30 novembro, 2011

Significado de Dialética

querido diário:
no outro dia, vi postado no blog Bípede Pensante (ver link à direita) uma -digamos- diatribe contra o "método dialético". eu vi o desmonte deste método de ciência e retórica feito pelos marxistas analíticos há 20 anos. os analíticos argumentam que a contribuição substantiva de Marx não foi o método, mas precisamente os achados resultantes de sua pesquisa. no soy tanto, como teria cantado Chico Buarque a paratir da canção cubana, ou seja, não consigo entender adequadamente estes aspectos. entendo que o marxismo tem contribuições importantes, e a mais marcante é a "lei da centralização do capital". agora, se isto é dialética, conjetura, falsificacionismo, então sou incapaz de decidir...

ao mesmo tempo, tempos depois, o tempo consagrou-me como proprietário do livro "Dialética para Principiantes", de Carlos-Roberto Cirne Lima, mais citado aqui até mesmo que o Bípede Pensante. pois, depois bemdepois de ter lido o "Bípede", caiu-me nas mãos mais uma vez, incontáveis vezes o próprio Cirne-Lima. e ele fala coisas maravilhosas.

mas vou destacar apenas uma, aplicada ao direito. o assunto começa com as "partes", ou seja, os contendores de uma disputa sobre direitos. então o juiz deve "ouvir as partes". cada parte exibe um interesse, cada parte terá seus argunentos para justificar ter recorrido à justiça. será assim a dialética o ataque e a defesa de qualquer tese defendida por uma parte correspondentemente defendida e atacada pela outra parte. naturalmente, não sou capaz de dizer o que é um método para se chegar à verdade, epa, à justiça e o que é retórica. mas Cirne-Lima sabe...
DdAB
imagem: olímpica. é o próprio Monte Olimpo, foto retirada, como observamos, da Wikipedia ponto pt.
p.s.: esta postagem é a de número 268 de 2011, alcançando este récord batido em 2010. se eu postar amanhã, e depois, e depois, terei novo récord com relação a todos os blogs. este, com seus três anos e os demais que somam mais quatro, total = sete, como o número de orifícios que o homem tem na cabeça.

p.s.s.: às 22h22min de 3/dez/2011, complementei: falei na lei da concentração. mas, para mim, a mais interessante "lei" descoberta por Marx é a versão econômica da filosofia hedonista: o capitalismo volta-se a transformar trabalho vivo em trabalho morto. e esta é sua maior contradição, pois -ao fazê-lo- eleva a produtividade do trabalho. e aí se manifesta a lei do valor: quanto maior a produtividade, menor é o valor. isto significa que economizar trabalho vivo reduz a lucratividade das empresas. mas quem não economiza, perde a corrida da produtividade e não consegue cobrir os custos quando os preços caem.

28 novembro, 2011

Ciência e Arte: Serge Latouche et al.

querido diário:
no início dos anos 2000, apresentei um paper sobre a evolução do pensamento clássico e cepalino sobre a relação entre produção, distribuição e consumo na Associação Italiana de História Econômica (o otra cosa come questa...). o debatedor que me honrou com comentários inteligentíssimos foi o economista francês, prof. Claude Latouche. já na época, havia em seu redor um ar ecológico, conservacionista. a cidade do evento era Lecce. ele criticou inteligentemente e eu me defendi como pude. hoje, depois de outros detalhes pessoais e "escritos", vou falar sobre um texto dele -Latouche- saído na p.6 do suplemento "Nosso Mundo", de Zero Hora de hoje. ele poderá defender-se, se o desejar...

escritos: uma pessoa que, em inglês, chama-se Elisabeth Oak pode ser traduzida? traduzem-se pessoas com a nova ortografia? Beth Carvalho? pois juro que li esta declaração, já na Contracapa do 2o. Caderno do já carimbado jornal: "Isso tudo tem a ver com a CIA, que quer acabar com o samba. É uma luta contra a cultura brasileira. Os Estados Unidos querem dominar o mundo através da cultura." pensei: "Isso tudo?, tudo o quê?". mas segue-se que a CIA quer acabar com o samba. esta eu não sabia! e acho que todos devem ter preservado o direito de dizerem o que bem quiserem, até os políticos. a restrição que seria feita aos direitos destes seria a de não roubar. acho difícil. mais fácil é a CIA prender o Zorro, sei lá.

bem, antes de alongar-me com o mr. Latouche, vejamos a p.21 do caderno main stream: "[...] é importante que os custos da rastreabilidade [do rebanho bovino] não recaiam exclusivamente sobre os produtores. O investimento [para viabilizar a rastreabilidade] não é pequeno e tem de ser dividido por toda a cadeia produtiva." pensei: e o mecanismo de preços não faz isto automaticamente? ou haverá, na visão do articulista do "Olhar do Campo", o sr. Irineu Guarnier Filho), uma ineficiência generalizada do sistema de preços no Brasil, por causa da distribuição da renda escandalosamente desigualitária? se for, eu diria que é um economista essencialmente economista, como poucos, que não pensam no conflito distributivo como a questão central da economia política. o que quero dizer? que o sistema de preços é melhor do que palpites individuais. e que o sistema de preços também tem suas distorções (bens públicos e agora afirmo que a distribuição também, como sabemos) que devem ser sanadas antes de deixá-lo agir a mil. nunca esquecerei que o senador Aécio Neves recusou-se a fazer um teste de mensuração de seu nível de álcool no sangue, pagando multa de -parece- R$ 1000, dois salários mínimos, o que sustentaria, na riqueza, a maioria das famílias brasleiras! como é que poderíamos dizer que "uma multa é um preço", se é um preço ridículo para a honra do senador?

ok. o mr. Latouche. rima com o que falei ontem sobre o planeta água. ele é o que alguns chamam de neo-malthusiano, achando que precisamos consumir menos ou tudo vai-se acabar. ele tem 71 anos. por que um velho se preocupa com o futuro? eu, de minha parte, acho que é que estamos interessados em ver aonde nos mandam nossos modelos. acho que a sociedade igualitária é a panaceia, mas como não a vejo possível em meu horizonte de vida, já vou jogando a responsabilidade para a outra geração. aí ele falou da pegada ecológica e a definiu com uma informação: "Ela é calculada em mais ou menos dois hectares de espaço bioprodutivo por habitante. [...] O Brasil está com 2,5 hectares por habitante." e isto é um problema, 25% acima do "desejado". em minha maldade, pensei que, se reduzíssemos a população em 25%, então chegaríamos no índice que ele deseja. ou seja, ingressei (e já saí) rapidamente (saí mais rapidamente ainda) no clube que acha que gente é problema, que tem que reduzir o número de pessoas, porque elas dão muito trabalho (requerem postos de trabalho), elas destróem o meio ambiente, elas fazem e acontecem.

para concluir seu artigo e esta postagem: "Eles [a negadinha do Forum Social Mundial de 2002, a que ele compareceu] lutavam por uma outra mundialização, enquanto nós pregávamos a desmundialização." e eu pensei: não é que não é? não estou dizendo?

DdAB
a imagem desta oliveria veio daqui. o que mais me impressionou em Lecce foi a oliveira da praça central, com -disseram- 450 anos de idade.

27 novembro, 2011

Água em Israel

querido blog:
se hoje é mesmo 27/nov, então é domingo. e se é domingo, nada melhor do que falar de cachaça e seu antônimo, a água. há muitos anos, aprendi que a América (Sul a Norte) é o continente dos alimentos, par excellence. e entendi que o Brasil, por estas próprias razões e ainda outras é o país da água. tanto é que já fizemos a canção "o planeta água será terra".

fizemos? pois acho que ninguém fez.

.a. no blog da dra. MdPB, postei algo falando nisto. o fato concreto é que o que achei como esta busca foi o Guilherme Arantes. era ela, era ele, era ela, não era.

