, sim senhor.

Não bastasse esta encrenca que agora arrumei logo com a presidenta da república, fui para o jornal Zero Hora (p.25). Economista diz cada uma:

Economistas alertam para o risco de 2013 piorar o prognóstico para a economia, caso o governo não mude o foco da política de crescimento – centrada no aumento do consumo – passando a incentivar mais o investimento e melhorar a produtividade.

Uma vez que os autores desta frase não são alheios à ciência econômica – caso o fossem, o conselho federal não lhes daria o diploma, não é isto? – somos forçados a crer que há uma enorme falta de seriedade nos jornais, que publicam qualquer coisa. Se antes me queixei da presidenta da república, do fato de que ela esgrimiu uma frase que não resiste à troca de uma simples palavra, agora queixo-me de que estes “economistas” não sabem o be-a-bá da contabilidade social. Aliás, nem é bem isto, não sabem o be-a-bá dos modelos elementares da determinação da renda do primeiro semestre da faculdade. Lá já aprendemos que tanto o consumo autônomo quanto o investimento autônomo, ambos, são capazes de movimentar a economia de seu nível de equilíbrio. Aumenta um ou outro, aumenta o outro, compreendeu?


Quero dizer: se o consumo em cachaça aumenta em R$ 1,00, a renda aumentará precisamente em R$ 1,00. Quem não entende isto nada sabe nem de Keynes, nem de Leontief nem de que-mais-seu-eu? Por outro lado, se todos nos devotarmos ao consumo desenfreado de cachaça por, digamos, 30 anos seguidos, neste caso, o investimento estará sacrificado e o crescimento de logo prazo, comprometido.


DdAB
P.S.: ainda não li, mas quem é que resiste ao título que relaciona Johnny Depp e o postulado da racionalidade? Tou indo prá lá agora mesmo, prô Bípede Pensante, vambora?

25 novembro, 2012

Mais Economês. Logo no Domingo?

Querido diário:
Estou vivendo novo ímpeto de esclarecer o tipo de erro em que incide quem acha que cada R$ 1,00 gerado na indústria vale mais do que o correspondente R$ 1,00 que emergiu da agricultura. Dito assim, parece que ninguém concorda, não é mesmo? Mas olha os disfarces que se colocam no discurso e se chega a pensar que os defensores da desigualdade estão cobertos de razão. Em particular, fala-se que a indústria tem maiores linkages do que a agricultura, o que pode ser contingentemente verdadeiro, e nada significa. Óbvio: valor adicionado não é valor da produção (ou oferta total), não é mesmo? Se a oferta total cresce, digamos 10% na indústria e 5% na agricultura, isto não implica necessariamente que o valor adicionado (produto) em uma será maior do que o da outra. Tem que olhar para o consumo intermediário.

Nesta linha é que muito aprendi com as coisas que li de Ulrich Köhli:

KOHLI, U. A gross national product function and the derived demand for imports and supply of exports. Canadian Journal of Economics, v. 11, n. 2, p. 167‑182, 1978.

KOHLI, U. GDP Growth accounting: a national income function approach. Review of Income and Wealth, v. 49, n.1, p. 23‑34, 2003.

KOHLI, U. Growth accounting in the open economy: parametric and nonparametric estimates. Journal of  Economic and Social Measurement, v. 16, p. 125‑136, 1990.

Aprendi que, para gerar o PIB, precisa-se de capital e trabalho: PIB = P(K, L). E inventei que, para se apropriar da renda, a família deve ter homens ou mulheres brancos ou negros, educados ou não, essas coisas, para endereçar ao mercado de trabalho. E incorporei as tradicionais funções de demanda para explicar como a mesma cifra do valor adicionado vai ser absorvida na forma de demanda final.

Por tudo isto é que tive a coragem de dizer o que referi ontem, nomeadamente, que VA = g(OT), ou seja, o valor adicionado depende do nível de oferta total. Também mostrei o caso óbvio em que, obedecendo a equação quantitativa da moeda, chegamos a ver que M = Y, ou a oferta de moeda que gira apenas uma vez por ano entre o comprador e o vendedor, numa economia de preços estáveis é precisamente o que se necessita para alocar toda a renda, ou o produto, ou a despesa, ou seja, o valor adicionado!

