04 julho, 2012

Desigualdade na Desfaçatez

Querido Diário:
Hoje, ao ler Zero Hora, tranquei na coluna de Carolina Bahia, mas hoje escrita por Fábio Schaffner. Fala-se da propaganda eleitoral, informando que a presidenta Dilma não vai-se envolver nas campanhas dos candidatos da coalizão que sustenta seu governo. Sustenta? E que as preocupações da turma são com as turbulências europeias. Mas também com "a previsão, na LDO, de um mecanismo que permite reajustes salariais automáticos ao Judiciário e ao Legislativo." Para onde vai a transparência, quando o eleitor mediano começar a achacar a turma cujos vencimentos serão publicados, quando a sociedade realmente lutar pela seriedade legislativa? Parece que publicação de vencimentos não rima com vencimentos escorchantes.

É desfaçatez. E é desfaçatez desigualitária, pois também o poder executivo tem, aqui e ali, alguns rapazes também indexados aos salários olímpicos. Mas a falta de vergonha nacional -e parece que a turma do Planeta 23 é a única exceção- é que não se alardeia que o imposto de renda poderia acabar com essa desfaçatez: por exemplo, tem um teto remuneratório de, digamos, R$ 27 mil? Então cobra uma alíquota adicional do popular imposto de, digamos, 99%. Por que não?

Nâo seria esta a vontade do 'contribuinte'? Que dirá o eleitor mediano de ser chamado de 'contribuinte'? Penso que o 'contribuinte' é um eleitor mediano que ganha lá uma renda familiar de seus R$ 2 mil. Uma fez que a mulher do deputado e o marido da juíza ganham mais R$ 27 mil (supostamente), segue-se logicamente que a renda familiar dos últimos é 27 vezes superior ao rapaz que dirige ônibus e é casado com uma empregada doméstica. E que vota nos envangélicos, mas faz seu churrasquinho com caipirinha e cerveja.

Como desconstruir esta desfaçatez de modo a expandir a igualdade? Tenho pensado e vou expandir os pensamentos sobre o papel da indústria da construção, o bem-estar (?) chinês e o mal-estar europeu. Enquanto isto, vou citando um fruto de meus mais ativos pensamentos: a seguinte sentença:

Pensamento é como ciclé: se tu puxa bem, ele estica e se tu puxa mal, ele te rebenta.

DdAB
P.S.: tá na moda escorchar o senador, que parece ter sido o campeâo (no biênio 2011-2012 apenas) da desfaçatez: aqui.

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