.b. confusão.

começa a explicação:
.a. tem mesmo o que ouvimos ao clicar na imagem acima, que aprendi, sob o patrocínio da profa. Brena (aula em EAD) a ligar com o YouTube. ela escreveu um manual para seus alunos de terceiro tipo (meu caso). por outro lado, se clicares na imagem abaixo, verás o que confundi lá na postagem da Da Paz com "o planeta água será terra". seria minha audição ou a dicção do 14Bis (conjunto que adorei, a própria canção, o são, pois as palavras não, ou melhor, as palavras também, ainda que com erro de não mais de 1%, bicaudal). com imagens do YouTube, entram propagandas pagas sei lá de quem e eu é que não ganhei nadicas. dois pontos:


pois bem, agora bem. então chego ao título da postagem. retomo o economês. o otimismo. eu digo que os dois maiores mananciais de capital brasileiro são os de água e os de gente. e ambos precisam de cuidados para frutificar. a frutificação de gente aparece por meio de poemas e outras manifestações da vida humana, como o jogo de pelota e a culinária italiana, o cantiga de roda e a manifestação pública (a mob americana...). resumo: o Brasil podia tentar gastar mais em formação de capital humano e social e menos em capital físico, não acha? deixaríamos o capital físico para o setor privado e o governo seria apenas provedor de bens públicos e meritórios, como tenho discursado há anos por acá.

pois bem número dos: há anos ouvi  dizer que um navio de luxo, Eugênio de Tal, por nome, utiliza toda a água que sua enriquecida população consome retirando-a (a população foi retirada de seus habitats em terra firme, lógico) do mar. e, antes de devolvê-la -pútrida e fétida- recicla-a, reutiliza-a de -pelo que entendi- joga ao mar apenas peixinhos, sabe-se lá.

e já sabia há mais tempo que o estado de Israel (não confundir com a pracinha do mesmo nome que é onde inicia minha rua de moradia de coração) domestica seus desertos, transforma pedra (pedra ou areia?) em água. pois hoje, no caderno Dinheiro de Zero Hora, p.6-7, fala-se em "A Corrida do Século XXI" e que a China e Israel unem-se "pela água", e que Israel pode dar ou vender tecnologia de manipulação de mananciais de águas ou esgotos ou areias ou pedras, em benefício da coletividade. claro que vibrei. e claro que jurei que haverá problemas para a integração econômica internacional do futuro modelo societário brasileiro quando as vantagens comparativas do Brasil (baseadas na água, lógico) ruirem, por exemplo, por causa da exploração da agricultura no antigo deserto do Sahara. e claro que será muito melhor para a humanidade que o Sahara seja agricultável do que não o seja, não seja, digo, não é?

o que há de errado, pensando otimisticamente, é este modelo de existência de estados nacionais. o que precisa acabar é pensarmos que, se a água é de todos, se os mares são de todos (exceto, infelizmente, da Bolívia), não há razão para que o ar tampouco o seja e que tampouco outros condicionantes da vida.
DdAB

26 novembro, 2011

Vocabulário: enriquecendo o meu

querido blog:
o que não está no vocabulário da gente não está no mundo? às vezes está. por exemplo, tenho um sentimento de afeição a certos sabiás muito peculiar que ainda não recebeu dicionarização (pois ainda não foi nem  gravado, exceto em ligações telefônicas). em outras palavras, este sentimento (bondoso, by the way) é inócuo sob o ponto de vista de enriquecimento lexical do brasileiro (vou tentar não falar em "português"). mas haverá outras palavras, até mesmo termos técnicos, que me fogem ao completo controle.

no caso, trata-se menos de "substantivos", mas de "conceitos". o primeiro, que juro ainda tratar num futuro remoto, é o de paridade do poder de compra e o cálculo do PIB. no outro dia, voltando a olhar as estatísticas de Geary & Khamis (?), percebi que, em 2008, o PIB chinês, mensurado em dólares americanos, era praticamente igual ao dos USA. ou seja, mais dois ou três aninhos e a China seria a primeira economia do mundo, sob o ponto de vista da geração de valor adicionado por unidade de tempo. eu previra há anos que isto, il sorpasso (?), ocorreria em 2012, o ano que não terminou, nem iniciou e outros anunciam que terminará é o mundo...

resumo: nada falarei sobre o que falei. mas falarei sobre tradeables e non-tradeables. também quereria falar sobre stakanovismo. a grafia não batia, mas achei o seguinte na wikipedia italiana: http://it.wikipedia.org/wiki/Stacanovismo. quer olhar? copie e cole.

anti-resumo: e os tradeables? ocorre que tenho calculado que o coeficiente de abertura (exportação/pib) da economia brasileira, em 2008, foi de (chuto agora) 16%. acabo de entender, por dialogação com o prof. Joal de Azambuja Rosa que esta cifra é enganadora, pois devemos considerar no denominador, para certos efeitos analíticos, não o pib propriamente dito, mas apenas a fração de tradeables. no caso, se o pib é 100, as exportações são 16 e se os tradeables são 50 (agropecuária, indústria, alguns transportes, exportação de energia, sei lá), então o coeficiente de abertura A é 32%. e daí?

bem, daí que sempre fui invocado -na condição de neo-heterodoxo- com a fragilidade da economia brasileira ao setor externo, pois o coeficiente foi, digamos, 12% uma boa parte dos últimos 50 anos. e agora entendo um pouco mais: claro que abertura de 1/3 é um monte. claro que qualquer coisa que represente um terço de outra requer cuidados analíticos apenas passíveis de serem administrados por economistas de bom gosto.
DdAB
o gato é daqui. fiquei imaginando o que aconteceria se contratássemos gatos caseiros para fiscalizarem a execução da lei do orçamento. e se aquela estrelinha azul lá dele é a da Chrysler (que, em brasileiro, se pronuncia 'craisler') ou de algum outro destruidor de vidas e poluidor do meio-ambiente.

25 novembro, 2011

Victor Ramil Lá em Casa

querido blog:
pode-se ouvir o original aqui. entendi o seguinte:

Esteira, esteira
fica sempre asssim
parada, parada
bem longe de mim.

DdAB
e a imagem é daqui.
p.s.: ontem previ que haveria uma liminar mantendo privilégios. parece que errei. nada vi no jornal, a não ser que a oposição denuncia o governo que está aumentando em R$ 50 milhões sua folha de pagamentos ao oferecer novos incentivos aos funcionários da secretaria da fazenda estadual.

24 novembro, 2011

Previsão para Amanhã

querido blog:
as previsões econômicas são efêmeras: em geral não duram tanto quanto o autor desejaria. em geral, quando prevemos algo, distanciamo-nos do futuro no momento do "palpite". pois hoje testo meus conhecimentos teóricos de escolha pública e "governo".

o jornal de hoje divulga que 101 funcionários da Assembléia Legislativa do estado do Rio Grande do Sul terão salários cortados, pois receberam, em oito anos, cerca de R$ 32 milhões em vantagens irregulares. quase sic. quem mandou foi o tribunal de contas.

minha previsão: amanhã o tribunal de justiça dará uma liminar aos "ofendidos", garantindo-lhes a irredutibilidade dos vencimentos. quer apostar?
DdAB
imagem: azul de brigadeiro para essa macadada? ou partir para a bicada contra as aves de rapina?
p.s.: sempre disse que a solução para este tipo de desmando é o imposto de renda, com uma tabela de progressividade decente, ou seja, começando, digamos, em R$ 5 mil mensais e chegando (e ainda subindo) a 90% para quem ganha mais de, digamos, R$ 20 mil, subindo, subindo, de sorte que os juízes pagariam uma fortuna em imposto de renda e a ave da foto não precisaria voar baixo.

23 novembro, 2011

Brasileirinhos e a Esfinge

querido blog:
quer imagem mais linda? é a Baby Consuelo cantando "Brasileirinho" num espetáculo que capturei do YouTube. quer mais segredo do que os velados por aqueles olhos? negros, como a asa da graúna, era isto? quer mundo mais decente que aquele idealizado por ela? quer reviravolta na música como a dos Novos Baianos? quer reviravolta na reviravolta como a revolução egípcia? tente cantar "Egipciozinho".
DdAB
P.S.: aos 1/12/2012, temos novamente o YouTube aqui.