E por que posso dizer que VA = g(OT)? Digo que é a intensidade da vida econômica que explica o nível do valor adicionado. Ordem gera mais progresso do que desordem. Boas instituições, respeito a contratos, seriedade na política, essas coisas, também. E também disse que esta parte da crescente importância das relações interinstitucionais revela-se na relação do total de transferências relativamente ao valor adicionado e também ao próprio montante de relações interindustriais.

DdAB


24 novembro, 2012

Indústria, Lucros e Investimento

Querido diário:
Este título mais parece a apologia do pensamento estruturalista das antigas. Mas uso-o apenas para deixar claro que estamos falando nas três óticas de cálculo do valor adicionado:

Produto - gerado na agricultura, indústria e serviços.

Renda - apropriada como remuneração dos empregados (salários), remuneração dos serviços do capital (lucros) [e impostos indiretos líquidos de subsídios, na mensuração do Handbook da ONU contemporâneo].

Despesa - absorvida como consumo das famílias, consumo do governo, investimento (e variação de estoques) e saldo do balanço de transações correntes (exportação menos importação de bens e serviços, exceto serviços dos fatores).

O que teria a indústria de melhor sobre a agricultura? Dá uma olhadinha na tabela a sesguir, com alguns países selecionados. Parte dos BRICs e os anglo-saxões:



É muito provável que os dados desses cinco países tenham as cifras do emprego total (remunerado e não remunerado), como garanto ser o caso do Brasil. Por isto, talvez, é que a produtividade da agricultura no Brasil não é maior do que a média da economia: US$ 6,0 mil/PPC para US$ 21,9. Seria interessante ver a produtividade da agricultura exclusiva do "setor moderno". A China e a Índia não mostram quadro muito diverso do brasileiro, no sentido de que a produtividade do setor primário é muito menor. Mas passamos aos países capitalistas avançados: Alemanha e EUA. Então chegamos a uma observação interessante: a produtividade da agricultura é significativamente maior do que a da indústria e a dos serviços. Isto serve para dizer que a indústria é "pior"? Hehehe!

E os lucros? Insistir que lucro é "melhor" que salário é mostrar uma visão da modelística paupérrima (útil lá em seu tempo, quem sabe?) de dizer que "trabalhador não poupa". Claro que trabalhador poupa, mas o pior ainda é que "poupança não é renda" (se supusermos que os fatores não poupam, isto é, se eles transferem integralmente o produto que ganham às instituições). Qualquer pessoa que olhe a equação (contábil) de definição da renda vai constatar (ver a definição dada acima, adotada pelo IBGE).

Então nos resta o investimento. Claro que investimento é que faz crescer a capacidade produtiva e chave do crescimento de meu tão festejado valor adicionado (e se cresce a renda então necessariamente cresceram exatamente nas mesmas cifras o produto e a despesa, e assim por diante...). Mas o investimento não precisa ser feito na indústria, os bens de capital não precisam ser nacionais, essas coisas. Por que proteger os automóveis e deixar na rua da amargura os brasileirinhos? Claro que isto não é economia política, mas política cotidiana.
 


DdAB
O cachorrão da direita estará ameaçando ou revelando um segredo ao da esquerda?

23 novembro, 2012

Maringá: amigos, amigos; indústria à parte

Querido diário:
Ontem e ante-ontem foram dias de glória para mim. Segui no tema da crítica à "reprimarização", que redundou na crítica à própria "desindustrialização precoce", chegando ao ponto de falar em "industrialização precoce". Tudo começou há muito tempo (estava eu em Pescara, no início de 2010), mas uma postagem específica que tem a ver diretamente com o tema, e à qual seguiram-se várias outras, está aqui. A base de dados é a mesma que produzi a partir do trabalho de Guilhoto  (aqui), ainda no tempo em que o ano de 2009 não era disponível. Ou seja, meu período de estudo foi 2000-2008. O primeiro evento público ocorreu no IPEA, conforme a postagem a que remeti acima. Depois, a convite do prof. Adalmir Marquetti, falei na FEE e depois, a convite da profa. Brena Fernandez, falei na UFSC.

