07 dezembro, 2010

Moralismo e a Tragédia das Drogas Ilegais

querido diário:
confrontando com a página dos necrológios, a Zero Hora de ontem publicou uma reportagem sobre drogas ilegais. diz algumas coisas interessantes, mas vê-se claramente a controvérsia no tratamento do tema, mesmo para aqueles donos da verdade que consideram que não há saída a não ser a repressão do jeito como ela hoje é praticada.

afirma o Delegado João Bancolini: "Dá para dizer que a questão da droga está sob controle no estado (do RGS)". confronta-o no parágrafo seguinte o Delegado Ildo Gasparetto: "Não está 100% controlada, pois se estamos apreendendo mais é porque está chegando mais droga."

claro que não necessariamente a apreensão é função rigorosamente proporcional da quantidade importada. pelo Rio Grande do Sul mas, ao mesmo tempo, se é -e este é meu palpite- o que estamos vendo é que o número de quilos consumidos de maconha, cocaína, ecstasy e LSD.

o problema com este tipo de encaminhamento ao problema é que a família está corrompida, a polícia também, o poder judiciário também, sobrando apenas a tragédia, a injustiça e a incúria. o moralismo impede que se dê livre curso ao conceito de consumo recreativo. e também que se  retire a provisão das drogas pesadas pelo mercado. uma droga como o crack ou o ópio devem ser distribuídas gratuitamente pelo estado, de sorte a impedir que os viciados, os doentes, os pobres doentes que delas dependem possam livrar-se dos profissionais da extorsão, da criminalidade, da promoção da injustiça. claro que este tipo de ação, associado ao conceito de sala de consumo, associado aos receituários "faixa preta" podem ajudar muito mais do que destruir a família e suas criancinhas. e obviamente o pai problemático, a mãe devedora, essa gente.

o preço que a sociedade está pagando pelo moralismo de não aceitar o conceito de consumo recreativo, por exemplo, para ecstasy, é elevadíssimo, pois certas pessoas que não o usam sob supervisão médica háo de usá-lo sob supervisão de malfeitores.

a reportagem que encontra-se a meu lado enquanto digito o texto mostrou com clareza que houve uma substituição de ecstasy por LSD, pois a repressão ao primeiro permitiu que se apelasse ao segundo. desconheço, claro, os meandros das vantagens ou defeitos deste tipo de troca. há profissionais que podem dizer algo a respeito. no outro dia, este mesmo jornal divulgou umas discussões sobre uma terapia inovadora que conseguiu que muitos indivíduos trocassem o uso do crack pelo de maconha. acho que eles, ao invés de irem para o xilondró, deveriam era ir para o trono, pois parece que fizeram algo de enormes méritos sociais, pois fumar maconha é muito menos pernicioso, socialmente falando, do que usar crack.
DdAB
a fonte da imagem tá no click.

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