22 novembro, 2011

Egito: mais do mesmo

querido diário:
vejo estupefato que tudo mostra que as eleições do Egito são apenas manobras para desmobilizar o povo que volta a se insurgir. entendo bem, a exemplo do que aconteceu na Argentina com a Guerra das Malvinas, que há insatisfeitos (com a guerra de cá) e insatisfeitos (com a mesmíssima guerra, tudo ao mesmo tempo). claro que no Egito os protestantes não são todos. mas também é claro que uma junta militar que comandou o exércioto e a polícia do governo deposto manter-se no poder é o mesmo que deitar as raposas (políticos brasileiros) à porta do galinheiro (tesouro da república) para cuidar das galinhas (impostos, receita da petrobrás e outras fontes de enriquecimento ilícito).

mas nem só de oriente médio vive o oriente. dizque o Brasil voltou a se abster no voto de censura que a ONU fez ao governo do Irã - nada tendo a ver com produção de bombas de hidrogênio ou o que lá seja. e sim com desrespeito aos direitos humanos: corta mão, apedreja, tortura, faz julgamento sumário. uma baixaria.

DdAB
imagem: tentando elevar o astral, procurei "sublime" e o que de melhor achei foi esta dica para fazer tricô.

21 novembro, 2011

Alvíssaras: as professorinhas e a Dilma

querido blog:
as professorinhas entraram em greve no Rio Grande do Sul. pelo que ouvi dizer, são umas quatro ou cinco, um pouco mais, um movimento que se arrasta como a famosa procissão do ministro Gilberto Gil. esta greve de fim-de-ano é precisamente para prejudicar os alunos que gostariam de ter suas notas, seus conceitos de aprovação, para desfrutarem de férias com seus familiares, como fizeram seus ancestrais por incontáveis gerações. as professorinhas, ou melhor, as lideranças sindicais das professorinhas, deram-se conta de que podem levar as famílias à fúria se não derem as notas, se impedirem seus filhos diletos de se inscreverem para os exames vestibulares, para mudarem de estado ou país, ou cidade, ou escola, bairro, sei lá.

as famílias furiosas, bem devo admitir que ficam, agem de duas maneiras:
.a. não fazem nada
.b. tomam seus rebentos amados e diletos e os encaçapam em escolas alheias à rede pública.

30 anos desta prática no Rio Grande do Sul acabaram de vez com a educação. poderia ter dito: 30 anos de governos escabelados é que fizeram isto. é a mesma coisa. a educação é a causa do mau governo e o governo é a causa da causa de sua estrutural faceirice, o patrimonialismo e toda a sorte de pouca vergonha que faria corar o sr. Bocaccio lá em seu livro decameronesco.

as professorinhas não se deram conta de que escolheram uma forma de luta (luta?) que contribuiu para destruir inapelavelmente a educação e, com ela, a chance de termos políticas decentes. persistir no erro é burrice, e esta negadinha simplesmente faz isto há 30 anos. 30 anos, quando a primeira professorinha da primeira greve já poderia estar aposentada.

ok, ok. por falar em negadinha e aposentadoria, desejo também comentar o que diz o jornal que diz a Dilma. parece que ela não se deu conta de que o problema das finanças públicas federais não é propriamente a longevidade da população mas alguma outra coisa. nesta linha de raciocínio, decidiu-se encaminhar ao congresso nacional, esse invejável local de veraneio, um projeto que equipara as aposentadorias dos funcionários públicos com as do setor privado. claro que isto não é uma medida de benesse, em homenagem aos estrondosos ganhos de produtividade que ocorreram na economia brasileira, digamos, nos últimos 30 anos.

o que se quer é reduzir os proventos da aposentadoria dos funcionários públicos, para que estes alcancem os pagos pelo INSS. pode? claro que o argumento é que tem gente que ganha R$ 30 mil mensais (não era 30 mil por 30 anos, mas batidinhos, mês após mês). e claro que não é legítimo que essa macacada passe o resto da vida ganhando nababescamente e ainda por cima adote o filho ou o neto, para que este siga campeando esta milenar quantida monetária.

meus dois recados:

.a. às professorinhas: garra de trabalhar e usa a cabeça para bolar uma forma de valorizar a educação, tua profissão e larga de fazer um troço que 30 anos mostraram que só serve para dar cobertura a governos estupidificantes.

.b. à presidenta Dilma: garra de abrir mão de diagnósticos estúpidos sobre as finanças públicas. e se for realmente calamitoso pagar pensões de 60 salários mínimos a políticos e correlatos, a solução não é equiparar com o setor privado per se, mas criar um imposto de renda decente neste país. Gini altíssimo com imposto de renda de 27,5%? só no Maranhão, de onde veio a ideia, e no resto deste combalido povo, pois não tem escola.
DdAB
imagem: daqui. simplesmente caí no site do PPS, este partido que faz o justificado orgulho de seus integrantes e seus cargos em comissão. não sei de que prconceito eles falam. eu falei de dois:
.a. nem toda greve é algo que conduz ao socialismo. nem toda professorinha quer destruir a escola.
.b. devemos cuidar das gerações mais novas e das mais velhas. devemos dar-lhes tratamento decente. aula para uns e proventos para a vida digna dos outros.

20 novembro, 2011

Carneiros Gregos. só gregos?

querido diário:

meu jornal de hoje, feito ontem, mostra dados preocupantes sobre o futuro das gentes. ao invés de quererem que as pessoas trabalhem menos e ganhem mais, o que vemos é que todos desejam que, sim, as pessoas trabalhem menos (encolhimento do mercado de trabalho) e ganhem menos (encolhimento do PIB). a p.2 do caderno "Dinheiro" de Zero Hora dominical permite montarmos uma série estonteante sobre o bem-estar da carneirada, ou melhor, do povo grego, o povo que inventou a contagem de carneirinhos para dormirmos, o povo que enrustiu Ulisses e sua turma nas barbas (barbas?) de carneiros, esgueirando-se de Polifemo. era isto?

a tabela que montei com base naqueles dados é a seguinte:

Períodos IPR
2007 100,0
2008 99,8
2009 96,5
2010 93,1
2011 88,0
2012 85,5

temos uma seriezinha de seis aninhos com o índice do produto real da economia grega.dados realizados e outros planejados. a inexorabilidade desta queda de 14,5% no PIB dos helenos é algo estonteante. como é que sabem que é mesmo 14,5 e não, digamos, 14,45? e por que diabos tem que cair?

naquele tempo, falava-se que a ciência econômica tinha um misto de ciência e técnica, ciência e arte. fico sempre que vejo estes receituários massacrantes, pensando no que aprendi de errado naquelas aulas todas a que assisti e que ministrei, naqueles livros todos que li, nas políticas de estabilização. estabilização para cima e não para baixo. claro que tem estabilização para baixo, cujo récord é acabar de vez com o PIB.

além disto, no Brasil, volta-se a falar em cancelar benefícios dos aposentados que gozam da condição de funcionários públicos, a fim de equipará-los com os aposentados que não têm esta gloriosa cobertura. sempre me indago: o PIB vai cair? estamos no limiar de uma crise de proporções helênicas? por que não fazer o contrário, retirando gente de produtividade baixa do mercado de trabalho, subornando-a a ficar em casa, sem incomodar as máquinas e rolamentos do PIB e pagar-lhes precisamente o que ganhariam se fossem funcionários públicos?

no caso da Grécia, é fácil de argumentar. quem não compraria um hotel que já faturou 100, pagando a pechincha de 85,5? eu não, pois não tenho dinheiro, mas o governo grego bem que poderia fazê-lo. alguém deveria apostar no negócio. a escolha coletiva, os governantes, a nacionalidade, a humanidade, essas coisas. parece que pode ter chegado a hora de nova virada, botando abaixo o neo-liberalismo, essa aliança espúria entre políticas públicas concentracionistas, que acham que o equilíbrio só reaparece à base da queda do produto.
DdAB
imagem

19 novembro, 2011

Parole, parole...

querido diário:
no final do sábado, acho tempo para algumas digressões sobre a palavra. ia dizer "palavra humana", mas sei que aí já entraria em várias controvérsias: haverá palavra não humana? então entro: os macacos bonobo, se lembro, teriam um vocabulário de 10 palavras. os chomskianos dizem que isto não é língua. eu não me vejo ameaçado por isto, pois entendo língua como sinônimo de comunicação. e, neste caso, abelhas e macacos se comunicam, deixam e recebem mensgens, muitas delas fazendo a diferença entre a vida e a morte.