Pois é da UFSC que se origina minha viagem a Maringá, onde vi e revi (a Fafá!!!) amigos e onde recebi diferentes reações (todas muito fraternas e interessadas) a minha -quem sabe até iracunda?- investida contra o conhecimento estabelecido, de origem cepalina, kaldoriana, sei lá, que endeusa a indústria como a celestial fábrica de maná que todos desejamos no terreiro lá de casa. A profa. Marcela Albuquerque (UEM) e o prof. Sílvio Cário (UFSC), intrigados com minha fala, pensaram que poderíamos fazer um debate -ele e eu- em Maringá, integrando-nos à 27a. Semana do Economista da Universidade Estadual de Maringá. No final das operações logísticas, o prof. Sílvio ficou impossibilitado de ir e eu tornei-me monopolista da noite. Ou melhor, estivemos monopolizando a noite myself, centenas de professores do Departamento de Economia (e asssemelhados) e milhões de alunos de várias carreiras daquela instituição. 

Meu principal anfitrião foi o prof. Gilberto Fraga, coadjuvado pelo prof. Julierme Tonin, culminando com a adesão da profa. Márcia Istake. Podia estar mais feliz? Ela, Márcia, professora de contabilidade social, ainda abriu-me espaço para falar em sua aula. Anunciei-lhe que faria uma tentativa de desmoralizar o modelo do fluxo circular da renda "dos antigos", fazendo o elogio do "moderno". O primeiro, como sabemos, recebeu de mim o epíteto de "movimento pendular", pois o negócio oscila entre famílias e empresas ao longo de uma linha reta. O segundo, mais sábio, refinado e nobre, assesta-se sobre três pontos (produto, renda e despesa, ou produtores, fatores e instituições), o que determina um plano, base sobre a qual assenta o movimento circular tão ambicionado por Frank Knight, Joseph Schumpeter, essa turma toda.

Deu para capturar tudo isto na figura lá de cima? Tá aqui com mais recortes:

Aquela foto ali, gravatinha verde, foi capturada no momento em que eu dava uma entrevista à jornalista Ana Paula, na quarta-feira, um calor dos diabos quando nos postávamos ao ar livre. E o texto está aqui, para quem não quiser ir lá (no site deles acima registrado).

A 27ª Semana do Economista da UEM, transferida de setembro para novembro, será encerrada com a palestra A Indústria Brasileira e o Cenário Econômico Mundial, nesta quarta-feira (21), a partir das 19h30, na Câmara Municipal [foi transferida para o Auditório Ney Marques, da 'faculdade de economia']. O tema será explorado pelo consultor Duílio de Ávila Berni, que foi professor nas universidades federais de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, e da PUC/RS.

No evento desta noite, o professor vai falar sobre a política protecionista brasileira, que vem priorizando a produção de bens como automóveis e computadores, sem perceber que a produção primária, de soja, por exemplo, vem utilizando alta tecnologia desenvolvida no país, além de demandar o aquecimento de setores como os da química e dos implementos agrícolas. “Se a política econômica brasileira pensasse em produzir o que a natureza lhe permite, aproveitando a insolação, o clima etc., talvez pudesse ter alcançado o nível de renda per capita dos países do primeiro mundo e poderia comprar computadores de produtores que vendem barato para aumentar o capital humano, oferecendo educação aos brasileirinhos”, disse em entrevista à UEM-FM.

O tema central da Semana de Economia é O Brasil e o Cenário Econômico Mundial, promovido pelo Departamento de Economia, Programa de Pós-Graduação em Ciências Econômicas, Centro Acadêmico de Economia e PET Economia da UEM.


Tomara que eu tenha falado mesmo isto de "brasileirinhos"! Minha obsessão por estudar todos os ângulos que me ocorrem sobre a distribuição da renda muito cedo fez-me chegar a eles, os meninos e meninas de rua, mas não apenas eles, os capitães da areia amadescos, portanto, quase 100 anos de incúria desde que o fenômeno foi enquadrado. Em outras postagens (a primeira tá aqui), falei em "retransportização". Não foi Robert Barro que disse o que segue? "Once you begin to think about that, your soul does not allow your mind to thing of anything else".

Claro que não foi, né? Ele disse algo parecido, eu é que inventei este negócio que, espichado, vira: assim que começas a pensar nas questões distributivas, estás espichando teu olhar para os pobres, os desvalidos. E assim que o fizeres, verás, no Brasil, uma importante parcela da população jogada nas ruas, com aquiescência de prefeitos de milhares de prefeituras neste território. Todas estas imagens provocam dor, mas nada é mais revoltante do que ver crianças jogadas, literalmente, na rua da amargura. Claro que estou falando muito mais do que na "economia normativa". Claro que estou falando até em poesia, pois "alma" e "mente" são sinônimas de, no caso, "coração" e "razão".

