23 outubro, 2011

Eba!, Já Somos Sete Bilhões de Humanóides

querido blog:
hoje o editorial de Zero Hora (que não fui capaz de ler tintim por tintim) fala que no próximo dia 31 de outubro (como já lera numa National Geographic talvez de fevereiro/2011) será comemorado o nascimento do sétimo bilionésimo terráqueo. ou seja, ainda que morra meia dúzia de rapazes no dia 30, no dia 31, o saldo terá aumentado ao ponto de se chegar a sete bilhões de respirantes.

nem todos os respirantes humanos têm direito a três refeições por dia, de sorte que há ainda muito espaço para a evolução da cultura e, principalmente, da generosidade. o que falei ontem foi sobre a bolsa-família e a vitória da viúva Cristina Krischner. ainda está para chegar a hora que a Nestlé, a GM, a Chevy, sei lá, darão bolsa-família também às famílias africanas (e de boa parte do resto da América, e por aí vai).

mas a Zero Hora (a parte que li) fala em: "Mais do que superpopulação, preocupa agora a humanidade a crise econômica, o desemprego, a falta de infraestrutura e mobilidade nos grandes centros urbanos, o descaso com o ambiente, a escassez de água potável, as poucas alternativas a fontes de energia não renováveis como o petróleo, os conflitos armados e o terrorismo".

pensei: superpopulação tem um inimigo cruel: a capacidade de carga do planeta. parece evidente que hoje não podemos imaginar um trilhão de habitantes nestes roçados. ou seja, a superpopulação é um inimigo espantosamente cruel.

pensei: será que a crise econômica é o ponto que reúne todos os demais pontos? insisto, como o burro bombeando a lavoura do azevém, que este ponto, o Aleph da baixaria, é a concentração da renda em tudo o que é conceito que possamos imaginar (classes, gêneros, indústrias, famílias, regiões, idades, e por aí vai).

pensei: neste caso, passamos ao desemprego, o antônimo da sociedade igualitária. e de imediato passei a pensar no que para mim (idade influi!) é a segurança pública, o maior antídoto ao exercício da liberdade individual. ninguém que costuma ser assaltado ou vive fugindo de situações assaltadiças, pode ser declarado realmente livre. claro que antes disto -diz-nos Maslow- precisa-se de vencer o probleminha das três refeições. ok: falta emprego na segurança pública. isto já nos leva a pensar em consequências benévolas: menos tráfico de drogas, menos prostituição infantil, menos tráfico de escravas brancas (e de todas as demais cores que possamos atribuir a seres humanos, e talvez nem seja apenas de sexo feminino), a lavagem de dinheiro. o editorial de Zero Hora terá falado nisto?
DdAB
p.s.: origem da imagem: aqui.
p.s.s. ontem esqueci de comentar que o jornal diz que, desde a constituição da república impressa em 1988, surgiram quase 280 mil medidas de regulamentações fiscais. sou de opinião que a Corte da ONU de Amsterdam deveria processar e meter na cadeia todos os funcionários do ministério da fazenda e das secretarias estaduais. é impossível conceber maior incompetência!
p.s.s.s.: olha aqui o que recebi por e-mail há dois dias. para meu vocabulário, há engrandecimento com dois conceitos dos quais meu intelecto sentia falta:
.a. fada da confiança
.b. austeridade expansionista.
diz aí, Krugman:
17 de outubro de 2011 | 16h53
Paul Krugman
Wolfgang Munchau sugere uma razão para os erros de julgamento europeus - e afirma que os líderes europeus não levaram em conta o fato de a Europa, coletivamente, ser uma economia quase fechada, vendendo primariamente para si mesma:
“As muitas falhas da crise política de resposta à crise da zona do euro têm uma causa comum: a zona do euro é uma grande economia fechada. Cada um dos seus 17 Estados membros é pequeno e aberto. Os líderes políticos que governam a zona do euro têm uma mentalidade limitada de economia aberta – cada um deles – sem exceção. Os economistas que eles empregam usam geralmente modelos pequenos de economia aberta”
É uma tese interessante e concordo que as consequências da austeridade fiscal dentro da Europa são importantes. No início da crise fiz alguns cálculos aproximados da expansão fiscal e minha estimativa foi de que uma expansão coordenada produziria duas vezes o valor por euro de uma expansão unilateral no caso de um única área do euro. Pela mesma lógica, a austeridade parece mais atrativa para cada país individualmente se eles não levarem em conta os efeitos além das fronteiras.
Dito isso, acho que Munchau está sendo gentil demais no caso. Líderes e instituições da Europa de maneira geral nem chegaram ao ponto de delinear políticas que poderiam ter funcionado numa economia aberta pequena. Em vez disso, partiram para teses econômicas fantasiosas, acreditando que a fada da confiança tornaria a contração fiscal expansionista. O BCE – Banco Central Europeu, que Munchau considera a instituição mais consciente dos vínculos, também é a instituição mais devotada à doutrina da austeridade expansionista.
Em geral, os economistas adoram modelo em que pessoas inteligentes fazem escolhas individualmente inteligentes que acabam sendo estúpidas coletivamente; e eles adoram especialmente quando tais modelos favorecem  argumentos no sentido de uma coordenação política internacional. Eu também! Mas no mundo real, uma política ruim surge, com mais frequência, da falta mesmo de entender os princípios certos a nível de um país individual. Más teses econômicas não se somam aos problemas, elas estão no centro da recente insensatez europeia.
p.s.s.s.s.: bombear é olhar em gauchês. apenas gauchês? (não tá no aurelião).
p.s.s.s.s.s.: deixando bem claro: sou a favor do emprego público, como colchão ao desemprego. e sou a favor de que, no setor privado, o próprio governo imponha requerimentos para o aumento da produtividade do trabalho, ou seja, a redução do conteúdo de trabalho por unidade de produção. ou seja, que imponha o desemprego... ou melhor, que ajude a sociedade a se organizar para ganhar mais lazer.
p.s.s.s.s.s.s.: nunca esquecendo que Leonardo Monastério me disse pessoalmente: "quanto mais gente, mais cérebros; quanto mais cérebros, mais soluções".

2 comentários:

Tania Giesta disse...

Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

em resumo, Tânia: abaixoa chamada e abaixo as avaliações voltadas a "aprovar" o aluno. por 13 anos de ensino grátis para todos!
DdAB