também lembro o que, se bem lembro, disse Umberto Eco: "o importante é conceber a história; as palavras virão naturalmente". por falar nele, tá aqui ele! mais ainda, ele, Eco, disse que deveríamos falar todas as línguas do mundo. acho brabo, pois tenho razões para crer que, se vivêssemos horizontes realmente dilatados de tempo, cada um criaria sua própria língua, com seus androides, suas máquinas e mesmo seus amigos. todos iríamos comunicar-nos com todos por meio de máquinas tradutoras. um troço destes.

por simples consequência lógica, no outro dia, fiquei perdido entre "solipsismo" e "solipcismo". realmente, não sei de onde tirei o "com 'c' ". se pensar, fica óbvio. solo-sozinho ipsis: auto, próprio. mas não era isto, pois a inguenorância é a instância perene. eu pensara que havia algo de figura de linguagem nestas paragens. e aí vim parar em "tropo", que é -se bem reflito- "mudança". e aí achei-me: esrutura e mudança são a base do abc da economia do desenvolvimento. uma estrutura mostra como as partes de um todo se articulam para dar-lhe forma. mudança na estrutura requer que entendamos como as partes se tornaram independentes e como voltaram a se articular.

para sábado?
DdAB
e a linda imagem é do lindo site.

18 novembro, 2011

Contato (ou era um contrato?)

querido diário:
na p.313 do livro "Contato" de Carl Sagan, pensei ter perdido contato com meu tempo, pois li:

vou caminhando sem peias pelos montes, 
sabendo que existe esperança 
para o que foi surgindo do pó, 
buscando lugares e coisas eternos.

minha primeira reação, claro, foi de pasmo. parece que ficaram mais questões do que anteriormente. quem criou o pó? que é esperança? haverá lugares e coisas eternos? pensei em explicar tudinho, tintim por tintim num paper sobre o máximo autovetor de uma matriz de insumo-produto ordinária, mas achei que seria desnecessário. a lição é que tudo está mesmo em todo lugar e tudo pode ser infinito, pois não podemos conceber que tudo acabe num just-like-that de fazer zumbir uma abelha.
DdAB
e que diabos de montes seriam aqueles? (foto da uiquipédia)

16 novembro, 2011

Entropia se escreve com minuscula?

querido diário:
parece que as três leis da termodinâmica foram recebidas com razoável grau de ceticismo por parte de diferentes comunidades terráqueas. a própria ideia de lei já deixa muita gente de cabelo em pé: "como é que pode haver regularidade no que quer que seja, se meu orçamento vive oscilando entre o nulo, o vermelho e o medíocre"? eu sempre penso: usando o crédito, sempre seremos credores: entropia é uma questão de acerto com os políticos, que nunca vivem devendo, a não ser para salvar as aparências de que estão montando patrimônios invejáveis a serem deixados para os pósteros e até ânteros (como tenho ouvido crescentemente dizer que tem acontecido com as altas patentes da administração pública brasileira).

pois bem: um ovo é um sistema. um ovo quebrado pode manter-se na condição de um sistema parecido com o original, mas perde algumas propriedades, como a de -se for o caso- gerar galos, galinhas, marrecos, cisnes, dinossauros. mas imaginemos que o conteúdo informacional aquele ovo que se foi ao chão, esborrachando-se, era de duas informações: clara e gema. depois de cair ao chão, um cachorro lambeu tudo, refestelou-se, mas deixou um segmento de mistura indissociável entre clara e gema. nesta mistura indissociável, por conter um conteúdo informacional menor do que o anterior (gemada não é ovo + clara, não é mesmo?), passou a ter maior entropia.


por isto disse-me, sem peias um menino de rua: a economia é a base da porcariae a entropia é fria.

DdAB

15 novembro, 2011

Caos & Entropia

querido diário:
tenho rosnado imprecações contra o conceito de entropia, que me foge como a ordem do armário. tenho tossido para descrever o caos que, aparentemente, não é seu sinônimo. à propos, li algo em meu amado livro "Dialética para Principiantes", de Cirne-Lima que achei poderia dar um bom resumo do caso. mutatis mutandis, ele disse, ou seja, ele não disse e eu é que digo que ele poderia ter dito:

caos é totalmente indeterminado; não há nele coisa ou seres com limites ou contornos.

então achei bom dizer despedida:
DdAB
imagem: caótica.
p.s. e, além disto, parece que a confusão entre modus tollens e modus ponens resolve-se da seguinte maneira: uma vez que o modus tollens nega pela negação, este to-llens pode ser traduzido como to lie, ou seja, uma imprecação mentirosa contra a conclusão que, ao se associar a uma imprecação falsa sobre a premissa, condena-se ao opróbio das proposições consentâneas. se tudo estivesse correndo bem mesmo eu acharia a tecla do "italizar" e teria itálico em todas as expressões estrangeiras. comme il faut.

13 novembro, 2011

Duas Lições de Aritmética Tributária

querido blog:
a p.9 de Zero Hora de hoje tem uma entrevista com o secretário da fazenda do Rio Grande do Sul, o sr. Odir Tonollier. indago-me o que ele pensa fazer com a realidade que recebeu. há uma discussão sobre se o déficit orçamentáro do governo estadual será de R$ 1,3 bilhões em 2012. uma vez que o PIB estadual foi de R$ 180 bilhões em 2009, e o ICM, 10%, mal comparando, esta dívida será de cerca de 1% do primeiro no ano que vem. não é avassaladora, óbvio, mas pode provocar especulação sob o ponto de vista político, de quem criticava o déficit do govenro anterior e agora justifica tudo direitinho. hipocrisia da política, parece inevitável, a memos que mudemos tudo!

o que me pareceu estranho é que o secretário não tem claro que seu diagnóstico resumido no seguinte trecho de uma entrevista:

"Somente o consumo de combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e bebidas responde por mais da metade da arrecadação. Outra parcela importante depende do consumo no varejo, nos supermercados [...]."

mostra que a mais natural razão para haver tributação cobrada pelo estado do Rio Grande Sirvam Nossas Façanhas de Modelo a Toda a Terra do Sul é essencialmente indireta: incide mais que proporcionalmente sobre a renda dos mais pobres. pobre bebe? claro que bebe. pobre usa enegia elétrica? claro que usa. pobre usa telefone? claro que usa. e se não usasse, usaria igual, pois usa outros produtos em que a energia elétrica, o telefonema e a própria bebida entram indiretamente (como insumos). é espantoso que os estados tenham o grosso de sua arrecadação retirada precisamente dos orçamentos das pessoas de baixa renda. é vergonhoso. por este tipo de motivação é que costumo pregar a favor do fechamento dos estados, este antro de empreguismo e enviesamento na alocação dos recursos sociais.

e como pagar as despesas que não seriam obnubiladas com a extinção do estado do RGS? obviamente, com transferências do governo federal feitas por meio de impostos diretos. imposto indireto apenas para bem de demérito!

ok. mas agora vejamos o lado mais limitante ainda ao pensamento progressista. a p.3 do caderno "Dinheiro' do carimbadíssimo jornal tem declarações de Armínio Fraga:

"A atuação do Banco Central tem limite. É como se fosse um pescador que tem uma vara e não pode pegar todo o peixe. É preciso outros instrumentos."

e o combativo (?) jornal acrescenta: "ex-presidente do Banco Central, defendendo que, para a taxa SELIC cair, seria fundamental um maior esforço do governo para conter os gastos públicos."

e eu fiquei pensando: conter os gastos públicos? apenas os alocados para corrupção ou também os das escolas, hospitais e presídios? se não der, o melhor seria mesmo era aumentar os tributos e, se for o caso, manter os juros...

DdAB
imagem: procurei "desfaçatez" e achei isto.

p.s.: e tem o seguinte artigo maravilhoso na p.13: "Uma mulher com muitos ofícios", do médico sanitarista dr. Marco Jesus. ele fala da política equivocada sobre o consumo de drogas, dizendo que se deve gastar é em "investimentos pesados em educação e saúde para a prevenção." e antes diz: "as drogas são uma questão muito mais de educação e saúde pública e muito menos de polícia."