A compreensão que alcancei com todos esses meus anos de estudo da "distribuição" e da contribuição setorial para montar determinados perfis distributivos tem duas componentes:

.A. conceitual:
O que interessa não é quem fabrica o computador e o trator, mas como eles são engajados no processo de produção. Eles podem ser produzidos localmente e exportados, o que lhes dá baixíssimo "efeito multiplicador". Por contraste, eles podem ser produzidos externamente e empinados na produção local, criando valor adicionado localmente. Valor adicionado não quer dizer "produto", claro, não apenas produto, mas também renda e despesa.

Obviamente valor adicionado (VA) é

VA = OT - CI,
(OT é a oferta total da economia e CI é seu consumo intermediário)

ou melhor, isto é o produto (com consumo intermediário comprado pelos produtores) ou a despesa (com consumo intermediário vendido pelos produtores), numa equação contábil (e cadê a renda, meu senhor do bonfim?; eu acho que ela tá na mão do presidente do banco central, o que é óbvio se cada cédula circula apenas uma vez por ano, ou seja, V=1 e se o nível de preços é constante, ou seja, P=1, o que faz M = Y, não é isto?). Mas sugiro que existe uma equação de comportamento (não alheia a Verdoorn ou Kaldor) segundo a qual

VA = f(OT),

e esta equação teria todos aqueles requisitos tradicionais, capturada por uma funçãozinha potência (ou outra mais refinada), mas com rendimentos decrescentes (VA = a × OT^b, com b < 1). A verità é que nunca pensei muito na econometria deste negócio todo. Quem sabe um dia consigo uma promessa dos profs. Gilberto e Márcia de mexermos nestas coisas em paineis mundiais, sei lá???

Em outras palavras, nas economias monetárias, o "valor" gerado pela sociedade (eu disse "pela sociedade", o que contempla os tais brasileirinhos, os brasileiros e os brasileirões, além de estrangeiros, e outras montanhas de ingredientes humanos e materiais que ninguém saberá determinar) responde a uma dimensão econômica da vida societária e que é contabilizada em termos de preços de mercado. Ou seja, estamos mesmo falando em "economias monetárias" e não em qualquer outro tipo de sociedade.

Se eu insisto no ponto de que, em fazendo parte da sociedade, o menino de rua, o engenheiro desempregado e seus pares, nomeadamente, o menino de palácio faustoso e o engenheiro de emprego invejável, ambos os três (ver mais besteirol aqui), contribuem para a OT e, como tal, para o VA, então estou negando qualquer protagonismo qualitativo a qualquer um deles. Então tu pode imaginá o protagonismo qualitativo que eu reservo para a indústria, ou a indústria de transformação, ou a indústria metal-mecânica, ou até algum segmento dela que exiba elevado coeficiente de correlação com a taxa de crescimento da economia, um troço destes. Claro que isto só pode ser rematada tolice daqueles que tentaram importar para o Brasil aqueles tipos de ideias de modelagem de economias fechadas, como a inglesa (de antanho) e a americana até de hoje mesmo Ok, vamos ao ponto empírico mais frontalmente.

.B. empírico:
Os dados de Guilhoto (por mim processados) a que me referi acima mostram que
.a. o setor serviços é o maior da economia brasileira há muito tempo,
.b. por isto mesmo ele é a maior fonte do crescimento econômico do país,
.c. tendo reduzido o protecionismo a partir dos anos 1990 (eu disse "reduzindo", pois estamos a estratosférica distância do protótipo de economia aberta), a mudança estrutural do Brasil conduziu para maior participação do setor primário (como já anunciava o prof. Laércio Barbosa bem naqueles anos), mas não perda de participação dos serviços, ou seja, quem entregou pontos percentuais foi mesmo a indústria de transformação,
.d. não houve grande dinamismo na economia global nestes nove anos (usando o deflator do PIB do IBGE),
.e. havia alguns setores igualitários, mas que -sozinhos- não podem ser invocados para rezar a missa,
.f. o grau de flexibilidade da economia brasileira até elevou-se (de acordo com o conceito que usei para medir esta dimensão do desempenho de um sistema econômico).