12 novembro, 2011

Um Novo Inglês e Outras Drogas

querido diário:
esta postagem não obedece ao marcador "Vida Pessoal". como "não dizer o que não dizer" é um mandamento importante para a boa escrita, digo o que direi: marcadorei em "Escritos" (primeiras partes) e "Economia Política" (segundas partes). em outras palavras, não há disjunção absoluta entre as três partes, a parte intermediária não sendo alheia nem à primeira nem à segunda. para entretenimento do leitor e, em especial, para autoesclarecimento, não nego que tenha negado o mandamento importante da boa escrita, três pontinhos.

mas vejamos o que não é tão boa escrita, a não ser que realmente estejamos cortejando os Engenheiros do Hawaii, quando escreveram que "garotos inventam um novo inglês". fazia tempo que eu não comentava os erros de, por isso mesmo designada como o fazemos, Zero Herra. no Caderno Vida, a contracapa tem uma bela entrevista com Eric Kandal, prêmio nobél de medicina no ano 2000. como ele não fala o novo inglês, digo, o português, li: "Memórias que viriam lhe marcar pelo resto de sua vida, impulsionando ainda mais seu interesse na área." pensei: "Memórias que viriam a marcá-lo pelo resto da vida, impulsionando ainda mais seu interesse na área." ou ainda "Memórias que o iriam marcar pelo resto da vida, impulsionando ainda mais seu interesse na área." e pensei em mais 14 trilhões (1.000 para cada aniversário do Universo) de formas diversas de expressar aquele probleminha da transição entre um verbo transitivo direto e outro indireto, favorecendo o desenvolvimento das forças produtivas do novo inglês.

dito isto, pulei para a p.2 do caderno principal, no tradicional artigo de Cláudia Laytano. em geral, mais gosto ou sou indiferente do que desgosto a suas reflexões sobre a idade do universo e seus desdobramentos. hoje, para mim, tem uma das atrozes tiradas de patricinha: "Era um fim de tarde, e as mesas [de uma lanchonete, ora esta, onde deitava falação um literato] estavam lotadas de estudantes aparentemente com mais fome de lanche do que de literatura." claro que a primeira coisa que pensei foi: "aparentemente?" será o novo inglês? apparently? seu tradicional duplo sentido? claro que fiquei pensando que o dono da lanchotete, ao abrigar a negadinha que gosta de escrever e falar sobre escritos também pensava em ganhar algum, descolando x, y ou z, sendo x um cheese burger, y, uma coca-cola diet e z um paco de acepipes.

indigesto, pulei para um encontro com a jornalista Carolina Bahia, na p.15 desse mesmo caderno principal. eu já ouvira falar no assunto e até pensei em iniciar um abaixo-assinado no orcute, ou sei lá onde, para lançarmos ao oprópio a genialidade médica do polêmico deputado Osmar Terra (PMDB). ou melhor, diz a sra. Bahia:

"Atestado médico. O polêmico projeto do deputado Osmar Terra (PMDB, foto), que prevê a internação involuntária de dependentes de drogas mediante determinação médica, ganhou dois apoios de peso: a Associação Brasileira de Psiquiatria e o Conselho Federal de Medicina. A proposta institui penas para traficantes proporcionais ao poder de destruição da droga comercializada."

não apenas há méritos da jornalista ao iniciar sua notícia sinalizando que aí vem chumbo grosso. há deméritos espantosos no fato de ainda não termos conseguido fazer o recall com o mandato deste médico que julga-se e aos de sua classe no poder de decidir entre o bem e o mal. será que café é mesmo uma droga? ou ele está falando em oxy (era isto?), crack, coke, o quê? um simples baseado? chimarrão? mas ainda não vimos tudo, neste parágrafo. com efeito, no parágrafo acima, diz Bahia que duas instituições apoiam esta autoritária, vergonhosa iniciativa integrante do churrio legislatório apontado por Stanislaw Ponte Preta há muitos anos. para piorar minha opinião sobre o conselho federal de medicina, só mesmo sabendo que elest também estarão recebendo equiparação salariam com os ministros do supremo.

o que fazer com os viciados? se retirarmos-lhes a acusação de criminosos -per se- poderemos começar a separá-los em viciados que praticam crimes (exceto, por definição, o de usar drogas, jogar, colecionar sapatos, e todas as pilhas de blim-blim-blins que tecnicamente podem ascribe o designativo vício a indivíduos humanos) e viciados que não os praticam. no primeiro caso, não incluí, por isenção bloguística, o vício de votar em Osmar Terra, três pontinhos.

mas há algo mais que pode ser feito relativamente a todos os viciados e que acabaria com o tráfico de drogas nun just-like-that de dar gosto a quem de mais interesse expresse pela parada. trata-se da criação de salas de consumo! o governo da república do Brasil faria um convênio com uma empresa júnior associada á faculdade de medicina de alguma universidade do norte da Europar para que ela administre um programa de encher o Brasil de salas de consumo de drogas, um, pelo menos, em cada município. neles, a frequência não seria obrigatória, ao contrário: quanto mais cedo os meninos, digamos, dinamarqueses deixarem de receber visitas do indivíduo A, do B ou do C, maiores serão seus ganhos por conseguirem convencer o viciado a abandonar esta condição, promovendo-o a ex-viciado. um troço assim.

a moral da história é que esta hipocrisia institucionalizada no Brasil de quererem fazer-nos falar uma língua europeia, quando milhões de pessoas, mesmo da mais abalizada imprensa falam um novo inglês made in Brazil, o preconceito patrício rosna contra pobres estudantes mastigantes, tudo isto, e aí vem gente querendo dizer que a solução para o problema das drogas é ainda mais repressão, mais força bruta, mais pancada. qual é a moral da história? pau, pau e pau!
DdAB
p.s.: uma vez que a postagem foi longa, nada melhor do que ampliá-la. ou melhor ainda, que ampliar ela. comecei falando em Carolina Bahia, terminei citando Monteiro Lobato: "pau, pau e pau". de onde tirei? de minha imaginação, memória oblierada por travos alienígenas, sei lá..., mais três pontinhos. qual é a moral da história? é que, no natal de 2004, comprei o livro "Urupês", de sua autoria, Monteiro Lobato. ele contesta a mudança ortográfica de não-sei-lá-quando, parece que a de 1943, e cita Carolina Michäelis, que se manifesta contra os acentos, como o trema... pilhas de três pontinhos, pois Mikaelis tem trema, não é mesmo?

p.b., isto é, o p.s. do p.s.. all of a sudden, revi o pé-da-página 10, onde tudo isto acontecia, e a transição lógica para a p.11: "Nâo há lei humana que dirija uma língua, porque língua é um fenômeno natural, como a oferta e a procura, como o crescimento das crianças, como a senilidade, etc. Se uma lei institui a obrigatoriedade dos acentos, essa lei vai fazer companhia às leis idiotas que tentam regular preços e mais coisas."

p.s.s.: tu viu? não apenas dá uma pancada (pau, pau e mais pau) nos rapazes que negam obviedades econômicas, desde economistas que têm pouco apreço ao estudo da ciência econômica centrado nas emanações da lei da oferta e procura. outra é a da linha de nosso ministro dos esportes, o mr. Aldo Rabelo que já me trancafiaria no xilindró por ter escrito a palavra ascribe sem itálico (ou mesmo o itálico seria galicismo e iríamos para o opróbio igual?). e então que dizer de um louco machadiano que quer trancafiar os viciados? por que não começam com os ministros ladrões e todos os demais políticos ladrões? e depois os demias ladrões, assim sucessivamente? pode?

p.s.s.s. tu viu a origem da foto que uso hoje para ilustrar o que uso hoje? que fazer com o espancamento de telefones? se um aluno atendesse o telefone em minha aula nos tempos em que, por pura neurose eu as ministrava, como, aliás, um atendeu em pleno curso de microeconomia no mestrado, ou não era micro?, eu não o agrediria, mas pediria uma liminar para que ele não atendesse. e não o trancafiaria pelo uso de drogas. se a liminar não chegasse a tempo, eu iria reprová-lo, daria zero na disciplina e encerraria o assunto. e, claro, me demitiria do cargo, não instantaneamente, para não dar na vista, mas para evadir-me de um ambiente que, no momento, não favorecia a contemplação e o estudo. tudo? tudo por causa dos antiequilibristas.

p.s.s.s.s. na primeira vez que este Urupês, na Biblioteca do Colégio Estadual Júlio de Caudilhos, digamos, nos meados dos anos 1960s, estava do lado de ambos, Lobato e Mikaelis. uma vez que ela morreu em 1925, se algo ela tem com a reforma ortográfica de 1943 no Brasil, é preciso estudar mais, o que não vou fazer neste momento por razões que um p.s. adicional explicaria. não vou fazer neste momento porque um p.s. adicional explicaria. idem. não vou fazer, idem. vou é publicar.