Concluo olimpicamente dizendo que o que importa é o consumo e não a produção. E que, nesta linha, ligando consumo e produção, importa mais a formação de capital humano (ou seja, meter o menino de rua na aula de inglês e o engenheiro desempregado no doutorado) do que de capital físico (qual seria mesmo a diferença, sob o ponto de vista do grão de soja, em ser semeado num buraco cavado por um trator coreano ou um Caterpillar made in São Paulo?) E digo mais: o estancamento da economia brasileira dos últimos 30 anos se deve precisamente a sua incapacidade de elevar substancialmente a produtividade. E como elevaria com tanta ineficiência no gerenciamento que a sociedade brasileira dá a seus recursos humanos?

DdABa
p.s.: às 1h59min de 27/nov/2012, retifiquei uma frase do terceiro parágrafo, deixando mais claro que a iniciativa de "desmoralizar" o velho modelo do fluxo circular da renda é minha e não de minha anfitriã ou seus alunos.

P.S.S. E, às 20h23min de 26/jul/2015, domingo, desejo corrigir aquela equação lá de cima dizendo que

VA = f(OT)
ou seja, o valor adicionado é função da oferta total

por

VA = g(Pop)
ou seja, o valor adicionado é função da sociedade, ou melhor, da população. Aqui mostrei um cálculo elementar do coeficiente de determinação entre essas variáveis em um cross section mundial do ano de 2014 (e aproximados) e encontrei o animador número de 0,61 para 181 países. Para quem não sabe, as variações na população explicam 61% das variações no valor adicionado. Claro que não temos aí uma prova, mas não conseguimos negá-la. Entusiasmado, já acrescentei que então somos forçados a concluir que a sociedade é que causa o valor adicionado.

21 novembro, 2012

Hai-kai da p.11 e sua trova...

Querido diário:
Seguimos com os hai-kais sequenciais:

Millôr:

UMA AQUARELA;
GAIVOTAS
SITIAM A BELA


Planeta 23:

Sitiam a bela
o rapaz da ópera
e a girl da gavota.

DdAB
P.S.: estamos na p.11 do livro da L&PM. Faltam 112!

20 novembro, 2012

Imposto de Renda Progressivo (nos EUA...)

Querido diário:
Vão-se mais de 10 anos que olhei umas matérias interessantes sobre alíquotas do imposto de renda nos EUA (mutatis mutandis, chegamos hoje aqui). Faço um resumo:
.a. o imposto de renda foi implantado em 1862,
.b. cinco anos depois, uma alíquota única foi estabelecida,
.c. tudo revogado em 1892,
.d. lei do imposto de renda em 1894,
.e. suprema corte cancela tudo, pois não estariam fazendo rateio entre os estados,
.f. em 1913, emenda constitucional autoriza o governo (congresso) a instituir e coletar o imposto,
.g. depois de 1913 (quando?), ainda era imposto de alíquota única, passando a alíquota escalonada,
.h. em 1916, a alíquota (máxima?) era de 13%,
.i. em 1917, inseriu-se uma alíquota máxima de 67%,
.j. em 1924, a alíquota máxima foi reduzida para 43%,
.k. em 1926, voltou a baixar, chegando a 25%,
.l. em 1932, voltou a elevar-se a alíquota máxima de 25% para 63%,
.m. em 1935, a alíquota subiu para 79%,
.n. em 1941, foi a 81%,
.o. em 1942, subiu para 88%,
.p. em 1944, chegou ao máximo de 94%,
.q. em 1945, a alíquota máxima baixou para 91%,
.r. em 1950, caiu para 84,4%,
.s. em 1951, voltou a subir para 92%,
.t. em 1964, caiu para 70%,
.u. em 1981, a alíquota voltou a cair, alcançando 50%,
.v. em 1986, caiu para 33%,
.w. em 1993, foi para 39,2%.

No Brasil, chegamos a 50% no tempo dos governos militares, tendo-se reduzido para os 27,5% que se paga na atualidade.
DdAB
Imagem veio daqui. O interessante é que fala-se em desindustrializaçaõ. Eu acho que o desmantelamento do imposto de renda é mais pernicioso do que a quebradeira daquela foto lá de cima. Tenho dito: o problema não foi a "desindustrialização precoce" dos anos recentes, mas a "industrialização precoce" dos anos 1950s. E tem mais: os dados das contas nacionais, contando o emprego remunerado e o não remunerado, mostram que estamos frente ao Novo Milagre Econômico Brasileiro, pois, desde 2000, o emprego, a produção e a produtividade crescem monotonamente (duplo sentido: não cai nunca e a taxas rastejantes...).

P.S. Coloquei aqui a parte que resumi do link anteriormente referido:

History

The origin of taxation in the United States can be traced to the time when the colonists were heavily taxed by Great Britain oneverything from tea to legal and business documents that were required by the Stamp Tax. The colonists' disdain for thistaxation without representation (so-called because the colonies had no voice in the
establishment of the taxes) gave rise torevolts such as the Boston Tea Party. However, even after the Revolutionary War and the adoption of the U.S. Constitution,the main source of revenue for the newly created states was money received from customs and excise taxes on items suchas carriages, sugar, whiskey, and snuff. Income tax first appeared in the United States in 1862, during the Civil War. At thattime only about one percent of the population was required to pay the tax. A flat-rate income tax was imposed in 1867. Theincome tax was repealed
in its entirety in 1872.
Income tax was a rallying point for the Populist party in 1892, and had enough support two years later that Congress passedthe Income Tax Act of 1894. The tax at that time was two percent on individual incomes in excess of $4,000, which meantthat it reached only the wealthiest members of the population. The Supreme Court struck down the tax, holding that itviolated the constitutional requirement that direct taxes be apportioned among the states by population (pollock v. farmers'loan & trust, 158 U.S. 601, 15 S. Ct. 912, 39 L. Ed. 1108 [1895]). After many years of debate and compromise, the Sixteenth Amendment to the Constitution was ratified in 1913,
providing Congress with the power to lay and collect taxeson income without apportionment among the states.   The objectives of the income tax were the equitable distribution of thetax burden and the raising of revenue.
Since 1913 the U.S. income tax system has become very complex. In 1913 the income tax laws were contained in eighteenpages of legislation; the explanation of the Tax Reform Act of 1986 was more than thirteen hundred
pages long (Pub. L. 99-514, Oct. 22, 1986, 100 Stat. 2085). Commerce Clearing House, a publisher of tax
information, released a version of theInternal Revenue Code in the early 1990s that was four times thicker than i
ts version in 1953.
Changes to the tax laws often reflect the times. The flat tax of 1913 was later replaced with a graduated tax. After the UnitedStates entered World War Ithe War Revenue Act of 1917 imposed a maximum tax rate for individuals of 67 percent,compared with a rate of 13 percent in 1916. In 1924 Secretary of the Treasury Andrew W. Mellon, speaking to Congressabout the high level of taxation, stated,
The present system is a failure. It was an emergency measure, adopted under the pressure of war necessityand not to be counted upon as a permanent part of our revenue structure…. The high rates put pressure ontaxpayers to reduce their taxable income, tend to destroy individual initiative and enterprise, and seriouslyimpede the development of productive business…. Ways will always be found to avoid taxes so destructive intheir nature, and the only way to save the situation is to put the taxes on a reasonable basis that will permitbusiness to go on and industry to develop.
Consequently, the Revenue Act of 1924 reduced the maximum individual tax rate to 43 percent (Revenue Acts, June 2,1924, ch. 234, 43 Stat. 253). In 1926 the rate was further reduced to 25 percent.
The Revenue Act of 1932 was the first tax law passed during the Great Depression (Revenue Acts, June 6, 1932, ch. 209,47 Stat. 169). It increased the individual maximum rate from 25 to 63 percent, and reduced personal exemptions from $1,500to $1,000 for single persons, and from $3,500 to $2,500 for married couples. The National Industrial Recovery Act of 1933( NIRA), part of President franklin d. roosevelt's New Dealimposed
five percent excise tax on dividend receipts, imposed acapital stock tax and an excess profits
 tax, and suspended all deductions for losses (June 16, 1933, ch. 90, 48 Stat. 195).The repeal in 1933 of the