11 novembro, 2011

|| || ||

querido diário:
como não poderia deixar de ser, essa turma do Planeta 23 está exultando com a forma de grafar o dia de hoje. são comemorações aos universos finitos, ou melhor, à finitude da vida humana, talvez à finitude de todos os universos constituintes do multi-universo, ou multiverso, como querem Fernando Pessoa e outros análogos.

no outro dia, fiz um convite para um jantar chez moi e não veio ninguém, pois -embora tenham respondido a um e-mail e telefonemas do mesmo teor- disseram não ter entendido o que estava acontecendo. mas não darei maiores detalhes, pois a postagem de hoje obedece ao marcador "Escritos" exclusivamente, o que me impede, em absoluto de falar em "Vida Pessoal".

reiniciando: todo século tem seu 11.11.11, todo milênio. da mesma forma, todo século tem seu, digamos, 010101, 020202, e por aí vai. esta é a parte dos universos finitos, como o mais prosaico que conheço é o jogo par-ou-ímpar: joga par ou joga ímpar, acaba o jogo. no próximo, o universo par-ímpar reaparece límpido como um estalejar de um big-bang qualquer destes a que Nietzsche e outros filósofos indianistas estão acostumados a recorrer. não esquecencdo que, no ano que vem, teremos esta repetição assemelhada novamente: 12.12.12. ao mesmo tempo, ouvi dizer que uns políticos já estão pleiteando, por meio de uma liminar, ter também o diacrítico 13.13.13, o que os faria serem reeleitos sem precisarem disputar eleições.

considerando, enfim, todos os consideranda, imaginei que fomos forçados a pensar em poesia, id est, analogia, ou melhor ainda, astrologia. claro que há precessão de equinócios e até mesmo o dia 11.11.11 daqui a 26 mil anos terá precisamente a mesma (a mesma? apenas para os nietzchianos, claro) configuração estelar regendo os trânsitos de que lá estiver, como o que ocorreu há 26 mil anos com alguns elefantódes congelados. em outras palavras, se hoje nossa estrela polar é a estrela Polar, daqui a 26 mil anos, ou menos, não sei quantos, teremos como estrela polar Vega.

então veremos,
pois -como sabemos-
a nave que vem de Vega
navega, navega, navega.

DdAB
imagem: comecei pedindo || || || e foi-me dito que nada fora armazenado no sistema a responder por estes signos. então pedi: Vega. então veio a Suzanne Vega, o que me fez lembrar que meu nome é Luca... e o que é pior é que i dont need a second chance, não era isto?

10 novembro, 2011

Novo Blog para Ganharmos Dinheiro: ROX BR TRADE

querido blog:
como sabemos, sempre quis voltar-me à promoção do comércio internacional. como sabemos, considero não apenas que o capitalismo acabou há mais de 15 dias. da mesma forma que vejo o estado mundial cada vez mais presente na organização da vida econômica internacional. onde ele não se faz presente, temos o caos, como as redes de lavagem de dinheiro, de tráfico de drogas, escravos, e por aí vai. por tudo isto, vejo com júbilo a criação da ROX BR TRADE, que dá a ilustração de hoje.

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DdAB

09 novembro, 2011

Instrumento Fiduciário Português

querido blog:
acabo de indagar ao prof. Conrado as manhas da separação de sílabas em português, como -por exemplo- na expressão "dinheiro fiduciário". sob o ponto de vista econômico, todo o dinheiro é fidúcia, não é? mas mais que nunca o que hoje chamamos de dinheiro é algo absolutamente imaterial, muito mais do que as antigas sementes de cacau, de nossos antepassados andinos. era cacau? eram andinos? não eram ladinos, que passvam sementes de café instead? fora meu desejo de não ofender nem os falantes do ladino nem os do português, nem -of course- os do brasileiro. garotos inventam um novo inglês, não era isto?

então indaguei-lhe como se separa a sílaba de "fiduciário". pois diz o prof. Conrdao:

É exatamente isso: fi-du-ci-á-rio. O acento diacrítico sobre o "a" se deveria justamente a essa paroxítona se terminar em ditongo crescente (-io).

O Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro de 1943 inclui, igualmente, essa acentuação na regra que diz dever todos os vocábulos proparoxítonos ser acentuados. Teríamos em paroxítonos como "água", "ânsia", "mágoa", rédea", etc. a possibilidade de uma pronúncia silabada, artificial, "proparoxítona." Luft, no entanto, está de acordo com Antenor Nascentes em achar forçada a pronúncia proparoxítona desses vocábulos. Contudo, ainda que não os consideremos proparoxítonos eventuais, como quer a Nomenclatura Gramatical Brasileira e o referido Acordo, a acentuação se deverá à regra que exige acento em paroxítonos termiandos em ditongo, como "órfão", "jóquei", "fáceis", etc.

Se posso te sugerir uma referência, quando fores ao centro de Porto Alegre, procura nos sebos o livro Novo Guia Ortográfico, de Celso Pedro Luft (Editora Globo). Ainda que, por razões óbvias, nessa obra não se incluam as modificações do Acordo de 1990, que aliás são muito poucas, é esse livro sempre de grande utilidade para quem queira conhecer melhor a ortografia do português.

que pude eu dizer? obrigado, obrigado. e -ato contínuo- achei o livro de Luft numa edição de 2003. já o estou lendo. quando tiver decorado tudo o que é importante, voltarei a postar. no caso, estarei falando dos pentadongos, um derivativo destas classificações entre monotongos, ditongos, tritongos, tetradongos e, enfim, os anunciados pentadongos. voltarei?
DdAB
imagem deste intrigante blog. logo eu, que desejo a sociedade igualitária. chegaríamos a ela pela direita? ou apenas pelo bom-humor? Espinosa estava certo, ou era tudo farra?
p.s.: no espírito conradiano (sem, provavelmente, a simpatia dele): anos atrás, postei, li em inglês a palavra "mancinism". eu conhecia uma pessoa, digamos, Maria Mancina. jurei que ela seria levógrafa. quase fui apedrejado por uma pedra. e comecei a falar em ser "mancino", eu myself, que escrevo com a mão esquerda, canhota, praticante do canhotismo, logo do mancinismo (tem em português, logo sou mancino ou levógrafo. não é isto? ou é apenas farra?