 Eighteenth Amendmentwhich had prohibited the manufacture and sale of alcohol,
brought in anestimated $90 million in new liquor taxes in 1934. The Social Security Act of 1935 provided for a wage tax, half to be paidby the employee and half by the employer,
to establish a federal retirement fund (Old Age Pension Act, Aug. 14, 1935, ch.531, 49 Stat. 620).
The Wealth Tax Act, also known as the Revenue Act of 1935, increased the maximum tax rate to 79 percent, the RevenueActs of 1940 and 1941 increased it to 81 percent, the Revenue Act of 1942 raised it to 88 percent, and the Individual IncomeTax Act of 1944 raised the individual maximum rate to 94 percent.
The post-World War II Revenue Act of 1945 reduced the individual maximum tax from 94 percent to 91 percent.
TheRevenue Act of 1950, during the Korean Warreduced it to 84.4 percent, but it was raised the next
year to 92 percent(Revenue Act of 1950, Sept. 23, 1950, ch. 994, Stat. 906). It remained at this level until 1964, when it was reduced to 70percent.The Revenue Act of 1954 revised the Internal Revenue Code of 1939, making major changes that were beneficial tothe taxpayer, including providing for Child Care deductions
(later changed to credits), an increase in the charitablecontribution limit, a tax credit against taxable retirement income, employee deductions for business expenses, and liberalizeddepreciation deductions. From 1954 to 1962, the Internal Revenue Code was amended by 183 separate acts.
In 1974 the Employee Retirement Income Security Act (ERISA) created protections for employees whose
employers promised specified pensions or other retirement contributions (Pub. L. No. 93406, Sept. 2,
1974, 88 Stat. 829). ERISA required that to be tax deductible, the employer's plan contribution must meet certain minimum standards as to employeeparticipation and vesting and employer funding. ERISA also approved the use of individual retirement accounts (IRAs) toencourage tax-deferred retirement savings by individuals.
The Economic Recovery Tax Act of 1981 (ERTA) provided the largest tax cut up to that time, reducing the maximumindividual rate from 70 percent to 50 percent (Pub. L. No. 97-34, Aug. 13, 1981, 95 Stat. 172).
The most sweeping taxchanges since World War II were enacted in the Tax Reform Act of 1986.
This bill was signed into law by President ronaldreagan and was designed to equalize the tax treatment of various assets, eliminate tax shelters, and lower marginal rates.Conservatives wanted the act to provide a single, low tax rate that could be applied to everyone. Although this single, flat ratewas not included in the final bill, tax rates were reduced to 15 percent on the first $17,850 of income for singles and $29,750for married couples, and set at 28 to 33 percent on remaining income. Many deductions were repealed, such as a deductionavailable to two-income married couples that had been used to avoid the "marriage penalty" (a greater tax liability incurredwhen two persons filed their income tax return as a married couple rather than as individuals). Although the personalexemption exclusion was increased, an exemption for elderly and blind persons who itemize deductions was repealed. Inaddition, a special capital gains rate was repealed, as was an investment tax credit that had been introduced in 1962 byPresident john f. kennedy.
The Omnibus Budget Reconciliation Act of 1993, the first budget and tax act enacted during the Clinton administration, wasvigorously debated, and passed with only the minimum number of necessary votes (Pub. L. No. 103-66, Aug. 10, 1993, 107Stat. 312). This law provided for income tax rates of 15, 28, 31, 36, and 39.6 percent on varying levels of income and for thetaxation of Social Security income if the taxpayer receives other income
over a certain level. In 2001 Congress enacted amajor income tax cut at the urging of President george w. bushOver the course of 11 years the law reduces marginal incometax rates across all levels of income. The 36 percent rate will be lowered to 33 percent, the 31 percent rate to 28 percent, the28 percent rate to 25 percent. In addition, a new bottom 10 percent rate was created. (Economic Growth and Tax ReliefReconciliation Act of 2001, Pub. L. No. 107-16, 115 Stat. 38.)
Since the early 1980s, a flat-rate tax system rather than the graduated bracketed method has been proposed.
(The graduated bracketed method is the one that has been used since graduated taxes were introduced: the percentage of taxdiffers based on the amount of taxable income.) The flatrate system would impose one rate, such as 20 percent, on allincome and would eliminate special deductions, credits, and exclusions.
Despite firm support by some, the flat-rate tax hasnot been adopted in the United States.