06 novembro, 2011

Saudações são instituições...

querido blog:
hoje é domingo, dia de piadinhas. mas nem tudo, fui guindado a um almoço seríssimo, ouvi música maravilhosa, li aventuras estonteantes, fiz limpeza de papeis, e tudo o mais que pertine ao par lazer-ócio. uma parte séria incluida nesta postagem da piadinha é um prolegômeno da iniciativa que levou-me a trazer-me, sei lá.

há muitos, muitos mesmo, uns 25 ou 30, ouvi dizer que Francisco Lopes, acadêmico de respeito e presidente do Banco Central do Brasil complicado (o Chico, o banco, o Brasil Central e tudo o mais...) dava aulas sem anotações. de minha parte, nunca procedi assim, talvez "nunca" seja exagero, mas sentia-me confortável manuseando um conjunto de fichas com o conteúdo da aula, citações, gráficos e passagens mais difíceis. até mesmo chegava a ler e comentar coisas como definições ou ideias que requeriam pilhas de frases para se deixarem entender. Chico soube -disseram-me- que uma garota, a "Noivinha", sua aluna, era boa copiadora de aulas e anotava tudo o que ele dizia, tintim por tintim. ele, talvez pensando em transformar aquelas horas de trabalho vivo em trabalho morto (ou seja, digitar, imprimir, dar aos alunos das novas turmas, um livro), poderia dedicar-se a ampliar os contéudos agora transformados em simples frases, parágrafos e seções e capítulos e partes. achei a ideia genial

não se passaram nem 17 anos, fiz o mesmo. ensinava Introdução à Economia e tive alunos -excelentes alunos- como aplicados copiadores. eu mesmo, quando assisto a uma aula, copio o que posso, sempre dizendo a mim mesmo e às pobres folhas de papel que se veem preenchidas inapelavelmente, que "é para me manter concentrado". as folhas, themselves, retorquem sugerindo que com tantos abalos provocados pela pontinha finhinha da caneta elas é que não se concentram. não duvido.

hoje, na hora da limpeza dos papeis, achei cópia xerox de três destes cadernos. minha intenção original era montar a estrutura de um livro de Introdução à Economia, que eu pensava em fazer o papel de organizador e autor de uma ou outra passagem. seria uma espécie de "termo de referência" para o livro. este projeto nunca saiu do papel do jeito que eu desejava. eu queria, mas não sabia como, fazer "uma abordagem evolucionária". hoje, depois de ter lido o livro de microeconomia de Samuel Bowles, sei melhor o que é "micro evolucionária", mas ainda não sei bem se poderia fazer o tal livro introdutório. em alguma medida, o livro de contabilidade social tem a primeira parte como o que poderia ter sido o início de meu livro introdutório.

pois bem. vamos à piadinha. ao ler o xerox de um dos três cadernos, numa aula que dei no dia 7/mar/1994, ou seja, 17,5 anos atrás, li precisamente este título: "piadinha". e, a seguir:

qual a primeira coisa que trocam dois economistas????

resposta: saudações.

achei engraçadinho. fiquei pensando o que me motivara, talvez a obviedade de que -evolucionariamente falando- a troca de mercadoria emerge apenas após as redes sociais (no sentido antigo do termo) terem criado tentáculos medusíferos.

mas a aula prosseguiu: anotações sobre um bom dicionário de economia e o que hoje reconheceria como o primeiro capítulo do livro de micro de Pindick e Rubinfeld: a teoria elementar do preço. mas tem mais coisas de interesse. pedi um relatório para a próxima aula:

.1. quem sou? quem eu poderia ser um tanto mais rico ou um tanto mais pobre?
.2. que questões me levaram a escolher estudar na faculdade de economia?
.3. que se encontra na seção de referência da biblioteca?

DdAB
imagem: daqui. o trabalho em equipe, como o dos lobos e das formigas, também tem seu valor, para a tristeza da rapaziada no degrau de baixo da cadeia alimentar.

05 novembro, 2011

A Rosane e a Ginástica

querido blog:
na p.10 de hoje de Zero Hora, a cronista política Rosane de Oliveira volta a comentar temas relacionados com a saúde e a saúde do presidente Lula (não esqueçamos que podemos estar falando no homem dos terceiro e quarto mandato do governo FHC...). agora ela defende a posição do ministério da saúde que parece que vai começar a investir em academias de cultura física em todos os cantões do território nacional.

eu, como adoro empregos públicos, já fico imaginando que é por aí que se salvará a lavoura de almas nativas. uma academia:

.a. quatro vigias, para evitarem que os povos amigos a arrombem na calada da noite, no clamor do dia e levem -se não os pesos- os valores lá guardados, ou seja, quatro empregos por dia, fora os períodos de a fastamento por fadiga e outras causas;

.b.  quatro professores de educação física, para também darem cobertura de 24h diárias para os lídimos representantes da classe operária e todas as demais classes predispostas a cultivar seu físico;

.c. quatro psicólogos, para os mais renitentes em largar da cachaça, ou do cigarro, ou do prato;

.d. quatro paramédicos para a supervisão geral do pedaço;

.e. quatro faxineiros;

.f. quatro trabalhadores "faz-tudo"

.g. e assim por diante.

fácil como colher areia no litoral. os seis itens iniciais, com estes coeficientes técnicos que estou usando já geram 24 empregos. em cada município brasileiro, dá 24 x 5.000 = já vai dando 120.000 empregos. se cada município tiver dois "centros de promoção da saúde", ja temos 240.000 empregos. se os municípios grandes tiverem etc., já estamos chegando a um milhão de empregos. claro que isto já faz bem para o povo: abundância de empregos.

mas tem o efeito direto sobre os beneficiários dos cuidados pessoais que seriam impingidos pelo presidente Lula, digo, pela presidenta Dilma (V Governo FHC, como já arguí). ou apenas pelo ministro da saúde. ou ainda por nossos deputados do distrito. onirismo sabático!

DdAB
imagem daqui. parece que é Summertown, Oxford, Oxfordshire, England. United Kingdom. mas eu não reconheço, pois nunca brinquei lá.
p.s.: há poucos instantes, vi que Bípede-Pensante mudou de cara!

04 novembro, 2011

Busca da Ciência Única

querido diário:
uma das visões que nós -os nascidos no século XX- herdamos do século XIX é a noção de que o homem é absolutamrnte superior aos demais animais. inclusive ao ponto de, quando alguns cientistas sociais falam em relações sociais, eles não terem o menor registro em seus movimentos neurológicos de relações encetadas pelas abelhas, formigas, bactérias, ofídios e outros seres sociais. pensar em macacos e nossos irmãos antropóides parece uma heresia. hoje, qualquer biólogo sabe que há este continuum. os chomskianos tentam desesperadamente dizer que a linguagem é o traço exclusivamente humano. os etologistas já chegaram a contar, nos macacos vervet africanos, um vocabulário de 10 palavras.

o antropocentrismo não permite pensarmos que as próprias relações entre homens são bastante estudadinhas por vários tipos de profissionais. e que não estamos perdidos no meio do deserto. sabemos montanhinhas de coisas sobre nossos semelhantes, há vários séculos. e, na atualidade, podemos dizer que temos uma boa ideia da direção que a pesquisa séria deve percorrer. se é mesmo verdade que o homem está no centro do mundo (da cadeia alimentar, para o que interessa) é porque ele criou armas mais potentes do que as esgrimidas pelos demais seres vivos.

mas toda cadaeia alimentar exige predações. um pé de alface, uma jaboticaba, um porquinho aqui, outra gazela acolá. aprendemos montanhas de coisas sobre a agressividade em resposta à escassez, ao excesso populacionais, à agressão externa, e por aí vai. minha esperança é que, em menos de 1.000 anos, tenhamos resolvido os problemas mais inquetantes.
DdAB
p.s.: cara, olha só de onde tirei esta imagem: zzzz.

03 novembro, 2011

Democracia e Liberdade

querido diário:
depois de ter falado ontem em "trabalho morto", recebi um bem-humorado comentário de Daniel Simões. e decidi ir um passo além naquela viagem de ajudar a espalhar que "Marx é o mais morto". hoje em dia, já consigo dizer: "Marx está ok, mas arranjou cada seguidor que... sai de baixo". claro que Marx tampouco está ok 100% do tempo. há coisas que hoje sabemos que talvez ele soubesse, mas não escreveu. por exemplo, toda sua teoria monetária não foi escrita pensando na moeda fiduciário e acho mesmo que nem banco central estaria embutido em seus escritos (inclusive as teorias da mais-valia). quer mais? hoje, não, pois quero falar mais de "política" do que de "economia".

mas um assunto puxa ourtro e vi-me pensando na Deutsche Demokratik Republik, sei lá se tem tanto kkk. hehehe. o fato é que minha temporada vivendo como um brasileiro em Berlim, até com mais amigos americanos do que alemães ou mesmo brasileiros, fui entendendo aos poucos por que o comunismo (que pouco ou nada tinha a ver com aquelas coisas da Crítica do Programa de Gotta, do velho barbudo; by the way, Engles apenas deixou crescer a barba depois de ter-se aposentado da condição de empresário).

pois o que quero dizer é muito simples: democracia, como em Cuba, Venezuela e outros, inclusive a tal demokratique republique alemique não valem. o primeiro princípio (da sociedade justa de John Rawls) é que todos gozarão da maior liberdade possível compatível com a dos demais. assim, n~´ao pode nomenklaturas terem mais direitos do que os outros.
DdAB
imagem: aqui.  fala-se em liberdade de escolha. podemos até escolher a "lata" do dia! não sei se minha visão prejudica, mas -de longe- evoca-me René Magritte.

02 novembro, 2011

Trabalho Morto

querido blog:
no dia de homenagem aos finados, nada melhor do que pensarmos um pouco sobre o significado de trabalho morto. primeiramente, o que é trabalho vivo? uma abelha, quando faz melzinho para nossa alimentação, trabalha? não, claro. trabalho é requisito fundamental do ser humano. segundo, o ser humano, quando levanta peso, digamos, na academia, ou na estiva, trabalha? não, pois a definição da física diz que trabalho é força x distância (algo assim, se a memória não obliterou este segmento de conhecimentos pré-universitários). como não houve distância (ou seja, deslocamento), não houve trabalho.

trabalho vivo é o que o homem pratica quando se envolve na transformação da natureza (levantar peso, recolher mel ao abelheiro, etc.) em seu benefício.o trabalho vivo pode transformar-se em mercadoria, mesmo nas economias de escambo. mas também podemos conceber a existência de trabalho vivo não envolvido com o mercado: corto minhas próprias unhas, eu mesmo preparo e executo meu banho e certas iguarias (no liquidificador e freezer...). lá nos opúsculos (nunca sei qual deles, o "Salário, preço e lucro", ou o "Trabalho assalariado e capital", Marx deu-se conta de que, anteriormente, confundia "trabalho" com "força de trabalho". no livro de Mesoeconomia, ficou estabelecida uma diferença entre os proprietários dos fatores de produção (a/s instituição/ões família/s). e criou-se a alegoria de que estas selecionam entre seus membros os mais qualificados a alugarem suas habilidades (os serviços do fator trabalho, a capacidade de negociar o aluguel das terras da família com agricultores produtivos, ou as máquinas/ações da família a executivos) aos produtores. ester remuneram (compram as horas de trabalho combinadas) os locatários que pagam as famílias (id est, as instituições familiares) pelo aluguel de tais serviços.

trabalho morto é o trabalho vivo que se acumula na forma de produção de bens de capital. hoje em dia, está bem claro que uma retificadora de motores é uma máquina e outra é o software com que ela controla a maior parte de suas tarefas. a tendência da humanidade é substituir cada vez em maior escala o trabalho vivo pelo trabalho morto. é o hedonismo, é uma lei psicológica. qunto mais trabalho morto para cada unidade de trabalho vivo, maior será a produtividade e, para dada quantidade de produção, menos trabalhadores serão necessários. com menos trabalhadores, há menos gente recebendo os pagamentos pela venda de serviços do fator trabalho. há desigualdade. a desigualdade leva muita gente ao túmulo, pois é sabido que pobre vive menos do que rico. basta conferirmos em nossa visita de hoje ao cemitério. conferirmos? eu não fui e não irei, pelo menos por hoje...
DdAB
imagem: aqui.
p.s.: e, como é feriado, vai uma piadinha mórbida, relacionada com o título da postagem e com o afamado trio revolucionário: Marx, Engels e Lênin. pergunta: qual é o maior túmulo do cemitério de High Gate (Londres, onde Marx está estrelado, desce-se na parada do metrô anterior à deste título)? resposta: o de Marx. pergunta: por quê? resposta: pois é o mais morto! o dia não está para peixe, pois -na fila dos grandes mortos da humanidade, no sentido do esquecimento- não me parece que Marx ocupe qualquer lugar proeminente.

01 novembro, 2011

Lula, o Arcebispo e a Justiça

querido diário:
ontem fiquei boquiaberto ao ver, na televisão, o arcebispo de Porto Alegre, pe. Dadeus Grings exproprando o poder judiciário nacional. ao ler um documento possivelmente de sua própria redação, via-se que, se ele é bom de escrita, não o é tanto na leitura. mas, ainda assim, o texto era tão articulado que achei que ele não estivesse para brincadeiras. diz o jornal de hoje que estava na nota que, mutatis mutandis, ouvi ontem:

"O problema da corrupção no Brasil tem sua base exatamente ali, no Judiciário. Todos sabem disso, mas poucos têm coragem de denunciá-lo. Nossa presidente começou a faxina no Executivo. Quando será a vez do Judiciário, onde o problema é mais grave"

e mais há na mesma p.22 do jornal de hoje:

"Vê-se que os juízes estão desligados da realidade. Os ministros da Igreja Católica não recebem salários polpudos, como eles, nem amealham fortunas."

e mais ainda:

"O arcebispo adiantou que escreverá uma 'cartilha' sobre o tema:

"Diante da gravidade do assunto, escreverei nova cartilha para apontar as mazelas do Judiciário e assim colaborar na urgente reforma. Ou o BRasil muda o Judiciário, ou o Judiciário acaba corrompendo o Brasil"

tudo iniciou -palpite- com a condenação do prelado a pagar R$ 940 mil reais a três advogados, por calúnia, difamação e injúria.

aí, claro a Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul entrou na dança:

"[...] indignação da [m]agistratura gaúcha em face das declarações do Arcebispo [...] que atribuiu ao [p]oder judiciário a condição de ente corrompido [...]. A Ajuris sempre exigirá pronta apuração de qualquer irregularidade no [p]oder [j]udiciário, mas não admitirá a ofensa generalizada e irresponsável, de qualquer autoridade, simplesmente pelo fato de ter seus interesses contrariados por decisão judicial."

e eu pensei: ainda bem que não estou incluído nessa macacada. primeiro: não sou autoridade, segundo, não assaco ofensas, apenas observo e comento (emito opiniões) sobre o que me parece realmente o grande problema do Brasil. o arcebispo, que já metera os pés pelas mãos em várias declarações, prometeu a tar "cartilha". estou louco para vê-la. não sei o que ele vai dizer, óbvio, mas gostaria de saber o que ele pensa, por exemplo, da morosidade secular da "justiça" no Brasil., daquele negócio de supremo, supremíssimo, supremacia, super poderes, que andei postando no outro dia. e a relação entre o tráfico de drogas e a assistência jurídica aos traficantes, inclusive pelo afamado ministro aposentado do supremo tribunal (ou era o supremíssimo?), cujo escritório de advocacia paulista era/é especializado em defender os rapazes.

ok, ok. e daí? primeiro: tenho começado a constatar que os juízes dos tribunais eleitorais é que deveriam fiscalizar o descolamento entre programas partidários e promessas de campanhas. e depois entre programas partidários e lei do orçamento. e por fim, para rimar, o cumprimento da lei do orçamento.

segundo: neste caso, parece evidente que o caso da doença do presidente Lula deixa claro que, se houver recursos públicos para atendê-lo, nada mais estarão fazendo do que cumprir o tal preceito constitucional que a "saúde é direito de todos e dever do estado". mas, como dizem os ingleses, but, but, but. claro que isto é um absurdo. em qualquer fila do SUS, o presidente Lula e milhares de outros ganhariam a primazia porque saltam aos olhos, algo assim. e não estou-me referindo apenas a ele/ela, a presidenta. tenho dito várias vezes que ouvi falar de um rapaz (entre os 1% mais ricos do Brasil) que recebeu uma "ponte de safena" no coração, tudo pago pelo SUS.

qual é o problema? claro que os 1% da população são mais iguais. claro que não deveriam ser. claro que a solução era o poder judiciário parar com suas tropelias absurdas, como é o caso de mandarem -manu militari- os hospitais furarem as filas de transplantes de órgãos. e outras milhares de tropelias que, espero, venham a aparecer na cartilha do arcebispo. e mais; quem ganha R$ 32 mil mensais não deveria ter o direito de dar palpite sobre qualquer assunto popular!
DdAB
imagem: o Google deu-me esta maravilhosa interação entre cadeia e judiciário: "No local, além da cadeia, funcionou o governo do Ceará e o Judiciário". blog.opovo.com.br.
p.s.: escrevo às 20h27min: o homem, que era bispo, não era arcebismo, minha santa!